A supremacia de Nuvolari se consolida. No dia 8 de dezembro de 1931, Nuvolari realizou mais uma proeza: disputou uma corrida contra um avião! O carro do Mantovano era um Alfa Romeo 8C 2300, e o avião era um Caproni 100 biplano, da Força aérea Italiana. O desafio foi no aeroporto de Roma, e o avião venceu por pouco. Foram 17 km a 164km/h de média para Nivola, um número expressivo para a época. O Alfa ganhava nas curvas do aeroporto, mas perdia nas retas. A diferença final mesmo assim foi mínima. Em 1927 o piloto Emilo Materassi já havia disputado desafio semelhante no Hipódromo de Florença. Em 1981 Gilles Villeneuve na Ferrari 126K disputou no aeroporto de Strana contra um F104 e venceu, mas na distância de 1 km. Em 2003 Michael Schumacher pilotando uma Ferrari F2003 GA, disputou com o jato Eurofighter no aeroporto de Grosseto, e venceu em 600 metros, mas perdeu por pouco nos 900 e 1200 m. Contudo, nenhum destes desafios teve extensão total de quase 17km como o de Nuvolari em 1931, bem como a longa disputa de Materassi em 1927. O ano de 1932 para Tazio Nuvolari foi mágico. Com a Alfa Romeo participou de 16 corridas e venceu 7. Não venceu a Mille Miglia, pois um acidente em Florença o tirou da competição, mas logo em seguida, no dia 17 de abril, venceu em Mônaco com a Alfa 8C 2300. Foi uma das vitórias históricas do Mantovano. Tazio largou bem atrás e teve que fazer uma corrida de recuperação. Em poucas voltas passou de nono para terceiro. Os dois primeiros colocados, Louis Chiron e Czailkowski abandonaram e Nivola assumiu a liderança. O Alfa estava quase sem gasolina ao final, mas a vitória ficou com Tazio. A equipe da Alfa em 1932 era espetacular. Enzo Ferrari continuou a gerir os Alfa Monza, que correram a Targa Florio e a Mille Miglia. Já o gênio Vitorio Jano tomava conta pessoalmente dos Alfa tipo B(chamados de P3), e além de Nuvolari chamou outro grande da época, Rudolf Caracciola. A Mercedes Benz,devido ao sombrio período econômico entre guerras que vivia a Alemanha, deixou de participar das corridas, liberando Caracciola para correr na Alfa Romeo. Esta dupla não teve similar na história do esporte a motor. Talvez apenas duas vezes uma comparação possa ser feita. Quando Fangio e Moss pilotaram para a própria Mercedes nos anos 50, e quando Senna e Prost pilotaram pela Mclaren nos anos 80. A estréia do P3 foi no GP da Itália, e Nivola venceu espetacularmente. Os Bugatti de Chiron e Varzi e o Maserati de Luigi Fagioli eram os adversários da Alfa. Aliás o Maserati tinha 16cilindros (utilizava 2 motores de 8 cilindros em linha!) com 330cv e 4.9 cc. Um monstro de carro de corrida. Durante a prova de Monza os Bugatti de Chiron e Varzi abandonaram com quebra de motor quando lideravam, e Borzachini foi atingido por uma pedra. O italiano entrou nos boxes e Caracciola o substituiu ao volante do Alfa Monza. Nuvolari e Campari correram com o P3 para maximizar as chances de uma vitória italiana em casa. Na briga entre Fagioli e Tazio, o Maserati era mais rápido que o P3, e a média do carro era de 182km/h! Mas graças a soberba pilotagem de Nivola, e a velocidade em curva maior do Alfa, além de um grande trabalho de boxe nos pits, comandado por Vitorio Jano, o Mantovano voador ganhou uma de suas principais e mais disputadas corridas. A consagração total como o maior ídolo da Itália na época foi o prêmio maior para Tazio. Nas ruas todos