Quando Maurício Gugelmin corria pela Equipe PacWest, na Fórmula Indy, era muito legal ficar no ônibus onde eu trabalhava ao lado do Alexandre Kacelnik, o Kaká, meu antigo companheiro de O Globo, e depois com o Roberto Falcão, que o substituiu na função de assessor de imprensa da Hollywood, a principal patrocinadora brasileira do Gugelmin. Ali, devido às várias viagens eu conhecia praticamente toda a equipe e, principalmente, uma pessoa que trabalhava mais ligada ao Kaká. O tempo é um problema, pois te leva a esquecer nomes. Mas, independentemente do nome, lembro muito bem que era a mais brasileira das escuderias da F Indy, pois o Maurício descontraía o ambiente e vivia sacaneando todos os membros da equipe. Ele até tinha (ou ainda tem) uma casa na Flórida, numa ilha com pouco mais de vinte habitações próxima da de Bruce Mccaw, o proprietário de tudo. Alí Maurício caçava lagostas praticamente no quintal de casa. Nas corridas, uma das atitudes praticamente obrigatórias todos os sábados, depois da tomada de tempos classificatória, era uma bebida que a loira, aquela que eu esqueci o nome, fazia e chamava de caipirinha. Digamos assim que era algo parecido com a tradicional bebida brasileira. Eu vi ser feita algumas vezes. Ela cortava os limões inteiros, com casca e tudo, jogava num recipiente, pois era para muita gente, depois de dar uma espremida na fruta, despejava açúcar e vários litros de vodka, uma daquelas vendidas em garrafas plásticas. Eles achavam que aquilo era a caipirinha brasileira. Grande engano. Fajuta demais. Era um tipo de bebida alcoólica com limão e açúcar. Só isso. Mas era suficiente para alegrar muita gente que frequentava o motorhome da equipe. Nunca vi Maurício Gugelmin tomar um gole sequer, mesmo depois dos classificatórios. Não sei se pelo gosto ácido da casca e das partes brancas dos limões ou por não gostar mesmo. Nunca me arrisquei nem a perguntar. Quando eu estava no Brasil, uma das pessoas que me ajudavam a falar com o Big Mo, como era conhecido na equipe (ele dizia que era devido àquilo que alguns homens adoram se gabar, mas os amigos negavam) era seu irmão Alceu Gugelmin, que residia (ou reside ainda) em Curitiba e tinha, entre seus bens, uma perua Mercedes-Benz azul que era do Ayrton Senna. Descobri isso por uma vez, quando estava conversando com o Alceu, ter dito que o Ayrton tinha uma daquele tipo e daquela mesma cor. Ele revelou que tinha comprado dele e recusado várias ofertas pelo carro. Depois contarei uma pescaria que fiz com o Big Mo em Miami. Milton Alves |