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A Concessão de Interlagos é Viavel? (1ª Parte Evento da VICAR) PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 26 December 2019 14:24

Na semana do GP Brasil de F1, foi aprovado o projeto de lei para a concessão do Autódromo de Interlagos para exploração pela iniciativa privada. Algumas semanas depois foi lançado o edital que regulamenta como deve proceder o vencedor da concorrência, onde há a obrigação da manutenção da pista atual nos padrões FIA 1, melhorias de segurança para a motovelocidade e manutenção do kartódromo, priorizando o local como uma praça desportiva. O vencedor poderá construir nas áreas ociosas edificações como galpões, hotel, shopping, etc. A concessão tem o período de 35 anos e o vencedor deverá pagar a prefeitura 1 bilhão de reais.

 

Ouvimos algumas pessoas como pilotos e chefes de equipe durante a etapa da Stock Car em Interlagos no mês de dezembro sobre a possibilidade da mudança da gestão pública para a privada. Vejam o que eles disseram:

 

Allam Khodair – Piloto da Stock Car.

Eu acho que esse processo é algo que deve dar certo e sou favorável, desde que se cumpra essa garantia de que o autódromo e o kartódromo serão preservados. Apesar disso estar escrito.

 

É lógico que a gestão passando para a iniciativa privada os novos administradores podem fazer uso do autódromo de mais de uma maneira, com a realização de eventos e ter um retorno financeiro, para não ter em mãos um ativo que dê prejuízo.

 

Temos alguns autódromos no Brasil que não estão recebendo corridas, outros em risco de acabar, mas isso jamais poderia acontecer com Interlagos. Eu não sei se essas construções que eles vão fazer vai ter espaço para isso e qual seria a área que eles poderiam construir. Se formos considerar a área dentro dos muros de Interlagos, não sei se dá pra construir muita coisa.

 

Quanto a questão desse 1 bilhão de reais para ter a concessão do autódromo, eu não colocaria esse dinheiro todo, mesmo com esse prazo. Mas se tem empresários interessados em fazer investimento, eles tem noção de que tem como ganhar em cima disso. Só com corrida, não tem como recuperar o investimento.

 

Andreas Mattheis – Proprietário/Chefe de Equipe.

Eu acho que vai depender muito do grupo que vencer essa concorrência para administrar o autódromo. Um período de 35 anos é um período considerável e se for um grupo que realmente cumprir o que está colocado no edital de licitação, mantendo o autódromo em um padrão para receber a Fórmula 1, temos que aplaudir e ficar satisfeitos.

 

Mudar para as mãos da iniciativa privada vai nos poupar de depender da vontade dos políticos. Qualquer coisa nas mãos dos governos estamos sempre sujeitos a altos e baixos. Entra um governo faz de um jeito, entra outro faz de outro... se pelo edital a gente vai ter uma pista no padrão Fórmula 1 pelos próximos 35 anos, isso vai ser muito bom. Vamos ver se o vencedor da licitação será sério o suficiente para cumprir. O que está escrito.

 

Quanto ao aproveitamento da área hoje ociosa, eu vejo apenas a área da antiga reta, onde poderiam ser feitos galpões para as equipes que vem competir. Não vejo outro uso como a construção de hotéis ou shoppings como algo viável. Por isso eu não vejo como o grupo que ganhar vai recuperar um investimento de 1 bilhão de reais, mesmo em 35 anos.

 

Amadeu Rodrigues – Proprietário/Chefe de Equipe.

Eu vejo esse processo com muito bons olhos porque a iniciativa privada, desde que ela seja honesta e dedicada ao esporte, porque as pessoas precisam saber que Interlagos não é só um autódromo, mas sim um templo do automobilismo, um lugar com mais de 70 anos de história.

 

A empresa que vencer a licitação cumprindo o que está determinado, mantendo o autódromo nesse padrão de qualidade, em função da Fórmula 1, sempre passa por reformas visando sua melhoria, algumas exageradas, mas não vamos entrar no mérito da questão. Nós temos um autódromo em ótimas condições e fantástico. Espero que quem vencer a licitação consiga ganhar dinheiro e cumpra o que está escrito no edital, mantendo nosso patrimônio. E eles vão ter que fazer um projeto muito bem feito para recuperar esse investimento.

 

Eu acho muito interessante a ideia de se construir coisas aqui na área que não usamos do autódromo. Se formos ver, há muitos autódromos no mundo que a gente se instala dentro do autódromo. Se eu tiver em um hotel dentro do autódromo, vai ser tudo mais fácil pra mim e para minha equipe. Eu que sou de São Paulo, quando tem corrida, venho para um hotel aqui perto, porque não posso correr o risco de pegar um trânsito e perder um treino. Se tiver hotel, diversão para as pessoas que vem para um evento de um final de semana que não é só a corrida, é importante. Se não estragar a beleza do autódromo, dá pra fazer alguma coisa.  

