Estávamos em 3 de junho de 1973, o sol brilhava forte no horizonte de Monaco, parecendo um dia normal. Se é que se pode chamar de normal um dia de grande premio naquela cidade. Afinal, as ruas ficam interditadas e todos, simplesmente todos param para assistir ao maior evento do ano naquele país. Na pole position estava o então bicampeão mundial Jackie Stewart de Tyrrell; o campeão Emerson e sua Lotus preta, líderes do campeonato, largariam na 5ª posição, enquanto Pace de Surtees ficara na 17ª. A surpresa do treino fora a excelente 9ª posição para o nosso tigrão, Wilsinho Fittipaldi Jr, com sua Brabham. Não por ele como piloto, mas para o carro, que naquele ano não parecia muito competitivo, pois a equipe havia marcado somente um ponto nas cinco primeiras provas, resultado da 6ª colocação do brasileiro no grande premio sul-africano. Wilsinho marcara o tempo de 1´28´9 enquanto seu companheiro de equipe, o argentino Carlos Reutemann registrara 1´30´1 ficando dez posições atrás. Wilsinho classificou bem para o GP de Mônaco, 10 posições à frente de seu companheiro de equipe, Carlos Reutmann. Na largada, Cevert tomou a ponta seguido de Peterson, enquanto Emerson matinha a 5ª e Wilsinho a 9ª colocações. Mas antes do final da volta, Cevert errou e caiu para último, deixando Peterson liderando a corrida. Logo na volta seguinte, Wilsinho ultrapassava Dennis Hulme, assumindo a sétima colocação. Isso mesmo, Wilsinho ultrapassou em Monaco! Mas fique calmo, estávamos somente na segunda volta. Quatro voltas depois, foi a vez de Regazzoni enfrentar problemas e Wilsinho já era o sexto colocado. E ele queria mais, pressionando Ickx, o tigrão esbanjava controle de seu bólido, virando rápido e ainda passando longe do muro! Três voltas mais e era a vez de Peterson, que perdia velocidade por ter travado várias vezes o pneu, ser ultrapassado pelo brasileiro. Pronto, Wilsinho já estava na sua melhor posição desde que iniciara sua trajetória na categoria, há apenas um ano. Entretanto, como ele mesmo explicaria mais tarde, após a prova, andar em Monaco o fazia lembrar das provas nas ruas brasileiras, por isto a vontade de andar cada vez mais rápido. E lá foi ele, pondo pressão cada vez mais em cima de Ickx, enquanto o belga colava em Lauda. Logo depois, os dois passaram o austríaco, com o brasileiro subindo para a 4ª colocação. Ickx e Wilsinho viravam com tempos próximos, mas o brasileiro era ligeiramente mais rápido e buscava a ultrapassagem. Lá na frente, Stewart abria de Emerson porque o campeão não conseguia se livrar de Peter Revson, que inexplicavelmente não obedecia as bandeiras azuis. Finalmente, na volta 44, Wilsinnho supera a Ickx (mais uma ultrapassagem em Monaco, incrível) e assume confortavelmente a terceira posição na prova. Uau, imagine, subir ao pódio já seria incrível. Subir ao pódio ao lado do irmão Emerson seria maravilhoso. Agora, subir ao pódio pela primeira vez, ao lado de Emerson e em Monaco seria de arrasar, não acham? Durante a prova, a atuação de Wilsinho foi sobreba. O pódio, com o 3º lugar, ao lado do irmão de de J. Stewart seria justíssimo. Mas o destino, as vezes cruel, havia previsto outra coisa. Depois de setenta voltas sem cometer nenhum erro sequer, depois de ter feito ultrapassagens num dos mais difíceis circuitos do mundo e, depois de estar tranquilamente na terceira posição sem ser ameaçado por ninguém, sua Brabham caprichosamente engasga e para. Isso mesmo, para! Faltavam poucas voltas para o final e o pescador de combustível simplesmente não pescou mais nada! Que droga! Tinha gasolina no tanque, mas o pescador... Confesso que até hoje, a imagem de Wilsinho saindo do carro foi uma das mais tristes que tive oportunidade de ver. Aquele dia era a consagração dele na categoria. Consagração que o destino não nos deixou comemorar! Um abraço, Alexandre Vasconcellos |