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O que esperar da gestão Waldner Bernardo? (5ª Parte: Profissionais de Imprensa) PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 22 December 2017 14:15

No dia 20 de janeiro deste ano um novo presidente tomou posse para um quadriênio à frente da Confederação Brasileira de Automobilismo, depois de uma eleição disputadíssima, cercada de polêmicas e parecia que dividiria o país em dois.

 

Waldner Bernardo de Oliveira, pernambucano e candidato da situação, com o apoio do então presidente, venceu o pleito por 10 votos a 7, assumindo o cargo com todos os olhares sobre seus ombros para ver o que seria a nova administração, depois das inúmeras promessas que ambos os candidatos fizeram durante o período pré-eleitoral, duas verdadeiras campanhas, com cabos eleitorais, propagandas em redes sociais, alguns programas com entrevistas e até um debate.

 

Passados os primeiros meses da administração Waldner Bernardo, perguntamos a diversos grupos de pessoas ligadas ao automobilismo, presente em alguns eventos distintos, o que eles esperavam desta nova gestão da CBA e o que eles realmente achavam que o novo presidente iria fazer. Concluímos ouvindo as pessoas ligadas ao evento da VICAR e suas categorias.

 

Alan Magalhães – Jornalista e Diretor da Revista Car.

Esse é um assunto que eu não tenho problema nenhum em opinar por estar a bastante tempo neste meio. O que eu tenho a dizer sobre essa gestão é que eu torço muito por ela. Gostaria muito que ela fizesse um trabalho de recuperação do automobilismo brasileiro, que é uma coisa necessária, uma vez que o que mais temos vistos são categorias fechando, autódromos ameaçados de fechar e serem vendidos, investidores se afastando do esporte.

 

Então eu gostaria que houvesse um trabalho profissional de gestão na Confederação, atento as oportunidades de mercado e qie a Confederação se fizesse ouvir um pouco mais em secretarias e autarquias, em níveis de governo, em associações ligadas à indústria automotiva onde ela é uma mera desconhecida e só nisso já tem muito trabalho para ser feito. Apesar do Dadai ser uma continuidade da gestão da qual ele fazia parte antes eu espero que ele mude as coisas e estou torcendo por isso.

 

Estamos vendo o modelo confederativo ruindo em vários seguimentos no nosso país, com os exemplos dos esportes aquáticos, do basquete, do judô, do tênis e outros onde problemas vem sendo detectados e a CBA não foge a regra. Por militar no esporte há tanto tempo eu espero que a CBA fique atenta a isso e faça um trabalho bastante transparente de gestão do esporte e que vá atrás das oportunidades que estão aí. Que ela se organize organicamente, internamente, e vá atrás destas oportunidades.

 

Alexander Grünwald – Jornalista e Produtor no portal globo.com

Eu acho que tem muito trabalho a fazer, muito o que melhorar em todos os aspectos do automobilismo, mas no que vi até o momento, tem sido a melhor gestão em comparação com todas as que vi anteriormente. Logicamente o trabalho está apenas no início e ainda tem muito por ser feito ainda tem muito o que melhorar.

 

Uma das principais coisas que precisam ser feitas é ouvir mais quem faz as coisas. Ouvir mais organizadores, ouvir mais pilotos, chefes de equipe, patrocinadores, quem realmente faz a roda girar, aquilo que se vê quando se chega no autódromo ou quando se liga a televisão acontecer.

 

Não estou dizendo que isso não esteja acontecendo, apenas acredito que tudo pode ser melhorado. Eu não acompanhei com profundidade a montagem da equipe que trabalha junto ao Presidente da CBA e por isso acho que não posso opinar sobre se ele escolheu as pessoas certas ou não. Mas este início de trabalho está sendo bom. Espero que melhore.

 

Castilho de Andrade – Jornalista e Diretor de Imprensa do GP Brasil F1.

Eu tenho acompanhado a administração do Dadai com otimismo. Aparentemente, ele está sendo bastante sensível ao quadro que acontece neste momento no Brasil. Falta de novas categorias no Brasil, falta de pilotos brasileiros nas categorias internacionais, ou sejam de um determinado momento para cá, deixamos de ter parte de nossa infraestrutura no automobilismo.

