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Entrevista: Kaká Magno PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 23 June 2014 14:43

Encontramos mulheres pilotando no automobilismo mundial ainda é o caso de serem exceções a uma “regra não oficial” onde isso é “esporte pra homem”.

 

Em um esporte onde se realizar o sonho de tornar-se um piloto é algo tão difícil, Kattlyn Magno conseguiu vencer todas as barreiras que a separavam do desejo em se tornar uma piloto de competição e conseguir assumir o volante de um carro em uma competitiva categoria com a obstinação que vemos na trajetória de nossos grandes pilotos, treinando muito, buscando patrocinadores e abrindo caminho neste competitivo mundo do esporte a motor.

 

Esta jovem curitibana, de 26 anos, caçula de 7 irmãos, somando os 3 casamentos de seus pais e a mais nova das três filhas da D. Dulce, ela estará ao volante não apenas no Brasil, onde disputa o Mercedes Challenge na categoria 250, mas também em um campeonato internacional dirigido para mulheres na Alemanha, com chancela da FIA e tendo como incentivador ninguém menos que o Nobre do Grid Emerson Fittipaldi.

 

Apostando no seu potencial, em 2012, durante a etapa da Stock Car em Curitiba, apresentamos Kaká Magno, como ela já é conhecida nos dias de hoje, para todos os chefes de equipe da Stock Car, para todos os pilotos da categoria, numa “peregrinação” de Box em Box, e no final do “tour”, apresentando-a para o locutor do evento, Chicão Marques, que a entrevistou diante das arquibancadas lotadas. Nossa aposta foi certa!

 

Agora é a nossa vez de fazer uma entrevista com Kaká Magno para que os leitores do site dos Nobres do Grid possam conhecê-la melhor. Acelerem conosco!

 

NdG: Como é que o automobilismo entrou na sua vida?

 

Kaká Magno: O Ayrton Senna era uma pessoa que influenciava qualquer criança e eu adorava ver corridas quando era criança para ver o Ayrton correr e eu pedia pra comprar carrinho, pra brincar de corrida. Além disso, depois de algum tempo, meu avô começou a trabalhar com karts e um primo meu correu, mas não levou o esporte adiante. Com a existência das pistas de kart indoor eu comecei a correr e fui me apaixonando cada vez mais. Daí chegou um ponto em que eu decidi que era isso que eu queria fazer na vida, que era essa que eu eu queria que fosse a minha profissão. Eu estudei, entrei para a faculdade de publicidade e propaganda na Unibrasil, mas eu larguei tudo para continuar correndo.

 

NdG: Essa não é uma profissão comum, é algo que tem riscos e ainda tem mais “barreiras” para o sexo feminino. Como é que seus pais encararam esta sua decisão?

 

Kaká Magno: quando eu comecei, pelo kart indoor, eles apoiaram. Depois, quando fui para o kart de pista, eles continuaram apoiando, mas quando eu falei que queria fazer carreira como piloto, as coisas ficaram mais sérias, foi preciso conversar. Eles perguntaram se era isso mesmo que eu queria e, diante da minha confiança e determinação, eles continuaram me apoiando, mas foram bastante claros quanto ao futuro e disseram que eu teria que correr atrás desse meu desejo de tornar uma carreira nas pistas uma realidade. Eu teria que buscar patrocínio e financiar minha carreira.

 

NdG: Essa costuma ser uma corrida mais dura do que muitas que o piloto encara no asfalto. Como foi esta relação com os futuros patrocinadores?

 

 

Quando eu falei para os meus pais que queria ser piloto eles apoiaram... mas eu teria que buscar patrocínio!  

 

Kaká Magno: Esse foi o primeiro desafio que tive que assumir quando saí do kart indoor, que você consegue ir pra pista por um valor até acessível, mas para ser competitivo, já no kart é preciso investimento e eu fiz aquilo que meus pais disseram que eu teria que fazer: correr atrás dos patrocínios... e eu fiz isso sozinha. Montava meus projetos, ia atrás dos potenciais patrocinadores, marcava reuniões e fui conseguindo abrir caminho, conquistando a confiança deles e hoje consegui reunir patrocinadores suficientes para poder correr em uma das categorias top do automobilismo brasileiro. Mas não é um trabalho fácil. Nem sempre a gente consegue o que é necessário e a gente corre onde dá pra correr. Se tem mais dinheiro, dá pra correr em São Paulo. Se tem menos, tem que correr aqui no Paraná mesmo. O importante foi não desistir nunca, lutar sempre. Se a gente quer ser piloto não pode desistir diante de um não. Tem que continuar tentando.

 

NdG: Conta pra gente, como eram essas reuniões, como que eles viam essa menina entrando na sala deles para apresentar uma proposta de patrocínio?