 

Cacá Bueno – Piloto da Stock Car.

Eu não estou muito a para do processo. Como moro no Rio eu não tenho acompanhado isso tão de perto. Eu não tenho todos os pormenores do que está no edital, mas a minha visão geral mostra que quase tudo que passou da administração pública para a privada, melhorou. Melhorou nas condições físicas do local, no atendimento, no serviço... e se for por este lado, vai ser uma mudança positiva.

 

Agora, é bom lembrar que a grande preocupação do projeto anterior, de privatização, era a manutenção do autódromo e do kartódromo, do que foi criado em Interlagos, um parque esportivo para o esporte a motor. Nada impede que sejam criadas outras coisas como hotel, shopping center, arena olímpica, desde que não afete a condição primaria de que Interlagos é um local para o esporte a motor. Estando isso garantido, isso pode ser algo bom. Uma boa notícia.

 

Há bons espaços para que o vencedor do edital possa construir outras estruturas. Eu não sou engenheiro, mas certamente eles buscarão quem faça um projeto que não permita acontecer o que aconteceu no Rio de Janeiro. Temos em Sochi, na Russia, um autódromo e um parque olímpico em um mesmo projeto e não fizeram o mesmo aqui. Não sei se o valor da concessão é muito ou pouco, minha preocupação é a manutenção do esporte a motor em Interlagos.

 

Carlos Alves – Proprietário/Chefe de Equipe na Stock Light.

O ponto mais importante, crucial em relação a São Paulo, com menos custos para a administração municipal e com a garantia de que o que está escrito vai ser realmente cumprido, é um caminho que já foi tomado em outros setores da economia, tanto no Brasil como fora. Sendo mantido o autódromo e tivermos calendário para poder correr aqui em São Paulo, isso vai ser ótimo.

 

Para construir outras estruturas comerciais, quem ganhar a concessão vai ter que fazer um projeto bem audacioso para aproveitar bem a área e eu não sei se vale a pena investir um valor muito alto e comercialmente, não sei se eles teriam o retorno pela distância de Interlagos até as regiões mais centrais. Se for bem pensado, pode ser algo que atenda o automobilismo e os outros eventos que acontecem em Interlagos, como os shows e festivais de música.

 

Um bilhão de reais é um número que pode assustar, mas são 35 anos e estamos falando em uns 28 milhões por ano, que dão pouco mais de 2 milhões por mês. Acho que pode ser viável, sim. Olha o que o Flamengo arrecadou este ano... acho que com uns três grandes eventos por ano a conta fecha.

 

Carlos Col – Promotor de Automobilismo.

Na verdade, pelo pouco que eu vi do edital, eu não vejo e não entendo. Não sei como vai ser feita essa viabilização financeira de quem assumir essa concessão. Obviamente, como estão sendo abertas várias para exploração imobiliária e eu não sei como elas conviverão com o autódromo.

 

Sabemos que a premissa é manter o autódromo funcionando. Contudo, ele pode estar intacto, porém, operacionalmente inviável. Por isso eu não entendo como isso poderá vir a funcionar. Espaço para se construir as coisas que o edital permitirá serem construídas existe. A questão é se haverá espaço para a convivência de atividades assim tão distintas. O automobilismo é um esporte que faz barulho, traz muito público aos seus eventos, e eu não sei como isso iria conviver com as potenciais atividades imobiliárias que podem ser realizadas. Eu tenho isso como uma dúvida.

 

Quanto ao valor da concessão, eu vejo como um valor consideravelmente alto e eu não vejo como isso pode ser viabilizado.

 

Marcos Cozzi – Piloto da Stock Light.

Uma mudança como essa é a melhor coisa que podei ser feita. Tem que o mesmo com tudo o que for estatal no Brasil e já estão fazendo porque se ficar nas mãos desse pessoal da política, não tem jeito. Não tem essa de “estão dando nossas coisas”. O que não pode dar são nossos recursos primários. Deixaram de fazer muitas coisas aqui. Até hoje não reformaram a curva do café, onde já morreram dois colegas nossos. Gastaram dinheiro aqui na segunda perna do S e lá não fizeram nada. Se passar pra mão privada, temos que pleitear isso. É uma obra que tem como fazer e precisa ser feita, fazendo uma área de escape.

 

Como infelizmente mataram a nossa pista com a reforma que transformou Interlagos no que é hoje, tem espaço bastante para fazer essas obras que o edital diz que poderão ser feitas. O traçado antigo deveria ter sido mantido para as categorias regionais, pra stock car, manter o anel externo... mas como destruíram isso, tem espaço bastante. Ali onde é o bolsão do estacionamento era pra ser um estádio... espaço não falta. Ter um hotel, shopping, dá pra explorar muito. Tem que copiar o que os caras fazem nos EUA que dá certo. O problema é que aqui tem muito “mágico”...