já usavam a expressão "a Nuvolari..." ou "como Nuvolari..." Viver como Nivola, ousar como ele e, mais do que tudo, vencer e vencer. Até músicas eram compostas em homenagem a Tazio, como um dos maiores sucessos da época "Arriva Tazio", que prestava homenagem ao grande nome e orgulho da raça italiana. Uma corrida de força total para a Alfa foi o GP da França de 1932. O P3 se consagrou naquela tarde no circuito de Reims, como um dos melhores carros já fabricados pelo homem. Ao meio dia começou a corrida e Caracciola largou na frente seguido por Varzi no Bugatti. Nuvolari fez mais uma vez corrida de recuperação, e na quarta volta já era terceiro. Na sétima volta Nivola ultrapassou Varzi e chegou ao segundo lugar. Com 11 voltas de prova, Nuvolari foi para a ponta, trocando de posição com Caracciola (em um jogo de equipe inteligente, que é válido, mas que muitos hoje condenam...). Aí começou a luta aberta entre os Alfa P3. Dois dos maiores nomes que já sentaram em um carro de corrida lutaram palmo a palmo. Na volta 20 Caracciola voltou a lidernaça, com Nivola em segundo e a outra Alfa de Borzachini em terceiro. Dominio completo da equipe do trevo de quatro folhas (quadrifóglio, como se dizia na Itália, um dos símbolos da Alfa). Na 30 passagem, Nuvolari voltou a liderança, e os P3 tinham colocado uma volta em todos os outros com exceção a Chiron, que foi colocado como retardatário na volta 65. Após 5 horas de prova(!), os pilotos colocaram-se pela ordem escolhida para o término da prova: Nuvolari, Borzachini e Caracciola. A ordem foi de Benito Mussolini – governante fascista da Itália – que queria a dobradinha italiana. Contudo, Nuvolari foi imbatível, e a luta ficou aberta até praticamente o final. Mais uma vitória, mais uma lenda escrita. Tazio participou da famosa Targa Florio (competição tradicional criada por Vincenzo Florio, em estradas da Sicilia, em 1906) de 1932 em grande estilo. Venceu e ainda recebeu do amigo, Gabriele D’anunzio, uma tartaruga de ouro: "o animal mais lento para o homem mais rápido" disse D’anunzio. Ordenou então que o amigo vencesse a prove. E é claro, Tazio obedeceu, chegando em primeiro com a Alfa 8C. O ano de 32 teve o seguinte balanço: 16 corridas, 7 vitórias absolutas (e 5 em classe) – GP de Mônaco, GP da França, Circuito de Avellino, Copa Ciano e Copa Acerbo. Além disso, Tazio marcou 3 segundos lugares, 3 terceiros, 1 quarto e 1 sexto lugar. Só se retirou mesmo da Mille Miglia por acidente. Foi declarado campeão Europeu ao final da temporada. Mas o ano de 1933 foi ainda melhor: 11 vitórias. Tazio venceu o GP da Tunísia, a Mille Miglia, o circuito de Alexandria, a "Eilfelrennen", na Alemanha, o GP de Nimes na França e as 24 de Le Mans em dupla com Raymond Sommer. Mas Nuvolari acabou saindo da Alfa/Ferrari. Estava certo de que, por conta própria, poderia conseguir melhores carros e ganhar mais dinheiro. Durante a temporada Nuvolari comprou uma Maserati, modificada e adaptada pelo preparador preferido e mecânico pessoal de Tazio, Decimo Compagnoni. Com a Maserati, Nuvolari venceu o GP da Bélgica, a Copa Ciano e o GP de Nice na França. Em San Sebastian, na Espanha, (onde anos depois a F1 correria, já com o nome de Circuito de Jarama), Nuvolari encerrou a temporada sofrendo um forte acidente, sem graves problemas para o piloto. O domínio Alemão era nas máquinas... no braço, a história era outra! Em 