 

Kaká Magno: Para ter alguma chance de ser recebida e bem recebida eu preparava bem o projeto que iria apresentar e procurava nas empresas a pessoa com quem eu teria que falar (Diretor Comercial, Diretor de Marketing ou mesmo diretamente o dono) para apresentar o meu projeto e eu sempre fui muito bem recebida em todas as reuniões que tive. É claro que nem sempre o “projeto Kaká Magno” conseguiu convencê-los. Não foram poucos os “nãos” que recebi, mas a gente não pode desistir, certo? Mas é verdade que alguns me recebiam muito também por curiosidade em ver uma mulher correndo. Sempre rola aquele espanto e a pergunta “nossa, mas você gosta mesmo?” Claro, né? [risos].

 

NdG: Como fã do Ayrton Senna você deve ter tido aquela vontade de chegar na F1 e chegou a andar de Fórmula aqui no Paraná. Mas há algum tempo vemos você treinando e correndo de turismo. Porque esta escolha?

 

Kaká Magno: Logo que eu decidi partir para os carros, deixando o kart, eu procurei uma categoria de fórmula, aqui mesmo no Paraná, mas foi um período curto. Como para treinar era complicado, eu fui buscar no Rio Grande do Sul meios para treinar e a opção foi treinar com caros de turismo. De certa forma, isso foi bom, bem positivo uma vez que para se correr aqui no Brasil profissionalmente não existe a opção de categorias de fórmula. Tem que se correr de turismo e eu me adaptei bem aos carros de turismo. Tanto que em 2013 eu consegui  ser selecionada para participar de uma competição em carros de turismo na Alemanha e para onde devo voltar neste ano. É um aprendizado no caminho para se chegar a uma stock Car e, quem sabe, no futuro, uma NASCAR.

 

NdG: Conta para nós como foi esta experiência internacional na Alemanha. Ainda por cima tendo como “padrinho” nosso super campeão e Nobre do Grid, Emerson Fittipaldi?

 

Kaká Magno: É uma felicidade muito grande ter uma pessoa como Emerson Fittipaldi na minha vida. Uma lenda do automobilismo mundial, um dos maiores pilotos de todos os tempos, reconhecido e respeitado em todo o mundo. Foi através da Bia [Figueiredo] que consegui abrir esta porta. Foi ela que me indicou para o Emerson e tivemos uma reunião em seu escritório em São Paulo onde apresentei o meu trabalho e ele acabou me selecionando para poder participar deste campeonato na Alemanha para esta competição que recebeu 12 pilotas de diversos países, todas muito rápidas e competitivas, algo novo, um projeto da FIA e foi algo espetacular e muito especial para mim.

 

NdG: Fala um pouco mais deste campeonato. O que foi, como foi, quantas pilotas participaram do processo de seleção e como você se saiu?

 

 

 A Bia Figueiredo foi super importante. Ela me apresentou so Emerson Fittipaldi que acreditou no meu potencial.

 

Kaká Magno: Se contarmos o mundo inteiro, foram mais de 300 pilotas e aqui no Brasil foram algumas candidatas e ser a escolhida foi uma grande felicidade para mim e eu acho que não decepcionei: fiquei em terceiro lugar entre as 12 pilotas que participaram do evento na Alemanha, que é patrocinada pela Volkswagen, a Scirocco R Cup, que é um carro esportivo da marca e há uma categoria com estes carros na Alemanha e que é uma categoria de formação e acesso para a principal categoria do país, o DTM. Quando chegamos lá passamos por um período de testes de cinco dias, algo que nunca vi aqui no Brasil e que deveria haver, que foram testes para ver se o piloto tem condições de pilotar o carro e não foram apenas testes de pista. Este foi só o último.

 

NdG: E o carro, o Scirocco, que a gente não tem aqui no Brasil, como é o carro?

 

Kaká Magno: É um carro bom, esportivo, no caso da versão de competição tem um motor de 285 cavalos e tem uma resposta muito rápida. Além disso, o carro vinha com o “push to pass”, que dava mais possibilidades de ultrapassagem. Era um carro muito no chão e de uma pilotagem muito legal. Eu gostei.

 

NdG: Quais carros de turismo você já havia pilotado antes de sentar no Scirocco?

 

Kaká Magno: Eu tinha apenas treinado aqui no Brasil e com carros com bem menos potência, como o Uno e o Gol. O primeiro contato com o carro foi uma grande diferença, mas eu consegui me adaptar rápido e logo virar bons tempos.  O autódromo onde aconteceu este contato também ajudou. O Oschersleben Motorsport Arena é um autódromo fantástico, muito técnico e muito bom de se guiar.

 

NdG: Você teve como experiências aqui no Brasil os autódromos de Tarumã, no Rio Grande do Sul e o AIC, em Pinhais. Tanto eles quanto Oschersleben não são autódromos para a F1. Vc consegue fazer um parâmetros de comparação entre os nossos autódromos e o alemão?

