A realização da etapa de abertura do WRC em Monte Carlo, entre os dias 22 a 24 de Janeiro, deu um panorama do que deveremos ver nas etapas seguintes da temporada 2016. O domínio do francês Sebastien Ogier a bordo de seu Volkswagen Polo foi acachapante. Ele só não venceu a prova com uma tranquilidade ainda maior devido ao excelente trabalho da dupla da Citroen Kris Meeke e Paul Nagle , que a bordo do DS3 lideraram boa parte da prova, até que foram obrigados a abandonar após baterem em uma pedra na SS12, quando tentaram "cortar" uma curva. Isso acabou danificando a caixa de câmbio do DS3 de maneira irreparável. Com o caminho livre, bastou Ogier administrar sua liderança nos trechos restantes, e usar um pouco de seu talento para vencer o Power Stage, garantindo assim mais três pontos extras além dos 25 que lhe foram atribuídos pela vitória, saindo de Monte Carlo com um aproveitamento de 100%. Tradicional foto das marcas presentes antes da abertura da temporada em Monte carlo. Na segunda colocação, ficou seu companheiro de equipe, o norueguês Andreas Mikkelsen, mas com uma desvantagem de quase 2 minutos para o vencedor. Uma verdadeira eternidade em se tratando de WRC. Outro piloto que poderia compor o pódio, também da VW, Jari Matti Latvala, acabou escapando da pista após deslizar no temido e escorregadio gelo negro, característico de Monte Carlo, e atropelar um fotógrafo, felizmente sem maiores consequências. Mas por ter abandonado o local sem prestar socorro, acabou sendo punido pela FIA com uma multa no valor de 5.000 euros e, em caso de reincidência, terá que cumprir suspensão de uma prova. Ainda como consequência desta saída de pista, Latvala foi obrigado a abandonar a prova no trecho seguinte devido aos danos provocados na suspensão de seu Polo. Aliás, além de Latvala, a neve e a superfície escorregadia de Monte Carlo fez várias vítimas como, por exemplo, Robert Kubica, Hayden Paddon e Elfyn Evans. Kris Meeke foi o único capaz de acompanhar Ogier até ter problemas e ser forçado a abandonar Já os carros da Hyundai acabaram decepcionando. Em momento algum demonstraram força suficiente para ameaçar o reinado da VW, apesar do belga Thierry Neuville ter vencido duas especiais e subido ao pódio na terceira colocação. Aparentemente, às evoluções do I-20 em relação a temporada passada foram mais estéticas que de performance. Já os Ford Fiesta preparados dela equipe M-Sport, mesmo contando com a volta do rápido Mads Ostberg, o qual deixou a Citroen para retornar a Ford, mostrou que continua atrás das demais, sendo no momento, a quarta força entre as equipes que disputam o WRC. Já passou da hora da equipe comandada por Malcolm Wilson deixar de ser mera coadjuvante e procurar uma vaga de protagonista, como fez à alguns anos, quando Mikko Hirvonen chegou a disputar o título contra Sebastien Loeb. A Hyundai não apresentou grande evolução de um ano para outro Há uma grande expectativa em relação a como será o retorno da Toyota ao WRC em 2017, já que a montadora japonesa possui no seu currículo a conquista de três campeonatos mundiais de construtores e quatro de pilotos na década de 1990 com o modelo Celica. O carro utilizado neste novo projeto será o Yaris, que vem sendo desenvolvido por ninguém menos do que Tommi Makinen, a lenda finlandesa do rally, o qual espera que o conhecimento obtido pela conquista de quatro títulos do WRC, pela também japonesa Mitsubishi, possam auxiliar na construção de um carro vitorioso. A Ford representada pela M-Sport está decepcionando nas últimas temporadas do WRC Outro que foi contratado para auxiliar no desenvolvimento do carro é Mikko Hirvonen, ex piloto da Ford, Subaru e Citroen no WRC, e que poderá auxiliar, e muito, no desenvolvimento do Yaris. Boatos dão conta que a Toyota está de olho em Kalle Rovanpera, filho do ex piloto do WRC Harri Rovanpera de apenas 15 anos de idade para compor o seu time. O menino se destacou em um vídeo quando, então com 08 anos de idade, demonstrava destreza ao pilotar um carro de rally na escorregadia neve da Finlândia, seu país natal. Em Janeiro de 2016, Kalle fez sua estreia em um Skoda Fabia S2000, com tração 4x4 e mais de 300 cv de potência em um rally na Letônia. E não decepcionou, simplesmente ganhou nove das dez especiais e venceu o rally! O Lendário Toyota Corolla ao lado da novíssimo Yaris, aposta da marca para o WRC 2017 Mas não será nada fácil para as equipes Citroen, Hyundai, Ford e Toyota desbancarem o protagonismo da equipe VW. Com as últimas vitórias, o aproveitamento do Polo R chega a quase 90%, visto que venceu 35 das 40 provas disputadas até o momento. Se continuar assim, a FIA terá que mudar o nome do campeonato para "VWRC". Com a estratégia da equipe Citroen, e consequentemente de Kris Meeke, de participar de apenas algumas provas ao longo da temporada, e com seus rivais um degrau abaixo, a conquista do quarto titulo mundial por parte de Sebastien Ogier é apenas uma questão de tempo. Sebastien Ogier comemorando mais uma vitória ao lado de seu navegador Julien Ingrassia Já para 2017 a temporada promete maiores emoções, pois a Citroen pretende voltar com força total e fazer a temporada completa. Além disso, todos esperam que a Toyota venha com um carro competitivo e pilotos capazes de resgatar toda a emoção dos duelos épicos que marcaram a história do WRC e que, por ora, estão deixando saudades em todos os admiradores do WRC espalhados pelos quatro cantos do mundo. Até a próxima! Marcos Tokarski
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