Olá pessoal que acompanha o site dos Nobres do Grid, No mês passado, conversamos sobre motores que usam “água” para fazer sua refrigeração. Contudo, por muitos anos, os motores usavam o próprio ar atmosférico para fazer esta refrigeração. Estes serão o tema da nossa coluna deste mês, desde os motores dos famosos e saudosos fusquinhas até os modernos motores atuais que atualizaram esta tecnologia. Nos anos 30, Ferdinand Porsche criou o mais famoso dos motores refrigerado a ar. De particular disposição, esta configuração de motor, com os cilindros dispostos horizontalmente e opostos era uma aposta para se ter um motor que sofresse um menor desgaste, sendo mais eficiente e tendo uma maior durabilidade. Contudo, o primeiro motor com esta configuração foi patenteado ainda no século XIX, 1896, no motor do automóvel Mercedes. O tempo provou que o projeto atendia seu propósito: O layout horizontal dos cilindros opostos ajudou a equilibrar as forças exercidas sobre o eixo de manivelas, êmbolos e bielas. A disposição plana dos cilindros também baixou o centro de gravidade, permitindo uma maior área de superfície para a sua exposição ao ar de arrefecimento, algo vital para um motor refrigerado a ar. Além disso, a disposição permite que o motor a ser “mais quadrado”. Isto é, tem pistões de diâmetro relativamente grande que se deslocam para trás e para a frente em cilindros curtos. Mais uma vez, este é um projeto que produz menos tensões sobre o motor, consequentemente, aumentando sua longevidade. Como funcionam os motores Boxer. O projeto Boxer não é nada complicado e, na prática, não é assim tão diferente de qualquer outro motor de quatro tempos. Imaginem um motor de quatro cilindros em “V”, com um ângulo de 60 graus, onde suas duas margens dos pistões formam o “V”. Agora imaginem este mesmo motor com um ângulo de 90 graus, onde suas duas margens dos pistões formam um “V” ainda maior. O motor boxer poderia ser um motor com cilindros em “V” num ângulo de 180 graus. Este é o princípio do motor Boxer: cilindros diametralmente opostos e um menor esforço no eixo de manivela. A refrigeração dos motores boxer é feito através de um ventilador dentro da caixa sobre as camisas dos cilindros do motor, mais conhecida por ventoinha. Esse ventilador força o ar recebido através das tomadas de ar externas para cima das camisas dos cilindros, que por sua vez, tem aletas de refrigeração em sua construção. Esse ar que passa pelas camisas é direcionado para parte inferior do motor e sua exaustão se dá naturalmente por baixo do veículo. Por isso, o conceito dos carros de Ferdinand Porsche o compartimento do motor era todo fechado, com o ar externo sendo direcionado direto para a entrada da ventoinha. Se o compartimento tiver alguma outra entrada de ar que não seja direcionada a ventoinha, como exemplo a falta de borracha na junção do motor com a carroceria, poderá haver a entrada de ar quente dentro desse compartimento e este ser sugado pela ventoinha, que irá mandar esse ar quente para refrigeração das camisas. Caso isso aconteça, provocará o super aquecimento e perda de rendimento do motor, podendo até fundi-lo. Entre os motores Boxer já produzidos, o motor do 'Fusca' é aindsa o mais conhecido entre todos. A quantidade de ar que entra no compartimento do motor deve ser controlada para que não haja um redemoinho, provocando uma pressão não desejada, como também esse ar poderá ficar aquecido. É como se o motor fosse dividido em duas partes. A primeira, de cima, onde fica o motor vedado e a parte de baixo, por onde é expelido o ar quente. Na parte de baixo do motor, o ar deve sair mais rapidamente para não criar outro redemoinho e possibilitando o aquecimento de outras peças. Em locais de clima quente, um motor refrigerado a ar pode ter problemas para manter uma temperatura de funcionamento adequada como o ar que entra no compartimento do motor, uma vez que este é indesejável quente. Esta é a razão pela qual VWs clássicos têm dificuldades em clima quente, em alguns casos mais do que outros, dependendo do modelo. Uma das grandes melhorias que a fabricante alemã fez no Brasil em prol dos seus motores a ar foi a introdução da “capela” com o radiador de óleo deslocado, ela melhora em muito a refrigeração do motor e diminui o problema do ar externo estar quente demais. O Boxer do Século XXI. Apesar de ter um conceito centenário, a Porsche trabalha ainda hoje com conceitos que vem desde a sua fundação. A marca alemã consagrou-se mundialmente no automobilismo com seus motores e mesmo quando passou a adotar sistemas de refrigeração à água em alguns modelos, a concepção do motor continuou a mesma. Filho do mesmo criador, o motor dos Porsche fizeram história no mundo das competições. Há pouco mais de 18 anos a Porsche tem além de seus clássicos motores refrigerados à ar, alguns modelos de motores com refrigeração líquida, que teve início com o modelo 997, mas ainda hoje, continua trabalhando no aprimoramento dos seus motores refrigerados a ar. O sucesso dos motores boxer da Porsche inspiraram outros fabricantes a fazer motores com o mesmo conceito de motorização. Este foi o caso da japonesa Subaru, que desenvolveu uma nova série de motores boxer, mostrando que o conceito desenvolvido há mais de 100 anos, continua sendo eficiente. A Porsche continua fabricando motores boxer refrigerados a ar, mas há algum tempo, também tem motores usando água. Subaru acredita firmemente que o motor com cilindros horizontalmente opostos é o projeto ideal para o prazer de condução. Os pistões dispostos em um layout simétrico de 180º em torno do eixo de manivela conseguem trabalhar de forma mais eficaz para equilibrar as vibrações entre eles, proporcionando uma sensação livre de vibrações suaves. Isto é porque o motor pode girar livremente em qualquer velocidade, fornecendo uma melhor resposta ao condutor. Quando os engenheiros falam isso, estão falando de um motor que geram uma quantidade de rotações por minuto elevadíssima e gerando uma potência muito alta. No motor boxer de nova geração usado como base para o projeto, engenheiros focados no desenvolvimento de um novo motor com o objetivo de oferecer alta potência e desempenho, sendo ao mesmo tempo “ambientalmente correto”. O motor 2.0 com uso de injeção direta consegue entregar mais de 100Kw de potência, com 175Nm de torque, girando a mais de 6000RPM. A Subaru apostou pesado no seu projeto de motor Boxer, não apenas com um motor a gasolina mas também com um Diesel. Não bastasse isso, a Subaru trabalhou no motor Diesel, criando o primeiro motor boxer movido à Diesel para um carro de passeio. Criar não é adaptar, e a fabricante fez um motor mais rígido e não tão pesado quanto seria um motor adaptado. Uma forma mais compacta câmara de combustão e maior eficiência de combustível, e combinado com uma maior pressão de injeção de combustível “Common Rail”, dotado de um catalisador oxidante melhorado com fechado Filtro de Partículas Diesel para reduzir as emissões de gases e reduzir o consumo. Em 1969, este motor Diesel, da Hyno, modelo DS140-2C acabou sendo inspiração para a Subaru fazer seu motor. Soluções bem pensadas, mesmo baseadas num projeto, podem ter soluções bem modernas e eficientes nos dias de hoje. Muito axé pra todo mundo, Maria da Graça
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