Há exatos 60 anos, em 1956, dois homens, Wilson Fittipaldi e Elói Gogliano resolveram que havia espaço, demanda e possibilidade de haver uma prova de automobilismo de longa duração, inspirados pelas provas que aconteciam no exterior, e em provas nacionais como a 24 horas de Interlagos Mercedes Benz, de 1951. Assim, e com apoio de varias empresas, nascia a Mil Milhas, baseada em nome e distancia na famosa prova Mille Miglia, realizada ate 1957 na Itália. Porém no caso da prova brasileira, foi utilizado o Autódromo de Interlagos, e não as estradas e ruas. Os pilotos do sul do Brasil, que já tinham uma cena automobilística forte, ao saberem da prova, se prepararam e compareceram em peso. E com as suas potentes e robustas carreteras, venceram a prova Catarino Andreatta e Breno Fornari. Foram anos de vitorias dos gaudérios em terras e pista paulistana da gema, ate que em 1960, a vitória foi para Christian Heins e Chico Landi, dois soberbos ases da época, de FNM JK 2000. Aliás, essa foi a primeira vez em que um carro que não uma carretera ganhava a Mil Milhas. E, dessa forma, tornava-se ainda maior uma rivalidade automobilística que teve seu auge nos anos 80 e 90 (assim como nosso automobilismo), e que, hoje, é bem menor, mas ainda aparece de alguma forma, vez outra. 60 anos depois, tanta coisa mudou... Antes da largada, os pilotos posaram para uma foto comemorativa. Uma tradição de longos anos. O mundo mudou. O interesse pelas corridas mudou. Os carros, os circuitos, as próprias corridas. Infelizmente, a Mil Milhas não é disputada atualmente, depois de anos de auge e decadência, mudanças de gerenciamento, de caráter e de regulamentos. Porem, uma prova quase contemporânea a essa permanece entre nós, fruto da insistência de alguns amantes das corridas, como Silvio Zambello. E essa prova é a 500 km de São Paulo. Inicialmente conhecida como 500 km de Interlagos, também teve períodos de parada e, mais recentemente, voltou a fazer parte do calendário paulista e nacional do automobilismo, como uma das únicas, e a maior, prova de endurance do estado de São Paulo. Atualmente, é realizada no circuito Velocittá, situado em Mogi Guaçu, no interior do estado de São Paulo, e teve nesse ano sua 32ª edição. O Velocittà não permite a edificação de arquibancadas. A Largada levantou o público nos boxes e paddock. E, o fato de esta prova fazer prova fazer parte do Campeonato Brasileiro de Endurance, fez com que a migração de equipes do Sul, tão comum em outras épocas, voltasse a acontecer. E assim, carros normalmente vistos somente nos grids do Gaúcho de Endurance fizeram uma visita ate a terra bandeirante. Os sotaques se misturavam, com o “tchê” estando lado a lado do “meu”, como há tempos não se via. MCR, MXR, Tubarão IX, Tornado Hayabusa, andando junto de Mitsubishi Lancer Evo X, Espron e ate uma Mercedes Benz E320, eram o que fazia muito da graça da prova. E o resultado, foi até certo ponto surpreendente. Um protótipo gaúcho com pilotos paulistas vencendo em uma prova essencialmente paulista. Dominando a prova desde seu inicio. E podemos dizer que o protótipo MRX de Henrique Assunção/Fernando Fortes/Emílio Padron teve vida não muito dificil, pois o Tubarão IX, campeão gaúcho de Endurance com antecedência, ficou 2 voltas atrás dos vencedores. O protótipo gaúcho MRX conuistou a vitória após poucomais de 4 horas de corrida. Houve boas atuações como a dos outros carros da MC Tubarão, mostrando o quão séria e competente é a esquadra, e mesmo outras atuações de Emilio Padron. Ele correu e venceu também na classe P3 da 500 km de São Paulo, e na prova de Formula 1600, que foi preliminar. Uma prova histórica, num belo cenário, com carros de ótimo nível, figuras conhecidas de outras épocas no pitlane (como Ronaldo Ely e Antônio Ferreirinha), preservação da história e cultura automobilística (através do Encontro de Campeões e da exposição de alguns carros históricos do nosso automobilismo, como o Bino Mark II da Equipe Greco)... Um dos momentos que antecedeu a corrida foi ver os clássicos acelerando por algumas voltas no circuito. Até parece um oásis no meio de tantas notícias ruins que vemos sobre o esporte que tanto amamos. E bem que poderia ser um pontapé reinicial para trazermos de volta muito do que foi perdido nesses anos complicados em que temos perdido mais do que ganhado com relação a pilotos, carros, categorias... Uma luz no fim desse túnel complicado em que está o automobilismo nacional. Milton Rubinho
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