Falar que alguma coisa no Brasil é uma “fórmula de sucesso” pode parecer pretensioso ou até mesmo inconsequente diante de tantas incertezas e inseguranças que nosso país vive a atravessar. Entretanto, é preciso reconhecer quando um trabalho é bem planejado, bem executado e que seus resultados aparecem de forma positiva de maneira incontestável. O encerramento da temporada da Copa HB20 de 2019 em Interlagos foi uma prova do sucesso que a categoria alcançou. Quando de seu lançamento no salão do automóvel em 2018, a Copa HB20 despertou mais questionamentos do que candidatos a encarar o projeto do empresário Daniel Kelemen, que conseguiu visualizar a oportunidade de promover uma categoria de automobilismo a um custo acessível e com um pacote de vantagens que outras categorias não oferecem, mesmo aquelas que, como a Copa HB20, trabalham em regime de “one team”. Do preocupante não comparecimento para aquela que seria sua primeira etapa em Goiânia ao glorioso final de temporada em seu ano de estreia, no maior e mais importante autódromo do país, e com um grid de 32 carros, a Copa HB20 cresceu, amadureceu a uma velocidade muito acima da que seus carros equipados com um motor 1.6L podem alcançar e projeta voos mais altos para 2020, com possibilidades ainda mais interessantes para um futuro próximo. Daniel Kelemen: Um idealizador idealista. Até três anos atrás o empresário Daniel Kelemen era um apaixonado por automobilismo como somos todos nós, daqueles que senta diante da TV e vai assistir corridas. A ótica desde proprietário de concessionária da Hyundai em São Paulo mudou depois de uma ida a Interlagos em 2017 quando ele deu o primeiro passo para mudar-se do volante para um cockpit e daí para toda uma vida que está apenas nos primeiros passos, mas que pode vir a ter uma página de (ainda mais) sucesso no automobilismo brasileiro. Cou uma filosofia de autoquestionamento sobre querer, poder e dever, Daniel Kelemen fez uma aposta difícil, mas consciente. Ele decidiu ser piloto e foi buscar uma escola de pilotagem e depois de formado, ele foi disputar um campeonato como muitos pilotos que são “pilotos de final de semana” e que não tem no automobilismo uma atividade-fim. Daniel afirma que em sua filosofia de vida ele sempre faz três perguntas: “Eu quero? Eu posso? Eu devo?”. Partindo dessas perguntas e com as respostas afirmativas, ele foi não só para a pista como também começou a enxergar mais adiante. Sendo ele um piloto iniciante, o que ele gostaria de ter à sua disposição em uma categoria de uma forma geral e em um caso específico, para pilotos como ele, que só conseguem “chegar no autódromo” na tarde da sexta-feira ou na manhã do sábado? Começava a nascer ali o projeto da Copa HB20. A escolha do modelo era algo obvio. Sendo ele concessionário da marca sul coreana (e presidente da Associação Nacional de Concessionárias Hyundai no Brasil) , a escolha de um modelo da marca era algo “natural” . Depois de montado o primeiro carro, quando foi apresentá-lo à Hyundai do Brasil a recepção não foi aquela esperada. Fazer um carro de corrida com um modelo de linha, sendo ele um concessionário, era quase um ato de rebeldia contra a Divisão de Motorsport da marca, que disputa com equipes oficiais ou com apoio oficial o WRC e WTCR, dois campeonatos com chancela da FIA. Apesar da reação inicial – negativa – Daniel Kelemen insistiu na ideia e buscou mostrar que o projeto não era uma aventura, mas algo sério, bem elaborado e que a projeção de sucesso e potencial retorno para a marca seria positivo. O passo seguinte era colocar o HB20 na pista e o melhor caminho antes de pensar em uma categoria era ver o desempenho do carro no meio de outros carros daquele seguimento de mercado e com isso o HB20 foi para o Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos e nessa hora veio a transição do Daniel Kelemen piloto de marcas para o líder de um projeto. A Hyundai viu potencial no plano traçado pelo empresário, mas ponderou que ele não deveria ser o piloto do carro a ir para pista e disputar o campeonato. Foi contratado Fabiano Cardoso, que tinha uma boa quilometragem neste tipo de campeonato e em seu ano de estreia o HB20 foi campeão em suas mãos. Era hora de colocar em prática o passo seguinte. Lançada no Salão do Automóvel de 2018, a Copa HB20 despertou