1934, o regulamento para carros de Grande Prêmio mudou radicalmente. O peso mínimo foi fixado em 750kg, com a intenção de conter a escalada de potência dos motores. A temporada de Tazio foi difícil e logo no primeiro semestre do ano ele sofreu grave acidente. Foi no circuito de Alexandria, em 22 de abril. Voltou as pistas um mês depois, com a perna esquerda rígida devido a fratura. Colecionou quebras e abandonos: 9 em 23 participações. As colocações foram modestas e o ano foi de transição para Nuvolari. Tazio correu com sete tipos de carro em 1934: Bugatti 59 em duas versões (2866 e 3257 cc), Maserati 8CM, Maserati 6C34, Alfa Romeo 8C 2300, Alfa 6C2300 B Pescara e Alfa 8C 2600. Mas o mais importante no ano de 1934 – e que afetaria Tazio no futuro – foi a entrada em cena das alemãs Mercedes-Benz e Auto Union, que dominaram a temporada com carros fantásticos e pilotos como Caracciola e Hans Stuck. Tazio não fazia segredo de que queria pilotar pela Auto Union. Mesmo com o regime nazista de Adolf Hitler colocando o automobilismo esportivo como prioridade para a propaganda, não havia quem pudesse prever, em 1935, que o regime alemão seria tão criminoso e desastroso como foi. Mas já se desenhava a figura criminosa de Hitler como o principal caudilho da Europa ao lado de Benito Mussolini na Itália. Mesmo assim os pilotos tentavam ser o mais neutros que conseguiam e, é claro,queriam pilotar aquelas feras indomadas que saiam das fábricas da Auto Union e da Mercedes-Benz. Prova disso foi o inglês Richard Seaman, que pilotou para a Mercedes em 1938. Quando venceu o GP da Alemanha no mesmo ano, Seaman teve que ouvir o hino alemão ao lado de oficiais nazistas que ficaram com a mão direita erguida, na tradicional saudação a Hitler. O resultado foi que a carreira de Seaman ficou marcada por esta imagem divulgada na Inglaterra, e mesmo sem ter nenhuma ligção politica,o piloto foi duramente criticado. E Hans Stuck vetou o Mantovano... O caso é que Nuvolari não via problemas em pilotar um carro alemão, e em 1934 testou o Auto Union Tipo A de motor traseiro na Espanha, em San Sebastian, e na Tchecoslováquia, em Brno. Mas Hans Stuck não queria a contratação de Nuvolari. Como aconteceu muitas vezes na história do automobilismo esportivo, um piloto vetou a chegada de outro ás do volante. O resultado é que Tazio voltou a correr para Enzo Ferrari e com as Alfa Romeo. Um respeito mútuo e uma admiração total, guiaram a turbulenta relação do futuro comendador com o "Mantovano volante"(Mantovano voador como era chamado Tazio na Itália). A Auto Union então contratou o eterno rival de Nivola, Achile Varzi. Nuvolari venceu logo na estréia em 1935, com a Alfa Tipo B P3, com aumento de potência e modificações a cargo da Scuderia Ferrari. Mas o maior feito da carreira de Tazio ainda estava por vir: O GP da Alemanha em Nurburgring. Muitas são as comparações feitas em todos os esportes com relação ao passado e ao presente. Para uns o maior jogador de futebol foi Pelé, para outros Maradona. Alguns citam por exemplo, Di Stefano, e assim vai a polêmica. Michael Schumacher lidera os números da F1, mas Senna, Fangio e Alain Prost aparecem sempre em listas dos melhores de todos os tempos. É dificil comparar épocas no esporte. Seria como pedir a Beethoven que compusesse uma sinfonia como um compositor do século 20, e pedir aos ouvintes do século 18 que entendessem o rock