 

 

Lá na Alemanha eu passei por um programade 5 dias de avaliação. Devia ter algo assim no Brasil. 

 

Kaká Magno: Olha, não tem como comparar! A estrutura que eles tem lá é simplesmente incrível. Em termos de segurança, para poder receber a DTM tem que ter padrões de segurança extremamente altos. Os carros aceleram demais. Para os nossos autódromos chegar no padrão do que eu vi por lá tem que se trabalhar muito, se melhorar muito.

 

NdG: Nos dias de hoje a gente vê os pilotos fazendo uma preparação física muito intensa e olhando para você, que parece uma adolescente, que parece de certa forma frágil, como é a sua preparação física para ser pilota. Você segue algum programa de treinamento?

 

Kaká Magno: Ter um corpo musculoso não é algo necessário para ser um piloto. Um bom exemplo disso é a Fórmula 1 atual, onde os pilotos tiveram que perder peso e vendo na televisão, estão todos magrinhos e eles correm por mais de uma hora e meia num carro que exige muito do físico. Claro que alguns pilotos são ‘bombados’, como o Tony Kanaan, que é um baita piloto, mas não é preciso ser super forte para ser piloto. O que importa é o preparo físico, a resistência e eu trabalho visando isso, ter um condicionamento que me permita fazer as corridas e terminá-las bem. Eu faço academia, corro e uso o kart como parte do treinamento físico. O Kart é um ótimo exercício.

 

NdG: E a alimentação? Alguma dieta especial?

 

Kaká Magno: Muitas frutas, sempre, que é algo bom e muito saudável. Hidratação também é super importante então beber muita água e para dar combustível para o corpo a massa, que eu adoro, não pode faltar, mas tudo nas horas certas. Tudo bem controlado. Eu não quero ganhar massa, ganhar corpo. Quero continuar assim, magrinha. Ser leve é bom.

 

NdG: Você agora tem uma série de compromissos para cumprir com patrocinadores e precisa vender sua imagem e a deles. Você está trabalhando com alguma assessoria de Marketing Esportivo?

 

 

A preparação física é fundamental para o piloto, mas não para ficar "bombado". Ele precisa ter resistência. 

 

Kaká Magno: Sim, com a nova realidade que estou vivendo, participando de um campeonato nacional, com a ida para um campeonato internacional, é preciso ter um trabalho profissional neste sentido e eu já vinha conversando com um amigo desde o ano passado e este ano, com todas as peças se encaixando, conseguimos começar um trabalho neste sentido. Como além da categoria na Alemanha há também uma possibilidade de correr na Lotus, o trabalho de assessoria de comunicação e marketing pode me acompanhar na Europa também.

 

NdG: Como assim correr na Lotus?

 

Kaká Magno: A Lotus tem um campeonato com seus carros esporte na Europa e estamos conversando com algumas pessoas e vendo a possibilidade de vir a disputar este campeonato por lá. As conversas estão andando. Se não estou enganada são 8 etapas em diversos circuitos e não há coincidência de datas com o calendário da Mercedes e nem do torneio na Alemanha. Seria algo perfeito. A primeira etapa já aconteceu, mas o convite continua em aberto e a gente está conversando.

 

NdG: E a Mercedes? Como foi que você conseguiu fechar com a categoria?

 

Kaká Magno: Foi algo que viemos trabalhando desde o ano passado e tínhamos o convite de quatro equipes e eu vim conversando com eles e fechei com uma equipe, com uma boa estrutura e com possibilidades de aprender muito, dividindo o carro com um piloto mais experiente e que já conhece o carro. Com uma equipe que conhece a categoria e agora é acelerar!

 

NdG: Algumas semanas atrás saiu uma coluna no site falando sobre pilotos que estão sendo formados em simulador. Você treina em simulador? Acha que ele pode substituir a formação tradicional de pista?

 

 

O treino em simulador é um complemento para o treino de pista. Não acho que ele o substitua. 

 

Kaká Magno: Eu treino em simuldor, mas não acho que ele substitua o treino de pista. Eu prefiro treinar no kart do que treinar no simulador, por exemplo. Mas acho que hoje é bom e importante o treino em simulador. Um completa o outro.

 

NdG: A gente vem te acompanhando há alguns anos e 2014 está sendo “o ano”, com o campeonato na Alemanha e com a estreia no Mercedes Chellenge. Chegou a hora?

 

Kaká Magno: Com certeza! Esté é o primeiro passo concreto para construir uma carreira e eu estou apostando tudo nisso. Estou fazendo um sonho tornar-se realidade e estou muito feliz com isso. Tenho que ir com calma. Não é ano pra pensar em título, é ano de aprendizado, mas curva tem que ser de crescimento. Esse é o primeiro degrau de uma escada que quero subir até chegar na NASCAR! Este é meu sonho.

 

 

Last Updated ( Monday, 23 June 2014 16:46 )