desconfianças no início. No final, mostrou-se um sucesso. No salão do automóvel de 2018, a categoria foi apresentada e Daniel Kelemen contou com o apoio da CBA, que através do seu presidente, Waldner Bernardo, colocou a entidade à disposição do projeto, atendendo as demandas que vieram a surgir no ano de estreia na pista. Kelemen se diz uma pessoa justa e correta ao afirmar que não pode negar o fato de que tudo que foi pedido à entidade foi atendido, mas disse mesmo assim que tinha – como todos tem – ressalvas à CBA. Uma delas foi mais uma queixa: o presidente nunca foi a uma etapa da categoria durante o ano de 2019. Montar uma categoria do zero, em um sistema de “one team”, não é um investimento pequeno e mesmo com todo um projeto pensado “para atender o desejo de um piloto”, quantos pilotos iriam enxergar o projeto da mesma forma que seu idealizador? Inicialmente a Copa HB20 tinha como objetivo um grid de 25 carros e no “pacote” oferecido aos pilotos tinha algo novo: o carro reserva! Caso alguém tivesse um problema mecânico ou um acidente, 5 carros reserva estariam à disposição para que o piloto não ficasse sem correr. O regulamento também permitiria que dois pilotos dividissem o carro. Sendo uma rodada dupla no final de semana, cada um poderia corre uma das provas, o que reduziria o custo pela metade para eles. Ao longo da temporada, que começou com um adiamento, compensado no final do ano, 21 carros alinharam para o primeiro final de semana da Copa HB20. Ao longo do ano este número só cresceu, chegando na etapa final com grid de 32 carros na pista (e com os 5 de reserva à disposição). Mesmo tendo uma posição inicialmente contrária por parte da montadora, Daniel insistiu no projeto e hoje é reconhecido. A relação custo/beneficio se mostrou um atrativo para pilotos que chegaram a correr em outras categorias maiores, inclusive, como o campeão de 2019, Rafael Abate. Além disso, o sucesso da categoria recebeu o elogio por parte da Hyundai, que ainda não incluiu a Copa HB20 como um braço da sua divisão Motorsport uma vez que a categoria não atende todos os quesitos do regulamento “N” (A FIA tinha o antigo “Grupo N” com um regulamento de competição para carros de produção em série. Hoje esse se chama “Grupo R”, com algumas subdivisões), mas já há um credenciamento e um acompanhamento da marca nesse campeonato que acontece no Brasil e por esta consolidação junto à divisão Motorsport como uma credenciada (a única no mundo) para a Copa HB20 e com uma busca de muitos pilotos a categoria já estabeleceu um limite de 36 carros para a temporada 2020 e a H Racing, a empresa que foi criada para conceber a Copa HB20, tem para este ano a consolidação da categoria em seu formato e em paralelo, já há outros projetos em estudo para um futuro próximo. Conhecendo o trabalho na H Racing. Por trás desta fachada, a montadora de Kelemen em São Paulo, fica a H Racing, empresa criada para gerir a categoria. A H Racing fica na área por trás da concessionária Hyundai de Daniel Kelemen, na Vila Lageado, próximo a USP. Neste local ficam a oficina que atende não apenas os carros de corrida, mas 14 concessionárias ligadas ao grupo, além da parte de funilaria e pintura (que por razões obvias tem a Copa HB20 como maior cliente), há também um depósito de peças de reposição onde trocas de partes danificadas são feitas na oficina e dali sai o material que é levado para os autódromos para os atendimentos necessários em caso de necessidade no final de semana de corrida. Dependendo do dano do carro, as substituições são feitas no autódromo. Quando não é possível, há o carro reserva. Os danos no domingo vem para reparo na H Racing. Como os carros não são de fibra, a H Racing tem toda a estrutura e os elementos de reposição à disposição na sua enorme área de trabalho. Quando se desloca para os autódromos a H Racing leva uma carreta alojamento e uma carreta de sobressalentes (a partir de 2020 serão duas de cada). Cada carreta tem como alojar 27 mecânicos. A equipe de trabalho praticamente dobrou da primeira etapa, em Campo Grande-MS para o encerramento da temporada em São Paulo-SP entre mecânicos, telemetristas, pessoal de borracharia e os “team leaders”, que voltaremos a falar daqui há pouco. Uma vez que a categoria viu seu grid crescendo ao longo da temporada, aumentar a