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Written by Administrator   
Tuesday, 22 September 2020 16:47

Olá pessoal que acompanha o site dos Nobres do Grid,

 

Como vocês perceberam, minha coluna mudou de data novamente. Eu saí da primeira quinzena para voltar para o final do mês. Uma dessas decisões editoriais (como eu me acho chique nessas horas) que uma grande redação toma eventualmente.

 

O que não muda na indústria automotiva mundial e ao vai mudar tão cedo é a busca por parte das empresas em apresentar novas soluções tecnológicas para um público consumidor cada vez mais ávido por avanços que vão desde a área de condutividade, segurança, conforto, capacidade de reciclagem e meio de geração de movimento em substituição aos combustíveis – principalmente os fósseis.

 

A geração dos meus filhos, os “Millennials”, olham com repulsa para os tradicionais motores V8 que circulam equipando boa parte da frota de automóveis que circula na América do Norte, mais nos Estados Unidos do que no Canadá, onde vivemos. Carros com sistemas motrizes alternativos e com alto grau de automação (e também autonomia) são os objetos de algum desejo, vez que estes novos cidadãos globais pensam de forma mais coletiva do que individual.

 

Mas a corrida pela tecnologia precisa respeitar os limites da segurança. No mês passado, um  vídeo publicado no canal LiveLeak, no YouTube, mostra o momento em que um carro elétrico explode na China; o veículo pegou fogo enquanto recarregava suas baterias. Segundo o site InsideEVs o incidente aconteceu em Sanming, no sul da China.

 

 Carro elétrico pega fogo na China enquanto recarrega. A tecnologia é segura ou está indo muito rápido?

 

Nas imagens é possível ver quando o veículo começa a soltar fumaça enquanto carregava. Os bombeiros foram chamados e tentavam resfriar o carro usando água quando a explosão aconteceu, com força suficiente para arremessar as portas do modelo a vários metros de distância. Apesar do susto, ninguém ficou ferido.

 

O veículo parece ser um BAIC BJEV EC5, uma versão elétrica do BAIC X25 produzida pela montadora chinesa BAIC (Beijing Automotive Industry Corporation). O carro chegou ao mercado em meados de 2019 e é um modelo de baixo custo, com preço de cerca de R$ 88 mil. O motor tem potência de 80 kW, e a autonomia é de 403 km.

 

A reação quando a gente vê um incêndio é, muitas vezes, tentar apagá-lo e a primeira coisa na qual se pensa como agente extintor é a água. Acontece que a água não deve ser usada para combater incêndios com baterias de lítio (como as usadas em celulares e carros elétricos), pois quando a água e o lítio se combinam pode ocorrer a liberação de hidrogênio gasoso, que é altamente inflamável.

 

A empresa Tesla, que é uma líder no seguimento de carros elétricos, também andou sofrendo revezes. Em abril do ano passado, câmeras de segurança flagraram um Tesla Model S que pegou fogo e explodiu enquanto recarregava, em um estacionamento em Shanghai. Menos de um mês depois, outro Model S pegou fogo enquanto recarregava, desta vez no estacionamento de um shopping center em Hong Kong. Segundo as autoridades locais, o Model S pegou fogo 30 minutos depois de ser estacionado no centro comercial, e três explosões foram ouvidas antes que ele fosse consumido pelo fogo. Os bombeiros chegaram ao local cerca de 45 minutos depois para apagar as chamas, e ninguém ficou ferido.

 

 Elon Musk diz que seus carros são 10 vezes mais seguros, mas por ser "o novo", cada problema que surge, tem grande impacto.

 

Já em junho de 2019 um Model S pegou fogo enquanto recarregava em uma estação Supercharger na Bélgica. O carro e o carregador ficaram completamente destruídos. Após controlar as chamas os bombeiros mergulharam o carro em um tanque com água durante uma noite, para evitar que entrasse novamente em combustão.

 

Por se tratar de um carro elétrico, é interessante saber como extinguir o fogo nesses casos. De acordo com o jornal belga HLN, o corpo de bombeiros afundou o Model S em um tanque de água e deixou-o lá durante a noite, para evitar que o veículo voltasse ao estado de combustão.

 

O HLN ainda comenta que, quando o dono do carro voltou para pegar o automóvel, "seu Tesla e a Supercharger estavam em chamas. Possivelmente, houve um problema técnico no processo de carregamento".

 

Fora isso, a empresa de Elon Musk está sendo processada por defeito de fabricação nas rodas por Mena Massoud, protagonista de "Alladin", e por falha no piloto automático, depois da morte de um engenheiro da Apple. A empresa ainda não divulgou nenhum comunicado sobre o ocorrido. Apesar disso, já lançou uma atualização do software da bateria depois das notícias sobre as explosões.

 

Antes que eu seja acusada de estar “falando mal da concorrência”, preciso – e vou – informar que a Tesla anunciou que está atualizando seu software de bateria após os recentes incêndios que destruíram três veículos Model S localizados em Xangai, São Francisco e Hong Kong. A nova configuração irá ajustar as configurações de carga e gerenciamento térmico de uma bateria modelo S ou X.

 

 Como medida de controle do incêndio em um Tesla X, imergiram o carro em um tanque com água, o que é perigoso.

 

A CNet explicou que as mudanças permitirão que os veículos gerenciem a temperatura e o nível de carga de cada bateria de maneira mais eficiente. Isso, por sua vez, ajudaria a evitar a possibilidade de sobrecarga, que poder causar incêndios em baterias de íons de lítio. Elon Musk insiste em afirmar que “são 10 vezes menos propensos a experimentar um incêndio do que um carro a gás”. Além disso, a montadora afirmou que liberou a atualização em questão como “um excesso de cautela”.

