E aê Galera... agora é comigo! Desde que eu comecei a fazer pesquisa sobre automobilismo para o Nobres do Grid, passei a chamar Cascavel como “a capital paranaense da velocidade”. Além da tradição que vem desde quando a Cascavel de Ouro, corrida histórica, era disputada nas ruas da cidade, a construção do autódromo foi um marco para uma cidade pequena, distante dos grandes centros, mas que tinha gasolina nas veias. Felizmente, depois de quase desaparecer para a especulação comercial e imobiliária, o autódromo foi reformado e tem sido palco de grandes corridas, com as desse final de semana, recebendo a maior categoria de automobilismo do país – a Turismo Nacional – e sua categoria suporte, a famosa e dos famosos Stock Car. Agora que já cabe a foto do Ogro aqui do lado, vamos falar das corridas. A Turismo Nacional levou para Cascavel 66 carros nas três categorias (A; B; e Super) com uma programação de corridas no sábado e no domingo, com a narração mais poderosa (o adjetivo não era bem esse...) do universo galático, com o Filho do Deus do Egito na narração e o trabalho de pista – além dos comentários – com o Enviado de Cristo, que corre da pista pra cabine durante a volta de apresentação, mostrando que os gordinhos também podem ser Fitness! Na tarde do sábado aconteceu a primeira corrida com as categorias 1A e 1B, formando um grid de 44 carros, numa “serpente” que ia até no final da curva, início da reta. Os pilotos fizeram uma volta de aquecimento para elevar a temperatura dos pneus slick, a novidade da temporada 2021, o que deu uma aumentada na competição. A Turismo Nacional, maior categoria de automobilismo do país, deu mais um show de velocidade em Cascavel (Reprodução: youtube). Com um grid deste tamanho e um ‘Bacião’ no final da reta, a chance de dar problema (a interjeição não era bem essa...) após a largada, mesmo sendo ela parada, era enorme. Deve ter sido a intervenção divina da dupla que transmitia a corrida o fato de que todos os pilotos conseguiram passar ilesos não apenas pela primeira curva, mas pela primeira volta. Mas não dava pra segurar a onda a corrida toda e na segunda passagem no ‘Bacião’, Nahor Petri saiu de traseira no final da curva e, quando tentou corrigir, atravessou na pista e Rafael Correia não conseguiu desviar e pegou Petri em cheio! O Safety Car veio pra pista e consumiu boa parte dos 20 minutos de corrida. A relargada para a metade final de corrida quase foi pro vinagre quando o 2° colocado, Caíto, perdeu o carro no ‘Bacião’, atravessou, foi na grama por dentro e depois por fora, evitou a batida, mas caiu pro meio do pelotão, ficando no prejuízo. No final a vitória da categoria 1A ficou com o catarinense Alexandre Bastos. Na 1B o vencedor foi Juba Giaretta. No domingo, os trabalhos começaram com as corridas 3 e 4 das categorias 1A e 1B pela manhã com inversão de grid pra aumentar a emoção, com 42 sobreviventes da corrida do sábado. Rafa Correia foi um que teve que assistir a corrida depois da panca que levou. Na largada, ficou gente parada, não se mexeu no meio do grid e, mais uma vez a intervenção divina dos responsáveis pela transmissão impediu que acontecesse uma panca gigante na traseira do carro de Rafa Columbari, que foi rapidamente rebocado antes que os carros completassem a primeira volta, evitando uma bandeira amarela e uma entrada do Safety Car. Uma panca com direito a carro atravessado novamente na pista levou o Safety Car pra pista na 4ª volta, depois das divindades presentes no autódromo terem salvo os pilotos de um acidente mais grave. A parada foi para remoção dos destroços e carros batidos (e tinha isso em vários pontos do traçado). Antes