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O que esperar da nova gestão da CBA? (2ª Parte - Endurance/Br 1600) PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 29 June 2017 08:18

No dia 20 de janeiro deste ano um novo presidente tomou posse para um quadriênio à frente da Confederação Brasileira de Automobilismo, depois de uma eleição disputadíssima, cercada de polêmicas e parecia que dividiria o país em dois.

 

Waldner Bernardo de Oliveira, pernambucano e candidato da situação, com o apoio do então presidente, venceu o pleito por 10 votos a 7, assumindo o cargo com todos os olhares sobre seus ombros para ver o que seria a nova administração, depois das inúmeras promessas que ambos os candidatos fizeram durante o período pré-eleitoral, duas verdadeiras campanhas, com cabos eleitorais, propagandas em redes sociais, alguns programas com entrevistas e até um debate.

 

Passados os primeiros meses da administração Waldner Bernardo, perguntamos a três grupos de pessoas ligadas ao automobilismo, presente em três eventos distintos, o que eles esperavam desta nova gestão da CBA e o que eles realmente achavam que o novo presidente iria fazer. Continuamos ouvindo o os pilotos e profissionais ligados aos Brasileiros de Endurance e 1600.

 

Jair e Duda Bana – Categoria Endurance.

[Jair] Eu acho que este início de mandato do novo presidente está sendo bom. É preciso lembrar que ele assumiu a presidência numa época muito difícil da economia do país e mesmo assim ele vem conseguindo dar início a alguns trabalhos muito bons, como o brasileiro da categoria de Endurance e o do marcas e pilotos 1600. Estamos com grids grandes, pessoas do país inteiro praticamente correndo e outros projetos como a abertura de um novo campeonato de caminhões foi uma boa sacada.

 

[Duda] É preciso criar oportunidades, dar abertura para que novas categorias apareçam e que as que já existem se fortaleçam. Fazer com que haja uma taxa mais barata, que o custo das categorias sejam menores também ajuda muito e precisamos fazer com que a divulgação aumente, que possamos ver mais investimento, mais profissionalização.

 

Wanderson Feritas (BH-MG) – Brasileiro 1600.

Com certeza a gente precisa de um esforço grande da parte de quem gosta do automobilismo, quem assume cargos nos clubes, federações e CBA para que possamos encontrar maneiras de suprir as carências que os praticantes do automobilismo enfrentam para levar seus carros para as pistas, que não são muitas, algumas que precisam melhorar, que ajudem os pilotos a conseguir alinhar seus carros e fazer campeonatos melhores, mais competitivos e com mais carros.

 

Precisamos ter mais mídia. Quando a gente busca um patrocinador, precisamos mostrar a marca que ele colocou no carro, no nosso macacão, pois só assim a gente vai conseguir ter um automobilismo mais forte. Os campeonatos 1600 são a categoria de base do turismo. Ninguém vai direto para uma Stock Car, precisa aprender antes, correr com carros com menos potência e é nos regionais que tudo começa e agora temos o brasileiro. Precisamos de ajuda com coisas simples, mas que pesam na conta, como transporte do carro e equipamentos. Se tivéssemos isso, ajudaria muito. Mas acho que este início do novo presidente da CBA está sendo bom e se na eleição houve disputa, agora é hora de união e trabalho pelo automobilismo.

 

Marcel Visconde – Categoria Endurance.

Eu estou competindo há 12 anos, tanto na Porsche Cup como em corridas de longa duração. Neste período tivemos muitos altos e baixos dentro da CBA e hoje o que a gente percebe é que a nova gestão vem dando uma atenção muito especial para dois pilares que são fundamentais: a formação de novos talentos com o fortalecimento das categorias as categorias de base e de entrada para que possamos ter uma base maior e com isso aumentar a possibilidade de encontrarmos novos grandes talentos. O segundo é o aspecto da segurança, que é podermos ter estruturas melhores, profissionais mais capacitados na área de socorro, sinalização, comissários.

 

Eu conheço poucas pessoas da CBA. Nestes 12 anos tive mais contato com comissários e diretores de prova. Penso que existem muitas questões para serem trabalhadas pela CBA, mas é preciso trabalhar e se afastar das intervenções políticas, pois quando tem muita intervenção política nem sempre se consegue ter o olhar pelo esporte. Olhar para atividade fim da instituição. Espero que ele faça um trabalho de base bem feito para que possamos superar o momento difícil que passa o automobilismo brasileiro está passando.

 

Cesinha Bonilha – (Londrina-PR) – Brasileiro 1600.

Desde que assumiu a presidência o Dadai vem dando um incentivo muito bom para o automobilismo de base e este trabalho é primordial para que tenhamos um automobilismo forte no Brasil. Sem a base não se consegue formar pilotos para as categorias profissionais. Um bom exemplo disso é o que está acontecendo com o Brasileiro de Marcas e Pilotos 1600.

 

Era um campeonato que precisava acontecer e que a CBA tem ajudado com a redução e/ou isenção de taxas para que o campeonato se fortaleça. Este é o primeiro ano e que é preciso que esta mentalidade continue para que a categoria tenha continuidade para os anos seguintes. Outras categorias precisam ser repensadas para que o automobilismo nas outras categorias nacionais também fiquem mais acessíveis.

 

Nei Faustini – Categoria Endurance.

O que eu e qualquer automobilista espera é que ele faça algo concreto pelo automobilismo. Que consiga traze condições para que o automobilismo brasileiro possa voltar a crescer e que abra perspectivas par gente conseguir ter patrocinadores para poder continuar correndo.