capacidade de transporte de peças também se fez necessário e como para 2020 serão 41 carros de corrida (36 no grid e 5 reservas, que utilizam 4 “cegonhas”, que também transportam o safety car, o medical car e os carros de “volta rápida”) era preciso ampliar a oferta de sobressalentes. Ou seja, um comboio de 8 caminhões percorrerá boa parte das regiões sul, sudeste e centro oeste em 2020. Durante o final de semana os carros são reparados no autódromo, do domingo em diante, tudo volta para a H Racing. Além da parte de trabalho, há uma área de socialização que é disponibilizada para os sócios do “Clube HB20, onde a H Racing promove encontros, convidando os pilotos socializar, divertirem-se e aproximar uma relação que se estabeleceu na base da confiança e que também é considerada pela equipe de gestão da categoria como um diferencial para o sucesso do campeonato. Apesar das mudanças no carro de rua da Hyundai para 2020, no campeonato não haverá mudanças na programação visual (quem acompanhou o lançamento do novo HB20 viu que houve mudanças na grade dianteira e lanternas, especialmente a traseiras) mas na verdade, há mudanças em todo o carro e não seria algo com a Hyundai e com os pilotos uma mudança apenas superficial, algo que seria possível em um carro com uma “bolha”, uma carenagem de fibra. Há a possibilidade de uma mudança de carro para 2021. O sucesso e a busca de interessados pela categoria fez o investimento dos pilotos subir para a temporada 2020. Dos 180 mil reais pela temporada, os pilotos que entrarem na categoria vão pagar 200 mil, fora os custos de reparo. Neste ano também será incluída uma taxa de inscrição por prova de 1.500,00 reais e uma “quota de rateio”, que dará aos pilotos uma “franquia” de 6.000,00 reais. Todos os custos extras são orçados e o valor do reparo é apresentado para o piloto ainda naquele dia em que o carro precisar ser reparado. Exceto o que acontece no domingo, onde o reparo é feito na sede. Ao final de cada etapa, cada piloto recebe a descrição e o custo de todos os serviços que vierem a ser executados no seu carro. Os pilotos que apostaram no primeiro ano da categoria, terão o valor de 180 mil reais de 2019 mantido para 2020. Os motores são preparados e equalizados pela Autotech, em Porto Alegre, mas o motor é o mesmo que vem no carro, sem trocas. A parte de motor dos carros também é equacionada de forma a reduzir os custos. Como o carro é “comprado” por inteiro, ele vem com seu motor de fábrica, assim como todos os demais equipamentos. Entre as etapas, os motores são revisados na concessionária, mas caso tenha havido algum problema, este é retirado e levado para a oficina de recuperação, que fica a cargo do chefe de mecânica Alex Rheinlander, com sede no Rio Grande do Sul. Caso não seja algo recuperável, o motor é trocado. Uma outra mudança impulsionada pelo sucesso da categoria é que o motorhome, que também funcionava como escritório e que com o crescimento da categoria também estará mudando para 2020. Os locais de reunião com patrocinadores, clientes, pilotos, reuniões internas terá um novo formato. Na parte da estética vai ser feito um trabalho de criação para os pilotos interessados em fazer um design melhor na apresentação de seus patrocinadores. O carro tem que apresentar os patrocinadores da categoria e o piloto, evidentemente, os seus. Isso consta em contrato e há uma divisão de espaços pré-estabelecida e tirando os espaços dos patrocinadores da categoria, todo o restante é dos pilotos. Toda a parte de envelopamento dos carros é de uma empresa contratada da H Racing que tem o compromisso de garantir a qualidade do serviço de programação visual dos carros. Isso também garante que um carro avariado em treino ou na primeira corrida, tenha a peça trocada e esta receba o envelopamento com os patrocinadores para a corrida, que tem transmissão na televisão. Camila Maluf: a Poderosa Chefona! Causa orgulho ver uma categoria ser conduzida com tanta eficiência e profissionalismo e ainda mais orgulho quando vemos que esse trabalho é desempenhado por uma mulher. A profissional de Marketing que está envolvida no automobilismo desde 2007, os tempos do Brasileiro de Gran Turismo, com Antonio Hermann, no Trofeo Maserati e no nascimento do Mercedes Challenge, que por anos administrou o mais belo autódromo do