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A obsessão da F1 pela Audi. PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 20 May 2015 21:21

Quem acompanha o dia-a-dia da Formula 1 conhece as especulações sobre uma possível entrada da Audi na categoria máxima do automobilismo. Desde há mais de um ano que se fala que o construtor alemão, um dos mais poderosos do mundo, poderia abandonar a Endurance - onde ganhou tudo na última década e meia – bem como o DTM para apostar todas as fichas na Formula 1 através da Red Bull, da mesma maneira que a Honda fez à McLaren, a partir deste ano. E já havia números para uma coisa destas: duzentos milhões de euros, numa ofensiva chefiada por Stefano Domenicalli, antigo diretor desportivo da Ferrari, despedido da Scuderia no inicio de 2014.

 

Para melhorar as coisas, as noticias da saída de Ferdinand Piech do cargo de presidente e conselheiro do Grupo VAG, há cerca de duas semanas, seriam a noticia de que tinha sido removido o último obstáculo da marca em apostar na Formula 1, pois é algo que Piech sempre foi contra, preferindo apostar na Endurance e em Le Mans. Para terem uma ideia, foi Piech, atualmente com 73 anos, que teve a ideia de construir o modelo Porsche 917, em 1969, o primeiro modelo que construiu a reputação da marca de Estugarda nas corridas de linga distância e ajudou a fazer da Porsche a marca mais vencedora em La Sarthe.

 

E se isso não bastasse, a Red Bull anda há meses a “implorar” para que a Audi entre por lá para evitar que eles abandonem a Formula 1. Quem o diz é o prório Helmut Marko, que já anda há tempos a dizer que não quer mais os motores Renault, que o fizeram com que este ano ante a lutar por posições pontuáveis... com a Toro Rosso.

 

Os olhos da Fórmula 1 andam voltados para a sede as Audi em Ingolstadt.

 

"Se não tivermos um motor competitivo num futuro próximo, então, ou Audi chega ou estamos fora", disse Marko à BBC Sport no fim de semana de Barcelona.

 

“Há tantos rumores. Oficialmente não existem nem pedidos ou conversações. O Grupo Vokswagen primeiro tem que resolver quem será o novo chefe, e quando eles tiverem resolvido todas estas coisas talvez então eles podem pensar sobre o que estão a fazer no automobilismo”, concluiu.

 

Ora, por essa altura, Rupert Stadler, o diretor-geral da marca alemã, concedeu uma entrevista à Auto Express alemã, onde afirmou que não fecharia a porta à hipótese da Formula 1. Com todos estes acontecimentos a ocorrer, não tardou que as coisas fervilhassem em especulações de que um anuncio aconteceria em breve. Só que duas semanas depois, no dia 18 de maio, Stadler arrefeceu as expectativas: numa entrevista à revista britânica Auto Express, afirmou que não há planos para a Formula 1, deixando até um recado: "A Fórmula 1 tem que resolver os seus problemas por si própria".

 

Um motor da Audi em pelo menos uma equipe na Fórmula 1 há alguns anos... mas as resistências eram grandes.

 

Sendo o Grupo VAG um grupo poderoso, com imensas marcas - Seat, Skoda, Porsche, Volkswagen, Lamborghini, para além da Audi - qualquer uma poderia servir para entrar na categoria máxima do automobilismo. Mas quando vemos até Bernie Ecclestone a desejar a entrada da marca na categoria máxima do automobilismo, para competir a par da Renault, Ferrari, Honda e Mercedes, fica-se com a sensação de que a Formula 1 quer mostrar-se que ainda é uma categoria poderosa.

 

E isto acontece numa altura critica, e até pode ser um sinal de que está a sofrer as consequências da sua altivez, de viver numa bolha sem ver o que se passa à sua volta. Já não há mais filas para entrar, como havia há 15 anos, e agora, eles têm concorrência: a Endurance têm já quatro marcas importantes, duas delas do Grupo VAG.

 

Comercialmente, Audi e Red Bull já tem um programa de parceria comercial forte na DTM, mas F1 é outro mundo.

 

Para completar, ainda temos a Formula E, onde apesar de não ter nenhum construtor oficial, a Audi colabora através da Abt, tal como a Renault está lá através da e.dams. E como os construtores estão cada vez mais a investir na tecnologia dos carros elétricos, a Formula 1 está a ficar cada vez mais para trás. E pior: algumas das propostas, como o regresso dos V8, colocar-se-iam ainda mais para trás, passando a ideia de que estão desfasados com o mundo à sua volta.

 

Mas… e se Stadler tivesse dito sim, quando é que isso aconteceria? Bom, pelo menos teria de trabalhar durante ano e meio para construir um motor suficientemente competitivo. Ou seja, se acontecesse agora, só em 2017 é que o motor apareceria nos chassis da Red Bull, na melhor das hipóteses. E teriamos de torcer para que não fosse o fiasco que está a ser o motor Honda neste momento. É que isso está sempre em cima da mesa…

 

Como sonhar não custa, desde 2010 aparecem carros com misturas de cores envolvendo a marca das argolas.

 

Bem vistas as coisas, confesso não me recordar de ver toda uma categoria a "implorar" a um determinado construtor para montar o seu programa. Creio que isso seja o sinal dos tempos, de um momento onde começam a ser incomodados por uma concorrência em rápida ascensão. Quem imaginaria que viveríamos para ver isto?

 

Saudações D’além Mar,

 

Paulo Alexandre Teixeira