Durante os dias 28 de fevereiro e 1 de março, o Site dos Nobres do Grid esteve presente na etapa pernambucana da Fórmula Truck, disputada no Autódromo Internacional Ayrton Senna em Caruaru, no agreste pernambucano, a pouco mais de 110 Km da capital Recife. Procuramos saber dos pilotos, chefes de equipe, organizadores, dirigentes, jornalistas e do público o que cada um pensava a respeito da cidade, da prova, das condições do autódromo e das mudanças do regulamento para essa temporada que marca dos 20 anos do nascimento desta que é a categoria mais popular do Brasil. Organizadores – Caruaru faz parte da família da Truck Tivemos também a satisfação de conversar com a dona da festa, D. Neusa Navarro Félix, com sua filha Danielle, que junto com o irmão, Aurélio Júnior, faz o show de manobras antes das corridas e com o diretor de prova, Carlos Montagner. Neusa Navarro Félix – Presidente da Fórmula Truck NdG: Como é que a senhora vê essa etapa aqui de Caruaru? N.N.F.: Ah, pra mim é gratificante tá em Caruaru, acho que é a única categoria que vem pra cá né? Acho que 15 anos ou 17 que a gente já faz [a etapa de] Caruaru, já se formou uma coisa nossa de família mesmo. A gente vem aqui, conhece todo mundo, as pessoas que trabalham com a gente, já trabalham com a gente a mais de 10 anos, então é uma etapa pra nós de bastante importância. Nós somos um campeonato brasileiro e, eu acho que aonde tiver autódromo nós temos que ir. NdG: A senhora tem mais ou menos uma ideia de quantos empregos a Fórmula Truck gera aqui em Caruaru entre diretos e indiretos? N.N.F.: Em torno de mil, mil e duzentos empregos no final de semana. Danielle Félix – Filha do fundador da categoria e piloto de acrobacias NdG: A gente tá fazendo uma matéria Dany, sobre a importância do evento da Fórmula Truck aqui pra Caruaru e pro automobilismo de Pernambuco. O que é que você acha de vir aqui a Caruaru? D.F.: Pra categoria é uma etapa assim, bem grandiosa, porque o público que vem é muita gente, de toda a região do Nordeste, não só de Pernambuco, Caruaru. Mais assim, pra categoria é um suor, porque é muito longe, as equipes, a maioria é de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Mas assim, é uma festa muito grande pra categoria quando vê tudo pronto e sendo realizado. NdG: O asfalto não tá bom, a pista estreita, qual a dificuldade que você tem pra realizar aqui o show da Truck com o seu irmão? D.F.: Olha, o mais difícil pro show é como a gente faz do lado da reta oposta, ela é um pouco mais estreita, bem mais do que a da reta principal, então essa é a dificuldade. A gente faz lá porque é mais perto da arquibancada e é pra sentir mais o calor do público. Carlos Montagner – Diretor de prova - CBA
NdG: Sr. Carlos, o senhor com a experiência de diretor de prova da F1, já há um bom tempo aqui na Truck como diretor de prova, como o senhor vê essa etapa aqui em Caruaru? C.M.: Com muito prazer estou de volta aqui em Caruaru, todo ano a gente volta pra cá, com a esperança muito grande, a mudança de regulamento foi muito grande esse ano, mas, os pilotos estão assimilando direitinho, tivemos contratempos nas nossas estradas, caminhoneiros, essas coisas... então nós tivemos que mudar um pouco a nossa programação que teríamos ontem e passamos toda para hoje. Mas, do resto vai ser uma corrida muito boa, muito disputada, São Pedro tem que ajudar um pouquinho pra não esquentar muito. Não mandar chuva! Mas não pode esquentar muito não pra eles o desgaste é muito grande. NdG: Como o senhor vê a situação do autódromo? O que isso pode atrapalhar no comando da prova? C.M.: Atrapalhar, nada. Realmente o piso não é o dos melhores, as áreas de escape são generosas, não vejo nada que possa atrapalhar a competitividade entre eles. É só eles terem cabeça, esperarem o momento certo pra ultrapassarem alguém e terem paciência com isso. Só vai depender deles, nós estamos aqui pra trabalhar pra ajuda-los. Djalma Fogaça – Chefe e piloto da DF Motorsports/Ford Uma das opiniões mais críticas entre os pilotos foi a de Djalma Fogaça, o veterano piloto da Ford demonstrou um claro desconforto com as condições da pista: NdG: Como é vir correr aqui em Caruaru? D.F.: Cara eu acho assim... é que ela, a corrida, é importante no Brasil todo porque é um campeonato brasileiro, também tinha que ter até Fortaleza, entendeu? Só que... eu acho que Caruaru por exemplo, vamos falar de Caruaru. Tem que dar mais importância pra Fórmula Truck, entendeu? O estado, a Federação, o Governo, a Prefeitura... sabe? É ruim pra cidade... pra ter um autódromo, isso aqui não é um autódromo cara, você entendeu? NdG: Aparecer em rede nacional e pro Mundo... D.F.: Um autódromo que não tem uma demarcação de linha de pista! Isso é todo ano! Então nós damos importância pra Caruaru, Caruaru não dá