Brasil, o Velocittà, é quem comanda um exército de mais de 70 profissionais que fazem da HB20 um sucesso. Não se engane com os traços suaves, ela sabe como fazer as coisas com pulso firme e muita organização. Envolvida na organização e gestão de automobilismo desde 2007, Camila Maluf foi contratada para gerenciar a categoria. Depois de deixar a administração do Velocittà – que fica em Mogi-Guaçu – e voltar a morar na capital do estado, inicialmente Camila não tinha traçado como meta continuar no meio automobilismo ou especificamente trabalhar em uma categoria como foi o caso do Brasileiro de GT, mas sendo conhecida e respeitada no meio, continuou a frequentar os espaços e em 2018, quando a categoria foi lançada no Salão do Automóvel, foi que ela teve o primeiro contato com o que seria a Copa HB20. A Categoria teve sua estreia adiada, algo que poderia ser tomado como um mau sinal. Deixando de correr em Goiânia e indo pra pista apenas na sua segunda data, que foi em Campo Grande-MS. Camila ainda não fazia parte da equipe e o promotor junto com seus assistentes diretos perceberam que fazer uma categoria de automobilismo demandava coisas para as quais eles não tinham a milhagem suficiente para o rápido entendimento e a solução dos problemas (e não são poucos os problemas que surgem ao longo de um final de semana e que requerem decisões rápidas e precisas). O sistema de "one team" já era algo de seu conhecimento dos tempos do Maserati Trofeo, mas cada desafio é diferente. Uma categoria de automobilismo envolve não apenas carros, pilotos e mecânicos. Há toda uma rede de ligações entre patrocinadores, fornecedores, assessoria de imprensa, ações corporativas, ações de marketing, relacionamento com a Hyundai no autódromo e com seus concessionários por onde a categoria passa, gestão de corpo técnico, equipamentos, sobressalentes... e o que mais puder aparecer, quem resolve é a Camila, que foi contratada entre a etapa de Campo Grande e a de Londrina, separadas por 7 semanas. Ou seja, Camila teve pouco mais de 1 mês para tomar completa ciência do funcionamento da categoria, detectar os pontos de ajuste e fazer esses ajustes. Com Camila à frente das operações, a categoria só cresceu e foi se aprimorando etapa após etapa. Com o sucesso crescente veio o aumento da procura e com os pés no chão foi estabelecido um planejamento para 2020 onde o grid terá, no máximo, 36 carros. Nesse planejamento, há uma divisão com 6 grupos de mecânicos e cada grupo vai atender, no máximo, 6 carros, com um chefe para o grupo e um mecânico por carro. Apesar deste sistema, não há uma divisão física entre essas equipes de trabalho, inclusive havendo um rodízio dos carros por equipes de mecânicos. Todos os profissionais da área técnica trocam ideias e trabalham para a categoria. No caso dos pilotos, o ambiente é o mesmo para todos, sem separações e sem segredos. A ideia é deixar a competição na pista e apenas na pista. Carro contra carro, piloto contra pilotos, mas um só ambiente. E a cada etapa há um evento de socialização para a convivência entre os pilotos. Ações de visibilidade para a categoria, como a cerimônia do hino onde todos os carros vão pra pista são fundamentais. Com o sucesso da categoria e a limitação de 36 carros para 2020, Camila tem nas mãos uma outra questão para administrar: quem vai poder correr na categoria! Metódica e justa, um critério lógico está sendo seguido: a prioridade é de quem correu em 2019. Um prazo para os pilotos renovarem seus contratos vai ser dado e, em seguida, será aberta a inscrição para uma lista de espera (grande, segundo suas palavras), que já conhecem a proposta, mas ainda não andaram no carro, nisso a projeção é de que o grid de 36 carros será completado nessa fase. Caso isso não aconteça, vai ser feito um trabalho de mídia em todos os meios de que ainda haverá carros à disposição. No dia 19 de dezembro a categoria fez uma “degustação” para potenciais pilotos-clientes. O termo é apropriado, segundo Camila, uma vez que “eles vão provar do que temos a servir, mas não vão comer o prato inteiro”. Com ‘stints’ de 20 minutos (que em Interlagos podem ser feitas 8 ou 9 voltas) para que o futuro piloto possa sentir o que é o carro, o controle com um carro de tração dianteira e pneu radial e sentir se é aquilo que ele busca. Esta