da relargada chegou a notícia de que havia óleo no ‘Bacião’, forçando os sobreviventes a fazer a passagem pelos boxes enquanto a turma da serragem e da vassoura atacava o asfalto pra tentar retirar o máximo de óleo possível. A direção de prova vacilou em não colocar uma bandeira vermelha e parar o cronômetro. Perdemos 9 dos 20 minutos de corrida. A retomada teve 5 minutos de corrida até que uma panca de levantar o poeirão na entrada da reta deixou um carro colado na mureta do box, fazendo a corrida terminar com Safety Car e o vencedor não levando: Petter ‘Tubarão’ Gottschalk recebeu a bandeirada na frente, mas acabou punido em 5 segundos pelos comissários, abrindo caminho para William Perillo na categoria 1A. Na 1B a vitória de Marcus Índio. Na Turismo Nacional não tem situação dominada, curva ganha ou perdida. É disputa até a quadriculada (Reprodução: youtube) Encerrando o final de semana veloz em Cascavel tivemos as corridas 3 e 4 com a categoria Super, com um grid de 22 carros. Rafa Lopes conquistou a pole e venceu a primeira corrida, no sábado. Na segunda prova (já no domingo), com as inversões de posição no grid, foi a vez do gaúcho Luiz Carlos Ribeiro cruzar a linha de chegada em primeiro depois de levar a melhor numa luta que envolveu o Gustavo Mascarenhas Peter Ferter. Na terceira largada, Wanderson Freitas chegou a cair de terceiro para quinto na largada. Mas se recuperou para incomodar o experiente e vencedor Fabiano Cardoso (que corre em dupla com Thiago Tambasco), até que o gaúcho fosse forçado a abandonar. Vitória de Wanderson, seguido por Peter Ferter e por Juninho Berlanda. Na última largada do fim de semana na classe principal, dois dos candidatos à vitória se encontraram na pista na primeira freada para a curva que antecede a reta dos boxes e essa nem as divindades conseguiram por freio no “livre arbítrio” dos envolvidos, Ribeiro e Magnabosco, que acabou envolvendo outros carros com o poeirão levantado na corrida dos tarja preta e exigindo a entrada do Safety Car. Depois da relargada, Rafa Barranco, que saiu em primeiro, conseguiu resistir a pressão de Richard Heidrich e Gustavo Mascarenhas para comemorar uma grande vitória. Além da Turismo Nacional, Cascavel foi palco de mais uma etapa da estrelada Stock Car, que nesta etapa ganhou uma estrelinha. Em um revival dos desenhos animados que assistia na minha infância, tivemos a dupla “Bobby Pai e Bobby Filho” em ação! Com o impedimento pelos protocolos do Covid19 impedindo a vinda do nosso hermano e grande assador, Matias Rossi, a Full Time, associada da Toyota Gazoo Raciing, escalou Dudu Barrichello para correr ao lado do pai (escalou, vírgula. Certamente teve lobby paterno, mas vamos seguir com o romance) para fazer sua estreia em carros de turismo no difícil e veloz traçado cascavelense. E Bobby Filho mandou bem! Largou na frente e andou na frente de muito medalhão com currículo internacional em categoria top, fez uma “ultrapassagem raiz” (sem push-to-pass), no braço e na técnica e certamente surpreendeu (tá bom, deu uma rodada na segunda corrida, mas quem nunca ali naquele grid?). Cascavel costuma dar corrida boa e não decepcionou. Na primeira corrida tivemos o domínio dos carros de Andréas Mattheis, com o pole position Thiago Camilo e seu companheiro de equipe, César Ramos, fazendo uma categórica dobradinha, que só deixaram suas posições durante a janela dos pits obrigatórios. O pódio foi “de casa”, com Gabriel Casagrande, da A.Mattheis/Vogel, equipe parceira, chegando em terceiro. O líder do campeonato, Daniel Serra, terminou na quarta posição, tendo Rubens Barrichello em quinto, Allam Khodair em sexto, mais