Durante os dias 28 de fevereiro e 1 de março, o Nobres do Grid esteve presente na etapa pernambucana da Fórmula Truck, disputada no Autódromo Internacional Ayrton Senna em Caruaru, no agreste pernambucano, a pouco mais de 110 Km da capital Recife, para saber de pilotos, chefes de equipe, organizadores, dirigentes, jornalistas e do público o que cada um pensava a respeito da cidade, da prova, das condições do autódromo e das mudanças do regulamento para essa temporada que marca dos 20 anos do nascimento desta que é a categoria mais popular do Brasil. Pilotos – carinho pelo público, mas preocupação com o atual estado da pista Conversamos com praticamente todos(as) do grid e eles não deixaram de ressaltar a maneira calorosa como são recebidos pela torcida, mas fizeram várias críticas em relação ao estado do autódromo. Começamos pelos pilotos da maior equipe da categoria, a RM Competições, chefiada pelo ex-piloto Renato Martins, que corre com caminhões da Volkswagen e da Man na categoria: André Marques – VW Rapaz, eu acho que é uma etapa boa, o público sempre prestigia, mas é uma etapa que é muito desgastante pra todas as equipes, é muito longe e a cada ano fica mais difícil pras equipes custearem isso e sem dúvida nenhuma, eu acho que a categoria precisava recorrer a uma ajuda dos governos... do Governo de Pernambuco ou da Prefeitura do município aqui de Caruaru, enfim, porque eu acho que a cada ano fica mais difícil de vir fazer o espetáculo num lugar tão legal. Sem dúvida é excelente, é umas das melhores [etapas] que a gente tem, por isso a gente se desgasta, a gente sacrifica as equipes pra vir pra cá, pela praça ser de um público legal, o povo de Caruaru, o povo pernambucano no geral, mas, isso aí é sem sombra de dúvidas, muito bom. NdG: Em relação a esse novo regulamento, o que é que você está achando a respeito? A.M.: Eu acho que é bom, eu acho que foi um comum acordo de todos da categoria, pro show ficar mais legal, dar mais emoção pro público, mais competitividade, tem muito mais pontos em disputa, mas, vamos ver aí durante o campeonato como é que se porta essa mudança. Adalberto Jardim – VW Olha, eu sempre sou favorável a vir correr aqui em Caruaru, por N motivos, mais um dos principais é o comercial, porque Caruaru cresceu muito, eu tenho um patrocinador que tem filial em Recife e se importa muito com Caruaru, então essa é a parte principal que é o que sustenta. Então [vir] pra cá tá valendo a pena. O que é ruim é que a pista realmente precisava ter mais atenção da Prefeitura daqui fazer alguma coisa, porque se Caruaru tá bom, e é uma praça boa hoje... isso aqui vai pro Brasil inteiro, então alguma coisa eles tinham que ter feito, fizeram ainda nada. NdG: Qual a sua opinião sobre essa mudança do regulamento? A.J.: É a primeira que nós vamos, então vamos ver agora, é a prova de fogo pra gente saber primeiro da classificação que é diferente, eu acho que vai melhorar, e a pontuação da corrida é que eu não sei ainda se isso vai ter algum benefício ou não. Leandro Totti – VW (atual campeão da categoria) “Acho que é uma etapa muito importante aqui pra região, acho que hoje aqui no autódromo a única categoria que vem prestigiar é a Fórmula Truck, acho que não tem outra categoria aqui, então pra cidade é muito bom, cidade que tem um autódromo e não ter evento... então, eu acho que, ainda mais a Fórmula Truck que traz um público grande em todas as corridas, eu acho que pra cidade é muito importante, movimenta muito a cidade. Sempre o público comparece, a gente vê que o público gosta muito, por conta que todo ano sempre tá voltando pro autódromo, eu acho que esse ano não vai ser diferente não, com certeza o público vai tá aqui na arquibancada toda lotada aqui e público comparecendo em peso”. Felipe Giaffone – MAN (tricampeão da Truck) “Acho que é uma etapa muito tradicional, tem muito a ver com a cara da Truck e é um lugar bem distante pra gente, a viagem longa, mas eu gosto muito, eu gosto bastante desse lugar aqui, a atmosfera é bastante diferente, então eu gosto bastante... ...eu tive a felicidade de ter um pouco de sorte no passado aqui, ganhar umas provas, então pra mim é um lugar bem especial do calendário que eu curto bastante”. O público comparece em peso, o autódromo fica muito bonito e é uma grande festa para os torcedores pernambucanos.
