Após um inicio de prova bem tumultuado, a edição de 2016 acabou sendo a mais disputada e imprevisível dos últimos tempos. Devido, principalmente, ao grande número de candidatos ao título desta que é a prova mais desafiadora do automobilismo mundial. E a emoção começou cedo devido a um acidente provocado pela piloto chinesa Guo Meiling, que com apenas 6 km de prova acabou perdendo o controle de seu Mini e atropelando 10 espectadores. Felizmente, não houve nenhuma vítima fatal. Já o segundo dia de provas também foi cancelado, mas devido às condições climáticas na região. O problema desta vez foi o excesso de chuva provocado pelo fenômeno climático El Niño, razão pela qual Chile e Peru acabaram desistindo de sediar algumas etapas do Dakar em um comunicado à organização ainda Agosto em 2015. Com isso o rally teve seu inicio prá valer somente na segunda feira e, para surpresa geral de todos, a Peugeot iniciou dominando completamente os tempos com seu 2008 DKR. Por mais que tentasse, a Mini, campeã das últimas 4 edições, e a Toyota não conseguiam fazer frente ao ritmo imposto pela constelação da Peugeot. E o destaque da Peugeot neste início de prova não foi o experiente Carlos Sainz, nem o "mister Dakar" com 11 títulos conquistados, Stéphane Peterhansel. Quem roubou a cena, foi o estreante neste tipo de competição, o eneacampeão do WRC Sebastien Loeb. Carro da piloto Chinesa Guo Meiling no momento em que ela perdia o controle após um salto. A maior parte da mídia especializada e vários entendidos de rally, apostavam que tanto o domínio da Peugeot, quanto da dupla Loeb e Elena seria fogo de palha. Mas contrariando todas as expectativas, o domínio seguiu até a sexta etapa, quando dois pneus furados, além de um problema com o acelerador do Peugeot 2008 DKR que acabou travando, transformaram a liderança de mais de 8 minutos de Loeb em poeira. E quem assumiu a ponta da tabela de classificação foi Peterhansel. Mas sua alegria durou pouco, visto que no dia seguinte, Loeb, livre dos problemas, acelerou forte mais uma vez e recuperou a liderança da prova. Na primeira semana de prova a disputa ficou polarizada entre às duplas da constelação da Peugeot, mesmo com os problemas enfrentados por Loeb, e também por Sainz, logo no início da competição. O único piloto da Peugeot que não conseguiu acompanhar o ritmo imposto pelos ponteiros foi Ciril Després. Ao atual campeão da competição, Nasser Al-Attiyah, restou torcer por problemas mecânicos ou erros dos pilotos da esquadra francesa, visto que em condições normais de prova seu Mini da equipe X-Raid não foi páreo para encarar o time do leão. A grande verdade, é que todos foram pego de surpresa pelo ótimo desempenho do 2008 DKR, principalmente, pela má impressão deixada na estreia no ano passado. Com isso, surgiram teorias por parte das equipes concorrentes, as quais buscavam desculpas pela surra que estavam levando. Algumas chegaram a suspeitar dos pneus fabricados pela Michelin para o time da Peugeot, alegando que estariam fora do regulamento. O francês Cyril Despres em ação a bordo de seu Peugeot 2008 DKR Ocorre que, após o Domingo de descanso na cidade Argentina de Salta, a mudança no tipo de superfície da prova para desértica, com muitas dunas, pedras e rios secos, acabou por dar uma reviravolta na classificação entre os ponteiros. O então líder, Sebastien Loeb, sofreu um forte acidente, danificando seriamente seu Peugeot 2008 DKR, o fazendo perder mais de 1h e consequentemente a liderança da prova, a qual passou para seu companheiro de equipe Stéphane Peterhansel. Mas o seu reinado durou pouco. Já na etapa seguinte a liderança mudou de mãos novamente. O experiente espanhol Carlos Sainz, o "El Matador", bi campeão do WRC e vencedor da edição de 2010 do Dakar, aproveitou-se das falhas de Peterhansel e abriu uma vantagem significativa de mais de 7 minutos. Enquanto isso, os dois eram "escoltados" de perto pelos Mini de Nasser Al-Attiyah e do Surpreendente Mikko Hirvonen, os quais sem possuírem um equipamento para fazer frente aos Peugeot, ficaram à espreita, a espera de um problema mecânico ou algum erro por parte dos lideres. Mas com um enredo que nem o melhor roteirista de novela mexicana poderia imaginar, na décima etapa tivemos uma grande reviravolta na classificação. O então líder Carlos Sainz se viu obrigado a abandonar devido a problemas na caixa de câmbio de seu 2008 DKR. E momentos antes, o príncipe do Qatar Nasser Al-Attiyah, capotou o seu Mini, o que o fez perder mais de duas horas, mas conseguiu voltar a competição. Com todas essas reviravoltas, quem acabou se dando bem foi o mister Dakar, Stéphane Peterhansel, um especialista em dunas, que soube atacar no momento certo, aguardou os erros e quebra dos demais competidores para fazer a diferença nas Dunas de Fiamballá. Quem acabou resurgindo, ao menos na etapa deste dia, pois finalizou na segunda colocação, foi o francês Cyril Després com seu Peugeot, o qual vinha fazendo uma prova apagada, mas conseguiu usar sua experiência de tricampeão do rally na categoria motos para superar as desafiantes dunas da região e obter um excelente resultado. Após esses acontecimentos, com uma vantagem de 1 h em relação a Nasser, o experiente Peterhansel passou a administrar sua vantagem e poupar seu equipamento, enquanto que na terceira colocação vinha o sul africano Giniel de Villiers, campeão do Dakar de 2009, com sua Toyota Hilux. Já a quarta colocação era ocupada pelo estreante e grande surpresa deste rally, o finlandês Mikko Hirvonen, com seu Mini. Vindo da gélida Finlândia, o ex piloto do WRC se adaptou muito bem, não só às dunas, como também aos mais variados tipos de piso da competição, ao contrário de seu ex colega de equipe Citroen no WRC, Sebastien Loeb, que enfrentou muitas dificuldades quando encontrou a superfície desértica. Quem não conseguiu encontrar um bom ritmo de prova em momento algum, foi o americano Robby Gordon, que teve uma participação modesta, ao contrário dos anos anteriores que, com um estilo de pilotagem agressivo, foi o homem show do rally, apesar de não conseguir conquistar nenhum resultado expressivo.
