500 KM de São Paulo, prova clássica e recheada de histórias. Não sei nem lembro quantas delas acompanhei no velho Interlagos. Aquilo sim era uma pista de verdade. Lamentei a mutilação, mas continuei frequentando. Paciência, ou aqui ou nunca mais. Ai fui premiado! O Site dos Nobres do Grid me convida para cobrir a corrida deste ano lá no Velo Cittá, que a 4 anos quero conhecer e nunca dava certo. E com direito a indicar alguém para me acompanhar, pois o Alexandre Bianchini tinha compromisso com a filhota e não poderia ir. Dois dias inteiros aporrinhando a maioria dos pilotos que me conhecem. Os que não, também, mas, inexplicavelmente, sabem que sou um doido varrido incurável por gasolina. E fui eu mais o Milton Pecegueiro, engenheiro da GM, especialista em testar motores até o fim e avaliar o estrago (isso não é trabalho. É diversão). Cria da casa Finotti onde começou lavando peças. Chegamos! Impactante o visual, especialmente para quem conhece boa parte dos autódromos nacionais. Será que estou no Brasil mesmo? Vou até a administração, pulseira no pulso, me liberando todos os espaços; tá ficando muito bom... Passo na sala de imprensa, cumprimento o Dinho Leme, agradeço a acolhida, pergunto do meu xará, recebo o jaleco de imprensa nº 44... ai, ai, ai... isso não vai prestar. O Velocittà é um exemplo de autódromo bem planejado e organização para servir de exemplo para todosno Brasil. É um prenúncio do que virá, e fui namorar meu sonho infantil que acalento a dezenas de anos. Ah! Rossa, ma che bella sei tu! Falo com quem está ao lado, pergunto, escuto; olho e me emociono. E já penso no vexame público quando puder conhecer o museu em Maranello. E me impressiono com as instalações. Cada vez mais. Um capricho, uma limpeza, uma organização que, creio, até intimida quem conhece as instalações que temos disponíveis. Vou aos boxes da formula 1.600, tropeçando num monte de rostos conhecidos a queridos; amamos a mesma “coisa”, cria vínculos. Converso, pergunto de tudo, atento aos horários dos treinos e provas, obedecidas com rigor inglês. Vou encontrar o time da Classic, fórmula que me levou a retornar ao Templo depois de mais de 20 anos. Todos empolgados, pois a maioria já andou aqui e adorou a experiência. E os Nobres começam a aparecer. No final da reta, a indicação de aproximação da curva é, digamos, original. O autódromo é simplesmente impecável. Lameirão, Wilson, Águia cada um me chamando pelo nome, meus ídolos de outrora. Hoje meus amigos! E as emoções vão aflorando. Deus! Se você existe, Obrigado! Estou na antessala do paraíso. Encontro o Erik Darvich, que hoje irá funcionar como piloto do safety Car, meu amigo querido, instrutor, piloto e recordista desta pista. Promete-me um passeio veloz no final da tarde. A mística do #44 funcionando a todo vapor. Acompanho as provas, na mureta, no padock, na curva um, ando quilômetros, por todos os cantos, acompanhando as disputas eletrizantes, curtindo a música perfumada de borracha queimada e do combustível queimado. Valeu cada minuto, mas havia uma promessa e fui atrás dela. Duas voltas, a pleno. Erik já sabia que não me intimido e começou com tudo. Um traçado travado, técnico e muito, muito exigente. Uma delícia incomparável. Fiquei até o horário autorizado, definido pelo Ibama, pois ali é uma região de proteção ambiental. Depois hotel, banho, jantar, encontrar alguns amigos, conversar. Nos boxes, o trânsito tinha um ritmo tranquilo. A festa parecia dominar o clima de competição dos 500 Km. Domingo amanheceu e voltamos para o autódromo e minha surpresa; vou encontrando um monte de caras conhecidas, começando com Bird “o pássaro”, o inventor do drifting, segundo uma declaração do Emerson. Não duvido. Fazer o que fazia com as Berlinetas... Só quem viu, sabe. E os outros Nobres, boa parte deles vestindo a gloriosa camiseta negra do Nobres do Grid, vou cumprimentando nossos nobilíssimos heróis, todos eles ávidos pela corrida comemorativa de apenas 3 voltinhas. Com todo o direito e aplaudidos por todos desde a largada estilo Le Mans. Uma farra inominável. Até dos que tiveram problemas mecânicos. Só reclamaram porque foi curtinha. Todo ano a mesma história. Eles podem; abriram o caminho para todos que vieram depois. E os bólidos se alinharam para 500 km. 145 voltas. “Minha” Ferrari largando em 5º. Carros diferentes havia de tudo. Uma festa de cores. Chiquinho Lameirão sempre me disse que corrida de longa distancia, vale a primeira hora e a última. O recheio é manter velocidade de cruzeiro sempre no mesmo segundo. Ja ganhou corrida com essa estratégia. Poupa o equipamento para a arrancada final. Mas o final, ai ai ai. Essa final foi incrível. A Ferrari 458 teve um problema e estava na 3ª posição, em velocidade máxima descontando de seis a oito segundos por volta. Toda honra aos Nobres: Fritz Jordan, Angi Munhoz, Walter Hahn Jr, Luiz Evandro Águia e Bird Clemente. Quem estava liderando quebrou na penúltima volta e, na última volta, na última reta, depois de 145 voltas, cruzou a linha de chegada a míseros 0,109’ do vencedor. Foi eletrizante. Um show de todos os participantes. Um dia inesquecível. Parabéns a todos os envolvidos. Só falta a televisão dar o ar da graça. Mesmo que por streaming. Merece ser visto pelo mundo todo. E o Site dos Nobres do Grid, estará presente para eternizar o momento histórico. Eu, certamente estarei. Grande abraço, Regi Nat Rock