Beto Monteiro – Lucar Motorsports/Iveco Piloto local e bicampeão da categoria em 2004 e 2013, Beto Monteiro mencionou o fato de Caruaru ser a única etapa no Nordeste: Cara, a etapa de Caruaru tem uma importância muito grande né? Porque é a única etapa do campeonato nacional no Nordeste, especificamente pra Caruaru, pro automobilismo daqui, que, realmente em comparação com o automobilismo da região Sul, Sudeste, realmente é diferenciado, mas, tem uma turma que sempre faz automobilismo. Eu acho que a vinda da Truck pra cá fortalece e mostra aos governantes que automobilismo tá ativo e que Pernambuco tem uma praça importante no cenário nacional. Então eu acho que é de grande importância, tanto pra Fórmula Truck e pro automobilismo nacional, como regionalmente pra Pernambuco, a Fórmula Truck tá aqui presente. NdG: Você por ser piloto da casa, como é que sente o carinho do público? Tem uma pressão também? B.M: Não, essa pressão eu na verdade não consigo absorver, mas pelo contrário, até me dá ânimo em saber que eu estou diante de uma torcida que sempre, sempre, há anos me apoia em tudo. Eu já vim correr de várias coisas aqui em Caruaru e a torcida sempre teve do meu lado, nas mensagens que eu recebo até durante o ano, então assim, pra mim é uma etapa especial, independente se o caminhão tá bom ou tá ruim, eu sempre tou no meu 110% sempre, em prol da torcida que sempre vem, sempre está presente, sempre me prestigia. NdG: Qual a sua opinião sobre a situação do autódromo e da pista atualmente? B.M.: Ah é lamentável né! Eu falei esses dias que as autoridades competentes deveriam olhar um pouco mais pro automobilismo, um lugar como esse aqui ser jogado, a gente ver, a gente que acompanha, viaja o mundo inteiro, não só o Brasil... ter cidades menores, com menos recursos e conseguem reformar e fazer autódromos novos e a gente com uma praça como essa não consegue fazer, e isso com certeza é a falta de boa vontade de quem tá governando, então, realmente é uma pena. Wellington Cirino – ABF/Mercedes NdG: Qual sua opinião sobre essa etapa aqui de Caruaru? W.C.: A gente vem sempre, desde 1997 né? Então a gente na verdade fica esperando durante todo ano. Uma etapa bem diferenciada do nosso calendário, uma etapa que a gente vem com muito gosto porque, pra acolher o pessoal do Nordeste, mostrar a Fórmula Truck, mostrar o nosso automobilismo. Então a gente sempre tenta fazer o melhor possível pra que todos os anos a gente esteja aqui. NdG: Como você analisa a situação daqui do autódromo? W.C.: A pista na verdade, pelo seu pouco uso, ela vai envelhecendo né? E excessivo o calor aqui do Nordeste , seco, então o asfalto sem dúvida, ele passou cinco anos, ele precisa ser renovado. Então eu acho que ele já tá com sete, oito anos aí, mas assim, não impede nada de a gente ter a corrida, mas, pra uma performance melhor do caminhão, um asfalto novo seria bem-vindo. Mas, é aquilo que eu falei: não impede nada de não existir a corrida, então eu acho que esse ano a gente tá aí com uma seca grande né? Ano passado tava bem verdinho tudo, né? Uma seca que tava quase no país aí, mas, estamos aí, prontos pra mais um ano. NdG: Como você sente a receptividade do público? W.C.: Aquilo que eu falei, é uma corrida diferenciada dentro do campeonato, a gente se sente muito bem em correr aqui em Caruaru, no Nordeste, o acolhimento que toda a população dá, que toda a comunidade dá né? Então como eu já te falei, a gente fica muito contente de tá todos os anos