 

O Dadai tem se mostrado disposto a recuperar isso, mas sabemos que é um trabalho muito difícil. A CBA é uma entidade normativa e não pode, não tem como colocar dinheiro dentro do automobilismo, mas penso que ele está conquistando a confiança e motivando empresas, patrocinadores e eventualmente montadoras para se recuperar o terreno perdido ao longo destes anos.

 

Em 2018 o Brasil vai ficar sem piloto na F1 e isso é decorrência da falta de categorias de base e de projetos que permitissem que um piloto brasileiro chegar nas categorias de acesso internacionais com condições de ter sucesso e o Dadai parece estar dando os passos certos no caminho de chegarmos a ter isso novamente. O caminho que tínhamos nos anos 70/80 era um caminho que dava certo, que formou grandes pilotos, e que depois, nos anos 90 continuou, levando os brasileiros a “invadir” a Europa e depois os EUA. Acho que ele vai conseguir retomar este caminho.

 

Claudio Carsughi – Jornalista que dispensa apresentação.

É algo sempre desagradável a gente julgar alguém. O que eu posso desejar é que o trabalho que o Presidente começou a fazer este ano seja positivo, que ele consiga fazer o que planejou ou está planejando da melhor maneira possível, que consiga dar ao automobilismo brasileiro aquele impulso que talvez tenha lhe faltado até agora.

 

É preciso buscar maneiras de envolver as várias montadoras com o objetivo de lançar novos campeonatos onde a capacidade do piloto seja privilegiada, não o equipamento e não a condição financeira desse piloto. Veja que, tempos atrás, o Felipe Massa tentou implantar uma categoria de base nessas condições e o negócio não deu certo.

 

Quem sabe a presença de uma ou mais montadoras pudesse dar este impulso vital para que se altere o quadro que temos hoje. Infelizmente, sem dinheiro não se faz nada e hoje em dia e, talvez, mais caro você desenvolver uma carreira como depois do kart aqui no Brasil do que lá fora.

 

Livio Oricchio – Jornalista e Correspondente Internacional do portal globo.com.

Quando da realização do GP do México eu conversei com Felipe Giaffone, que é o Presidente da ABPA, e ele me deu uma panorâmica de como está sendo este início de gestão na CBA. O que eu espero, em primeiro lugar, é que ele seja o oposto do seu antecessor, que representava o que há de mais arcaico em termos de administração do país. No exterior as pessoas me perguntavam quem ele era, o que fazia, o que representava, uma vez que ele não falava nenhum idioma para se comunicar com os outros representantes na FIA.

 

Espero que ele se consolide como uma liderança forte e que consiga criar projetos, que Page uma empresa – e isso não é pecado – para fazer um diagnóstico sobre os problemas do automobilismo e a partir daí que sejam feitos projetos para serem levados às montadoras ou mesmo em parceria com elas.

 

Até pouco tempo atrás a Petrobras procurava projetos para apoiar e através das pessoas que eu conheço na empresa elas diziam que, o que chegava de projeto para eles não era nada confiável, que o valor disponibilizado não seria bem investido. Mesmo hoje, mesmo com os problemas que vem atravessando, se chegar um projeto sério, bem especificado, a Petrobras vai se interessar em patrocinar.

 

Tem que se fazer presente e mostrar em Brasília, diante do poder, que o automobilismo não é um “esporte de rico”, mas que gera empregos diretos e indiretos. Quase todos os esportes tem gente para brigar por eles lá em Brasília e conseguem apoios, projetos, isenções fiscais e são mesmo bancados para representar o Brasil em competições internacionais, em projetos de formação. Isso também poderia ser feito para o automobilismo.

 

Durante muitos anos o automobilismo foi o esporte que mais projetou o país lá fora. Se à frente do ministério do turismo tivéssemos um homem do meio e não um político, tivéssemos uma pessoa com visão do potencial turístico do país, capaz de implementar projetos sustentáveis e rentáveis, o quanto de dinheiro não entraria no país? No esporte é a mesma coisa... no automobilismo é a mesma coisa. O presidente da CBA precias ser alguém com lastro, para chegar em Brasília e ser recebido como alguém importante. Viajar pelo mundo, sendo pago para isso, apresentando-se e apresentando o automobilismo brasileiro pelo mundo. Trazendo jornalistas do exterior, pagos pela CBA, para conhecer nosso automobilismo, assistir uma etapa da Stock Car, como convidado. O presidente da CBA tem que se fazer representar e representar bem a entidade.