importância pra Fórmula Truck, essa é a minha opinião, entendeu? NdG: O que é que você sente do carinho, da receptividade do público com vocês? D.F.: Isso é fantástico! O público foi sempre muito bem receptivo. E a minha única indignação é com o autódromo, sabe? Eu acho que o autódromo é o primeiro espetáculo, você tem que ter um negócio legal. Claro que eu entendo que o Governo não vai tirar dinheiro de saúde, de um monte de coisa, segurança, e tanta coisa... e creche e não sei o quê... pra enfiar no autódromo, entendeu? Mas alguém tem que fazer isso, ou seja a Federação, né? Nós temos aí o presidente da Federação, da CBA é daqui pô! Quer dizer, não pode na casa dele... e tá todo ano do mesmo jeito, entendeu? Então hoje pelas equipes, fora a Neusa que é a dona do evento, pelas equipes, se não tiver uma mudança em Caruaru nós não viremos, não viremos mais pra Caruaru! NdG: O que você está achando desse novo regulamento, dessa mudança? D.F.: Cara, é uma coisa nova, eu acho que a pontuação não é a ideal, dá mais vantagem ainda pra quem tá bem, mas é uma coisa nova. Eu não vou nem discutir a mudança, eu acho que o importante foi ter uma mudança. Classificação ontem já muito melhor, não dá nem pra comparar, e a corrida vamo ver o que vai ser, mas eu acho que a importância era ter mudado e foi mudado. NdG: E a sua opinião sobre esse novo regulamento técnico, sem o catalizador e daqui pra frente com o restritor de ar? D.F.: Não, não muda nada o restritor, o restritor só vai te apontar a quantidade de fumaça que você tem, quer dizer, não vai tirar fumaça, entendeu? Não vai tirar desempenho também, não muda nada, isso aí não muda nada. Jornalistas – Caruaru poderia aparecer melhor para o Brasil e o Mundo Tivemos a alegria de conversar com nossos colegas que transmitiram a prova pela Rede Bandeirantes e Band Sports, o comentarista Eduardo Homem de Mello e o narrador Celso Miranda, ambos adoram o clima de Caruaru, mas mostraram a sua preocupação com o autódromo e com o a fase que atravessa o automobilismo de maneira geral. Eduardo Homem de Mello – Comentarista NdG: Eduardo, a gente tá fazendo uma matéria sobre a importância da etapa daqui da Fórmula Truck pra Caruaru e pro automobilismo de Pernambuco , o que é que você acha da etapa aqui em Caruaru? E.H.M.: Bom, eu acho fundamental, porque o Nordeste, Caruaru é única cidade do Nordeste que recebe uma etapa de um campeonato brasileiro do porte da Fórmula Truck, é a única categoria que vem pra cá. E o Brasil agora atravessa uma fase terrível, de vários autódromos aí acabando, o autódromo de Brasília foi completamente destruído, o do Rio de Janeiro também foi extinto pra dar lugar a olimpíada, o automobilismo tá cada vez mais decadente nesse país e aqui em Caruaru mostrando cada vez mais sua força e trazendo aqui a Fórmula Truck pro Nordeste, é de fundamental importância. NdG: Esses 20 anos da Fórmula Truck, qual a lembrança melhor que você tem aqui de Caruaru? E.H.M.: Bom, eu tou ná Fórmula Truck há 12 anos, então eu sempre em todos os anos, nesses 12 anos quando a Fórmula Truck vem pra cá, eu sempre vim, eu acho uma cidade muito agradável, com a proximidade do Recife, um autódromo que precisa de uma recapagem no asfalto, precisa de um nivelamento, porque é muito ondulado, e isso prejudica demais o desempenho dos caminhões, acaba desequilibrando. Mas, sem dúvida nenhuma é uma importância muito grande pro automobilismo ter um autódromo aqui no Nordeste e serve de exemplo pra outras cidades também pra poder fazer. Celso Miranda – Narrador NdG: Celso, a gente tá fazendo uma matéria aqui nesse final de semana, sobre a importância da Fórmula Truck aqui pra Caruaru e pro automobilismo de Pernambuco, você como narrador, como vê a etapa aqui de Caruaru? C.M.: Acho que não só essa [categoria], a Fórmula Truck, mas o automobilismo devia despertar pro fato de que o Brasil é maior do que o centro Sul. O entusiasmo do público quando a gente vem pra cá é muito grande, e é com tristeza que a gente vê que só tem Caruaru, só tem um circuito. Então o potencial está mais do que mostrado, as pessoas gostam, as pessoas vem, é um mercado que tá crescendo, é o mercado que cresce no Brasil é aqui, então eu acho que a gente vem pra cá e mostra pros outros que todo mundo já devia tá aqui, que não trazer o automobilismo de competição de autódromo pra cá é uma judiação, é uma sacanagem. Lógico que a gente deveria ter mais autódromos né? Mas esse aqui tinha que tá na pauta de todo mundo, tinha que todo vir pra cá. NdG: Como que você tá vendo a estrutura do autódromo? C.M.: Precisa melhorar, lógico. A gente vê principalmente na pista, asfalto antigo, muito ondulado, isso também acaba atrapalhando a vinda de outras categorias, mas exatamente essas categorias pela importância do