aqui. Régis Boéssio – Boéssio Competições/Volvo Assim... o que é que a gente sente assim... a prova em Caruaru é uma prova muito importante, uma prova que a gente acha muito bom vir aqui. O autódromo, a gente nota que ele está precisando de alguns cuidados né! A gente precisaria dar um cuidadinho melhor pra ele, pra receber uma prova de nível nacional. Até porque, que eu saiba hoje, é só nós que estamos vindo né? R.B.: De brasileiro, não tem mais nenhum vindo porque, a distância pro pessoal vir de São Paulo, que é [aonde ficam] a maioria das equipes, até aqui, a gente gasta muito pra vir num momento que tá difícil. Então a gente até achava que a prefeitura ia ajudar a gente aí pra vir, dá o apoio, tá um autódromo mais... mais com impacto pra gente, a gente achou. Eu como piloto acho que caberia a prefeitura dar mais apoio pra gente poder vir, mas, estamos aqui, acho que Caruaru é uma praça muito boa, o povo de Caruaru, a gente gosta muito, é muito bem recebido, a gente é muito bem tratado, o pessoal fica feliz que a gente vem então nos trata muito bem. Então a gente gosta disso e isso é bom, então a gente acaba vindo, com vários outros impactos negativos de vir, mas tu acaba vindo por causa que a população de Caruaru é muito acolhedora. Então isso é bom, só que a gente tá sofrendo muito porque a pista não tá legal, o autódromo não tá legal, é longe né? A prefeitura falou: “Vamos ajudar vocês”! Até agora a gente não viu ajuda da prefeitura que ia nos apoiar, todas as equipes pra vir pra Caruaru, porque foi um ano difícil. A gente quer vir, mas tá difícil pra todo mundo, não é diferente pra nós, é difícil pras equipes. Mas, eu acho que o lugar é muito bom, eu acho que tem que ser cuidado, talvez assim... o governo olhar melhor isso aqui e investir mais até pra apoiar mais as equipes, porque é um momento que se a gente se desse as mãos ia ser muito melhor, mas a gente gosta muito de Caruaru! Roberval Andrade – piloto da Corinthians Motorsport/Scania NdG: Roberval, qual a sua opinião sobre essa etapa aqui em Caruaru? R.A.: Ah, é uma etapa que é muito importante pro calendário do Brasil, dentro da Fórmula Truck, mas a gente precisa ter um pouquinho mais de condição né? Porque é natural que o automobilismo vem com pouca frequência pra cá e a Fórmula Truck faz a sua parte, colocando Caruaru no seu calendário, todas as equipes se esforçam financeiramente pra tá aqui e que a gente precisa ter o apoio, não só da Prefeitura, como do Governo do Estado, pra que melhore o autódromo dentro estado de Pernambuco, porque Caruaru é uma tradição e eu vejo com muito positivismo, adoro correr aqui em Caruaru. NdG: O que é que você sente do público, do calor, do carinho do público com os pilotos? R.A.: Ah é caloroso, aqui é diferente. O pessoal é muito receptivo, muito humilde, pessoas que lutam muito pra ganhar sua vida, estão vencendo as dificuldades, pelo trabalho, pelos méritos. Porque Caruaru cresceu demais, eu venho aqui desde 2001, vejo que é igual uma metrópole, segunda maior cidade do estado, então é admirar o povo de Pernambuco e de Caruaru. NdG: Não sei se você sabe, aqui no Nordeste, principalmente no interior, longe das capitais, é muito forte a torcida por clubes de Rio e São Paulo. Como é esse negócio de misturar automobilismo e futebol, você que é piloto da equipe do Corinthians? R.A.: É, eu acho que isso prova que o esporte se interage, o Corinthians começou com esse projeto e deu certo, tou no meu quinto ano aí com o Corinthians. Tamo com o nosso novo presidente Roberto Andrade, até falam que é meu primo, mas é uma coincidência de sobrenome, mas é uma pessoa digna e muito preparada pra ocupar a direção e espero continuar fazendo a minha história dentro do plano do Corinthians, apesar de ter uma pouca expressão porque é o país do futebol e o clube vive de futebol, mas eu dou minha contribuição. NdG: O que é que você está achando