Não é toda semana, como vemos no calendário da categoria, que um piloto da NASCAR aparece no Brasil, ainda mais para correr. Quando vimos a presença do Justin Allgaier nos boxes de Interlagos para o encerramento da temporada da Porsche Endurance Cup, tratamos de correr e preparar uma entrevista com ele... e esta saiu melhor do que esperávamos. Muito atencioso e solícito, Allgaier nascido há 32 anos em Spaulding, Illinois, mas que cresceu em Riverton, ele não aliviou o pé em nenhuma pergunta. Algo que um piloto que já venceu mais de cem corridas e cinco campeonatos tem pé pesado para fazer. Estreando nas corridas de stock car aos treze anos no UMP Late. Model Series, onde ele competiu por três temporadas. Na idade de dezesseis anos, ele fez sua estréia na série ARCA RE / MAX no Illinois State Fairgrounds Racetrack, dirigindo o número 99 da Hoosier Tire Midwest / Law Automotive Chevrolet para Ken Schrader, trilhando um caminho que o levou até a principal categoria da NASCAR, onde fou o “Rookie of the Year” em 2014. Ele retornou para a Xfinity Series em 2016, categoria onde se sente mais a vontade, mas toda esta trajetória e sua visão sobre automobilismo fica melhor contada por suas próprias palavras. NdG: Justin, por favor, fale um pouco sobre você, sobre o homem, a pessoa, vamos tentar deixar o piloto em segundo plano só por um pouco... Justin Allgaier: É algo muito difícil de fazer para mim porque eu sou um piloto deste pequeno, talvez desde antes de nascer. Eu sou uma pessoa se hábitos simples, que gosta de convívio familiar e na minha família o automobilismo é algo que faz parte do nosso dia a dia. Eu adoro o automobilismo e não apenas as categorias nos Estados Unidos. Eu acompanho o mais que posso do automobilismo na Europa, a Fórmula 1, Le Mans. Eu comecei a ir para corridas desde os 5 anos de idade junto com meu irmão, de 7, e a natureza do esporte sempre me fascinou. Eu sempre gostei de esportes de uma maneira em geral, mas não sou um cara grande e forte, não dava para jogar basquete ou futebol americano e também não sou habilidoso com a bola, assim o futebol, o basebol e outros eu também não teria muito futuro. Mas no automobilismo, eu achei um caminho. NdG: você vê o automobilismo um esporte tão diferente dos outros assim? Minha família toda vem do automobilismo e eu nunca fui bom em outros esportes como futebol americano ou basquete. Justin Allgaier: Com certeza! O automobilismo é um esporte apaixonantemente complexo. Nada funciona se todas as partes não fizerem seu melhor. Se o construtor do carro não construir um carro bom, nem o melhor piloto do mundo conseguirá ser rápido. Sem uma boa equipe de mecânicos no carro para ajustá-lo, nem o carro melhor construído será eficiente na pista e sem um piloto bem preparado, nem o melhor carro do mundo vence uma corrida. NdG: no caminho do automobilismo temos basicamente duas escolhas: as categorias de monopostos ou as categorias de turismo. Você optou pelos carros de turismo ou foi uma consequência? Justin Allgaier: Eu sempre achei os carros de turismo, tipo Stock Car, algo mais próximo de mim. Temos muitas corridas em ovais nos EUA e com carros que vão desde os midget até a Monster Cup, categoria principal da NASCAR, e foram essas corridas que eu comecei assistindo. Seguir nesta direção foi algo que aconteceu naturalmente. Não é o caminho mais fácil. Não existe caminho fácil no automobilismo. A grande maioria dos pilotos é muito boa, são todos muito rápidos, e conseguir algum destaque e conseguir quem te patrocine e ajude você a crescer como piloto e ir correndo nas categorias mais fortes é algo que faz a diferença entre estar na Monster Cup ou em um oval de terra batida. É uma estrada longa até se chegar onde eu e alguns de nós chegou. Com cruzamentos, com curvas perigosas e que poucos conseguem chegar ao seu final. NdG: Quando assistimos estas corridas em ovais de terra e com os midget a impressão que nos passa é de que aquilo é perigoso demais. O que um piloto pensa sobre isso? Justin Allgaier: Olha, eu sempre corro algumas provas dessas entre as temporadas e me divirto muito. As referências de pista são bem diferentes, o carro é pequeno, muito potente