 

Para que isso aconteça é preciso que o automobilismo tenha visibilidade como um todo e não ficar com a mídia concentrada na Stock Car e isso é parte do que estamos tentando fazer aqui no Brasileiro de Endurance. Os pilotos da categoria tem buscado fazer com que a categoria e nossos patrocinadores tenham visibilidade e a CBA, junto com as federações precisam ver esta categoria e seu potencial de crescimento.

 

Anselmo Branco – Assessor de Imprensa do Brasileiro de Marcas e Pilotos 1600.

O que eu e acredito que todos esperam é uma administração transparente, mais participativa, que ela fosse também uma promotora de eventos. Ela não pode ser simplesmente uma coordenadora, precisa ser mais ativa. De que adianta ter um órgão regulador “do nada”? Ela não tem função.

 

A CBA precisa ter uma atuação sólida para que as categorias sejam retomadas, fortalecidas, cresçam e assim o automobilismo possa crescer de uma forma geral. Estamos vendo a volta do Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos 1600, renascendo, uma categoria com um grid de mais de 20 carros, pilotos de diversos estados, mostrando que ela pode dar certo, que surjam novos pilotos.

 

O Brasil é muito grande e isso complica de uma certa forma. A gente tem regionais pelo país que carecem mais de orientação, de organização do que de apoio financeiro, que sempre é necessário. Um problema que falta é informação. Tem gente que quer fazer as coisas, quer correr, quer patrocinar, mas não sabe como fazer. É preciso dar mais informação para as pessoas. Categoria de base não é kart. É o 1600, é uma Fórmula Inter, uma Formula Vee. Categoria de base não pode ser uma categoria de orçamento de meio milhão.

 

Fabio Ebrahim – Categoria Endurance.

Nós, da família Ebrahim, estamos há um bom tempo no automobilismo. Somos quatro membros da família correndo em diversas categorias. Eu não conheço a pessoa nem a história do atual presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, mas o que eu e acredito que qualquer um espera é que ele faça o melhor.

 

Tem que ser uma pessoa dedicada, com visão de gestão, que consiga planejar e liderar uma execução. Eu ainda não vi nada de novo acontecendo, mas eu espero que ele consiga realizar algo mais que o que aconteceu nos anos anteriores. Eu acredito que se ele foi eleito, quem o colocou lá acreditou num projeto e que ele vai trabalhar para colocar isso em prática.

 

Francisco Junior (Rio-RJ) – Brasileiro 1600.

Eu acho que já está bem melhor do que antes. Basta olhar para o que víamos a pouco tempo atrás. Faz quantos anos que não acontecia um campeonato brasileiro de marcas com carros 1600? Logo em seu primeiro ano a CBA conseguiu fazer, criou condições para que este campeonato acontecesse e para nós do Rio de Janeiro, que não temos autódromo, que não temos kartódromo, este é o campeonato. A gente corre em Minas, com poucos carros, um grid fraco, com desnível técnico... pouco estimulante.

 

Infelizmente, por mais boa vontade que o presidente da CBA tenha, a gente por lá duvida que o Rio de Janeiro volte a ter um autódromo com o estado na condição financeira que se encontra, o município também e o país também. Mas a gente tem que torcer para que ele consiga fazer uma boa gestão e que nosso campeonato tenha cada vez mais inscritos e um bom nível de competição.

 

Juliano Moro – Categoria Endurance.

Eu penso que ele precisa agir mais no campo político, buscar junto aos administradores do país formas de ter projetos para o desenvolvimento do esporte aprovado e assim podermos ter um automobilismo mais forte. É algo que não é fácil, tem que ter um trabalho forte nos bastidores do congresso pra isso, mas é o meio que temos para conseguir investimentos, incentivos para empresas patrocinarem o automobilismo.

 

Há muito tempo atrás isso já existiu, mas a “malandragem brasileira” atrapalhou isso e afastou muita gente. Podemos criar meios para isso voltar a existir desde que haja um retorno concreto para os patrocinadores.

 

Além disso, há uma carência de novos talentos no país. As categorias de base precisavam passar por um processo de crescimento da base e com isso tentar revelar mais pilotos que tenham como ir para fora do país e não achar que a Stock Car é o limite, o objetivo. É uma pena não termos mais um piloto de peso, de nome, de conquistas para inspirar mais garotos.

 

Marcelo Sant’anna – Categoria Endurance.

Em primeiro lugar, transparência. É fundamental que instituições como a Confederação Brasileira de Automobilismo precisa funcionar pelo bem do coletivo e não em benefício próprio. Eu ouvi isso pessoalmente do atual presidente e ele afirmou que daqui pra frente será assim. Eu espero que ele realmente cumpra o que ele disse, estou gostando dos primeiros passos de sua administração e torço para que aconteçam as coisas que ele expôs quando conversamos.

 

É importante que vocês da imprensa façam um trabalho de acompanhamento e cobrança destas promessas que ele fez quando era candidato. Para que haja este trabalho pelo coletivo, para que os interesses pessoais fiquem em segundo plano e que quem tinha e tem essa mentalidade de tirar benefícios não tenham mais sucesso.

 

A percepção que eu tenho é que se nós pilotos trabalharmos assim também acredito que todos podemos ter uma melhoria no automobilismo brasileiro como um todo, com muitos pilotos, grids cheios e novas categorias.