desse novo regulamento? R.A.: Acho que o regulamento é muito bom, principalmente a classificação, deu mais emoção até entre as equipes, pilotos e o público. Então acho que o regulamento esse ano é vitorioso. NdG: Obrigado Roberval! R.A.: Valeu! Michelle de Jesus – piloto da Reis Peças Competições/Ford NdG: O que você está achando da Truck aqui em Caruaru? MdJ: Bom, eu nunca tinha vindo aqui pra Caruaru, é a minha primeira vez aqui, eu fiquei impressionada, primeiro com o tamanho da cidade, com a qualidade da cidade que eu não imaginava né? Uma cidade assim tão desenvolvida e o autódromo muito interessante, a pista é bem travada... o que traz o piloto é o autódromo, aí tem os agregados ao autódromo, que é o público maravilhoso, que a galera gosta de falar, conversar, é mais próxima. Eu sou de São Paulo, do interior. De Jundiaí, interior de São Paulo e você chega a recepção é outra, no aeroporto por exemplo, o povo é animado é alegre, então eu fiquei impressionada assim. NdG: O que é que você está achando da situação do autódromo, o estado da pista? MdJ: É uma judiação, porque podia tá melhor, a gente sabe que podia tá melhor. Tem lugares da pista que tem buraco mesmo, como uma rodovia. Então eu acho que podia dar um pouco mais de atenção, dar um pouco mais de carinho pra essa pista, afinal o evento da Truck é grande aqui no agreste, é uma coisa bem conhecida, então isso só vai agregar. Se o governo ou a prefeitura dar uma atenção maior, nós pilotos agradecemos. NdG: O que é que você pensa da presença feminina aqui na Fórmula Truck? Tem você, tem a Débora... MdJ: Nós estamos dando de paulada em qualquer categoria né? Duas mulheres correndo no Brasil, isso é raro. NdG: Só na Truck mesmo. MdJ: Só na Truck! Então acho que isso é que é legal, essa coisa feminina parte da presidente, que é a Neuza, quer dizer, é uma categoria feminina né! Dirigida por mulheres e tem mulher na pista, acho que é legal. Muito interessante, foi ver pai e filho dividindo o mesmo box, companheiros de equipe nesta temporada, o “decano” Pedro Muffato e seu filho David conversaram bastante com a gente sobre o clima da torcida, as condições do autódromo, as mudanças do regulamento e muito mais... David Muffato – Muffatão Racing/Scania NdG: Nós estamos fazendo uma matéria sobre a importância da Fórmula Truck, dessa etapa aqui pra Caruaru e pro nosso automobilismo, queria saber qual a sua opinião sobre vir correr aqui em Caruaru? D.M.: Pra mim é uma alegria, eu vim ano passado, tava na equipe da Ford, então ano passado eu praticamente não corri, deu muito problema no caminhão, agora aqui com a estrutura da equipe com meu pai, tudo... a coisa tá caminhando bem o fim de semana todo, tamos largando bem, fui muito bem agora de manhã [David foi o º no treino e no warm-up ficou em º], então é muito bom você vim pra uma região que normalmente não se tem corrida nenhuma. E a Truck faz questão de vir aqui, então isso é muito importante pra nós, pra categoria e acredito que pra região toda é muito importante. O público vem é uma diversão diferente pra eles, um divertimento que eles não estão acostumados, então é muito importante. Só tem que se pedir uma coisa: que se olhe com carinho pro autódromo, porque se a Truck vem pra cá, tenho certeza se a melhora do asfalto, principalmente, acontecer, Stock Car vem pra cá, Brasileiro de Marcas vem pra cá, Mercedes [Challenge] vem pra cá, Porsche [Cup] vem pra cá. Porque o autódromo é perfeito, a pista é muito boa, o traçado é muito bom. Só que tá precisando principalmente a manutenção do asfalto. Os boxes? Se pensa depois, mas o asfalto estando recapado, um asfalto bom, bem feito, todas as categorias do Brasil vem pra cá. Isso traz, gera aí, hotéis lotados o fim de semana todo, numa época que normalmente não se tem movimentação, tudo isso ajuda muito pra cidade principalmente. Então a prefeitura, o estado tem que olhar com carinho. É