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A aventura da Parnelli na F1. PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 23 December 2014 03:48

Mário Andretti é dos melhores pilotos da história do automobilismo americano, apesar de ter nascido em Itália. Chegado a paragens americanas em 1956, começou pouco depois a sua carreira num "dirt track" na cidade de Nazareth, na Pennsilvania, que acabou apenas em 1994, na CART, depois de ter conseguido ganhar em todos os carros e todas as competições onde passou, desde a Endurance até à Formula 1, onde foi campeão do mundo em 1978, a bordo do já mítico Lotus 79 com efeito-solo. Contudo, até lá chegar, a Formula 1 foi uma obsessão para ele, ao ponto de convencer outra lenda do automobilismo a montar a sua própria equipa, só para satisfazer os caprichos de Andretti. Há precisamente 40 anos, Parnelli Jones colocava um carro na categoria máxima do automobilismo.

 

Em 1974, Mário Andretti já era um nome consagrado no automobilismo. Já tinha vencido em Indianápolis, Sebring e Daytona, e já tinha corrido pela Ferrari, a sua equipa do coração, na Formula 1, onde tinha vencido uma corrida para eles na África do Sul, em 1971. Por essa altura, Parnelli Jones, que tinha sido um lendário piloto de "speedways" na década anterior, vencido as 500 Milhas de Indianápolis em 1963, e em 1967, tentou a sua sorte num carro a turbina, onde quase ganhou a corrida. Em 1968, aos 35 anos, pendura o capacete e tenta a sua sorte como proprietário. Com a ajuda de "Vel" Miletich, estabelece a equipa na cidade californiana de Torrence e a partir de 1969, começa a obter os seus primeiros resultados, através de Al Unser e Joe Leonard. Em 1970, com chassis Lola, vencem as 500 Milhas de Indianápolis, e no ano seguinte, o campeonato USAC, com Leonard ao volante.

 

Em 1972, Parnelli e Miletich decidem construir os seus próprios chassis, e para isso contratam o projetista Maurice Philippe, que tinha ajudado a desenhar os Lotus 49 e 72. Para piloto, contratam Mário Andretti, que por essa altura, espalha os seus serviços entre eles e a Ferrari, na Endurance e na Formula 1, onde corre sempre que o calendário permite. E Andretti tem a obsessão de vencer na Formula 1, onde viu correr o seu ídolo, Alberto Ascari. Apesar de não correr por lá em 1973, persuade Parnelli Jones e Vel Miletich a dispor de algum dinheiro vindo da Firestone para um projeto na Formula 1, a acontecer em 1974. Assim sendo, projetam e constroem o VPJ4, um Formula 1 baseado - como muitos outros nessa altura - no Lotus 72. 

 

Os primeiros testes foram desastrosos, quando se viu que o carro era mais lento que alguns dos bólides existentes na Formula 5000! Mas com o tempo, e com as modificações que foram feitas no chassis, como novas barras de suspensão, e a ajuda externa de um jovem engenheiro britânico de seu nome John Barnard, o carro fica pronto para estrear na penultima corrida do ano, no circuito canadiano de Mosport. O carro porta-se bem nos treinos, colocando-se a meio da tabela, e Andretti chegou ao fim no sétimo lugar, à porta dos pontos. 

 

A parceria entre Parnelli Jones e Mario Andretti começou na Fórmula Indy e Apareceu bem logo no início.

 

Na corrida seguinte, em Watkins Glen, Andtetti surpreende muita gente ao conseguir o terceiro lugar na grelha de partida, conseguindo um tempo que ficou a meros 231 centésimos da pole-position. Contudo no dia seguinte, o carro tem problemas eléctricos, o que associado a ajuda externa para empurrar o carro, após um despiste, lhe valeu a desclassificação da corrida.


Com estas demonstrações, havia esperança de que as coisas em 1975 serem bem melhores, mas no inicio desse ano, a Firestone decide abruptamente abandonar os seus planos de correr, retirando o patrocinio. Sem alternativa, viraram-se para a Goodyear, esperando que o carro fosse bom para andar nos pontos. Com uma nova entrada de ar, os primeiros resultados de Andretti foram no Brasil, onde acabou no sétimo lugar, mas foi em Silverstone, no International Trophy, onde começaram a destacar, acabando no terceiro lugar. 

 

Na abertura da temporada de 1975, Andretti andou bem na Argentina até quebrar e recuperou-se bem no Brasil.

