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A irresistível decadência da formula 1? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 22 October 2018 23:17

 

No passado dia 17 de outubro, saiu a notícia de que a organização do GP do Brasil não iria pagar para receber a sua corrida em Interlagos, pelo menos até 2020. Ou seja, nas próximas três edições - a corrida deste ano só irá acontecer a 11 de novembro - a organização vai pagar zero à Liberty Media. Segundo se conta, o acordo foi alcançado no final de 2016, quando a Liberty Media tomou conta dos negócios da Formula 1 a Bernie Ecclestone, e aparentemente, esta foi a "prenda" que ele deixou à nova organização...

 

Sobre isso, uma fonte comentou:  “Essa é a versão mais abreviada, mas não está muito longe da verdade. Ficamos surpreendidos quando vimos o contrato, mas o sr. E era o chefe na época...

 

Há alguns dias, o site racefans.net (antiga f1fanatic.co.uk), publicou um artigo de Dieter Rencken, onde fala sobre a possibilidade da Formula 1 enfrentar um declínio que poderá ser irreversível. Não só por causa da saída de cena de Ecclestone, o declínio de audiências e consequente envelhecimento dos fãs, e a chegada de rivais que poderão atrair toda uma nova geração de fãs, mais novas, mas também por causa das armadilhas que o "anão tenebroso" deixou para a Liberty desarmadilhar. E também com a crescente insatisfação das equipas. E quando elas se reúnem e concordam numa coisa, normalmente esse “Club Piraña” está disposta a causar sarilhos.

 

 

No GP da Japão, em Suzuka, Toto Wolff convidou os restantes diretores de equipa a reunir-se no motorhome da equipa Mercedes. O assunto era confidencial, ao ponto de o motorhome ter sido fechado sem aviso e depois, no final, ninguém abrir a boca sobre o que andaram a conversar. Pelo menos oficialmente, porque depois, alguns abriram a boca sobre os assuntos abordados nessa tal reunião: "apimentar" o espectáculo e a descida de receitas provenientes da FOM por causa do declínio das audiências.

 

 

Em 2018, apesar de coisas novas que a Liberty Media introduziu – novo logotipo, música temática, um serviço de streaming – a audiência caiu cerca de quatro por cento. A contribuir isso, a descida de horas dedicadas à Formula 1, de 23 mil em 2017 para 18.500 este ano, por causa do final de canais como a F1 Latin America e a Sky Germany/Austria, canais fechados e pagos. E em alguns sítios, como na Rússia, as audiências caíram cerca de 20 por cento, o que poderá explicar os constantes ajustes no calendário - de setembro para abril/maio e agora voltou para o final de setembro - mas isso está por confirmar.

 

E também há outra coisa, do qual todos sofrem - e quando se diz “todos”, pode-se alargar à IndyCar e à NASCAR - são as audiências. Elas estão a envelhecer e os mais novos tem novos gostos. Não só estão largando a televisão para ver programas e séries no Netflix ou no Youtube, como também não ficam com os gostos dos pais. E isso também faz mossa nos patrocinadores: os que vão embora são substituídos por outros que pagam menos.

 

 

Dois exemplos que podem acontecer por estes dias: a Coca-Cola, que sempre foi tentada a ir para a Formula 1, mas nunca foi, está agora nos sidepods dos McLaren até ao final da temporada, ou seja, quatro Grandes Prémios: Estados Unidos, México, Brasil, Abu Dhabi. E a pequenez do seu logotipo, quer no fato da competição, quer no carro, faz pensar que o valor desse logotipo seja baixo, na ordem dos oito milhões de dólares.

 

Um segundo exemplo tem a ver com a possibilidade do regresso de Robert Kubica. No momento em que escrevo estas linhas, o piloto de 33 anos poderá ter fechado um acordo de patrocínio com a petrolífera local, na ordem dos dez milhões de dólares. E isso poderá ser importante para a equipa, porque irá perder a Martini e a Unilever, e ambos poderá representar um rombo a rondar os… quarenta milhões de dólares. O que é imenso. E a não ser que Serguei Sirotkin ou Esteban Ocon tragam mais e melhores patrocínios, parece que o segundo lugar da Williams será mais um leilão que será arrebatado ao melhor preço. E Kubica parece partir da “pole-position”. 

 

E no meio disto tudo, a Formula E cresce. Bastante. Não só em termos de audiência, mas também nos construtores: das onze equipas presentes, sete são construtores: Jaguar, Nissan, Mahindra, Nio, BMW (Andretti), DS (Techeetah) e Mercedes (HWA). E a Porsche tem lugar garantido na próxima época, no ano em que vão estrear um chassis novo, o Gen2, e as corridas terão 45 minutos, metade das atuais corridas da Formula 1. Na semana dos testes em Valência, a meio de outubro, houve uma simulação de corrida e quem assistiu, disse que o final foi emocionante, apesar da “falta de barulho” do qual os mais velhos se queixam… 

 

 

Mas a maioria dos que assistem à Formula E são novos. Adolescentes, crianças até, que vê ali o futuro, e claro, futuros consumidores. É o século XXI a chegar, e a afastar os que ainda estão mentalmente no século XX. E claro, tirando a Renault (que faz parte do mesmo grupo que a Nissan), nenhuma destas marcas está na Formula 1, nem tem planos para aparecer por lá num futuro próximo...

 

E as razões são as que são conhecidas. Uma delas são os custos cada vez maiores da competição e as constantes viagens de um calendário cada vez maior e mais espalhado pelo mundo. Cresce de lado e as coisas são cada vez mais caras. E os orçamentos são cada vez mais curtos, e como viram em cima, arranjar patrocinadores é cada vez mais complicado, e não querem pagar os valores exigidos pelas equipas.

 

 

De uma certa forma, o futuro está a ser mostrado todos os dias, e os que estão na Formula 1, bem como noutras competições que são essencialmente antigas e dependentes dos motores a combustão. Toda a gente sabe perfeitamente que, caso não se mexam, o futuro será cinzento para eles. Devem estar a ter a consciência de que o auge ficou para trás, e tem de se adaptar para a longa curva descendente. E essa consciência já começamos a ter quando este verão se discutiu a possível electrificação da Formula 1, ou a fusão com a Formula E. Alejandro Agag, o seu dirigente, teve de ir a público e dizer à Liberty Media que tem os direitos exclusivos da electrificação até 2039, assinado com a FIA quando a competição começou, em 2014. E claro, Jean Todt corroborou o contrato. 

 

Mas o lado interessante foi Agag ter já dito que a Formula 1 tem de se electrificar dentro de dez anos, caso contrário, vai ser irrelevante, como um fidalgo arruinado. Será que piscou o olho a eles no sentido de fazer um acordo não muito distante, onde em troca, ele se torna no novo “mister E”? Ele pode ter a faca e o queijo na mão...  

 

Saudações D'além Mar,

 

 

 

Paulo Alexandre Teixeira

 

 

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