uma referência aqui no Nordeste todo a pista de Caruaru. Então se ela tiver pronta, preparada pra receber as categorias todas é muito importante. A Truck veio pra cá, só que tem muita conversa pra que se melhore as coisas, que tá ficando difícil vir pra cá, o desgaste nos equipamentos é muito grande. NdG: Você agora esse ano tá correndo com o seu pai na mesma equipe... D.M.: Meu parceiro! NdG: Como é essa sensação? D.M.: A gente foi parceiro em 96, na época da Fórmula 3 Sulamericana. E aí agora em 2015 voltamos a ser parceiro o ano inteiro, então vamos ver como é que vai ser. Mas é um prazer, uma satisfação muito grande tá do lado dele, andando com ele, trocando ideia, ele tem uma bagagem muito grande pra ensinar a todo mundo aqui do grid, então pra mim tá do lado dele assim é muito bom. NdG: O que você pensa dele correr ainda, com mais de setenta, setenta e... D.M.: 74 anos, 52 de automobilismo e tá firme e forte, não pensa em parar. Então é muito importante isso, tá largando em 16º e pode ter certeza que vai chegar bem na corrida, então é um prazer muito grande. Mas eu não sei se eu com 74 anos vou tá no pique dele, não sei. NdG: O que você tá achando desse novo regulamento? D.M.: Muito bom, em todos os sentidos. Pegar a classificação, a pontuação, que são as coisas que mudaram mais, foi muito bom, a prova disso, a classificação foi super agitada, todo mundo mexendo, voltando pra pista e tal, muito mais interessante que aquela volta sozinho na pista, até pro público que vem assistir tudo, começa criar um atrativo. Que a pessoa vinha aqui a classificação com um caminhão na pista era chata, agora com todo mundo, outro grupo, depois mais um grupo pra decidir a pole, então tem uma movimentação muito grande. Então foi muito bom, a pontuação também vai ser bem interessante, que são praticamente duas corridas agora, então vai ser um atrativo muito bom. NdG: E na parte técnica agora, voltando a não usar o catalizador e com o restritor? D.M.: É que na verdade o restritor só vai se usar a partir da segunda etapa, para os três primeiros do campeonato entendeu? É a partir da próxima etapa e aí é que nos vamos ter uma ideia como que vai funcionar isso, é uma penalização pros três primeiros pra criar mais equilíbrio ainda. E a questão do catalizador, isso é unânime na categoria inteira, ninguém quer mais. Primeira coisa: melhor pro público absurdamente. Que volta a ter ronco nos caminhões, antigamente não tinha ronco. E para as quebras, que se quebrava demais os caminhões porque tinha o catalizador. Não se quebrava pelo uso do catalizador, mas... NdG: Forçava o motor e o turbo... D.M.: Mas, questão de se colocar muito óleo [Diesel] nos motores, aí o motor não aguenta e o turbo não aguentava, quebrava tudo. Então isso acabou, você não vê mais. É raro quebrar uma turbina agora, quebra até por desgaste agora. NdG: Isso melhora também na questão de custos? D.M.: Lógico! Imagina! O cara trocava 3, 4 turbinas no final de semana e ainda quebrava na corrida e se não quebrava turbina quebrava motor, então acabou isso, muito difícil quebrar um motor e a quebra quando acontece é pequena, você percebe. Antes de ter uma quebra grande você já sente que tá acontecendo uma coisa errada no caminhão. Antes não, quando quebrava explodia tudo. Então isso é muito bom, isso é muito importante, e uma mudança é o pneu novo que a Bridgestone tá entregando, que é o 268, vem do 275. Então tá tendo uma diferença muito grande, tá todo mundo... nós estamos trabalhando muito em calibragem e tá melhorando o caminhão. Prova disso que o meu melhor tempo foi hoje no warmup, que eu fiz o 7º tempo, abaixei meu tempo em 1,5s da classificação, ninguém fez isso. Todo mundo tá igual ou piorou, então a gente evoluiu muito o trabalho do caminhão agora pela manhã. Pedro Muffato – Muffatão Racing/Scania NdG: O que é que o senhor acha desse evento aqui em Caruaru? P.M.: Bem , eu acho