No final de 2020 encerra-se o mandato de Waldner Bernardo Oliveira à frente da Confederação Brasileira de Automobilismo. Após estes quatro anos, o Site dos Nobres do Grid foi buscar em diversos seguimentos ligados ao esporte a motor opiniões, avaliações do que teria sido o trabalho do mandatário do automobilismo brasileiro nos últimos quatro anos. Nessa segunda “rodada”, ouvimos promotores de corridas, chefes e proprietários de equipe. Camila Maluf – Gerente da H-Racing (Copa Shell HB20) Eu posso fazer duas analises. Durante uma parte do mandato atual eu estava à frente da administração do Velocitta e neste período tive um contato muito positivo com sua gestão através das vistorias e homologações, além da interface junto à FIA para renovação da licença FIA3 do autódromo. A CBA também fez um trabalho conosco para usar o autódromo como modelo no projeto de estabelecimento de padrões para os demais autódromos no Brasil com relação à segurança. Um trabalho que eu achei belíssimo, muito sério e profissional, usando o projeto de Mogi-Guaçu. O outro aspecto é com o meu trabalho atual, com a Copa Shell HB20, tendo nesses dois anos um trabalho em parceria e fazendo conosco um laboratório de questões novas com a pandemia, onde passamos a fazer reuniões online semanais com os pilotos nos meses fora da pista e o grid foi envolvido no estudo de incidentes nessas reuniões, um grande aprendizado para todos com a participação do Alfredo Tambucci, do nosso diretor de prova, buscando o entendimento entre a visão do piloto e a dos comissários para analisar situações, algo que estou ciente ser plano da CBA para se usar em outras categorias. Em relação a tudo que precisei tratar com a CBA só tenho elogios a fazer. Carlos Col – CEO da +Brasil (Copa Truck) e Diretor Executivo da VICAR Eu entendo a gestão do Waldner Bernardo como uma gestão que evoluiu em relação a gestão anterior. Ele é uma pessoa muito esclarecida, com uma vivência muito grande como empresário, inclusive atuando no seguimento de entretenimento, o que de certa forma tem a ver com o automobilismo como evento voltado para o público. Alem disso, ele tem uma vivência no automobilismo que veio da base, como comissário de pista, como comissário desportivo antes de ser presidente de federação. Esta experiência o ajudou muito a fazer uma gestão melhor que a anterior. Foi uma gestão 100% positiva? Não, não foi. Tivemos falhas, tivemos carências, mas havia espaço para a evolução e a administração do nosso automobilismo evoluiu. Ele dedicou-se a todos os seguimentos do automobilismo como foi com o kart, o Rally, a Arrancada, a velocidade na terra, mas o que eu posso falar mais propriamente é na velocidade do asfalto. Um dos aspectos mais positivos foi a contratação do Alfredo Tambucci para a comissão nacional de velocidade, uma pessoa que tem visão administrativa, que sabe dialogar, sabe resolver problemas. É assim que vejo a administração do Waldner Bernardo. Darcio dos Santos – Proprietário de equipe da Superformula Brasil Eu gostei muito do que foi este mandato do dele à frente da CBA. A sua postura, seu empenho, a forma cordial, de amizade com que ele tratou a todos no automobilismo. No caso da Fórmula 3 especificamente, ele nos ajudou muito, acreditou nos nossos planos para manter a categoria viva, ativa e sempre foi muito honesto, muito direto. Vejo ele como alguém apaixonado pelo automobilismo, mas com um grande senso crítico. Quem um dia tiver a oportunidade de conhecê-lo como eu conheci vai admirá-lo. Ele pode ter tomado uma ou outra decisão errada, mas é um batalhador e sempre procurou fazer a coisa certa. Ele é humilde para reconhecer e assumir onde errou e procurou consertar, isso é importante. Eu gostaria que ele continuasse, mas respeito a decisão dele de não concorrer novamente. Em 2017 ele foi o avalista do nosso projeto para criar uma academia de pilotos com nossos carros da Fórmula 3 e mostrou ter coragem e visão para reunir pessoas em torno dos projetos do automobilismo. Espero que quem seja eleito nessa próxima eleição dê continuidade a essa grande gestão. Franz Schmidt – Chefe de Equipe na Copa Truck Eu acho que não foi tão diferente das outras gestões. Faltaram algumas coisas como um incentivo maior à base e quando falo base falo após o kart. Vi que ele fez um bom trabalho com o kart, mas depois disso os pilotos não tinham uma categoria para onde ir, mas isso eu estou falando por ouvir o que os pilotos comentam. Uma coisa negativa foi a demora na resolução de problemas. Por exemplo: nossa equipe ficou com os caminhões presos por meses por conta de um recurso onde alegaram irregularidades no caminhão, mas não só os nossos, os de outras equipes e foi de dezembro do ano passado a março deste ano com os caminhões presos, sem a gente poder trabalhar, sem solução e para uma equipe de caminhões isso é complicadíssimo. Um caminhão leva quase um mês inteiro para se fazer uma revisão entre corridas. Ficar 4 meses, de uma temporada pra outra, onde se desmonta o caminhão inteiro isso prejudica muito a equipe. Isso precisa mudar. E isso era uma questão técnica, não