e você se sente muito conectado, é como se você tivesse quatro rodas e um motor. As provas são sempre muito duras e eu cresci neste meio, por isso me sinto muito confortável. Muita gente fala que é perigoso, mas todas as corridas são perigosas e na vida o que não é perigoso? Você pode estar andando na rua e ser atropelado, uma árvore pode cair sobre seu carro e quando chega o dia de acontecer algo com você, vai acontecer, não importa onde você estiver. NdG: Nos EUA tem muitos ovais de terra. Nestas corridas entre temporadas você também corre neles? Como é a diferença entre um oval de asfalto e um de terra? Justin Allgaier: Eu adoro correr na terra. E quando sobe a nuvem de poeira você vê o carro à sua frente e as vezes não vê o carro seguinte. Eu me divirto muito porque você passa a corrida inteira buscando um melhor traçado. É diferente do asfalto onde há sempre o melhor traçado e todos seguem por ali, tem o ponto certo de freada e todos seguem aquilo. Na terra não tem isso. Tudo muda o tempo todo, onde você freia ou acelera depende de onde e o quanto você esterça o carro. Cada um faz de um jeito e todos estão buscando o mesmo objetivo. É como se uma pergunta em um exame tivesse diversas questões certas. NdG: Você começou na base, no começo da longa estrada até chegar nas séries nacionais da NASCAR. O que você enfrentou neste caminho? O que foi mais difícil? Justin Allgaier: Isso pode parecer meio louco para quem ouvir [ler] esta entrevista, mas não há uma “linha definida” para se chegar na Monster Series. Não é como na F1 que você vai correr nas categorias menores e vai pra F4, F3, F2 e daí vem a F1 ou na F. Indy com a USF2000, Pro Series e Indy Lights para chegar na categoria principal. Estes são caminhos que quase todos os pilotos que começa, no kart tentam seguir. Para NASCAR as coisas são bem diferentes. Você pode correr em qualquer categoria regional, de circuitos de terra, de ovais pequenos e muitos pilotos correm nestas categorias a vida inteira. Eu tive muita sorte nesta vida. Um patrocinador gostou de mim e foi me ajudando a correr em categorias maiores e, é até meio louco isso, mas eu corria para meu pai e ele disse na minha cara que a gente não tinha mais dinheiro e que aquela seria a última temporada que eu faria. Na semana seguinte, do nada, conheci este que seria meu chefe e patrocinador, uma pessoa sensacional e conversamos por poucos minutos. Marcamos um outro encontro na semana seguinte e ele me convidou para correr na equipe dele, com patrocínio e tudo. Quando a gente é jovem você tem muita vontade, mas nem sempre tem uma visão clara das coisas, uma ideia das perspectivas do futuro e ele me orientou muito com relação a que caminhos tomar. Devo muito a ele. NdG: Nós aprendemos aqui no Brasil como os ovais são diferentes. De meia a duas milhas e meia, mais ou menos inclinados, encontramos de tudo nos EUA. Qual o seu tipo favorito de pista? Enquanto nas categorias de monopostos você tem um caminho para chegar ao topo, na NASCAR tem vários. temos mais chances. Justin Allgaier: Você pode não acreditar, mas eu prefiro os circuitos mistos aos ovais, seja qual for. Eu andei em muitas pistas fora dos ovais e acho que isso fez de mim um piloto melhor. É um tipo de exigência muito diferente dos ovais, mas tem aspectos importantes que são uteis para um piloto. Nos ovais eu gosto muito das pistas curtas, de meia milha e até menores. NdG: O calendário da NASCAR é impressionante, com corridas quase todos os finais de semana durante o ano. Quando você tem tempo, o que é que você acompanha de automobilismo fora da NASCAR? Você não tem tempo pra ver corridas na TV... Justin Allgaier: A temporada da Xfinity Series tem 35 corridas no ano e realmente é difícil, mas eu tenho quem grave as corridas para mim e eu arranjo tempo para assisti-las durante a semana. A MotoGP e a Fórmula 1, sempre, mas também assisto a Indy e outras categorias importantes pelo mundo, o máximo que consigo ver. Assisto em casa ou quando estou viajando entre dois estados entre as corridas. É uma coisa de quem é apaixonado por corridas, não dá para explicar. NdG: Como você vê a diferença entre o mundo da NASCAR e estas outras categorias