 

Quem entrar nessa concorrência já vai ter a conta feita sabendo que vai ganhar dinheiro com isso. Não vai ser só automobilismo que ele vai explorar, mas se for pensar só em automobilismo, vai ser complicado recuperar. Por metade disso ele constrói um autódromo de primeira linha. Esse valor de 1 bilhão tá muito alto.

 

Matheus Iorio – Piloto da Stock Light.

Eu acho que, de uma forma geral, quando se fala em privatizar o autódromo, mas ainda mantendo ele como um bem público, uma propriedade da prefeitura de São Paulo, é uma coisa bacana. Quando se olha para um processo como esse o que me vem a cabeça é uma melhor estrutura, é um programa de investimentos, mas é preciso pensar se isso vai ser tudo positivo ou se, de alguma maneira vai prejudicar o automobilismo.

 

Mesmo com a garantia de manutenção do autódromo e do kartódromo, todos os anos temos os eventos extra-automobilismo, como os shows, algo bem à parte do que seria a finalidade do autódromo e eu não concordo muito com essa parte, vai ser algo que quem ganhar a concessão vai fazer e teremos que lidar com isso. A manutenção da pista e do kartódromo já nos deixa mais tranquilos.

 

Com esse valor que eles vão ter que pagar pra prefeitura ele vão ter que fazer coisas para recuperar o investimento. Tem algumas áreas que eles podem usar, naquela parte do traçado antigo tem muito espaço e com algo bem planejado, eu acredito que tem como lucrar com o autódromo e as outras coisas que serão feitas aqui além do automobilismo. Não vai ser um retorno rápido, mas eles vão ter como fazer voltar.

 

Mauro Vogel – Proprietário/Chefe de Equipe.

Eu vejo com bons olhos. Sempre que se privatiza alguma coisa, há uma redução nos custos. Ainda mais em Interlagos, que é pouco e mal usado. Além de fazer mais pelo automobilismo, Interlagos é uma praça central onde pode ser feito muita coisa. Tem que ter mais eventos, mais shows, usar bem os espaços enormes que Interlagos oferece e que vão justificar o enorme investimento de quem ganhar essa concessão.

 

Correr em Interlagos é muito caro para a Stock Car e para qualquer categoria. Todos os investimentos são feitos para a Fórmula 1. Nos gastamos muito para estar em um lugar mal administrado, mal utilizado e que gera custos para a prefeitura. Na mão da iniciativa privada, provavelmente, ele vai dar lucro.

 

Na iniciativa privada ninguém vai tocar um negócio para ter prejuízo. Aqui tem espaço para fazer áreas para eventos específicos de música, um hotel dentro do autódromo teria uma taxa de ocupação excepcional. Não tem hotel bom nas proximidades e com eventos todos os finais de semana, que certamente vai ter, vai ter ocupação, mesmo que seja para outro assunto que não seja ligado ao autódromo. Também vão usar o shopping se fizerem um, que vai atender a população e o bairro, agora, com uma pedida de 1 bilhão de reais para a concessão e eles terem que construir tudo que precisam e manter o autódromo no padrão Fórmula 1, eu não vejo como recuperar esse investimento. Eu acho que não vai aparecer ninguém pra pagar isso. Eu acho muito difícil.

 

Ricardo Zonta – Piloto da Stock Car.

Eu vejo isso como algo muito importante. Eu penso que a administração pública precisa focar nas coisas que são importantes para a gestão pública como saúde, educação, segurança, para o bem da sociedade. A iniciativa privada tem em seus administradoras pessoas com mais capacidade, mais vocação para gerir negócios como é o caso de um autódromo, estradas, aeroportos, com mais visão. Que tenhamos uma pessoa ou um grupo que tenha essa visão, que rentabilize o negócio e que cuide do esporte a motor como ele deve ser cuidado. Afinal, Interlagos é um autódromo.

 

É muito importante que o kartódromo será mantido, mas eu acho que dificulta no caso da construção de outros empreendimentos. Um shopping não tem como fazer. Prédios também fica difícil por causa do barulho dos carros e Interlagos tem atividade todos os dias. Para morar aqui vai acontecer como acontece em Curitiba, com as pessoas que foram morar perto do autódromo depois que ele já existia e que reclamam do barulho.

 

Tem que usar o autódromo, quando não tem corrida, para fazer outras coisas, como shows, eventos, outras formas de tentar reaver e lucrar com a concessão. Não acho que seja fácil fazer isso mesmo com um período de 35 anos para reaver o investimento de 1 bilhão de reais. É difícil falar assim, numa pergunta. Tem que fazer conta, um estudo e quem está querendo deve estar fazendo isso. Era o que eu faria como empresário para ver se poderia tentar administrar o negócio ou não.