não vai ser a primeira “degustação”. Em setembro passado foi feita uma que teve 40 pilotos inscritos. Alguns, inclusive, correram as etapas finais do campeonato e outros estão na “lista de espera”. Ideias de promção da categoria com convidados especiais, formadores de opinião e "degustações" tem atraído pilotos para a HB20. Uma outra estratégia usada no primeiro ano da Copa HB20 para atrair pilotos para o grid foi a de trazer nas primeiras etapas alguns pilotos convidados, de outras categorias, formadores de opinião, para chamar a atenção da categoria na mídia, para testar e opinar sobre o carro durante o final de semana e estes pilotos não pontuaram no campeonato. Camila deixa claro que no automobilismo, é comum um produto novo como a Copa HB20, em um formato como o apresentado, levava uma carga de desconfiança sobre seu sucesso. Para mudar isso também foi aberta a inscrição de “pilotos avulsos”, aqueles que disputariam apenas uma determinada etapa, na sua região ou cidade. O retorno positivo fez alguns deles continuarem. Muitos já não tinham mais agenda pessoal para o campeonato inteiro, mas fizeram mais de uma etapa. Para 2020 a categoria não deve ter carros para locações avulsas, pelo menos este é o plano. Camila Maluf explica que uma diferença da Copa HB20 para uma outra categoria em termos de custo por temporada é a falta de preocupação que um campeonato multimarcas ou com várias equipes tem em trabalhar o desenvolvimento do carro para aumentar sua competitividade ao longo do campeonato. Uma vez que a Copa HB20 trabalha com a equalização dos carros, e não existem equipes competindo umas contra as outras, esse custo não existe. Qualquer modificação ou melhoria, se for o caso, é implementada em todos os carros. Este trabalho de verificação da equidade entre os carros é feito pela telemetria e na prática pelos pilotos contratados da categoria, Beto Monteiro (da Copa Truck) e Fabiano Cardoso. Um atendimento próximo, com um piloto campeão para auxiliar os pilotos nos finais de semana é outro fator de sucesso da categoria. A Copa HB20 fez 7 de suas 8 etapas como parte do programa da Copa Truck (a 7° etapa foi em Goiânia, junto com a Stock Car). Esse contrato foi assinado antes da contratação de Camila Maluf para seu cargo na categoria, mas o fato de um promotor procurar ou negociar com outros promotores a realização de várias corridas de diferentes categorias é prática comum para se promover mais atrações para o público e reduzir custos para os promotores. Para a administração da Copa HB20, entrar em um evento já consolidado foi algo positivo uma vez que há uma divulgação envolvendo todas as categorias do evento, o que potencializa a presença de público no autódromo. Fabiano Azevedo: Mais que um Coach. Antes de se tornar uma categoria, o piloto Fabiano Cardoso foi fundamental no projeto da Copa HB20. Foi com ele que teve o início do trabalho de transformação do carro das ruas em um carro de corrida. Ao longo do ano de 2018 ele foi o piloto do carro que disputou – e venceu – o campeonato brasileiro de marcas e pilotos, turismo 1.6. Au longo da temporada foi sendo feita uma leitura e um armazenamento de dados de setup para o carro e esta base de informações foi utilizada para fazer a preparação de todos os carros a categoria, equalizando os mesmos. Fazendo o uso de um piloto experiente na categoria e de um super consultor como o piloto da Copa Truck, Beto Monteiro, o carro veio para a sua temporada de estreia com uma condição que daria a todos os pilotos que decidissem participar da Copa HB20 um carro seguro, estável e com um ótimo desempenho dentro daquilo que a categoria estava propondo. Contratado da H Racing, Fabiano Cardoso foi campeão do Turismo Nacional 1.6 com um HB 20 e é responsável pelos testes dos carros. Em relação ao carro de rua, foram feitas alterações na suspensão, com os amortecedores sendo refeitos, colocadas molas com maior capacidade de carga e a barra estabilizadora sendo desligada, Também foi alterado o sistema de injeção eletrônica, que é programável, foi colocado um coletor de competição para o motor e os pneus aro 15 195/55 deram uma grande estabilidade ao carro, que teve uma gaiola de proteção pensada e instalada de forma a dar uma ótima proteção ao piloto. Apesar do carro não ter a carenagem de fibra, mas