como a F1, Indy ou MotoGP? Justin Allgaier: Existem diferenças bem interessantes entre elas. Penso que na F1 as pessoas são muito direcionadas, cada um tem uma função enquanto na NASCAR as pessoas fazem diversas tarefas dentro da equipe, uma vez que tem menos pessoas no time e é preciso ser mais flexível. Fora dos boxes, tem também suas diferenças. A F1, sendo uma categoria que corre no mundo inteiro, conquista fãs no mundo inteiro. É um show global. A Indy tem características bem próprias e fãs bem próprios e muito apaixonados pela categoria. Eu os admiro muito. Já a NASCAR tem uma ideia por trás que é a de que qualquer um pode ser um corredor da NASCAR. Isso se deve a ela ser muito popular e ter diversos seguimentos, com níveis de exigência maiores e menores. Não faço ideia de quantos ovais temos nos EUA, mas em qualquer lugar é fácil chegar, fazer contato, conseguir um trabalho e fazer parte da NASCAR. Isso faz uma enorme diferença. Por isso precisamos ser o mais acessíveis possível para estas pessoas. NdG: Essa pergunta não estava no script, mas vou fazer por conta própria: durante a corrida, dentro do carro, é muito difícil olhar para a arquibancada, ver e sentir o público. Mas, antes de começar a corrida, você olha para o público? Tenta interagir? Como você se sente e os sente? Eu sou um fã de automobilismo. Assisto tudo. O que não consigo ver ao vivo, peço para gravarem e assisto entre as corridas. Justin Allgaier: Eu sempre faço isso! Ver e sentir o público é algo especial. Eles estão ali para nos ver dar o nosso melhor, para torcer por seu piloto favorito. Olhar para o público, acenar para as arquibancadas faz com que eles se sintam mais perto de nós e nós deles. Dentro do carro faz muito barulho, temos os abafadores e o rádio do “spotter” falando quase o tempo todo. É praticamente impossível ouvir a arquibancada. Com 30, 35, 40 carros na pista não dá para olhar para eles. NdG: Para nós que assistimos as corridas pela TV, estamos tendo a impressão de que o público nas corridas da NASCAR vem diminuindo nos últimos anos. Você tem esta mesma percepção? Justin Allgaier: Sim, claro. Mas, apesar disso, o número de pessoas continua extremamente alto. A maioria das arquibancadas dos ovais foram construídas ou ampliadas em momentos muito positivos da economia do país e quando a exposição da categoria nos meios de mídia era bem menor. Ou seja, para assistir uma corrida você tinha que ir para o speedway. Tem lugares para receber 250 mil pessoas, apenas na arquibancada. Se temos 100 mil pessoas na arquibancada temos um belo público, mas o lugar vai parecer vazio. Nos dias de hoje o fã, o torcedor, aquele que vai para o autódromo ou assiste a NASCAR pela TV é uma pessoa que tem que trabalhar cada vez mais, tem menos horas de lazer, tem casa, família, filhos e parar diante da TV por 3 ou 4 horas ou ir para um speedway e ficar 6 horas envolvido nisso, ou viajar por 4 ou 5 dias para ir ao local da corrida, é algo que faz desta pessoa alguém muito especial para nós. A NASCAR, por seu lado, vem buscando fazer os locais de corrida mais confortáveis, buscando dar aos espectadores mais e mais e fazendo com que este público volte na corrida seguinte. O efeito das mídias sociais tem afetado todos os esportes e a forma como as pessoas buscam informações quantos ainda querem assistir um evento por 4 horas? A maioria não prefere acessar a informação em 4 minutos? Este é o grande desafio de todos os promotores de esportes. Existem corridas tradicionais de 24 horas como Le Mans e Daytona. Quem assiste 24 horas? Quem assiste 3 ou 4 horas destas provas? Existem fãs que ainda assistem, mas eles estão diminuindo. NdG: Na Europa, aqui no Brasil, existe uma estrutura de gestão interligada mundialmente que é a FIA e as Federações nacionais. Nos EUA é diferente. As coisas são mais descentralizadas e nas categorias pilotos, donos de equipe são ouvidos. Como a NASCAR gere isso e como vê as coisas intra e extra pista? Justin Allgaier: Eu não conheço muito sobre administração de automobilismo ou como as coisas da FIA, que estabelece regras para a F1 e outras categorias funciona, mas o que posso dizer sobre a NASCAR e ouras categorias