A Stock Car, seguindo o caminho das categorias ‘Top’ no automobilismo mundial está sempre buscando manter seu equipamento dentro de um padrão de performance elevado, mas também levando em consideração a equalização de custos. Na etapa realizada em Curitiba neste início de agosto um novo freio foi instalado nos carros da categoria. O fabricante apresentou um equipamento com algumas diferenças técnicas e que poderia proporcionar uma melhor performance. Antes de “simplesmente instalar e vamos correr”, a categoria fez um treino extra, na quinta-feira que antecedeu a corrida para que os pilotos tomassem o primeiro contato com o novo freio e no treino livre da sexta-feira já estivessem mais ambientados com a resposta do novo equipamento. Quando se substitui um equipamento por outro, é normal haver mais de um ponto de vista sobre esta mudança... e foi exatamente isso que buscamos saber e dividir com os leitores do site dos Nobres do Grid. Zequinha Giaffone – Diretor da JL, construtora do carro. Foram dois motivos que nos levaram a fazer a mudança dos freios do carro. É uma mudança pequena, é um produto do mesmo fabricante, mas que nós vimos como algo que teria à acrescentar para a categoria. As pastilhas deste novo freio tem mais “massa” (aumento da espessura) do que o modelo que usávamos anteriormente. É importante lembrar que desde o ano passado houve uma mudança no formato da competição e que o tempo de corrida, dos carros correndo e exigindo performance dos freios aumentou com a introdução das rodadas duplas e esta pastilha mais espessa deu uma maior margem de uso para os pilotos. A pastilha tem mais pontos de resfriamento, é um equipamento mais moderno, o sistema de pinças de fixação é também melhor, com quatro pontos e isso proporciona para a categoria um ‘upgrade’ de equipamento e com o mesmo preço que o fornecedor do equipamento cobrava pelo equipamento anterior. A Pastilha é patrocinada, as equipes não tem custo nenhum com ela e a pinça é o mesmo valor da anterior. Ereneu Boettger – Proprietário da Equipe Boettger Competições. A informação que nos foi passada é que haveria uma descontinuidade da fabricação do equipamento que vinha sendo usado e por isso teríamos que trocar para este modelo novo. Não sei se daria para ficarmos mais um ano ou até o final do ano com o modelo anterior. No mercado ele ainda existe e poderíamos nos suprir... mas não íamos ter como fugir da mudança. O custo é terrível. Para cada carro vai sair por R$ 19.420,00... mas sempre aparece mais alguma coisa a ser acrescentada. Se pudéssemos,continuávamos com o equipamento que tínhamos, mas como o regulamento exige que todos tenham o mesmo equipamento, tivemos que mudar. Depois dos carros irem para a pista os pilotos não disseram ter sentido nenhum ganho ou perda com relação a este freio novo em relação ao anterior. Os freios anteriores funcionavam bem e estes também mostraram que funcionam bem. Gabriel Casagrande – Piloto da Equipe C2. O freio teve um comportamento em parte parecido com o que a gente tinha antes, mas é um equipamento mais moderno, é uma evolução técnica e toda evolução é bem vinda. Acho que o que precisa ser feito agora é a gente trabalhar o máximo para tirar do equipamento o máximo de eficiência. Uma coisa que nós sentimos no primeiro contato com o freio foi que se pisarmos no pedal do mesmo jeito que pisávamos com o freio anterior, a gente não para o carro e se pisar mais forte ele trava. Esse vai ser um trabalho que os pilotos e as equipes vão trabalhar para esta segunda metade de temporada que falta para encontrar a melhor forma de usarmos o equipamento. A pastilha tem uma área maior de contato e também uma espessura maior. Com isso ela ficou mais perto do disco. O melhor nisso é a gente ter mais freio para ‘queimar’ com uma pastilha mais grossa. Já aconteceu comigo de ficar com problema de freios no final da segunda corrida porque a pastilha tinha acabado. Neste aspecto é uma evolução no quesito segurança para a categoria. Quanto mais coisas boas vierem, melhor. Juan Carlos Lopez (Mico) Proprietário da Equipe Mico’s Racing. O que nós verificamos aqui na equipe foi que a capacidade de freada do sistema continuou muito boa. A reação no pedal foi a mesma e a reação do sistema foi o mesmo que tínhamos com o sistema anterior. Até agora temos um bom indício de como o freio se comporta. Nossa preocupação é com relação a duas corridas que teremos pela frente onde iremos encontrar altas temperaturas e quando a temperatura sobe a resposta no pedal muda e o pedal do freio começa a ficar esponjoso. Como a temperatura subiu aqui ao longo do final de semana e o pedal não apresentou este problema, acreditamos que não enfrentaremos este problema que tivemos com o sistema anterior. Uma coisa que pesou nessa mudança foi o custo. É um freio com uma pinça de última geração e o impacto no orçamento das equipes não foi pequeno e todos tivemos que colocar a mão no bolso para pagar. Hoje tivemos o primeiro contato e as primeiras análises. Ainda iremos descobrir mais sobre este freio novo e como tirar o melhor dele. Max Wilson – Piloto da Equipe RC Eurofarma. Na primeira saída que todos deram não acho que ninguém tenha feito nenhum “teste” com o freio novo. Foi mais uma saída para dar uma amaciada neles. Depois, no treino que foi dado como treino extra, aí sim a gente foi buscar alguma coisa. Eu não senti muita diferença entre este sistema e o anterior. Eu freei no mesmos pontos que sempre freei aqui em Curitiba e o carro se comportou igual. Conversando com alguns pilotos eles disseram que este freio trava menos, mas aí tem também o jeito que cada piloto freia. O que é positivo nisso é que quando se coloca um freio mais moderno como este aí, com uma pastilha mais grossa temos que ver também o aspecto da preocupação com a segurança e toda preocupação com segurança é bem vinda, é positiva. O sistema tem uma ventilação melhor, uma dissipação de calor melhor e com isso o freio vai trabalhar numa temperatura mais baixa e isso vai preservar o freio para que ninguém fique sem freios no final da segunda corrida.
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