Bem leitores, no último 29 de novembro, em plena Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa do Vereador Mario Covas Neto e do Deputado Federal Floriano Pesaro, ocorreu uma audiência pública, destinada a discutir o futuro do Templo Brasileiro do Automobilismo. Claro que estamos falando do Autódromo de Interlagos José Carlos Pace. Muita gente conhecida a décadas compareceu ao evento. Eu, um eterno “penetra” desde os anos 60 do século passado, também dei as caras para ouvir, especialmente ouvir o que iria ser discutido. Mesa composta, audiência atenta, cada orador teve seus minutos para falar o que quisesse. Chiquinho Lameirão falou (e falou duro); Wilson Fittipaldi Jr. também falou (e falou forte); Felipe Giaffone, também não deixou por menos; Paulão Gomes, como de hábito, curto e grosso e assim o ‘clima’ foi apresentado às quase 70/80 pessoas da platéia, 100 % ligadas ao automobilismo. Floriano Pesaro, iniciou seu discurso, afirmando taxativamente que, “Interlagos será sempre e prioritariamente utilizado para corrida de automóvel” secundariamente e desde que não haja conflito de datas com os CAMPEONATOS EM ANDAMENTO, poderia ser locado para shows, track days, privados ou não, e outros usos compatíveis e adequados às instalações; afinal é um equipamento publico que deve ser utilizado. Tem a virtude de ser conhecido em todo o planeta, é bem servido de acesso e transporte publico, apesar do caos do transito. Enfim, os que falaram, modo geral, concordavam com sua utilização multiuso, respeitada a prioridade da pista, COMO PISTA DE CORRIDA. Vários criticaram o atual desenho, considerado o pior das três opções apresentadas, e que a escolha foi coisa de “tio” Bernie e do tri campeão que batizou a curva “um”. A partir daí o clima esquentou e começaram as criticas sobre as intermináveis reformas que comprometeram a existência das oficinas de competição do entorno, muita gente fechando as portas, com uma estimativa entre 10 e 12,000 postos de trabalho perdidos. Se não tem corrida, especialmente dos regionais, não há trabalho. . Nesse clima de revolta óbvia, mas, civilizada, foi a vez do presidente da SPTuris falar. Típico funcionário público carreirista, praticamente desconhecido, salvo suas relações com o atual alcaide adepto de faixas vermelhas inúteis e que começou enaltecendo as obras e reformas executadas, exibindo números grandiosos, como se o caos em que transformaram aquelas instalações tão sagradas para tantos, nada valesse. Neste momento, foi interrompido pelo engenheiro Roberto Zullino que, a despeito de todo o treinamento de executivo, não agüentou e, de dedo em riste, enumerou os desatinos cometidos com obras de “5 tostões” terem custado muitos milhões para, por exemplo, alargar a pista do paddock em 2 metros!!! fora o resto... o TAL Presidente do qual, para minha alegria pessoal, nem guardei o nome, percebeu que, a platéia toda não estava lá para aplaudir, mas sim, para criticar pesadamente a pífia administração da SPTuris , responsável direta pelo caos no automobilismo regional e, por tabela, do nacional, a despeito de “dar lucro” para a administração da cidade. Tartamudeou mais alguns números, reclamou que foi lá para colaborar e não esperava os ataques que sofreu. Quem quiser assistir o vídeo da reunião, está disponível no site da Câmara Municipal de São Paulo. Vários outros oradores deram seu recado, donos de equipes, pilotos consagrados, defendendo reformas sim, mas para readaptar o retão, a curva três e dentro do possível tecnicamente, restaurar o que está abandonado, permitindo atividades com variados formatos. E não custa caro frente ao “Shopping Center” que ali construíram. Antes se tinha quase 90% de visibilidade de todo o autódromo. Hoje, creio que de nenhum lugar de vê mais que 15% da pista. Meu Deus!!! um anfiteatro natural, perfeito, desenhado pelos deuses da velocidade virou um circuito segmentado que obriga a instalação de telões por todos os lados para que os assistentes possam acompanhar as corridas. Foi a primeira audiência pública, haverá outras e uma coisa importante posso antecipar. O conjunto de Leis aprovadas, “amarrou” de tal maneira qualquer uso de equipamentos públicos, como Interlagos, Pacaembu, Ibirapuera, os mais visados para o adensamento urbano não corre o risco de Interlagos virar um paliteiro de prédios. Será sempre, o nosso “Templo”. Só não podemos perder o foco, e exigir um calendário decente, aberto a todas as modalidades automobilísticas e que, a F1, perca o direito de ser a “dona” por 21 semanas!!! para promover sua corrida. Na Europa são duas semanas. Se não aceitarem, que seja podem ir embora. Nós continuaremos amando e protegendo o legado dos grandes campeões que por lá travaram batalhas épicas. Não faltam histórias. Aqui no “Nobres” vivemos para preservar essa memória. Voltaremos ao tema, alias, só arranhamos o assunto. Este é só o começo... e não vamos tirar o pé do acelerador. Regi Nat Rock
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