nos EUA é que cada uma tem sua administração própria e é responsável por fazer as regras, organizar os campeonatos e resolver as coisas elas mesmas. É muito bom poder falar sobre as coisas quando somos consultados e eles procuram ouvir as equipes e os pilotos para fazer com que as corridas e os campeonatos fiquem melhores, que os carros fiquem mais seguros, que as regras sejam mais ou menos rígidas. Quando se está envolvido é possível colaborar positivamente e fazer a NASCAR mais interessante para o público e mais disputada para pilotos e equipes. NdG: A Fórmula Indy tem muitos pilotos estrangeiros correndo lá. Porque o mesmo não acontece na NASCAR? Hoje é muito difícil uma pessoar ter tempo para ficar 3 ou 4 horas diante da TV ou parar um final de semana para ir à pista. Justin Allgaier: Eu acredito que na Europa, na Ásia, aqui no Brasil e em outros lugares existam muitas possibilidades para se fazer uma carreira correndo em monopostos e isso leve a maioria dos pilotos a se interessar mais por estes carros do que por carros como os da NASCAR. Aqui nos EUA também temos um seguimento com categorias de monopostos, mas a NASCAR é algo à parte. Eu não sei quantos ovais existem no Brasil... NdG: Nenhum! Tem dois circuitos que ainda tem um anel externo, mas oval, nenhum. Justin Allgaier: Sério? NdG: sim. Justin Allgaier: Talvez em muitos lugares seja assim, ou hajam poucos ou mesmo apenas um. Talvez existam uns 5 ou 6 na Europa. Nos EUA tem uns 500? 1000? Isso mostra como este tipo de corrida é difundido, como é estimulado e como o acesso é amplo. Veja quantos pilotos estão em um final de semana da NASCAR reunindo a Monster, Xfinity e Truck Series. Temos duas K&N Series e um sem número de categorias regionais correndo nos mesmos finais de semana. A quantidade de pilotos é enorme. O Max Papis que também veio ao Brasil falou que é mais fácil se adaptar a um traçado misto do que às variações de ovais. Para o piloto que fez toda a vida correndo em ovais ele leva uma vantagem sobre aquele piloto que vai sair dos circuitos mistos e mudar de carreira, passando a pilotar em ovais. É duro mudar o “setup do seu cérebro” para se adaptar a nova realidade. Tudo é diferente e como o caminho afunila em apenas uma direção com a Truck a Xfinity e a Monster, fica mais difícil chegar a uma posição de destaque. Eu acho a Indy interessante, mas é diferente também. O piloto de monoposto não anda em ovais muito pequenos nem em pistas de terra. Mario Andretti e AJ Foyt já experimentaram e viram o quanto é diferente fazer isso. E ambos eram pilotos acostumados com ovais. NdG: Em 2014 você chegou a categoria principal da NASCAR e foi o “Rookie of the year” naquele ano. Depois você voltou para a Xfinity Series. É mais difícil manter-se na categoria principal do que chegar nela? Justin Allgaier: Meu caso tem suas particularidades. Algumas coisas que deveriam ter um certo caminho, infelizmente, não tiveram. Ao longo da temporada algumas situações fora da pista mudaram e isso não foi apenas para mim. As coisas ficaram difíceis para algumas outras pessoas e fizermos o que foi possível, mas estava além do que seria apenas performance e preparação. A oportunidade estava lá, mas a preparação não estava. O regulamento da NASCAR é muito duro,muito restrito e para se conseguir ter um equipamento que faça a diferença, é preciso ter uma equipe muito bem preparada e trabalhando em sintonia. Sem isso, o sucesso não acontece. Mas eu estou felis na Xfinity. Temos um ótimo time, tenho um grande time trabalhando comigo e eles tem me apoiado muito desde então porque não é fácil dar um passo atrás, ter que fazer isso. Ao mesmo tempo, não tenho vontade alguma de voltar a categoria principal para ficar andando em 25°, 30°... é melhor trabalhar dentro de uma realidade financeira melhor e ter chances de vencer, de ser campeão. NdG: Esta coisa do dinheiro como combustível está atingindo um nível de quase insanidade na F1. Pra chegar lá um piloto investe uns 30 milhões de dólares e para conseguir um cockpit decente, outros 25 ou 30. Na NASCAR, quanto é necessário investir para uma temporada em um time de ponta? Diferente do que vejo, leio e ouço sobre a F1, na