O Americano Robby Gordon desta vez não brilhou na competição O campeão de 2014, o espanhol Nani Roma, foi outro que não disse a que veio. Enfrentou alguns problemas logo no início do rally, que o fizeram perder muito tempo, mas mesmo após tudo solucionado, não acelerou o que sabe, ficando atrás, por exemplo, do estreante Mikko Hirvonen, mesmo estando com equipamento semelhante. E em um Dakar marcado por belas disputas e surpresas, o que acabou não surpreendendo foi o vencedor. Depois de mais de 9.000 km, o Mr. Dakar, Stéphane Peterhansel, acabou por conquistar seu Décimo segundo título da competição. De quebra acabou com a hegemonia da Mini, e a Peugeot voltou a vencer esta importante competição com o 2008 DKR depois de 25 anos. A última vitória da equipe do leão havia sido em 1990 com o finlandês Ari Vatanen, a bordo de um Peugeot 405 Turbo. O mestre da fotografia José Mário Dias ajudando Peterhansel a contar seus 12 títulos no Dakar Na segunda colocação à apenas 34min58s, chegou o campeão de 2015, Nasser Al Attiyah com seu Mini da equipe X-Raid. E para completar o pódio, Giniel De Villiers com sua toyota Hilux chegaram na terceira colocação após uma dura disputa com, Mikko Hirvonen, o qual junto com Sebastien Loeb, mostraram que os pilotos oriundos do WRC, em breve, poderão dominar o Dakar. Mas o resultado ainda poderá sofrer mudanças: a equipe X-raid alega que Peterhansel abasteceu o seu Peugeot 2008 DKR em um zona não autorizada, o que poderia lhe render desde uma penalização de seis horas, até a desclassificação da dupla. O recurso deverá ser julgado em no máximo 30 dias. Vamos aguardar cenas do próximo capítulo, mas creio que o resultado não será alterado. Em relação aos competidores brasileiros, Jean Azevedo vinha fazendo uma boa apresentação nas motos, quando acabou sofrendo uma queda logo na segunda etapa, que acabou lhe ocasionando fortes dores nas mãos, braços e costelas. Ele continuou por mais dois dias, mas como não tinha mais chances de lutar por uma boa classificação, optou por abandonar a prova na etapa maratona e ceder o seu radiador ao colega de equipe Honda Javier Pizzolito que ocupava uma classificação melhor na prova. Nos quadriciclos Marcelo Medeiros do Maranhão, logo na sua primeira participação no Dakar, vinha sendo a grande surpresa da categoria ao ocupar a vice liderança da prova. Mas logo depois de largar em Jujuy, na Argentina, em direção a Uyuni, na Bolívia, acabou sofrendo um acidente e fraturando a clavícula, o que acabou ocasionando seu imediato abandono. Já Jorge Wagenfuhr e Joel Kravtchenko, (sim, apesar dos sobrenomes eles são brasileiros), também não tiveram melhor sorte em sua estreia nesta competição. Poucos km após a largada a L-200 Evo da dupla enfrentou problemas no motor após passar por um dos muitos atoleiros encontrados no início da prova.
A EVO de Wagenfuhr e Kravtchenko Guilherme Spinelli e Youssef Haddad também enfrentaram problema parecido. Um calço hidráulico provocado pela água que entrou no motor do ASX da dupla ainda no prólogo, acabou ocasionando o posterior abandono desta experiente dupla, esperança de um bom resultado para o Brasil na competição. Com tantos abandonos, restaram apenas as duplas João Franciosi e Gustavo Gugelmin a bordo de seu Mitsubishi ASX na categoria carros, e Leandro Torres e Lourival Roldan com seu UTV Polaris, os quais enfrentaram todo tipo de problemas, quer seja em relação às dificuldades da prova em si, quanto com seus equipamentos, e até mesmo o esgotamento físico e mental, pois várias vezes conseguiram chegar ao apoio mecânico somente de madrugada, faltando poucas horas para a largada da próxima etapa. Merecem todo o nosso respeito pelo feito... Foi conforme o previsto o melhor Dakar dos últimos anos. Uma prova de muitas emoções, mais até do que o imaginávamos, bem ao estilo deste que é o rally mais longo, difícil e imprevisível do mundo! Até a próxima pessoal! Marcos Tokarski
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