Fernando Alonso venceu no domingo, 18 de junho, as 24 horas de Le Mans, ao lado de Sebastien Buemi e Kazuki Nakajima. Ao volante do Toyota número 8, venceu na sua primeira tentativa em La Sarthe, numa corrida onde demonstrou muito do seu talento, especialmente à noite, depois de de terem sofrido uma penalização de um minuto por andarem depressa numa "slow zone" quando tinha Nakajima ao volante. O piloto espanhol está feliz por alcançar algo. Comemorar uma vitória, já não o faz desde 2013 na Formula 1, e campeonatos, desde 2006. As temporadas desastrosas na McLaren, especialmente no tempo que teve o motor Honda, fizeram com que alargasse os horizontes, no sentido de ter uma carreira mais diversificada, sem perder o foco na Formula 1. E se a temporada está a ser um pouco melhor que as anteriores, porque a equipa mudou para motor Renault, desde o ano passado que anda a experimentar outras competições. A chegada às 500 Milhas de Indianápolis, em 2017, deu "hype", especialmente quando se soube que abdicou do GP do Mónaco para competir nessa prova. Este ano, não abdicou de qualquer Grande Prémio para fazer a sua temporada na Endurance, mas vai andar com fins-de-semana sempre a competir. Para dar um exemplo, depois de Le Mans, vai ter Formula 1 nos três fins-de-semana seguintes, em França, Austria e Grã-Bretanha. E é provável que no fim-de-semana que não haja Formula 1, exista compromissos com a Toyota na Endurance.
De forma muito inteligente, Zak Brown vem criando maneiras de motivar (e manter) Fernando Alonso no grupo McLaren. Mas para piorar as coisas, ele anda cansado da Formula 1. É um veterano de 17 temporadas - comemorou o seu 300º Grande Prémio no Canadá - e o carro, apesar de ser melhor em 2018, não é vencedor. Vai a caminho dos 37 anos e tem consciência que oportunidades para ser tricampeão estão cada vez mais a escassear. Daí virar para outras paragens, uma delas a IndyCar. É sabido que a McLaren, agora chefiada por Zak Brown, deseja colocar uma equipa por lá. Não vai construir chassis, mas seria um regresso à competição que abandonou há 40 anos e no qual venceu pelo menos por três vezes em Indianápolis, em 1972, com Mark Donohue e em 1974 e 76, com Johnny Rutheford. Zak Brown e Eric Boullier já visitaram o paddock do campeonato americano, fazendo contactos a diferentes níveis, pensando em alianças com equipas estabelecidas, como a Andretti e a Rahal. Em 2017Alonso disputou as 500 Milhas de Indianápolis. Para 2019, há a possibilidade do time McLaren retornar ao campeonato. A McLaren tem Alonso como trunfo nas negociações para a aliança, e claro, o piloto espanhol gosta da ideia de competir por lá, especialmente nas ovais, onde com carros iguais, poderia mostrar o seu talento. E agora que tem dois dos três títulos que compõem a "Tripla Coroa" do automobilismo, as 500 Milhas tornaram-se na parte que falta para o seu palmarés. E ele já disse que pretende voltar num futuro próximo. E o que é interessante neste ano é que ele poderá ser campeão do mundo. Não da Formula 1, mas sim da Endurance. É quase algo inédito, embora já tenha havido muitos pilotos de Formula 1 que foram campeões nesta categoria, como Jacky Ickx, Stefan Bellof, Teo Fabi ou Hans-Joachim Stuck. Mas, que eu saiba, nunca vi nenhum campeão do mundo a ser campeão da Endurance. A vitória em Le Mans é a segunda estrela da "tríplice coroa"... mas poderia o plano de Alonso ser ainda maior? Seria inédito, e isso poderá acontecer... a meio de 2019, com a Toyota, pois esta tripla também venceu em Spa-Francochamps, na abertura do super-campeonato. E com a modificação do campeonato, que vai durar ano e meio, e acabará com nova edição das 24 Horas de Le Mans, não ficaria admirado se ele fosse correr - e ganhar - a edição seguinte da prova. Em suma, é um pouco incrível, mas a carreira de Alonso poderá ter uma segunda vida. Está a provar, primeiro a ele mesmo e depois aos outros, que há vida para além da Formula 1. Que o seu talento pode ser medido nos carros que anda e não na categoria-rainha do automobilismo, tanto que Alejandro Agag, o patrão da Formula E, já o desafiou a vir sentar num dos carros da nova geração da competição, que irão aparecer no final do ano, na Arábia Saudita. Sempre de olho no presente - e no futuro - Alejandro Agag (ao lado de Jean Todt) pode atrair Fernando Alonso para a F-E. Não fiquem admirados se ele aceitar o desafio, e depois competir uma temporada completa nessa competição. E se calhar, nem vai precisar de largar o volante de um Formula 1... Saudações D’além Mar, Paulo Alexandre Teixeira
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