desportiva. Mas algo que também o atrapalhou foi essa pandemia, que parou o automobilismo inteiro por muitos meses e fomos vendo as coisas voltarem, de um jeito muito diferente, com muitos protocolos restritivos apenas no segundo semestre. Mas aí não tinha o que fazer. Mas algumas coisa positivas também aconteceram, houveram algumas mudanças, mas coisas sutis, nada que tivesse um grande impacto. Henrique Assunção – Promotor do Endurance Brasil Na realidade, os quatro anos do mandato do Dadai foram muito bons e eu espero que venham mais quatro por aí. Infelizmente ele não vai ser candidato à reeleição, o que lamento, uma vez que ele ajudou todo o automobilismo no Brasil, facilitando as condições para as categorias se estabelecerem e crescerem, mesmo em tempos de economia difícil para o país. Espero que o próximo dê seguimento nas coisas boas que ele fez e digo mais: se fizer 1/3 do que ele fez, já fará um grande mandato. Um diferencial que eu vi nesse mandato foi que, além do apoio na área financeira, com reduções de taxas para as categorias iniciantes, foi dado um grande suporte técnico para que fizéssemos, no nosso caso específico, uma categoria muito competitiva e equilibrada. Além disso, ele sempre se mostrou extremamente aberto à inovações. Moroni Marques – Co-Promotor do Campeonato Brasileiro de Velocidade na Terra Acho que tivemos uma evolução muito grande com o mandato do Dadai. Também penso que poderia ter sido feito muito mais, mas é fácil se dizer isso estando do lado de fora e dizer, criticar, questionar por que não foi feito isso ou aquilo, contudo, dentro da realidade brasileira e do período que ele teve esse trabalho foi bom. Sempre há espaço para melhoras e isso pode ser feito a partir do próximo mandato, do próximo presidente, mas isso passa necessariamente por uma pessoa mais ligada ao automobilismo, como um ex-piloto, como uma pessoa que viva e tenha vivido o automobilismo mais intensamente. Claro que o Dadai teve sua vivência mas não como outros. O importante foi a criação de uma base para que o próximo presidente possa trabalhar em mais melhorias. Uma das coisas que mais gostei foi ver o automobilismo sendo mais exposto com as transmissões pela internet, sem ter que gastar fortunas com televisão e isso facilitou o trabalho. Na velocidade na terra a gente tem conseguido fazer isso e a CBA deu um grande suporte para a categoria e estamos tendo o retorno que a categoria merece. Roberto Santos – Promotor do Mercedes Challenge Ele fez um grande mandato dentro do que foi possível. Ele assumiu um mandato num momento economicamente difícil do país e isso não permitiu que ele conseguisse colocar em prática tudo que ele pensava em fazer. Ele é muito transparente sempre conversou abertamente sobre todos os assuntos relativos à gestão e eu acho difícil que outro fizesse mais do que ele fez nesses quatro anos. Eu penso que quanto mais a CBA passar despercebida no automobilismo, melhor. Claro, ela tem que estar presente, mas o protagonismo não pode ser dela e com o o Dadai isso aconteceu e ele procurou colocar a CBA fazendo seu trabalho pelo e para o automobilismo. Tenho certeza que ele fez tudo que poderia fazer com as condições de trabalho que ele teve. Ele fez tudo o que era possível ser feito por todos os seguimentos e categorias do automobilismo brasileiro e não se pode responsabilizar a CBA pelo insucesso de uma ou outra categoria. Isso é trabalho do promotor e aos promotores ele procurou dar todas as condições de trabalho. Cada um tem suas responsabilidades e cada um tem que honrar seus compromissos, fazer seu trabalho e buscar o sucesso. Ele teve um papel muito importante para que o MB Challenge não acabar. Mostrou possibilidades, nos deu orientações e conseguimos fazer juntos as mudanças que a categoria precisava e hoje temos um grid de mais de 30 carros novamente, como tivemos nos melhores tempos da categoria. Zequinha Giaffone – CEO da JL Racing A CBA tem as limitações dela que passam por questões políticas onde há diferenças e como em qualquer meio político é difícil atender a todos sem que haja algum descontentamento de alguma parte. É aquela coisa do sentar na cadeira da presidência e ter que lidar com todas as questões buscando as soluções que atenda a maioria. Nesse aspecto eu acho que ele se saiu bem. O Dadai é uma pessoa muito bem intencionada e conseguiu realizar muitas coisas boas ao longo de seu mandato. Uma coisa que precisamos entender é que nem ele e nem ninguém vai conseguir resolver todas as questões que envolvem a CBA e que as pessoas cobram. O importante é fazer coisas positivas e ele fez. Diversas categorias tiveram uma ação direta da CBA para se fortalecer e crescer nesses quatro anos e daquilo que ele se propôs a fazer ele fez bem. Uma das coisas mais positivas dessa gestão foi a transparência. Esse é um legado que seu sucessor precisa manter. Todas as contas estiveram abertas desde o primeiro dia de mandato e os cursos que foram feitos para os diretores de prova, comissários técnicos e desportivos, fiscais de pista... o resumo, o balanço destes quatro anos para mim é positivo. |