Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
A novidade da Pirelli para a Stock Car em 2018 PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 14 March 2018 21:31

Há alguns anos temos acompanhado os investimentos que a Pirelli vem fazendo no automobilismo brasileiro. A empresa italiana é a principal fornecedora de pneus para as categorias de competição nacionais. Desde 2017, apenas uma – a Porsche GT3 Cup Challenge – é a única categoria nacional que não faz uso de pneus da grife italiana, tendo passado a adotar outro fabricante no ano passado.

 

Como todos sabem, há anos a Pirelli é a fornecedora oficial de pneus para a Fórmula 1, o maior laboratório de desenvolvimento de compostos pneumáticos a céu aberto do mundo e para fazer pneus para carros de turismo, outras fórmulas e endurance, a Pirelli possui um grande corpo técnico trabalhando em diversas partes do mundo e trocando informações para otimizar a qualidade dos produtos disponibilizados.

 

O site dos Nobres do Grid já fez algumas matérias sobre as mudanças nos pneus Pirelli adotados nas competições nacionais, tanto na Stock Car e suas demais categorias bem como na Fórmula Truck, sempre contando com a agilidade dos nossos enviados aos autódromos como com a colaboração dos engenheiros da Pirelli, que nunca se negaram a conversar sobre o que a fabricante estava trabalhando.

 

No ano passado o Diretor de Marketing, Marco Maria Tronchetti, deu uma pista de que algo novo viria pela frente.

 

No ano passado – em 2017 – em uma coletiva com alguns integrantes da imprensa o então Diretor de Marketing, Marco Maria Tronchetti, sobrinho de Marco Tronchetti, por muitos anos chairman da empresa italiana, nos deu sutis indicações sobre a visão de como a Pirelli vinha conduzindo trabalhos em parceria com a principal categoria do automobilismo nacional e que não apenas ações na área de marketing, mas também na área técnica.

 

Nas próprias palavras do executivo, o Brasil é considerado um de seus principais mercados automotivos no mundo e em termos de mercado o Brasil uma segunda casa, às vezes até a primeira pelo volume de vendas e fatia de mercado. Quando ele afirmou que havia muitas ideias, e a Pirelli e a direção da VICAR estavam juntos na busca de inovações para fazer do espetáculo algo ainda melhor, acendeu a luz de alerta na nossa redação... vinha novidades para 2018! Mas o quê?

 

Nossos enviados foram para a abertura da temporada em Interlagos com uma “pauta investigativa”, prontos para cercarem os engenheiros da Pirelli e descobrir se haveria e o que haveria de novidade com relação aos pneus da categoria. Nosso ‘feeling’ sobre ter algo no ar desde o ano passado estava certo, mas ao invés de fazermos algo exclusivo para o site dos Nobres do Grid, foi convocada uma coletiva de imprensa na véspera da corrida para a apresentação da novidade para a temporada 2018 da Stock Car.

 

 

Com a presença à mesa do Diretor Executivo da VICAR, Rodrigo Mathias, do Presidente da CBA, Waldner Bernardo e do Roberto Ricosti, Engenheiro de Desenvolvimento de Produtos para Motorsport na América Latina, o Gerente de Produtos Car e Motorsport, Fábio Magliano foi apresentada a novidade para a temporada 2018 da Stock Car: o aquecimento de pneus, como é feito na Fórmula 1 e em outras categorias de ponta pelo mundo.

 

Há alguns anos estamos acostumados a ver os pneus dos carros de Fórmula 1 cobertos com mantas elétricas nos boxes e mesmo no grid, antes da volta de apresentação, os cobertores são retirados dos pneus momentos antes dos carros partirem, quando as equipes são obrigadas a deixar o grid. Uma história que começou de forma improvisada, com cobertores elétricos domésticos usados pela equipe Brabham no início dos anos 80.

