R227 ou R268? Quais os interesses comerciais e técnicos para a Fórmula Truck e a Bridgestone mudarem o pneu para 2015. Toda categoria de competição procura sempre melhorar seus equipamentos e na Fórmula Truck não seria diferente. Na etapa de Cascavel de 2014 a Bridgestone levou para o Autódromo Internacional Zilmar Beux os pneus R268 para a primeira das baterias de testes que estes foram submetidos antes de sua aprovação ou não para vir a ser o pneu da categoria em 2015. Segundo o Diretor de Vendas e Marketing da Bridgestone, o R227 é um pneu radial sem câmara desenvolvido para uso em eixos direcionais para caminhões e ônibus de uso rodoviário em percursos longos e de baixa severidade. Contudo, as condições das nossas estradas, de uma maneira geral, não pode ser considerada como sendo de “baixa severidade”. Acima, as especificações dos pneus R22, utilizados na Fórmula Truck até 2014. O Bridgestone R268 é um pneu radial indicado para estradas de curta, média e longa distância, podendo ser aplicado em todas as posições de eixo. Projetado com a mais alta tecnologia disponível para pneus de carga o pneu oferece maior robustez e resistência ao desgaste irregular, maior proteção e resistência contra impactos, maior durabilidade da carcaça, excelente dirigibilidade, maior conforto ao motorista e excelente desempenho quilométrico, contribuindo para a redução dos custos operacionais. Nos Caminhões de corrida, o pneu escolhido foi o de Código 12109.
Acima, a gama de pneus R268 disponíveis no mercado. A Fórmula Truck usa o 12109. As condições as quais os pneus são submetidos numa corrida da Fórmula Truck são pra lá de extremas e uma mudança como esta, com um pneu de construção diferente poderia afetar em que sentido o comportamento dos caminhões ou a “guiada” dos pilotos? É isso que o leitor do Site dos Nobres do Grid vai descobrir. Adalberto Jardim – Piloto da Equipe RM Volkswagen. Eu tive o primeiro contato com este pneu, o R 268, nos testes que foram feitos após a corrida de Cascavel no ano passado. Na verdade, o pneu não é muito diferente do que usávamos até o ano passado, o R 227, em termos de performance, mas ele é um pneu mais estável em termos de tempo que se consegue virar. O que nós vimos na apresentação do pneu pela Bridgestone é que se trata de um pneu muito seguro, é uma evolução tecnológica que eles buscaram fazer e que está usando a categoria como laboratório, para colocar o pneu para trabalhar em condições extremas. O que nós percebemos é que ele resiste mais ao desgaste e isso o torna mais seguro para o caminhoneiro que trabalha no dia a dia. Em termos de guiada, durante a corrida, não exigiu nenhuma mudança, mas como se trata de um pneu que resiste mais ao desgaste, dá para usar desta propriedade para uma tocada forte todo o tempo porque sabemos que o pneu vai resistir. Em termos de cronômetro, de tempo de volta, estamos virando praticamente a mesma coisa. Beto Monteiro – Piloto da Equipe IVECO. Eu estava suspenso para aquela corrida de Cascavel no ano passado por conta daquele protesto da minha punição da fumaça, mas eu fui para lá assim mesmo porque eles iriam apresentar este pneu lá em Cascavel e eu queria testar, queria conhecer o pneu logo. Eu acho que foi uma evolução da Bridgestone em relação ao pneu anterior. O que eu observei foi que a banda de utilização dele ficou maior, ele não precisou ser tão lixado quanto o anterior e que isso deixou mais borracha para a gente utilizar. O desgaste do composto também ficou menor e o desempenho é muito bom. Ele, logo que colocado, depois de ter sido lixado e vindo pra pista ele já apresenta um comportamento muito bom e, durante a corrida, ele resiste mais, desgasta menos, mantém a aderência sem variações de comportamento e isso é uma evolução que quem usa esse pneu no trabalho vai sentir também. Pra vocês que vão ler a matéria terem uma ideia, eu estou indo para a terceira corrida com o mesmo jogo de pneus e ele continua com um ótimo nível de performance. Pedro Muffato – Piloto e proprietário da Equipe Muffatão. Esse pneu é uma melhoria para a categoria. Ele é muito resistente, tem uma excelente aderência e uma manutenção de performance mais constante que o anterior, que eu já considerava muito bom. A vantagem que vi neste pneu é que ele tem mais borracha para a gente usar depois de lixado do que o pneu que usávamos até o ano passado e que ele, durante a corrida, desgasta menos também. Ficou mais confortável para guiar. Infelizmente ainda não tivemos nenhuma experiência de condição de chuva para testar o pneu sem ele ter sido lixado. Como quem acompanha a categoria há algum tempo, sabe que o pneu de chuva da Fórmula Truck é o pneu sem ser lixado, igual como é o pneu do caminhão que anda na rua. Eu, particularmente, gosto muito de andar na condição de chuva e aí veremos também a condição deste novo pneu no molhado. Wellington Cirino – Piloto da Equipe Mercedes Benz. O que a gente sentiu mais foi a mudança na estrutura lateral do pneu, este modelo tem uma configuração bem mais robusta e isso alterou bastante o acerto do caminhão, mudando inclusive a calibragem do pneu. Este pneu, para o transporte de carga, para enfrentar o dia adia das estradas, teve um ganho que a gente vem percebendo no uso dos pneus deste ano que foi a redução do atrito com o asfalto, aumento a durabilidade do pneu e deixando a performance dele mais constante. Esta estrutura melhor das laterais do pneu, que pra mim foi o que ele teve de melhor, nos permitiu passar a usar uma calibragem mais baixa. Assim pudemos ter um grip melhor no contorno das curvas, com menos deformidade do pneu e mais aderência. A categoria ganhou em todos os sentidos nesta troca e a Bridgestone também testando este pneu em condições duras com são as de corrida. Mario Pinheiro – Departamento Técnico da Bridgestone. Este pneu é um pneu que a empresa trabalhou para oferecer um produto ainda mais qualificado aos seu clientes e muitos dos donos de equipe aqui na Fórmula Truck são frotistas e com isso, eles mesmos tem como ver a qualidade do produto que eles podem colocar nos caminhões de duas frotas. Em termos de competição, o pneu mostrou-se muito bom, melhor que o R227. O caminhão de corrida tem uma configuração diferente do caminhão de estrada. Ele tem muito mais peso no eixo dianteiro, com a tração traseira sem ter que puxar o restante do caminhão na estrada, um trabalho muito mais leve, e o pneu conseguiu abranger, em alto rendimento, as duas condições: tanto a de pista quanto a de estrada. Veja um parâmetro: o caminhão de corrida tem pouco mais de quatro toneladas e meia. Isso para um pneu de caminhão, que leva quatro ou cinco vezes este peso no caso de um caminhão de carga é uma exigência muito pequena em termos de carga. Por outro lado, o pneu de um caminhão de carga não sofre as exigências que sofre aqui no autódromo. Se fosse para fazermos um pneu de competição, específico para competição, teríamos como fazer algu muito melhor, mas a categoria não tem interesse nisso, alteraria muita coisa, mexeria no diferencial, teria um grip muito maior, teria que ter uma outra suspensão, outro sistema de direção... isso encareceria o caminhão e isso não é interesse de ninguém. É uma questão de ‘trade off’.
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