que o nordeste tá hoje representado por Pernambuco, especificamente por Caruaru e tá aqui provado, casa cheia e o público corresponde. É lamentável que a pista pra nós pilotos ela está ruim o piso, enquanto box, essas outras coisas a gente não liga muito pras instalações, a área de escape aqui é muito boa, o autódromo é bom, só que o piso tá deixando a desejar pelas ondulações e também pelo tempo que tem o asfalto, então gasta muito pneu, estoura pneu, danifica um pouco os caminhões, porque tem muito “bumping”, mas o resto aqui é maravilhoso, a receptividade que a gente tem do público, das pessoas, aonde quer que a gente vá aqui o pessoal gosta e, mais uma vez repito: gosta porque está aqui provado com esse calor aí, como a gente fala “com a cara pro Sol”, o pessoal tá aqui assistindo a corrida, então isso é muito agradável vir aqui. Espero que seja melhorado esse piso pra que a gente possa voltar o ano que vem. NdG: O senhor agora tá com 72, 74 anos [idades de registro e verdadeira, respectivamente], como é se manter competitivo com essa idade? P.M.: É, eu acho que todo esporte a pessoa tem que ter um preparo, tem que tá em condições, alguns exigem mais a condição física, outro menos, alguns exigem mais uma preparação mental, espiritual até do que a parte física, é lógico que o automobilismo exige também bastante da parte física, mas eu, apesar dos meus 74 anos ainda me sinto bem competindo, não estou sofrendo pra isso, procuro fazer o melhor dentro das possibilidades do equipamento que eu disponho, mas é uma categoria muito competitiva hoje e que tá sendo liderada até pelas fábricas, pelas montadoras que tão botando bastante apoio. Que é o caso da Volkswagen, Man e da Mercedes que são hoje que apoiam mais o automobilismo nacional. E eu ainda me sinto bem, não sei até quando e é uma pergunta que daqui a pouco você vai me fazer e eu vou responder já: até quando, ou quando que eu vou parar? É uma pergunta eminente e eu sempre digo: eu vou parar a hora que eu tiver me maltratando pra competir, ou a hora que eu tiver atrapalhando os demais aí na pista e isto não vai acontecer, que na hora que eu sentir que eu tiver atrapalhando eu vou pra casa. Eu tenho aí quase cinquenta anos de automobilismo, já tive tudo que é tipo de alegria, fui campeão brasileiro, campeão do meu estado por várias vezes, então o automobilismo sempre me trouxe muita alegria, apesar de que a gente esquece das tristezas que é diferente, só lembra do momento bom. Que todo esporte só tem momento bom e momento ruim, mas eu digo sempre e repito isso com os jovens: eu estou competindo ainda nesta idade, faço 75 agora em junho, porque eu sempre guardei saúde. Eu nunca me maltratei, mesmo na minha juventude eu fiz lá minhas festinhas mas tudo com moderação, sem abusar, sem estragar a saúde. Eu investi na saúde e guardei quando era jovem pra usar ela depois de uma certa idade. Que falam que eu já tou na terceira idade, tou quase na quarta idade mas ainda me sinto bem. NdG: Qual a perspectiva desse ano agora com a nova equipe e correndo com o seu filho, David Muffato? P.M.: É, o David é o filho mais novo, já também, já tem uma história no automobilismo, já foi campeão da Stock Car, também num momento lá bastante difícil, quando só ganhavam os dinossauros e o David foi o primeiro novato a ganhar o campeonato e quebrou a hegemonia e depois foi se sucedendo as vitórias dos pilotos mais novos. E ele já não estava mais se sentindo bem lá na competição e achou melhor vir correr de caminhão. Ele correu o ano passado em outra equipe e esse ano ele quis vir correr comigo. Dei a opção pra ele: “Olha pode escolher entre os dois caminhões, pode pegar o que você achar melhor” e vamos competir aí na pista, não tem pai, não tem filho, baixou a bandeira somos todos iguais, mais é lógico, a gente procura sempre fazer com que ele também ande bem, porque a equipe tem que trabalhar, colocar