 

Com o tempo os cobertores elétricos dos pneus foram modificados, foram feitos moldados para cara tipo de pneu, cada vez com materiais mais especializados e o sistema de aquecimento de pneus apresentado para atender a Stock Car usa materiais sintéticos com uma combinação de polyester e nylon revestindo o sistema de resistências elétricas conectados a um “carrinho” dotado de uma fonte geradora de energia (um pequeno gerador de 6 kva) capaz de levar os quatro pneus – capacidade máxima de transporte de cada carrinho – a temperatura de 90°C, dentro da faixa de trabalho dos compostos produzidos para a categoria.

 

Fabio Magliano (ao centro) explicou os motivos que levaram a Pirelli a fazer este investimento na categoria.

 

Um dos fatores mais importantes – na nossa humilde opinião, a mais importante – levado em conta para a introdução do sistema de aquecimento de pneus foi a segurança. Apesar de, após retirado de seus cobertores e instalados nos carros os pneus percam até 10 graus de temperatura, nesta condição, a variação de pressão é menor do que a alteração entre um pneu “à temperatura ambiente” e um pneu pré-aquecido, como explicou Magliano.

 

Cada equipe vai receber oito mantas e um carrinho de aquecimento de pneus por carro do grid e, neste primeiro ano, o sistema de aquecimento só será utilizado antes das corridas. Um fator importante quando se vê uma inovação sendo introduzida é a dura realidade da análise de custos e a definição de “quem vai pagar a conta”. Interessada no sucesso de sua inovação, o Diretor da Pirelli disse que a empresa assumirá a logística das mantas e dos carrinhos, além disso, disponibilizará suporte técnico especializado nas etapas para auxiliar as equipes na melhor utilização do equipamento, assim como receberam um manual de instruções sobre o uso do cobertor, como proceder com os pneus e limites de ajustes para o carro.

 

 

Durante a coletiva, um dos pontos que foi salientado é a possibilidade das equipes poderem trabalhar a relação temperatura, volume e pressão (lei geral dos gases) alterando a pressão dos pneus e aquecendo mais ou menos os pneus para encontrar o equilíbrio ideal para aumento da performance do carro na pista e melhor razão de consumo dos pneus. Um componente bastante interessante com o início das corridas partindo de pneus pré-aquecidos ao invés de estarem à temperatura ambiente.

 

Dotado de um pequeno garador, o carrinho de transporte pode manter os pneus aquecidos entre os boxes e o grid.

 

Além disso, as regras para o uso dos pneus vai mudar em 2018. Cada carro recebeu 16 jogos de pneus para a primeira etapa da temporada e a partir da segunda etapa, poderão usar mais 8 jogos de pneus novos e 8 jogos de pneus usados em 2018, aumentando o número de pneus por carro na temporada de 84 para 104.

 

Como deve ser a boa prática do jornalismo, fomos buscar o outro lado da linha e conversamos com dois proprietários de equipe da categoria para saber das impressões e dos desafios que será contar com este novo equipamento em seus boxes.

 

Para Amadeu Rodrigues, é um trabalho muito bom, que foi muito conversado ao longo dos últimos meses e que para o espetáculo vai ser um grande atrativo para o público, que verá as equipes trabalhando na instalação dos pneus com os carros no grid, poucos minutos antes da largada.

 

Para o trabalho das equipes haverá um aumento de trabalho e a necessidade de se aumentar o número de pessoas envolvidas, o que impactará em aumento de custo, apesar do equipamento estar sendo cedido pela Pirelli. Transportar os carros com os pneus demanda pessoal. Ter uma pessoa que saiba trabalhar com as variações de temperatura e pressão para acertar a calibragem ideal demanda um profissional especializado. Ter máquinas pneumáticas para fazer a colocação de 8 pneus pouco mais de 5 minutos para a largada vai precisar ter mais máquinas do que duas ou três que se tenha nos boxes.