mercado, deviam forçar, orientar a Prefeitura, a própria Confederação de Automobilismo a pressionar pra que isso fosse melhorado, nós estamos num mercado que é importante e o automobilismo não pode tá longe daqui. NdG: Você que de um tempo pra cá assumiu a narração da Fórmula Truck no lugar do Téo [José], como tá sendo esse desafio pra você? C.M.: Falou a palavra certa, desafio. É um público muito grande, é uma competição muito específica e tudo o que eu tinha de experiência, eu tive que reaprender coisas aqui. Então é um desafio que é muito estimulante pra esse momento da minha carreira, é a melhor coisa que podia me acontecer. NdG: Como é que você está vendo essa questão do cancelamento da etapa da Indy, que seria lá em Brasília? C.M.: Mais uma vez a gente vê os políticos fazendo besteira né? Que tudo o que a gente tinha conversado, o próprio site da Band tem uma explicação e uma linha de tempo contando tudo o que aconteceu, fica muito claro que todas as coisas que foram ditas, prometidas, assinadas não foram cumpridas, por parte dos políticos. E é triste, porque afinal de contas a gente acabou ficando no meio de uma reforma da pista, que o maior prejudicado é o automobilismo, infelizmente. NdG: E o autódromo tá semidestruído. NdG: É, lógico que a gente tem que continuar, então assim: quem faz o esporte no Brasil, confederação principalmente, tem que fazer ingerência, tem que trabalhar que aquela pista seja no mínimo recuperada né? E como o público vê a Fórmula truck? Acho que todo mundo já ouviu, uma vez na vida pelo menos, que a voz do povo é a voz de Deus... e nós fomos ouvir os torcedores na arquibancada montada na reta dos boxes. Além desta, na reta oposta, diversas estruturas foram montadas e estavam todas completamente lotadas. Aleatoriamente, ouvimos três torcedores na arquibancada para saber o que os levava ao autódromo, mesmo tendo a possibilidade de assistir a corrida pela televisão, no conforto de suas casas... uma resposta foi comum a todos: a emoção de estar ali, no autódromo, assistindo ao vivo aquele espetáculo era algo sem igual! Por coincidência, um de nossos entrevistados foi o vereador Edmilson Salgado, que além de estar no evento, conseguiu estar na ação promocional do Truck Test, o desfile dos caminhões pela pista. Presente pela segunda vez na etapa do nordeste da Fórmula Truck, disse que a presença da categoria no autódromo da cidade é de grande importância para o município e disse que esteve conversando com o prefeito da cidade, José Queiroz, para ternar-se buscar uma verba junto ao governo do estado para fazer melhorias no autódromo para a próxima etapa, em 2016. Apesar do sol e do calor, encontramos um motociclista, o Jean, devidamente vestido para encarar uma viagem pela estrada... provavelmente ele não era morador da cidade e conversando com ele, descobrimos que ele encarou os 110 Km que separam sua cidade natal – Garanhuns – de Caruaru. Aproveitando a oportunidade de falar com a imprensa, o motociclista aproveitou para reclamar a duplicação da BR 232 até a sua cidade (a estrada é duplicada apenas no trecho entre Recife e Caruaru), dizendo que além da pista com mão dupla, o asfalto precisa ser melhorado. Como o “olho” e a sensibilidade do motociclista é apurado, ele também criticou a condição do asfalto da pista de Caruaru. Segundo ele, dá pra ver “só de olhar”, que o asfalto da pista necessita de um recapeamento. O torcedor também demonstrou sua insatisfação com a infraestrutura oferecida para o torcedor. A parte de atendimento com vendedores de alimentação e a quantidade de banheiros são pontos a ser melhorados, assim como a própria estrutura das arquibancadas, com os torcedores ficando em muitos casos sob o sol forte da região por muitas horas. Do outro lado da arquibancada, o comerciante Henrique discordou, em parte, das críticas do motociclista Jean. No seu ponto de vista, a estrutura de alimentação, banheiros e arquibancada está melhor que no ano anterior. Presente pelo terceiro ano na etapa pernambucana da Fórmula Truck, Henrique considera que a realização da corrida é excelente para a cidade e que gostaria muito de poder ver no autódromo da sua cidade outras grandes corridas como a Stock Car. Andando pelas áreas adjacentes do autódromo, vimos que mesmo com todo o suporte de comerciantes credenciados para atender o público, algumas “ofertas” ainda passavam pelo comércio paralelo... este, bastante procurado, tanto pela demanda de público, bem como pelo cardápio diferenciado. Nada de “hot dog” ou “hamburger”. A barraca de Macaxeira com Charque (aipim com carne seca para o pessoal do sul) era a mais procurada! Na hora que a fome aperta, o pernambucano não vai de lanchinho, não... é macaxeira com charque pra dar força! Fotos: Ricardo Xavier Jr. e Site da F. Truck. |