os dois caminhões em condições na pista. E o David ainda tem muito tempo pela frente. NdG: O que é que o senhor pensa sobre esse novo regulamento? Novo formato de classificação, pontuação... P.M.: É, umas das coisas que eu sempre pedi, que mudasse principalmente a classificação, que ela era meio sem graça, uma volta, você queimava o radar ou errava a volta perdia. Então hoje dá mais... ela é mais justa hoje, você tem aí 20 minutos, depois tem mais 10 minutos e se você errar numa volta na outra você recupera, agora ficou mais justo e mais emocionante e mesmo pra quem tá assistindo no autódromo ou fora dele, tem mais motivação de tá vendo a classificação, então foi muito bom. A pontuação também vamo ver como é que vai acontecer agora, mas eu acho que o essencial foi a mudança na parte da classificatória, que ficou mais interessante. NdG: Agora, um pouco fora desse lado piloto, o senhor foi prefeito de Cascavel e tem uma importância muito grande pra o autódromo lá de Cascavel [foi na gestão de Muffato, no início dos anos 70 que a pista de Cascavel foi asfaltada], o que é que o senhor vê assim da parte de quem tá do lado do poder, do governo em prol de uma nova praça de automobilismo ou de reformar uma praça de automobilismo? P.M.: Bem, eu acho o seguinte, primeira coisa: eu acho que o esporte em qualquer sentido faz muito bem, principalmente pra juventude. Eu vejo em Cascavel, acabou aqueles rachas de rua, acidentes as vezes graves, matando até pessoas inocentes, na rua o piloto que ia fazer corrida, fazer racha nas ruas. Isso acabou lá em Cascavel, existe ainda mas muito pouco. Hoje tem o “Arrancadão” que tem atividade quase que uma vez por mês no autódromo, então se o cara acha que é piloto vai lá pro autódromo, vai correr lá. Além do que é mais uma praça de esportes que é muito pouco no Brasil e divulga muito o município, divulga a região. Eu sinceramente, se não fosse automobilismo acho que não viria conhecer nem Pernambuco, quanto mais Caruaru, e hoje eu já vim aqui várias vezes, já vi o crescimento e o progresso daqui de Caruaru, muito grande. Então eu acho que o bom, o bom administrador público e no caso o prefeito, o governador tem que investir no esporte e não digo só no automobilismo, em qualquer praça de esporte. Eu quando fui prefeito eu não fiz o autódromo, eu dei um apoio, agora eu dei muitas “canchas” pra vôlei, pra basquete, pra futebol de salão, fiz cancha pra atletismo e quanta gente ia praticar esporte. Tirava o jovem da droga porque ele tinha uma ocupação, ele tinha um esporte, lazer, aonde ele sabe que ele tem que se cuidar, ele tem que dormir mais cedo, ele não pode beber exageradamente, ele não pode usar droga, porque o bom desportista ele quer competir, ele quer ganhar. Então isso faz muito bem, em todos os sentidos, não só no autódromo, mas em qualquer área esportiva o bom administrador ele faz realmente tudo pra que o esporte melhore, pra que o jovem tenha opção. Se ele gosta de basquete, se ele gosta de vôlei, de futebol de salão ou mesmo de futebol de campo, o outro é o atletismo, o judô... ele tem que tá praticando o esporte, esse é o investimento mais barato que tem hoje no Brasil e só vai diminuir a marginalidade, vai diminuir o atendimento hospitalar, que o cara que pratica esporte tem menos problema de saúde, o cara que pratica esporte não vai virar marginal, não vai fazer algazarra, fazer banditismo porque ele é um desportista. Então acho que se não só o governo estadual, como federal e como o municipal pensasse assim, uma maneira de melhorar a nossa qualificação social, terminando ou diminuindo esse banditismo, seria investido no esporte. Porque o esporte é saúde, o esporte é lazer e principalmente, com certeza ia diminuir o tamanho dos presídios e o tamanho da quantidade de hospitais, com certeza. No mês que vem, tem mais. Abraços, Diego Freitas Fotos: Ricardo Xavier Jr. e Site da F. Truck. |