ou a música pop. Cada qual na sua época. Mas algumas raras vezes, acontece quase que uma unanimidade em eleger este ou aquele, o melhor disso ou o melhor daquilo. Isto se aplica claramente ao GP da Alemanha de 1935. Esta é considerada a melhor corrida da história do esporte a motor. Claro que alguém que tivesse 10 anos a época, estaria com 84 anos em 2009. Com 10 anos já poderia entender pelo menos um pouco do que viu em Nurburgring. Mais de 300.000 pessoas estiveram lá no Gp de 1935, o que nos leva a crer que ainda existam na Alemanha, ou em algum outro lugar, pessoas que testemunharam este fato. Outra coisa é que, não só ficou gravado na imprensa da época, como também nos filmes que ainda existem da corrida. A maioria dos historiadores do esporte a motor elegeram esta como a melhor corrida de todos os tempos. Não precisa ser a maior ou a mais espetacular, mas uma coisa é certa, foi a mais clamorosa e simbólica das chamadas "vitórias impossíveis". O dia do Gp da Alemanha de 1935 foi o chuvoso 28 de julho. A Auto Union alinhou 4 carros, quando o normal seria colocar 3 carros na prova. A equipe alemã já havia vencido o GP de Tunís com Achile Varzi, utilizando o enorme motor de 16 cilindros. Os carros da Auto Union seriam pilotados por Hans Stuck(Alemão), Achile Varzi (Italiano), Paul Pietsch(Inglês), e um dos grandes pilotos da história, o Alemão Bernd Rosemeyer. Já a Mercedes - Benz exagerou: alinhou 5 carros para o GP, fazendo as vezes de propagandista para o regime de Adolf Hitler. Os pilotos da Mercedes foram Manfred Von Brauchitsch (Alemão), Rudolf Caracciola(Alemão), Luigi Fagioli(Italiano), Herman Lang (alemão) e Hanns Geier(Alemão). A Alfa Romeo comandada por Enzo Ferrari, inscreveu 4 carros, mas eles estavam superados. Com o envolvimento da Itália na guerra da Abissínia na África, os únicos modelos que Alfa tinha na Scuderia Ferrari, eram P3 de 1932 com pequenas modificações: um motor mais potente de 3,2 litros e uma nova suspensão dianteira. Como a transmissão talvez não resistisse ao esforço, foram colocadas engrenagens mais fortes e maiores. Estes carros quase obsoletos, seriam pilotados por Tazio Nuvolari, Louis Chiron(Monegasco), Renato Balestrero(Italiano) e Antonio Brivio(italiano). Grand Prix da Alemanha. Nurburgring, 1935: A maior corrida da história!
Às 11 horas os carros começaram a ser alinhados, com as posições determinadas por sorteio. Stuck foi o pole, com Nuvolari em segundo e Balestrero em terceiro. Os carros laragavam em 3 na primeira fila e dois na segunda e assim alternando as filas até o fim do grid. No total 20 pilotos alinharam para O GP da Alemanha de 1935. Pela primeira vez a largada foi dada através de sinais luminosos. A luz vermelha se acendeu, depois a luz amarela e após 15 segundos o sinal verde (Sim, usou-se um sinal luminoso). A chuva voltou a cair com força logo após a largada e,Caracciola que largou na quarta fila com sua Mercedes-Benz, assumiu a liderança em linda manobra. Começava assim a primeira das 22 voltas no circuito de Nurburgring. Caracciola liderou as primeiras 9 voltas,com Rosemeyer e a Auto Union em seu encalço, em uma briga toda alemã. Nuvolari esperou pacientemente em terceiro, observando o mais próximo que podia os dois pilotos da casa. Na décima volta em um deslize de ambos os alemães, Nivola assumiu a liderança da corrida com o velho Alfa. A esta altura toda a equipe