Não há como ir assistir ao WRC na Argentina e ficar indiferente a paixão que nossos “hernanos” tem pelo automobilismo em geral. Eles torcem pelas marcas como se fosse um time de futebol, e não há distância, muito menos temperatura que os afaste de sua paixão. E tudo isso se repetiu novamente de 27 a 30 de Abril nos arredores da Cidade de Córdoba, onde foi realizada a Trigésima Sétima edição de uma etapa do WRC no vizinho país e centenas de milhares de pessoas tomaram conta dos trechos. Algumas chegaram até mesmo a acampar com suas famílias em locais com ventos fortes e temperaturas negativas, de maneira a garantir o melhor lugar para poder assistir a passagem dos carros, é difícil explicar tanto fanatismo. E não tem como não admirar os Argentinos por essa sua paixão, a qual fez com que hoje possam se orgulhar de ter em seu território competições do porte do Rally Dakar, Moto GP, WRC e WTCC. Com o lago da Villa Carlos Paz ao fundo, os pilotos vencedores de 2017 e as quatro marcas presentes na competição. Mas falando da prova em si, a mesma não poupou ninguém, qualquer erro por mínimo que fosse, foi punido com desde um simples furo de pneu, até a destruição completa do carro, além do moral das duplas. E a prova começou bem para Elfyn Evans e Kris Meeke, os quais iniciaram a prova com a faca nos dentes, disputando a liderança segundo a segundo. Como estavam acelerando no limite extremo, qualquer pequeno erro poderia colocar tudo a perder, e foi exatamente o que aconteceu com Kris Meeke, que acabou capotando durante a etapa de Sexta feira após exagerar um pouco nos limites da estrada. Com isso um surpreendente Elfyn Evans a bordo de seu Ford Fiesta assumiu a liderança com certa tranquilidade, pois estava com uma confortável vantagem de quase um minuto para os demais concorrentes. Elfyn Evans surpreendeu a todos e terminou o primeiro dia com quase um minuto de vantagem na liderança. Mas o Rally da Argentina não perdoa ninguém, e ao final de sábado seus adversários haviam reduzido bastante à diferença, colocando em risco o primeiro triunfo do piloto britânico da equipe Dmack em uma etapa do WRC. E como diz o ditado, “o medo de perder faz você se abster da vitória”, ele nunca foi tão verdadeiro e cruel como desta vez, pois após cometer um pequeno erro no ultimo trecho de um rally com mais de 357 km de especiais e 1.060 km de deslocamentos, Elfyn Evans viu sua primeira vitória escapar por entre suas luvas por apenas 0,7s de diferença para o Belga Thierry Neuville da Hyundai, o qual passou a ser o segundo piloto a vencer uma etapa nesta temporada, assim como a Hyundai. Thierry Neuville fez o impossível a partir do sábado e tirou uma diferença de quase 1 min para vencer a etapa Foi graças a essa pequena diferença, Neuville conseguiu chutar a zebra para escanteio. Essa foi a terceira menor diferença da historia da competição, só perdendo para a vitória de Sebastien Ogier sobre Jari-Matti Latvala no Rally da Jordânia em 2011 por apenas 0,2s e o triunfo de Marcus Gronholm sobre Sebastien Loeb no Rally da Nova Zelândia em 2007 por 0,3s de vantagem. Enquanto Neuville fez uma etapa perfeita, sem cometer maiores erros, o que acabou por levá-lo a vitória e colocando o Belga em condições de brigar pelo título da temporada, Meeke decepcionou sua legião de fãs ao capotar novamente na etapa de sábado, isso após ter seu carro recuperado em um trabalho louvável dos mecânicos da Citroen em apenas 3 horas de trabalho conforme determina o regulamento. Kris Meeke conseguiu se superar no Raly da Argentina: destruiu seu carro duas vezes durante a etapa O líder do campeonato, Sebastien Ogier mostrou mais uma vez que a etapa da Argentina não tem o seu perfil, pois teve uma atuação apenas discreta, acabando apenas na quarta colocação, adiando para o próximo ano o sonho de vencer pela primeira vez esta etapa, visto que é a única do campeonato que ainda não conseguiu triunfar. Outro piloto que teve mais uma vez um desempenho decepcionante foi o finlandês da Toyota Juho Hanninen, o qual, segundo boatos, poderá perder sua vaga para o norueguês Andreas Mikkelsen, ex-VW e atualmente no WRC2. Já em relação aos carros, foi possível perceber que a equipe Hyundai está com carros bem competitivos, assim como é visível a evolução dos Ford Fiesta da M-Sport após a chegada do tetra campeão Ogier. O carro de Kris Meeke após a primeira capotagem. Ainda foi possível recuperá-lo, mas do segundo não teve jeito. A equipe Citroen também está competitiva com seu C3 WRC, mas sua dupla de pilotos está deixando a desejar, visto que Craig Breen não está em uma boa fase e Kris Meeke teima em mostrar porque era o pupilo preferido do lendário Colin McRae ao conseguir destruir dois carros em um único final de semana. Já a Toyota além de contar com a decepção, Hanninen, sofre com a visível falta de potência em seu Yaris, ainda mais em altitudes superiores a 2000 metros como era o caso da prova Argentina. O Vice-líder do campeonato, Jari-Matti Latvala está tendo que tirar leite de pedra para acompanhar os demais competidores. Com a vitória na 5ª etapa da temporada, Thierry Neuville vence e entra na disputa pelo campeonato Mas pode-se dizer seguramente, que devido ao seu equilíbrio, esta temporada ainda irá proporcionar momentos de grande espetáculo e algumas surpresas. Tomara que entre elas esteja a vitória de alguns pilotos que já estão fazendo por merecer há algum tempo, como é o caso do próprio Elfyn Evans, e do estoniano Ott tanak, os quais chegaram a sentir o gostinho da vitória e só não venceram por pura falta de sorte. Até a próxima pessoal! Marcos Tokarski
|