 

A chegada do carro elétrico durante esta década provocou alterações significativas em todos os âmbitos da automação e também da segurança. Se bem que não se pode chamar uma revolução imediata, todos os fabricantes já têm os seus próprios modelos “plug-in”, com o objetivo de ao longo da próxima década o parque automóvel se vá eletrificando.

 

No centro nevrálgico dessa alteração, encontramos os espetaculares avanços da tecnologia das baterias. Na atualidade são as baterias de íons de lítio ou de polímero de lítio as que dominam, mais do que qualquer outra tecnologia. Ainda assim, continua-se a investigar com o objetivo de conseguir autonomias que permitam fazer em modo elétrico trajetos maiores. Para além dos benefícios que trarão estes esforços há também o objetivo de fazer as baterias mais seguras.

 

A segurança das baterias dos carros elétricos

Os carros elétricos não oferecem menos garantias de segurança do que o resto dos modelos, antes pelo contrário. Este tipo de modelos já demonstrou ser mais seguro em diferentes âmbitos, como no seu comportamento em estrada em caso de colisão.

 

Agora, o fato de não serem um risco adicional não significa que o tratamento desses riscos não seja distinto. No que diz respeito à energia elétrica que os move, os fabricantes devem ter em conta os requisitos da normativa e da homologação. Falamos, por exemplo, da estanqueidade do carro e de todos os componentes elétricos, bateria incluída. Nesse sentido, nas mencionadas provas de homologação, fazem-se imersões dos modelos.

 

 As baterias de Litio tem evoluído em capacidade de armazenamento, longevidade e segurança.

 

Se a possibilidade de eletrocussão é remota, o mesmo acontece com o impacto dos campos eletromagnéticos gerados pela tecnologia elétrica. No que toca a baterias, a desconfiança mais conhecida é sobre a possibilidade de se incendiarem.

 

Incêndios nas baterias, o verdadeiro problema

As baterias têm sistemas de segurança com garantias para que, em caso de acidente, não se dê a ignição. Desde modo, estão situadas, tal como os depósitos de combustível numa área indeformável do habitáculo e, em caso de acidente, a corrente elétrica é desativada. A natureza do sistema elétrico faz com que, em caso de incêndio, este não se produza de forma tão imediata como acontece com um modelo alimentado a combustíveis fósseis.

 

Talvez pela novidade que é o carro elétrico, os incêndios que aconteceram nos últimos anos com estes veículos têm dimensão internacional. Nestes casos, a segurança é colocada em causa, sobretudo os cuidados que tanto autoridades como fabricantes devem ter.

 

Um bom exemplo disto chegava ao início do verão vindo da China. Lá, o fabricante NIO mandou retirar 5 mil modelos por uma presumida falha nas baterias que podia provocar incêndios. O sinal de alarme soou depois de vários modelos NIO ES8 se terem incendiado devido a um curto circuito. As autoridades começaram a rever com mais atenção tanto este fabricante como a Tesla, pois o incêndio num Model S em Hong Kong também chamou à atenção dos mesmos.

 

O que fazer em caso de incêndio num carro elétrico?

O incêndio num carro elétrico é uma exceção. Poderíamos considerar o caso chinês da NIO, ou seja, entender que o erro vem do fabricante e não é uma verdadeira anomalia, que deixará de existir conforme passem os anos.

 

Assim, tal como acontece com os restantes modelos térmicos, será difícil descartar o risco de incêndio a 100%. Por isso, é importante que à medida que proliferem os carros elétricos, se imponham protocolos de emergência específicos e efetivos. Porque não é a mesma coisa apagar um incêndio de um carro elétrico ou de um convencional.

 

 Colocar o "carro na tomada" é algo que veremos cada vez com maior frequência, mas é preciso ser mais seguro.

 

Nos Estados Unidos, um dos responsáveis da Associação Nacional de Proteção contra Incêndios, Michael Gorin, assinala alguma das preocupações diferenciadoras perante o risco de incêndio num modelo destas características. Nesse sentido, aponta que em caso de acidente e possibilidade de ignição é necessário saber a localização das baterias. Pois embora a desativação do sistema elétrico, estas continuam a armazenar energia.

 

Também o uso da água para apagar o fogo é muito diferente no caso do carro elétrico. Gorin revela que são necessários pelo menos 9 mil litros para apagar um incêndio nas baterias. Além disso, o mais recomendável é esperar que o fogo consuma toda a energia antes de mexer nela.

 

As próximas baterias também serão mais seguras

Apesar de tudo isto, a probabilidade de incêndio num carro elétrico não deixa de ser mínima. Uma vez que se trata de um assunto que continuará a concentrar grandes investimentos para o desenvolvimento de novas baterias, ainda há margem de melhorias na segurança do carro elétrico.

 

Os investigadores não só trabalham nas baterias de forma a aumentar-lhes a autonomia, mas também, de forma paralela, testam-se materiais menos inflamáveis. Bons exemplos disso são o trabalho com as baterias de lítio metal e eletrólito sólido, muito mais seguras, ou as de zinco-ar, não inflamáveis. Falta saber que tecnologias se irão impor a nível industrial de entre todos os caminhos que os investigadores exploram há anos. Em qualquer caso, constata-se que melhorar a segurança se encontra nas suas prioridades.

 

Muito axé pra todo mundo,

 

Maria da Graça 
Last Updated ( Tuesday, 22 September 2020 22:09 )