A temporada da Stock Car já está acabando, mas dentre as alterações que os carros da categoria sofreram foi a substituição do sistema de direção, que havia sido usado durante diversas temporadas. A alteração no intuito de melhorar os carros é uma característica de todas as categorias, mas o que levou a JL, construtora dos carros a buscar um outro equipamento para substituir o que estava em uso até 2015? Buscamos Zequinha Giaffone e também fomos ouvir chefes de equipe e pilotos para saber o que foi apresentado pela JL para as equipes, a opinião dos chefes de equipe e pilotos, se eles foram ouvidos, se a troca impactou nos custos da equipe e que ganho – ou não – o novo sistema trouxe para o desempenho dos carros, se houve algum tipo de mudança na guiada dos pilotos que ouvimos e como eles sentiram a troca do sistema. Zequinha Giaffone – Proprietário da JL, construtora do carro. Quando nós desenvolvemos o carro em 2008/2009 o sistema de direção que nós instalamos se mostrou, com o tempo, caro e aquém do que nós desejávamos em termos de performance. Eventualmente ele apresentava problemas e havia um questionamento tanto nosso das equipes quanto ao equipamento. Como a JL está sempre buscando melhorar o equipamento que fornecemos, em meados do ano passado encontramos um sistema de direção que após testarmos em algumas oportunidades mostrou-se mais confiável e apresentando melhores resultados. O sistema também era mais barato do que o sistema que estávamos utilizando. A diferença mais importante entre os dois sistemas está na bomba de óleo. A bomba do sistema anterior era uma bomba elétrica enquanto esta do sistema atual é uma bomba mecânica, onde seu acionamento é feito pelo motor do carro, o que se mostrou mais eficiente e retirou um componente que por vezes apresentou falhas de comportamento na direção, na mão do piloto, ficando eventualmente mais leve ou mais pesada. O novo conjunto também tem um custo mais baixo que o anterior e é possível para o dono de equipe comprar uma bomba em uma concessionária da fabricante ou um conjunto completo na JL e não preciso de retrabalho. É só instalar. A bomba anterior precisava mandar preparar. Se fosse a caixa era preciso fazer um retrabalho na caixa e agora isso não se faz mais necessário. Felipe Fraga – Piloto da Equipe CIMED. Foi uma modificação que veio da empresa que constrói o carro ou foi da VICAR. Sinceramente, não sei. Apenas disseram para nós que o sistema tinha sido mudado. Não sei se falaram com algum piloto para saber se deveriam mudar ou não. Acho que eles que fazem os carros sabem o que tem que fazer para melhorá-los. O sistema anterior dava muito problemas. Circuitos como Cascavel tinha muita quebra no sistema de direção. Quando o carro tocava no chão ela dava muito tranco e depois a direção ficava muito pesada. Não sei de que foi a ideia de mudar o sistema, mas este ano não ouvi ninguém se queixando de problemas. Tirando a parte dos problemas, a reação, o comportamento dos carros não mudou muita coisa. O bom foi que parou de ter problemas. Para mim não teve mudança nenhuma no comportamento do carro ou que eu tenha precisado mudar minha forma de guiar. Rosinei Campos – Proprietário da Equipe RC Eurofarma. Foi uma mudança positiva. Simplificou o trabalho da nossa equipe por ser uma caixa de direção baseada num equipamento que é utilizado em carros que andam nas nossas ruas, mas com algumas adaptações para atender as necessidades dos carros de corrida e que ficou mais simples por ter uma bomba hidráulica mecânica no lugar de uma elétrica, que tínhamos no sistema anterior. Essa troca simplificou a operação da bomba. A bomba elétrica tinha um comando, um atuador e era mais trabalhosa para ajustar. A atual, por ser mecânica, a atuação é direta. A coluna de direção entra direto na caixa e nela existe um servo hidráulico que trabalha com óleo sob pressão e esta pressão dá um equilíbrio no peso do volante, que faz o trabalho de uma direção hidráulica. Fizemos um investimento, todas as equipes tiveram que fazer, mas acredito que no longo prazo o investimento vai valer a pena com a redução nos custos de manutenção, que na caixa anterior precisava ser feito com mais frequência. Lucas Foresti – Piloto da Equipe Full Time ProGP. No ano passado eu tive bastante problemas com o sistema de direção do meu carro e este ano a caixa tem aguentado o grip do carro. O Stock Car é um carro bem pesado e o sistema para compensar este peso tem que ser não apenas eficiente, mas também resistente. Não fui só eu quem teve problemas no ano passado. Muitos pilotos tiveram problemas e eu acho que foi por conta do número de reclamações que os pilotos fizeram com seus chefes de equipe que a JL decidiu por trocar o equipamento. A gente teve um dia a mais de teste na primeira corrida do ano para ver como era o novo sistema. A direção ficou bem parecida com a direção hidráulica de um carro de rua. O sistema de direção anterior tinha uma espécie de estágios e dava para sentir estes estágios e este sistema que introduziram em 2016 não, é bem uniforme e bem suave, para os dois lados. Para Cascavel eles inclusive permitiram o uso de um curso mais longo, por causa da grande exigência física da pista. Eu estou bem confortável com este sistema atual. Amadeu Rodrigues – Proprietário da Equipe Hot Car. A mudança foi feita pela JL, empresa que constrói o carro, mas a gente conversou, sim sobre uma possível mudança no sistema de direção e a JL fez a troca do sistema para este ano. Na minha opinião a mudança não ficou como gostaríamos. Nós esperávamos mais, mas a gente conseguiu autorização para fazer uma modificação em parte da bomba de pressão de óleo do sistema e aí ficou perfeito... como a gente achava que o sistema deveria funcionar. Mesmo sem a mudança que nós fizemos, já foi uma melhoria considerável. A caixa anterior tinha muita variação de desempenho, hora ela era muito dura, hora ela era muito mole e quando se trocava o sistema o comportamento podia ser totalmente diferente do anterior. Essa caixa de direção deste ano é uma caixa que é usada em um automóvel importado, mas que tem aqui no Brasil e ela é muito precisa. Além disso, o sistema novo é bem mais barato do que o sistema que usávamos até o ano passado. A adaptação que nós fizemos foi que provocou um encarecimento inicial, mas com a eficiência e a redução dos custos de manutenção, este investimento já foi bem diluído. Galid Osman – Piloto da Equipe RC Motorsport. O sistema que a categoria usava até o ano passado era meio problemático. O volante dava uns trancos no meio da curva e agora com esse sistema novo isso parou de acontecer, pelo menos comigo. Foi uma temporada inteira sem problemas com a direção. A única coisa que foi falada conosco era se queríamos um sistema de direção onde a gente virasse mais ou menos o volante pra fazer a mesma curva. Sobre detalhes do sistema não fomos muito questionados pela JL, foi apenas o que nós conversamos dentro das equipes. Mas o que sei é que todos usam a mesma bomba, o mesmo sistema. Padronizar foi bom. Eu não senti muita diferença em termos de comportamento da direção, exceto, claro, pelos trancos, que não tem mais. Fora os trancos, não mudou muito e parou de ter as variações de rigidez que aconteciam antes, de a direção ficar mais dura ou mais mole durante o contorno de uma curva. Foi uma mudança boa.
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