 

Odinei Edson – Jornalista e Narrador do Grupo Bandeirantes.

A política no automobilismo do Brasil está tão desacreditada que não se pode esperar muita coisa. Dá até para comparar com Brasília. A pessoa que fizer um pouco pelo automobilismo vai ser marcado positivamente em uma trajetória para o resto da vida, porque nunca se fez nada em termos políticos pelo automobilismo no Brasil.

 

Há tempor a base do automobilismo está abandonada no Brasil e estaremos colhendo o fruto deste abandono em 2018, quando não teremos mais nenhum piloto brasileiro na F1. Se alguém no cargo que ele ocupa tiver condições de pensar no automobilismo, conseguisse canalizar o que é melhor para o automobilismo e colocasse isso em prática seria um passo importante e o cuidado, o investimento nas categorias de base é o mais importante.

 

Aumentar a base do kart, ter categorias de fórmula e prover meios para pilotos que não tenham recursos conseguirem dar os passos iniciais na carreira de piloto. Aumentando a base vai ser possível encontrar novos talentos, aqueles que tenham algo nato e vontade de fazer para se investir nestes talentos para que eles cheguem adiante, até uma F1. Se for para depender de dinheiro, de se fazer um piloto mais por vontade dos outros do que dele mesmo, o caminho é mais difícil e o resultado está aí.

 

Reginaldo Leme – Jornalista e Comentarista da TV Globo e Sportv.

Gostaria de ver o que ele exatamente é em termos de conhecimento técnico. O Dadai, como nós o chamamos e ele mesmo prefere ser chamado, é o presidente que conhece de forma mais profunda o meio do automobilismo de uma forma técnica do que seus antecessores.

 

Eu gostaria que ele usasse essa experiência, este conhecimento técnico junto aos diretores de prova, aos comissários técnicos e desportivos, aos promotores de categoria, aos donos e chefes de equipe, aos pilotos para gerir a entidade de forma a conciliar, a agregar os desejos de todos que é um automobilismo melhor.

 

Eu sempre me incomodei muito em ver pilotos criticando a CBA de forma generalizada. Eu não gosto disso. Quando o Cleyton [Pinteiro] era o presidente eu defendia o Cleyton quando conversava com as pessoas por ver nele boas intenções e a resposta que eu tinha era a que não passavam de intenções.

 

O Dadai foi lançado candidato pelo Cleyton e eu gostaria de vê-lo executar mais. Ele é o que se diz no meio do automobilismo aquele tipo de pessoa que tem a “mão na graxa”, porque ele conhece e sabe como fazer. É isso que eu espero dele, que ele faça. Os primeiros passos estão sendo dados na direção certa.

 

Sergio Maurício – Jornalista e Narrador da TV Globo e Sportv.

É um questionamento bem complexo. Eu acho que a gestão tem que ser o mais transparente possível e totalmente em prol do automobilismo. Algumas gestões passadas nau deram ao automobilismo brasileiro o tratamento que deveria ter sido dado, como um esporte de elite, mas que precisa e deve ser popularizado.

 

Todos sabemos que o automobilismo é um esporte caro, que requer investimentos grandes e que estamos passando por uma crise econômica muito grande e o Dadai é uma pessoa que tem ideias maravilhosas, é uma pessoa com uma mentalidade jovem e dinâmica. Ele fundamentalmente ama o automobilismo e eu estou acreditando muito na sua administração.

 

Ele tem uma herança, digamos, espinhosa com a administração da CBA por conta da gestão passada mas ele é uma pessoa muito dedicada e diante de um grande desafio que é reestruturar o que se perdeu nos últimos anos por conta da crise econômica que ainda persiste. Não é apenas uma questão de se reduzir custos, mas de buscar mais parceiros, mais investimentos que possam levantar o automobilismo brasileiro ao nível que ele tem por história, com seus títulos mundiais na F1, na Indy e em outras categorias.


Last Updated ( Wednesday, 10 January 2018 22:06 )