da Alfa já havia abandonado a prova com problemas mecânicos, notadamente no câmbio. Nuvolari liderava a prova a frente de 5 mercedes-Benz (2,3,6 e 7 lugares) e quatro Auto Union (4,5,9 e 10 posições). Na metade da prova na volta 11, começaram as paradas para reabastecimento. Os mecânicos alemães conseguem completar em ótimo tempo os reabastecimentos, com 47 segundos para Brauchtisch e 49 para Stuck. A parada da Alfa de Nuvolari foi péssima. A alavanca da bomba de combustível quebrou, e o reabastecimento foi completado por meio de vasilhas! Resultado do pit stop da Alfa: 2 minutos e 14 segundos! Nivola retornou na sexta posição. A vitória da Alemanha ficou mais próxima do que nunca, com os carros do primeiro ao quinto lugar, todos germânicos. Só que a pista estava molhada, e o excesso de potência tornava difícil controlar os bólidos. Nuvolari não tinha este problema na Alfa, e voltou a corrida disposto a recuperar o tempo perdido, aproveitando a agilidade do seu carro. Na volta de número 13, Nivola ultrapassou Stuck e Fagioli e na volta 15 foi a vez de chegar a segunda colocação superando Caracciola. Na liderança, Brauchitsch fez a volta mais rápida da prova, com 129,9 km/h de média na chuva. A vantagem do alemão era de 1 minuto e 27 segundos. Mas Brauschitsch era jovem e ainda lhe faltava experiência. Quando o boxe lhe anunciou que Nuvolari era o segundo, o alemão tentou acelerar ainda mais, e portanto, desgastou os seus pneus. A diferença caiu de 1 minuto e 3 segundos para 47 segundos, faltando 2 voltas para o final. Na ultima volta os pneus traseiros do carro de Brauchitsch explodem(!) e Nuvolari o ultrapassou nos ultimos 4,5 km de um total de 22 km de Nurburgring. Silencio, estupor, público atônito. Finalmente os 300.000 espectadores explodiram em vivas e aplausos ao piloto italiano, enquanto nas tribunas os membros do governo nazista de Adolf Hitler retiraram-se rapidamente. Configurou-se aí aquele que é considerado o maior desempenho em pilotagem da história do automobilismo esportivo. Vale lembrar que antes desta corrida, no dia 15 de junho de 1935, Nivola entrou para o livro dos recordes,quando com a Alfa Romeo Bimotore (com 2 motores sim!), quebrou o recorde de velocidade na milha lançada, na autoestrada Lucca/Altopascio. Tazio chegou a incríveis 323km/h, de média com 336,252 km/h de máxima! Após esta ano lendário, vieram os sucessos do ano de 1936. Entre outras, foram 5 vitórias em provas de grande prestigio. O carro preparado por Ferrari e Vitorio Jano, o Alfa 12C 36, provou ser extremamente competitivo. Entre as principais vitórias vale destacar os GP da Hungria em Budapeste e o GP da Espanha em Barcelona (Penya Rhin), a Copa Montenegro em sua edição número 16 e a Décima edição da Copa Vanderbilt nos EUA.Para esta prova, a Alfa/Scuderia Ferrari,partiram no transatlântico Rex para no dia 12 de outubro disputarem a Vanderbilt, no circuito de Roosevelt Field em Nova York. Vencendo nos EUA!