NASCAR um piloto não precisa ter milhões de dólares para pilotar um carro. Justin Allgaier: Na NASCAR não é todo piloto que precisa fazer o que se faz na F1. Se você tem talento e consegue fazer boas corridas você não precisa colocar dinheiro do seu bolso ou ter um patrocinador que faça isso por você. Alguém vai ver o seu talento e vai oferecer este suporte. Kyle Larson é um grande exemplo disso. Correu na K&N com quase nada de dinheiro, venceu corridas, projetou-se e foi crescendo e está onde está. Um time talvez precise de 5 milhões para fazer um carro para uma grande temporada, mas não é o piloto que precisa levar este dinheiro e isso é uma coisa boa para nós. NdG: Isso faz a competição mais justa, não? Justin Allgaier: Certamente. Isso dá mais condições ao piloto mais talentoso de vencer, de andar entre os primeiros. Mas é preciso ficar claro que sem dinheiro, sem investimentos, patrocinadores não é possível manter uma equipe andando na frente e neste caso o talento sozinho não supera os que estiverem melhor preparados. É como montar um quebra cabeças. São necessárias todas as peças do jogo encaixadas para se ter uma figura completa. 90% dos pilotos que correm na NASCAR podem ser campeões. Eu acredito que o talento ainda é o mais importante para se vencer, mas se você tiver o talento e o dinheiro para dar suporte, você vai ser um herói! NdG: Falando sobre regulamentos, alguns anos atrás a NASCAR fez mudanças no regulamento, introduzindo os playoffs, mais recentemente dividindo a corrida em seguimentos. Em 2018 Joey Logano foi o campeão, mas ao longo do ano Kevin Harvick foi o piloto que mais andou na frente, mais venceu. O sistema é justo? Como vocês, pilotos veem isso? Justin Allgaier: Se você for bom em Homestead, você gosta. Se não for, odeia. A regra foi apresentada e a maioria concordou. Então não tem o que fazer a não ser correr e ser o melhor possível. Minha temporada foi fantástica. Venci 5 corridas, tive 17 top 5, 25 top 10, 741 voltas na liderança... e foi minha pior colocação na pontuação final do campeonato! Por não ter conseguido resultados melhores no playoff foi o pior resultado em pontos que tive na categoria. Eu entendo que um time, um carro, um piloto que faça o melhor trabalho durante o ano deve ser o campeão e em um playoff, você pode estar dependendo de um resultado para passar de fase, acontece um “big one” e, sem culpa, você é envolvido e “bang” acabou a temporada. Mas se formos ver como são as coisas nos EUA, tudo é assim. NBA, NHL, Superbowl, todos são assim. Tem os playoffs e tudo se decide em um jogo. Acho que na NASCAR deveria ser diferente. Uma corrida ruim em Homestead e a temporada toda vai por água a baixo. NdG: Você disse que prefere circuitos misto aos ovais. Tem algum tipo de carro que você gostaria de pilotar mas não teve chance? Eu adoraria ter a chance de disputar as 24 horas de Le Mans e pilotar um LMP1. Deve ser uma experiência indescritível. Justin Allgaier: Eu vou pilotar qualquer coisa que colocarem na minha frente e disserem: vai lá! Eu tenho uma preferência por carros de cockpit fechado. Eu gostaria muito de pilotar um carro da LMP1 do mundial de endurance, especialmente se fosse durante uma edição das 24 horas de Le Mans. Na verdade, para estar em Le Mans eu iria com qualquer tipo de carro. É uma corrida mitológica e só em estar lá deve ser algo inesquecível. NdG: Esta é a segunda vez que você vem a Interlagos. O que você acha desta pista? Por favor, não faça só elogios por sermos um site brasileiro. Se tiver críticas, faça-as também... Justin Allgaier: Interlagos é uma pista muito divertida para se pilotar. Tem um ótimo equilíbrio entre a técnica para fazer o melhor tempo possível e trechos de alta velocidade e em um carro tão diferente do meu nos EUA só aumenta meu desafio. Eu treinei em simulador, mas não é a mesma coisa, não tem a mesma sensação e quando você se aproxima da curva 1, depois dos boxes, eu acho que sempre freio antes do que devia. No simulador se a gente bate é só apertar o botão do “reset” e está tudo bem. Na corrida não tem esse botão (risos). Eu posso perder um pouco de tempo neste trecho, mas acho que não faço feio no restante da pista. |