Um evento tradicionalíssimo do automobilismo paulista, e um dos últimos sobreviventes de uma época em que tivemos bem mais que duas provas de endurance no nosso estado (sendo a outra prova a “100 Milhas de Piracicaba”), a edição de 2015 dos “500 Km de SP” teve, numa tarde agradável, todos os elementos de uma boa prova de longa duração de automobilismo. Porém, ela foi, apenas, o desfecho com chave de ouro de um fim de semana repleto de velocidade, boas disputas e no qual passado e presente estiveram juntos no autódromo Velocittà, belíssimo complexo automobilístico situado em Mogi-Guaçu, a 175 km da capital estadual. E no qual este humilde protótipo de escritor e metido a graxeiro foi gentilmente convidado a participar pelo Site dos Nobres do Grid. Contando com pilotos e maquinário diversificado, desde protótipos MRX abertos e fechados, Protótipos Aldee Spyder antigos e modernos, um Espron com motor BMW, veículos derivados de carros de passeio como Ford Maverick, Ferrari F430 GT3, Mitsubishi Lancer EVO X, Chevrolet Celta e Opala, e até mesmo 2 veículos Silhouette, os Vectra de Ney Faustini/ Ney de Sá Faustini e Coruja /Mauricio, o grid poderia não ser exatamente numeroso, mas era diversificado, coisa difícil nos dias de hoje. E desde os treinos, poder-se-ia prever que alguns conjuntos estavam fortes, como o MRX Nissan, Pole Position e que liderou boa parte da prova. O programa do Domingo começou com uma corrida da Fórmula 1600, categoria de baixo custo que tem um bom grid. Porém, em prova de endurance, largar na frente não significa chegar na frente. E, muitas vezes, uma tática correta, um maquinário eficiente, uma equipe de pilotos coesa e um trem de corrida constantemente rápido pode alcançar a vitória. E foi o que aconteceu... Porém, não sem emoção. 0s109. Diferença normal em prova de NASCAR, de arrancada, de qualquer outra coisa. Mas, não. Foi à diferença da Mitsubishi Lancer EVO X de Guilherme Spinelli/Ingo Hoffman/Leandro de Almeida, vencedora da prova, sobre a Ferrari F430 de Renato Cattalini e Fabio Greco, depois de 500 km e mais de 4h30 de prova. Depois de Pit stops com troca de pilotos, de pneus e reabastecimento, e porque não dizer, de troca de táticas (como a que Fabio Greco fez, ao entrar na ultima hora de prova e, de forma magistral, tirar até 4 segundos por volta do Mitsubishi Evo X e do MRX Nissan, que discutiam a liderança da prova até então). Depois, tivemos a festa dos clássicos, com os pilotos históricos e muitos dos Nobres do Grid acelerando no Velocittà. Vale destacar também as performances deste protótipo MRX Nissan, que andou num ritmo fortíssimo, mesmo suplantando dificuldades como freios e motor com problemas, até sucumbir a 9 voltas da chegada por um parafuso de suspensão que quebrou após uma subida em zebra, e do Chevrolet Vectra Silhouette de Ney Faustini e Ney de Sá Faustini, que poderia até mesmo ter discutido a vitória também, não fosse o erro publicamente assumido pelo “Ney pai” na largada, na qual ele travou pneus de forma acintosa na aproximação da curva 1. Como dizem, “Largada você não ganha corrida, mas pode perder”, e nunca isso foi tamanha verdade. Assim, foi falado sobre o evento principal. Porém, num fim-de-semana de velocidade como esse, não aconteceu um único evento. E grandes disputas também estiveram presentes nas provas de carros clássicos, com vitória de Antônio Chambel na prova de sábado e uma vitória absolutamente fantástica de Denisio Casarini na prova de domingo. Vale salientar também a performance de Nenê Finotti no domingo, saindo de ultimo e vindo para quinto, sem tomar conhecimento de nenhum outro piloto que estivesse no caminho. Antes da largada, os pilotos que disputariam os 500 Km de São Paulo posaram para uma foto na linha de chegada. Na programação do fim de semana, também tivemos provas da F1600, categoria monoposto com motores Ford Zetec Rocam, que também tiveram fortes emoções com vitórias de Gabriel Lusquiños no sábado e de João Tubino no Domingo. Porém, para muitos, um dos pontos altos dos dias não foi nenhuma das corridas, nem os Flying Laps organizados pela ótima equipe do Crazy For Auto, nem as voltas rápidas nos Suzuki Swift com grandes pilotos como Chico Lameirão e Wilson Fittipaldi, e sim o Encontro de Campeões. E nesse encontro, pude ver algo que eu só tinha visto em filmes e ouvido sobre nas conversas de fundo de Box com os mais velhos. A corrida foi muito disputada. Um dos destaques foi o Stock do piloto paulista Ney Faustini, que era um dos favoritos. Bird Clemente, lenda viva do automobilismo, botando o Maverick de Reinaldo Hernandez completamente de lado. Isso roubou a cena do Encontro de Campeões. E a explicação do soberbo Bird, após o Encontro, foi melhor ainda: “Cavalo bravo né? Dei uma cenoura e ele me respondeu com um coice!” No final, depois de três horas e 500 Km, uma chegada eletrizante, com uma diferença minúscula entre o vencedor e o 2º. Milton Rubinho PS: Agradeço ao Nobres do Grid pela chance de estar nesse evento que eu quis muito participar ano passado. Ótimo estar na companhia dos malucos amigos pela velocidade, como o Regi Nat Rock, Ciro Margoni e companhia limitada! Valeu! |