A equipe tinha como pilotos Antonio Brivio, Nino Farian e Tazio Nuvolari. Tazio venceu até com facilidade, e o famoso troféu da Copa Vanderbilt era tão grande que o Mantovano Voador entrou dentro dele! O prêmio foi milionário: 85.000 dólares. Caso curioso é que nas apostas da máfia dos Estados Unidos, Nuvolari não era o favorito e os "chefões", apesar de italianos ou descedentes, queriam que Nivola perdesse. Quem perdeu foram eles...Quando voltou para a Itália, Tazio foi aclamado definitavamente como herói nacional. Os carros mais rápidos do ano de 1937 foram os alemães Mercedes e Auto Union.Tazio na Alfa 12C 36 passou dificuldades. Mas o mais triste para o Mantovano foi o que aconteceu fora das pistas. Seu filho primogenito, Giorgio,faleceu após grave doença em 27 de junho. Nuvolari soube da noticia a bordo do navio Normandia, rumo aos EUA para disputar a Copa Vanderbilt. A corrida que Nivola venceu em 1935 não podia ter sido pior. A Alfa pegou fogo e Tazio teve que se jogar do cockpit com o carro em andamento. Nuvolari só venceu uma corrida em 1936, O GP de Milão. Era difícil competir com a Alfa de 370 CV contra Auto Union Tipo C de 520Cv e 16 cilindros(!), e os 646 CV da Mercedes-Benz W125 (5.6-8cilindros). Para 1938 o regulamento mudou: motores 3.0oo cc equipados com turbo ou 4.500 cc aspirados. Mas nas pistas a supremacia ainda continuou dos alemães. A Alfa trouxe a nova 308 (2.991 cc), com 8 cilindros e 295 CV (máxima de 260 km/h). Mas a Auto Union tinha a Tipo D (2.985cc - 12cilindros - 485CV - 330 km/h) e a Mercedes-Benz a W154 (2.962CC - 12 cilindros - 468 CV -300 km/h). Nuvolari testou a Alfa em Pau, e o carro pegou fogo. Mais uma vez Tazio saiu do cockpit em chamas da Alfa. Ferido,Tazio foi hospitalizado e anunciou o seu retiro das pistas. Ninguém acreditou, inclusive o próprio Tazio... Nuvolari fez então uma viagem aos EUA para testar alguns carros em Indianápolis, mas eram carros fracos e Niviola retornou logo a Itália. Fazia algum tempo que Tazio tinha contatos na Auto Union, e o próprio Ferdinand Porsche ofereceu um contrato ao piloto Italiano. Finalmente, a Auto Union...
A idéia era substituir Bernd Rosemeyer, que morreu na tentativa de bater o recorde de velocidade na estrada Frankfurt/Darmstadt. Tazio retornou a vitória no GP da Itália em Monza. Venceu também em Donington na Inglaterra. Em 1939, Tazio continou na Auto Union. Venceu então o Mantovano a ultima corrida antes da segunda guerra mundial: O GP de Belgrado, no dia 3 de setembro, dias antes do início do conflito. Para a Auto Union foi a última vitória e a ultima corrida, mas Nuvolari ainda voltaria após a guerra. As tragédias de Nuvolari não foi nos fronts da guerra... Em 1946, Nivola reaparece em cena, com aspecto abatido e envelhecido. Além disso uma nova tragédia pessoal o atingiu. O filho mais novo, Alberto, faleceu no dia 11 de abril com apenas 18 anos. Tazio estava sentindo que seu fim nas pistas estava próximo, mas lutava com todas as forças para continuar. Agora doente, principalmente do pulmão (uma das causas foram os anos próximo aos gases dos canos de escapamento), o Mantovano foi a Marselha para mais uma corrida, um mês após o falecimento do filho. Fez a melhor volta mas abandona com o motor da sua Maserati quebrado. Ao final do ano teve 3 vitórias em 19 provas, sendo uma internacional (a sua ultima fora da Itália) o GP de Albi na França. A ultima vitória absoluta de Nuvolari aconteceu no dia 13 de julho de 1947, no circuito de Parma, pilotando a Ferrari 125 SC. Portanto Nuvolari foi piloto e venceu com a Scuderia Ferrari já desligada da Alfa Romeo. Foi ainda um momento histórico sem dúvida. O povo italiano reacende a sua paixão por Nivola.