 

Segundo o experiente chefe de equipe, para colocar os pneus na temperatura da faixa de trabalho dos mesmos na pista o sistema de aquecimento leva pelo menos uma hora e meia. Nos boxes o sistema é ligado em tomadas próprias da rede elétrica (Nem pensar esse sistema que temos em casa. É ligação industrial). O gerador dos carrinhos de transporte são apenas para o trajeto dos boxes ao grid de largada, onde os carros não farão mais voltas de apresentação.

 

Para o campeão da temporada passada, Rosinei Campos, o mais importante dos quesitos a ser considerado e que o sistema de aquecimento de pneus vai atender é a segurança, uma vez que com os pneus sendo aquecidos antes das corridas e nas trocas durante as mesmas vai ser evitado o risco de rompimento do pneu ou quebra do “ombro” por conta da calibragem baixa com o pneu frio e a necessidade de submeter os mesmos a grandes esforços nas largadas e volta à pista depois das paradas nos boxes.

 

Quando um pneu de corrida estoura, rasga, destalona, diante das câmeras da televisão, além do risco para o piloto do carro e os pilotos da corrida, isso atinge a imagem da fornecedora de pneus e isso foi muito falado nas reuniões que tivemos com a VICAR e com a Pirelli. Até o ano passado não era permitido aquecer os pneus por meios artificiais, mas se alguém quisesse colocar os pneus no sol, isso não era proibido. Mas até onde haveria uma efetividade nisso, não sei. Os aquecedores levam entre uma hora e meia a duas horas para aquecer os pneus à temperatura de trabalho destes na pista, dependendo de qual temperatura for ajustada pela estratégia da equipe.

 

Todas as equipes vão ter que adotar novos cuidados técnicos com relação aos pneus para que o processo de aquecimento seja feito de forma correta. O aquecimento dos pneus leva de uma hora e meia a duas horas para chegar na temperatura ideal e dentro da equipe teremos que atribuir funções para alguns integrantes para cuidar do processo.

 

Em Interlagos tudo correu como o planejado. Em Curitiba, na próxima etapa, também teremos o sistema funcionando sem problemas, uma vez que o autódromo oferece condições para a conexão do sistema de aquecimento à rede elétrica, mas este ponto foi discutido nas nossas reuniões, uma vez que nem todos os autódromos do Brasil podem garantir o fornecimento extra de energia para isso. Assim, a VICAR e a Pirelli assumiram o compromisso de instalar geradores para que o sistema de alimentação dos aquecedores de pneus seja garantido.

 

O único aumento de custo efetivamente certo para as equipes é na manutenção dos equipamentos para troca de pneus, que serão obrigatórias este ano, tendo as equipes que trocar pelo menos dois pneus. Assim, as máquinas pneumáticas tem que funcionar perfeitamente. Como aumentou o número de pneus por carro, houve um aumento no montante total, mas houve uma redução no valor por pneu, o que diminuiu o custo.

 

Esta cena será constante na temporada 2018 da Stock Car, com as equipes transportando seus carrinhos entre os boxes e a pista.

 

Pelo regulamento de 2018, os pneus serão aquecidos apenas para as corridas, sendo os quatro pneus que serão colocados nos carros pouco antes da largada e os pneus que serão trocados nas paradas obrigatórias nos boxes. Para os treinos, os pneus não serão pré aquecidos. Isso muda para 2019, caso seja aprovado o processo feito este ano e todos os pneus, para treinos e corridas, serão aquecidos.

 

A Stock Car está iniciando sua quadragésima temporada, trinta e cinco das quais com os carros, desde os míticos “Opalões” até os carros construídos pela JL em Cotia, equipados com pneus Pirelli e com um contrato de cinco anos assinado e com mais alguns destes em vigor pela frente, talvez podemos esperar mais inovações para a categoria.

 

Da Redação

 

Fotos: NdG CDO e Site da Stock Car.

 
Last Updated ( Thursday, 15 March 2018 13:23 )