 

A seguir, veio o GP de Espanha, onde houve polémica ao longo do fim de semana devido às péssimas condições de segurança na pista de Montjuich. Entre ameaças de apreensão aos carros, e reparações em contra relógio por parte de mecânicos e até de dirigentes (!), Andretti conseguiu um surpreendente quarto lugar na grelha de partida. Na partida, as coisas quase poderiam ter terminado ali, quando ambos os Ferrari bateram na partida e Andretti sofreu um toque do March de Vittorio Brambilla. Contudo, ele pôde continuar, e era o segundo classificado, atrás do Hesketh de James Hunt, quando este se despistou na sexta volta. Assim sendo, na volta seguinte, Andretti torna-se no primeiro americano a liderar num carro americano desde 1967. Contudo, isto é sol de pouca dura, pois dez voltas depois, na 16ª passagem pela meta, um braço da suspensão cedeu e ele acabou nas barreiras. Contudo, ele conseguiu marcar a volta mais rápida.


Depois de se ausentarem no Mónaco, para poderem correr em Indianápolis, a Parnelli voltou a correr na Suécia, onde Mário Andretti conseguiu os seus primeiros pontos para a equipa, terminando em quarto lugar no GP da Suécia. Volta a estar ausente na Holanda, devido a compromissos nos Estados Unidos, e corre em França, onde leva o carro ao quinto posto, conseguindo mais dois pontos.

 

Na Espanha, a Parnelli surpreende, com Mario Andretti liderando a corrida até sofrer um problema mecânico.

 

Contudo, a partir dali, o desempenho do carro degradou-se devido a dificuldades internas. Parnelli e Miletich estavam concentrados em duas frentes, a USAC e a Formula 5000, e a Formula 1 era a última das prioridades. Apesar do bom desempenho do carro, sabia-se que a equipa só lá estava por causa dos caprichos de Andretti, o seu piloto. Mas mesmo assim, quando se concentravam na Formula 1, como aconteceu em Watkins Glen, Andretti andava bem e marcava o quinto tempo nos treinos, para acabar a corrida na nona volta, com problemas na suspensão.


No final, tinham conseguido cinco pontos e uma volta mais rápida, e o décimo lugar no campeonato de Construtores. Apesar dos bons resultados iniciais, existiam enormes reticências em continuar, mas mesmo assim, Parnelli e Viletich decidiram que iriam inscrever o carro para a temporada de 1976, com uma versão B do VPJ4.


Apesar de não terem aparecido na primeira prova do ano, no Brasil, apareceram na corrida seguinte, em Kyalami, onde Andretti conseguiu o 13º tempo nos treinos e levou o carro até ao sexto lugar final, onde marcou um ponto. A corrida seguinte seria em Long Beach, mas por essa altura, Parnelli decidiu que iria abandonar a aventura, com efeito imediato.

 

Em 1976, o sonho do carro americano vira uma abóbora (no grid) e um pepino (nas mãos de Andretti).

 

O problema é que esqueceram de avisar uma pessoa: o próprio Mário Andtetti! Este só soube quando foi perguntado por Chris Economaki, uma lenda do jornalismo automobilistico, sobre os seus planos após o final da aventura. Andretti ficou tão perturbado que deixou cair o motor do seu carro no momento da partida. Contudo, conseguiu colocá-lo a andar, mas a corrida só durou até à 15ª volta, quando o carro sofreu uma fuga de água.


A aventura não terminou sem um episódio final. No dia a seguir à corrida, Andretti vagueava pelo hotel, pensando na vida quando se cruzou com o patrão da Lotus, Colin Chapman. Este procurava um piloto para substituir Ronnie Peterson, que tinha ido embora da equipa após o GP do Brasil, insatisfeito com o seu carro e frustrado com as duas más temporadas que tinha vivido. Após uma curta conversa, Chapman decidiu contratar o americano com um aperto de mão, começando ali uma convivência que duraria cinco temporadas e o tão ambicionado campeonato do mundo de Formula 1, em 1978.


Quanto à Parnelli, continuaria a marcar sucessos nos Estados Unidos, principalmente no sentido de desenvolver uma versão do motor Cosworth DFV, colocando um turbocompressor, com a ajuda dos engenheiros de motores Larry Slutter e "Chickie" Hirashima. O resultado foi o DFX, que rendeu, entre outros, doze vitórias consecutivas nas 500 Milhas de Indianápolis entre 1976 e 1987.

 

Saudações D’além Mar,

 

Paulo Alexandre Teixeira

 

Last Updated ( Tuesday, 23 December 2014 22:24 )