Na Mille Miglia(com 1800 km), Tazio agora com 55 anos, pilotou a pequena Cisitalia 202 e liderou a corrida. Resistiu a fadiga, aos vômitos devido a doença e a chuva. Reparou inclusive um problema na ignição, mas ao final um vazamento encheu de água o pequeno cockpit da Cisitalia Spider. Parou, reparou o carro, mas a Alfa de Clemente Biondeti o ultrapassou e Tazio chegou em segundo na linha final em Brescia. Mais um ano, e mais corridas para Nivola, chegando cada vez mais ao final de sua carreira. Em 1948, Nuvolari não obteve nehuma vitória, mas fez sonhar novamente. Para a Mille Miglia, a Alfa Romeo, que voltou da guerra querendo mostrar a sua força, praticamente ignorou o Mantovano e lhe ofereceu uma 6C 2500 Competizione. Enzo Ferrari então lhe ofereceu para a Mille Miglia, a sua Ferrari 166. Tazio aceitou o convite de Enzo e fez uma grande apresentação. Com quase 56 anos, Nuvolari largou para a Mille Miglia em 2 de maio (não corria desde 14 de setembro do ano anterior) e teve um desempenho de gênio. Em Pescara era primeiro absoluto. Em Roma tinha 12 minutos de vantagem sobre o segundo e, em Livorno vinte minutos. Chegando a Florença, a vantagem era de meia hora! Mas a Ferrari foi perdendo pedaços aos poucos, o que provocou até a ironia da imprensa da época, que disse que Tazio iria a pé carregando os pedaços do carro... Primeiro Nuvolari perdeu o paralamas. Depois o capô. Mais tarde a fixação do assento se soltou. Na chegada a Villa Ospizio, a suspensão quebrou, pondo fim a mais uma corrida lendária do velho Nivola. A prodigiosa carreira de Tazio Nuvolari se encerrou em 1950, com as suas duas ultimas corridas. O giro da Sicilia, que abandonou por quebra do cambio, e a corrida em saída Palermo-Monte Pellegrino. Nuvolari venceu em sua classe com a Cisitalia 204 Spider Sport (preparada pela Abarth), e foi o quinto abssoluto. Terminava assim a careira daquele que foi considerado por muitos, o maior piloto de todos os tempos. No dia 11 de agosto de 1953, uma quarta feira as 6 da manhã, Tazio Nuvolari morreu tranquilo em sua casa, logo ele que desafiou todas as pistas, todos os carros, todas as curvas. É provável que você leitor não concorde com este rótulo de maior de todos. Mas uma coisa é certa, não se pode ignorar o que representou Tazio para o esporte a motor. Conta a imprensa da época, que ao acompanhar a multidão que seguia o cortejo fúnebre de Tazio em Mantova, um turista perguntou "Mas o que acontece aqui?" Responderam-lhe: "Mas como você não sabe? Morreu Tazio Nuvolari, o maior campeão do Mundo...". "TAZIO NUVOLARI É O MAIOR PILOTO DO PASSADO, DO PRESENTE E DO FUTURO" Ferdinand Porsche NÚMEROS: 351 corridas.106 vitorias absolutas. 76 vitorias de categoria. 100 voltas mais rápidas. 5 campeonatos internacionais (3 em moto e 2 em carro). 7 tíitulos de Campeão da Itália (2 em moto, 5 em auto). BIBLIOGRAFIA *I LIBRI DI QUATTRORUOTE,Tazio Nuvolari:Il più grande di tutti tempi.1 ed.Milão:Domus, 2003. *O CARRO,Marcos do automobilismo - Os melhores carros do mundo.Edição organizada por Abril Cultural.1 ed.São Paulo:Abril ,1984. *O CARRO,Corridas de A a Z.Edição organizada por Abril Cultural.1 ed.São Paulo:Abri1984. *OREFICI,Oscar.Ferrari,romanzo de una vita.1 ed.Milão:Cairo Publishing, 2007. *ACERBI,Leonardo;GREGGIO, Luciano.Ferrari 60.1 ed.Milão:Giorgio Nada Editore,2007. *CASAMASSIMA,Pino.Storia della Scuderia Ferrari.1 ed.Milão:Giorgio Nada Editore,1998. *RENDALL,Ivan.Bandeira da Vitória,História do Automobilismo.1 ed.Londres:Orion House 1993. |