Olá pessoal que acompanha o site dos Nobres do Grid, Como prometi na coluna do mês passado, o nosso assunto vai ser a condução de veículos automotores sob condições adversas com pista molhada e situações com chuva forte, abordando as situações que se apresentam e como podemos fazer nossa condução de forma mais segura. Uma coisa que percebi depois que mudei para o Canadá e nas minhas idas de carro para o trabalho aqui (30 a 40 minutos de porta a porta) ou quando vou para Detroit (não levo mais que uma hora e meia da minha casa até a sede da empresa, do outro lado da ponte Ambassador) é como o motorista é consciente por aqui. Quando temos uma condição adversa (neve, gelo ou chuva forte), todos passam a andar mais devagar, aumentar a distância para o carro da frente, tudo para evitar engavetamentos, aqueles acidentes com dezenas de veículos. E mesmo assim nem sempre eles são evitados. As estradas, avenidas e ruas tem um asfalto excelente, sem buracos, sem lombadas, tudo aquilo que inibe o motorista brasileiro a acelerar sem controle. No caso de chuva, lembro bem que em Salvador nós diminuíamos a velocidade não por causa da segurança na condução, mas pelo medo dos buracos que ficavam cheios de água e não conseguíamos identificar. Mas a mania de andar “colado no pára-choque do carro da frente” continuava igual. No inverno, a região nordeste do Brasil sofre seu período mais chuvoso. No sul, sudeste e norte, as chuvas mais intensas ocorrem no verão. Assim, as minhas recomendações servem para todos durante o ano inteiro e minha primeira recomendação é: tenha bom senso! Você não quer bater o carro – o que vai lhe dar um prejuízo financeiro e pode machucá-lo – o que implica em dores de cabeça além dos riscos. As ruas, avenidas e estradas possuem tipos diferentes de calçamento, podendo ter paralelepípedos ou lajotas de cimento, placas de concreto e asfalto, sendo este último podendo ter mais ou menos abrasividade. Logicamente o comportamento do seu carro irá mudar entre eles e, com o piso molhado, estas diferenças irão se acentuar na perda da capacidade de atrito do piso. Além disso, com a poeira, alguma terra, fluidos vindo de carros e resíduos de borracha que se acumulam com o tráfego contribuem para deixar a pista mais escorregadia quando misturada com a chuva. O primeiro efeito disso é que o espaço percorrido da frenagem até a parada total do veículo aumenta consideravelmente. Em 1 segundo, um veículo a 80 Km/h pode percorrer 22 metros. Distância suficiente pra atingir outro veículo. A capacidade de frenagem na pista molhada, dependendo do pneu do carro e dos recursos eletrônicos à disposição, pode ser comprometida em 60 a 70%. Ou seja, Se um carro levar 50 metros para parar por completo em pista seca, vai levar 30 a 35 metros a mais em caso de pista molhada. Quando um carro é projetado, a montadora faz uma série de cálculos para determinar qual a gama de pneus que se adéquam àquele modelo levando em conta diversas variáveis. Caso o proprietário decida colocar um “pneu melhor”, deve buscar informações para não deixar o seu veículo inseguro... e pouquíssimas pessoas pensam nisso, prendendo-se apenas a questão estética. Um pneu de um carro de rua possui um conjunto de sulcos e gomos, que criam “canais” em sua banda de rodagem, alternando partes em contato com o asfalto e partes com espaço e direcionamento para o escoamento da água em caso de chuva. Em dias de chuva, por exemplo, a água da pista entra por estes canais e é expelida por baixo do pneu, mantendo a estabilidade e a segurança do veículo na pista. Cada pneu possui uma capacidade de remover da superfície de contato entre este e o asfalto de um determinado volume de água. Este volume é calculado para o pneu novo e, com o tempo e o uso do pneu, esta “conta” vai se alterando. Conforme os pneus vão sendo utilizados, a borracha da banda de rodagem vai, consequentemente, se desgastando e os sulcos dos pneus vão ficando menos profundos e apresentam dificuldade para fazer esse escoamento da água. Nesse caso, a frenagem do carro fica comprometida em pista molhada, aumentando o risco da chamada aquaplanagem (quando o carro derrapa sem controle por conta do piso molhado). Os pneus podem ter diferentes tipos de banda de rodagem: Banda de rodagem simétrica, que é o tipo de banda de rodagem que apresenta desenhos de sulcos em um padrão simétrico, ou seja, os lados direito e esquerdo possuem os mesmos desenhos de sulcos e ranhuras. Banda de rodagem assimétrica, que possui desenhos diferenciados de sulcos. Isto é, o lado direito da banda conta com esculturas diferentes das que são desenhadas no lado esquerdo. Isso garante mais tração ao veículo e estabilidade em curva, sem perder a capacidade frear bem em pista molhada, e estas podem ser direcionais ou bidirecionais. Um outro fator importante na condução de um veículo sob chuva é garantir a melhor visibilidade possível. Com chuva, a visibilidade fica muito prejudicada, algo que se agrava em períodos noturnos com a perda da eficiência dos faróis do seu carro e o ofuscamento que os faróis dos outros carros irá provocar. Pistas molhadas refletem ainda mais a luz, e os faróis dos veículos em direção oposta tem a luminosidade multiplicada pelos pingos de chuva no seu parabrisa. Neste caso, dirija sua visão central para o acostamento, evitando olhar diretamente