de metal, como é o carro das ruas, houve uma considerável variação do peso. O carro de corrida pesa 870 Kg enquanto o carro de rua pesa 1040 Kg, mas o grande desafio é a equalização e nisso o trabalho de Fabiano é fundamental. O piloto é um cliente e quando o cliente fala que “tem algo errado com o carro”, a solução pode passar da análise de telemetria para a inspeção no carro e chegar ao ponto do piloto consultor ir para pista com aquele carro buscar entender o que está acontecendo. Por dentro, o carro mostra-se muito seguro e funcional. É um carro muito próximo do original, sem fibra ou bolhas. Fabiano ressaltou o sistema de divisão de equipes de trabalho e o revezamento entre os grupos de trabalho como uma ferramenta capaz de prover um maior feedback para a análise e desenvolvimento dos carros da categoria, intensificar o aprendizado e desenvolvimento de mecânicos e pilotos e vê nesse formato uma forma de elevar o nível de competitividade da categoria e dos pilotos. Alexandre Rheinlander: O homem dos motores. Proprietário de uma instalação de muito respeito em um estado onde o automobilismo tem muito respeito que é o Rio Grande do Sul, toda a preparação dos motores dos carros da Copa HB20 é feita pela equipe chefiada por Alexandre. É feito um trabalho de calibração do motor que não só incluiu retirada do ar-condicionado, mas também a troca de coxins, a instalação de bicos injetores de maior vazão, filtro de ar de competição e escapamento direto 4 em 1, ou seja, uma configuração de corrida. Esse trabalho proporcionou um ganho considerável em relação ao motor do carro de rua. A Auto Tech Motorsport, de Alexandre Rheinlander foi contratada para fazer os motores e o engenheiro está em todas as etapas. O motor do HB20 de competição, é “igual” ao motor de rua, mas o quatro cilindros, em linha aspirado de 1591cc passou por mudanças discretas para alcançar 159 cv e 17,8 mkgf, sempre com etanol (a versão de rua gera 128 cv e 16,5 mkgf). A injeção eletrônica foi trocada por uma de competição da Pro Tune, e o mapa prioriza potência e força a altas rotações. Além disso, o câmbio automático deu lugar a um manual de seis marchas. A central Pro Tune PR-4 instalada nos carros é uma central de gerenciamento eletrônico de motores e aquisição de dados (ECU). Possui ferramentas integradas para controle de sistemas de injeção e ignição de motores de até 4 cilindros. A ECU também possui funções para controle de sistemas modernos como comando continuamente variável, corpo de borboleta eletrônico e boost control. Além disso, possui condicionador de sonda lambda integrado, comunicação com interfaces CAN e USB, suporte para injetores Peak and Hold, expansor de entradas (Connect Box) e até 8 funções programáveis e a equipe e de Alexandre faz a mesma programação para todos os carros. O sistema tem um módulo de apresentação de informações bastante completo para o piloto fazer as leituras durante a corrida. O ganho do motor preparado pela Auto Tech é considerável e a eletrônica embarcada faz com que ele dê o máximo em qualquer RPM. O trabalho em dinamômetro é a maior garantia de que todos os motores demandarão a mesma potência depois de feitas as alterações sobre o motor que vem de fábrica. Esse trabalho acontece em Porto Alegre-RS, na Auto Tech Motorsport, que após as alterações feitas nos motores produzidos na linha de montagem da Hyundai, estes motores retornam para a sede da H Racing onde são reinstalados nos respectivos carros. O trabalho feito nos carros permite que seja extraído o máximo de potência em todos os estágios até o limite de 7000 RPM, rotação máxima do motor (há uma segurança nos motores que caso atinja a rotação máxima, a ECU corta a ignição e fecha a borboleta, impedindo que o motor estoure). As centrais eletrônicas são todas verificadas a cada corrida pela equipe da Auto Tech, garantindo a equalização de performance. Diante do que vimos, Daniel Kelemen e sua equipe de profissionais estão dando uma aula de profissionalismo e competência neste projeto que começou sob olhos de desconfiança e que em um ano conquistou o reconhecimento e respeito do meio automobilístico nacional e internacional. Que venham muitas voltas vencedoras para os próximos anos e outras matérias em breve. Da Redação
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