No passado dia 12 de abril, a McLaren surpreendeu o mundo ao anunciar que o seu piloto, Fernando Alonso, iria falhar o GP do Mónaco, no final de maio, porque iria correr as 500 Milhas de Indianápolis, num carro inscrito pela Andretti. A combinação fora feita entre o piloto de Zak Brown, agora o CEO da McLaren, e iria correr com o numero 29, com as cores da equipa de Woking. O que é que isto tem a ver com a nova gerência da Formula 1? Tudo. Com Bernie Ecclestone, nada disto teria acontecido. Alguns dias depois, no Bahrein, quando visitou o “paddock” (a convite do emir local e não da FOM) falou especialmente sobre a mudança de Alonso para as 500 Milhas de Indianápolis, afirmando que no seu tempo, ele teria vetado. Só que, agora, as coisas são outras. E ainda bem. É que nos dias a seguir à noticia, o interesse pela corrida mais popular da América aumentou, e os pilotos de formula 1 falaram sobre esta mudança, fazendo com que muitos pensassem em fazer coisas semelhantes. Lewis Hamilton falou na ideia de fazer NASCAR, mais concretamente Daytona 500, outros falaram sobre uma ida ao Moto GP, outros falaram também sobre ir às 24 horas de Le Mans, entre outras corridas. Zack Brown, CEO da McLaren apostou na felicidade de seu maior piloto e liberou Fernando Alonso pra correr a Indy 500. E este é o sinal da nova atitude da Formula 1. E muitos aprovam isso, desde os fãs até aos diretores de equipa. Outra coisa interessante tem a ver com o apoio renovado que a Formula 1 teve. Os promotores – antigos e novos – estão a querer falar com o trio de dirigentes, especialmente Carey e Bratches, mas eles mesmos tem as suas prioridades. Querem uma segunda corrida nos Estados Unidos, e candidatos não faltam, desde Indianápolis – “desde que seja o preço justo”, como disse o seu presidente, Mark Miles – passando por Nova Iorque, com o ressuscitar do projeto de Port Imperial, e também Long Beach, que já é um clássico do automobilismo. Também se viu por estes dias as fotografias de uma reunião de Chase Carey com Reçep Tayip Erdogan, o presidente da Turquia. Contudo, os próprios membros da FOM disseram logo que essa é uma ideia desmentida, por três boas razões. A primeira é que detestaram a publicidade que tiveram por causa desta reunião – por esses dias, a Turquia votava em referendo o reforço dos poderes do presidente – e também não gostam da situação que aquele país está envolvido. Como muitos se recordam, em julho do ano passado, houve uma tentativa abortada de golpe de estado… O CEO Chase Carey esteve reunido com o Presidente Erdogan, da Turquia, mas o encontro não foi bem visto no Paddock. Logo, o regresso a aquelas paragens é algo que se descarta. Mas largar a Ásia para conseguir mais corridas na América e na Europa faz sonhar muitos dos fãs mais antigos da Formula 1. Mas ainda há coisas que tem de ser discutidas, algumas delas, verdadeiros “elefantes no armário”. A Formula 1 ainda passa por lugares como o Bahrein, Rússia, Abu Dhabi e o Azerbeijão, entre outros, verdadeiros lugares onde as suas credenciais democráticos são muito baixos – quando existem. Os opositores xiitas não perdem uma ocasião para provocarem a policia a cada fim de semana de GP do Bahrein, e este ano não foi excepção. E a seguir, claro, vão à Rússia, onde Vladimir Putin vai aproveitar a ocasião para aparecer ao lado de Bernie Ecclestone – como fazia quando o anão mandava – e entregar os prémios aos pilotos no pódio. E claro, a mesma coisa acontecerá em junho, em Baku, embora já se tenha ouvido criticas bem fortes por parte de alguns membros da Liberty Media. Seam Bratches Chase Carey estão mudando a face da Fórmula 1, mas ainda há muito trabalho a ser feito. Com Bernie, já se sabia que ele, historicamente, nunca quis saber de lições de moral e democracia. O melhor exemplo foi a Formula 1 ter corrido na África do Sul dos tempos do “apartheid” até bem tarde, em 1985, quando o mundo inteiro apelou ao boicote do Grande Prémio. Mas eu tenho a impressão que esta gente quer desatar os nós que Bernie atou, só que vai ter muita paciência para o fazer. E não podemos esquecer de outras coisas, como a vontade das equipas de conseguirem mais dinheiro e um regulamento à sua maneira. As negociações para o Acordo da Concórdia tem de começar agora, se querem que tudo esteja concluído no final do ano que vêm e entrar em vigor em 2020. E a Red Bull já lançou a sua “chantagem emocional”: Se não tem motor barato, vão se embora da Formula 1. Não os vejo perder cem milhões de dólares por ano, mas… Estes foram os dirigentes que assinaram o último pacto da concórdia. Muitos rostos mudaram e as posições? Veremos. Contudo, a primavera chegou à Formula 1. Vamos a ver se não se tornará num forte inverno. Saudações D’além Mar, Paulo Alexandre Teixeira
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