Após a realização dos rallys da Espanha e da Grã Bretanha, o que era previsível, se confirmou. A conquista do Tetracampeonato de pilotos por parte de Sébastien Ogier e de construtores por parte Volkswagen, era apenas uma questão de tempo. Mas como prêmio pela conquista, Ogier ganhou um presente inusitado, ficou literalmente a pé, visto que a VW resolveu, inesperadamente, acabar o projeto mais vitorioso da história do WRC. Nunca na história do campeonato uma equipe teve um domínio tão grande quanto a VW com seu Polo R, vencendo 42 das 51 provas disputadas. Mas o mais intrigante de tudo é que um novo Polo R, dentro das especificações para a temporada 2017, vinha sendo exaustivamente testado para fazer frente à volta da Citroen e a visível evolução da Hyundai ao longo da temporada. Isso quer dizer que a decisão foi tomada há pouco tempo, caso contrário não teriam investido uma boa grana no desenvolvimento de um carro que possivelmente nunca irá competir, infelizmente. Rumores dão conta que os prejuízos sofridos pela montadora, equivalentes a mais de 16 Bilhões de Euros, em virtude da fraude em testes de emissão de gases poluentes, o chamado dieselgate, foi a principal causa desta inesperada decisão, sendo que até mesmo o vitorioso programa da Audi no WEC também acabou cancelado. Já a marca alega que irá investir em carros movidos a energia limpa e fortalecer seus investimentos na Fórmula-e. Em sua passagem pelo WRC o VW Polo R fez história, com números e uma performance impressionantes. Não há como entender em quê essa decisão irá ajudar a melhorar a imagem da marca, duramente desgastada com este que é o maior escândalo da industria automobilística dos últimos anos. Com isso o tão esperado duelo Sébastien Ogier versus Kris Meeke deverá ocorrer com outras armas que, quem sabe, poderão até ser as mesmas; o novo Citroen C3 WRC. Como o Polo R era um carro visivelmente superior aos concorrentes, aliado ao conhecido talento de Ogier, a supremacia do conjunto em relação aos demais competidores era evidente. Nesse sentido, a desistência da VW poderá ser benéfica para o campeonato Sebastien Ogier e seu navegador, Julien Ingrassia, tem como mais um desafio conseguir um carro para 2017. Mas o fiel da balança deverá ser mesmo o destino de Sébastien Ogier: Alguns sinais dão conta de seu retono para a equipe Citroen, de onde saiu após uma ferrenha disputa por espaço com a então estrela da marca, o multicampeão Sébastian Loeb, e para lá poderia retornar, segundo palavras do líder da equipe, Yves Matton, o qual disse que estaria esperando um telefonema por parte de Ogier. Mas há também apostas no sentido de que Ogier poderia disputar a proxima temporada com um Fiesta da M-Sports, visto que revelou recentemente que gostaria de um dia trabalhar com Malcolm Wilson, o manda chuva da Ford no WRC. A Citroen poderá ser o destino da dupla. Uma casa francesa para um campeão francês seria uma boa opção. Existe também uma possibilidade remota da Hyundai colocar um quarto carro para acomodar o francês, o que no momento parece ser a hipótese menos provável. Há ainda a chance de Ogier tirar um ano sabático, assim como fez quando deixou a Citroen em direção a VW 2011, até mesmo porque ainda possui um contrato em vigência com a VW. Não dá para esquecer também dos outros dois pilotos da VW que assim como Ogier, também estão na fila do seguro desemprego, o experiente Jari-Matti Latvala e o "novato" Andreas Mikkelsen, os quais tiveram seus altos e baixos na temporada de 2016, mas tem grande valor no mercado e deram conta do recado quando Ogier ficou seis meses sem conseguir conquistar nenhuma vitória. A Ford, que está na fila a muitos anos pelo título da categoria, poderia investir para colocar os campeões em seu time. E a incógnita fica por conta do regresso da Toyota com o novo Yaris. Mas conhecendo a montadora japonesa e a cultura de seu povo, é de se apostar que não virão para brincadeira, mas devem necessitar de um tempo para o desenvolvimento do carro, já que dificilmente acontecerá o mesmo que ocorreu com a VW, que conquistou o campeonato logo no primeiro ano de seu regresso. Há boatos que a Toyota, que já tem confirmada a presença de Juho Haninnen em um dos carros, teria interesse em contar com o finlandês Jari-Matti Latvala, devido principalmente à ligação com seu conterrâneo, Tommi Makinen, o qual trabalhou, e muito, no desenvolvimento do Yaris. O Toyota Yaris é a promessa da marca japonesa para voltar aos tempos áureos dos tempos do Corolla na categoria. Mas por enquanto, além das especulações, a única certeza que temos é que alguns pilotos de renome correm o risco de ter que assistir a próxima temporada no barranco, visto que às emoções começaram antes do previsto e, além de inesperadas, também são amargas. Até a Próxima, Marcos Tokarski
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