para os faróis do carro em sentindo contrário. Sua visão periférica acompanhará sua trajetória, portanto, não espere para acionar o limpador de parabrisa. As primeiras gotas de chuva podem prejudicar a visibilidade do motorista. Por isso não se deve esperar a chuva molhar todo o vidro. Deve-se ficar atento também ao reservatório de água do esguicho. Mantenha-o sempre cheio com água e algum tipo de detergente (uma colher de café de detergente de cozinha resolve, mas há produtos próprios para isso). O produto irá auxiliar na limpeza de resíduos de óleo no para-brisa e evitar o entupimento do bico de esguicho. Um outro problema é o embaçamento interno dos vidros. Nem todos os carros possuem um sistema eficiente de anti-embaçamento, especialmente se o motorista estiver com o aquecimento do carro numa graduação muito forte. Para quem não tem recursos técnicos no veículo, abrir frestas nos vidros laterais é a medida imediata, mesmo com o risco de levar um indesejado “banho de água suja”! Contudo, há uma coisa que o motorista e seu(s) carona(s) podem fazer para melhorar a visibilidade do motorista. Um deles é o uso de um anti-embaçante líquido, facilmente encontrado no mercado. Estes produtos oferecem custo/benefício ideal, pois podem durar por muito tempo devido ao pouco uso. Outra coisa é ter papel toalha no carro. Ao enxugar o para-brisa, utilize este tipo de papel. Funciona melhor que qualquer “paninho” ou a mão, que deixa resíduos de gordura nos vidros. No caso de chuva forte, a probabilidade de se criar sobre as pistas de rolamento uma camada de água com maior volume é enorme e isso nos leva ao maior dos perigos em caso de chuva: a aquaplanagem. A aquaplanagem é o fenômeno que acontece quando os pneus perdem o contato com a pista, pela formação de uma lâmina de água entre o pneu e o solo, quando a quantidade de água extrapola o limite da capacidade dos pneus de escoar a áqua entre ele e a pista de rolagem. A aquaplanagem pode ocorrer em velocidades já próximas dos 50 km/h. Acima dos 80 km/h, os pneus podem não mais cortar a camada de água e o veículo começa a aquaplanar desgovernado. Nem sempre é fácil perceber quando você está em uma aquaplanagem. A parte traseira geralmente começa a parecer um pouco solta, gerando a impressão de estar movendo-se de um lado para o outro. A resposta do carro ao volante também começa a parecer pouco responsiva. O problema é que quando você percebe estas características, já está aquaplanando. Por isso, é importante prestar atenção na reação dos carros à sua frente, e como seus pneus comportam-se em relação à água da estrada. Caso isso aconteça, é preciso calma e raciocínio para evitar um desastre. Pare de acelerar para reduzir a velocidade. Se o seu veículo é equipado com freios ABS, pise até o fundo no pedal do freio, desde que o carro ainda esteja andando em linha reta, até recuperar o controle do veículo. Caso não possua ABS nunca pise no freio bruscamente, isso irá piorar a situação. Segure firme o volante para manter as rodas retas na pista. Depois que os pneus voltarem a ter contato com a pista, gire levemente o volante de um lado para o outro. Dessa forma você sentirá se o veículo aderiu à pista. Em pista molhada, a aderência diminui e a possibilidade de derrapagem aumenta. Uma freada forte por travar a rodas, e as rodas travadas perdem o contato com o solo, deslizam e deixam o veículo fora de controle. Para evitar o travamento das rodas, não pise forte no pedal do freio, pise de forma muito leve, preferencialmente, apenas quando seu veículo já tiver recuperado algum controle. Se o conjunto de freios for ABS, basta pisar levemente no pedal. Se não for, será necessário fazer leves movimentos de “bombeamento” com o pé, para garantir maior segurança na frenagem. E lembre sempre que o uso correto dos freios aumenta sua segurança e dos que estiverem próximos do seu veículo. Mas, na chuva, ainda temos aqueles que são “extremamente precavidos” e outros “irresponsavelmente atrevidos”. Em ambos os casos, o motorista vai se ver em uma situação de ultrapassagem ou sendo ultrapassado. É sempre melhor evitar as ultrapassagens. Porém, caso haja a necessidade, avalie com o máximo de cuidado o momento e o local da ultrapassagem. Ela deve ser feita no menor tempo possível, dentro dos limites da sua própria sensação de segurança. Lembre-se que o veículo que você vai ultrapassar levanta uma nuvem de água, que vai aumentando à medida que você se aproxima. Resíduos de lama e óleo contidos nessa água, que se acumulam no parabrisa, podem provocar a perda momentânea de visibilidade, mesmo com o uso correto do esguicho e limpador de parabrisa. Além da seta, sinalize sua ultrapassagem tocando a buzina duas vezes para chamar a atenção e acelere com decisão. Ao retornar à sua pista de origem, não esqueça de certificar que já está a uma distância segura do veículo ultrapassado. No caso de estar sendo ultrapassado, mantenha sua linha, não aumente sua velocidade e, se puder, tire um pouco o pé do acelerador para dar mais margem para quem o ultrapassa e para quando ele entrar na frente do seu veículo, a distância ser maior e o carro que o ultrapassou vai jogar menos água em seu parabrisa. Seja prudente para não virar uma estatística. Muito axé pra todo mundo, Maria da Graça
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