Átila Abreu, Rafael Suzuki, Felipe Lapenna e Bruno Baptista fechando os dez primeiros que inverteram as posições no grid para a largada da segunda corrida. Thiago Camilo tomou a ponta na largada da corrida 1 na curva do 'Bacião' e liderou a dobradinha a Mattheis (Reprodução: youtube) Depois da volta de arrumação do grid, onde os 10 primeiros trocam de posição para a segunda corrida e onde a estratégia da primeira costuma interferir fortemente na segunda, os pilotos foram mais atirados e enquanto o pole, Bruno Baptista, conseguiu se defender de um ataque de Felipe Lapenna, por fora no ‘Bacião’, o piloto da HotCar ficou vendido na saída da curva e foi emparelhado por Rafael Suzuki, que vinha em terceiro. Os dois bateram porta na entrada do S em subida e Lapenna foi passear na grama, tendo que parar o carro pra não voltar pra pista cortando a curva e caindo para o fim do pelotão. Desta vez, corretamente, os “comissácos” puniram Suzuki – ainda em corrida – com uma passagem pelos boxes, que em Cascavel é uma perda maior que na grande maioria dos circuitos nacionais. Com estratégias distintas de pit stop, a parte final da corrida viu uma briga boa pela vitória entre dois ex-companheiros de equipe por longos anos: Átila Abreu (com um Chevrolet Cruze) e Ricardo Zonta (com um Toyota Corolla). O marido da Renata Fan recebeu bandeirada em primeiro lugar, conquistando a primeira vitória do piloto na temporada e a primeira de sua equipe, a Pole Motorsport, associada da Shell, empresa de petróleo que também patrocina Ricardo Zonta, que corre pela RCM, de Rosinei Campos e comandada por seu filho. Gabriel Casagrande foi novamente o terceiro colocado, saindo de Cascavel como o maior pontuador da etapa e encostou na liderança de Daniel Serra, líder da classificação do campeonato. Sessão Rivotril. Seguindo meu mestre inspirador, está na hora de receitar as pílulas da semana. - Começo as “pílulas” com meu protesto contra o Grupo Bandeirantes pela não escalação do meu amigo Sinestro, o maior narrador de automobilismo do Brasil, para a narração da Stock Car na sua cidade natal. Uma grande desfeita (o advérbio não era bem esse...). - A narração ficou com o Ligadíssimo Caprichoso que fez – sem dúvidas – sua pior narração dos últimos tempos e acompanhado de um Matuzaleme que também fez por onde deixar o Dr. Smith com inveja, de tão perdido que estava. Foi um desastre (o advérbio não era bem esse...) - O Caprichoso começou a narração chamando o ‘Bacião’ de “a Eau Rouge brasileira”, numa comparação esdrúxula (o adjetivo não era bem esse...) com a curva de Spa-Francorchamps. A coisa só não foi pior por um problema no áudio local e boa parte da 1ª corrida foi salva por um plantonista da emissora, Rodrigo Bittar, que estava no estúdio com o Goleiro de Pebolim. - Na largada da corrida 2, o Caprichoso, que segundo meu parça, Gargamel, estava mais preocupado em ler mensagens das redes sociais do que em prestar atenção na tela do monitor onde passava a corrida, atribuiu a Bruno Baptista o incidente que tirou Felipe Lapenna da pista na saída do ‘Bacião’, quando o culpado tinha sido Rafael Suzuki. Depois, quando saiu a punição para Suzuki, ele ao menos foi humilde em pedir desculpas. - Mas a pior viria no finao da corrida, onde a série de “Meu Jesus Cristo” (a expressão com três palavras não era bem essa...), repetida sei lá quantas vezes, foi ouvida em metade do estado do Tocantins: o Matuzaleme, endossado pelo Caprichoso, aplaudiram a dobradinha de Átila Abreu e Ricardo Zonta... os dois – apesar do mesmo patrocinador – não correm na mesma equipe desde 2019!!! Ricardo Zonta corre na RCM, chefiada pelo filho do Meinha enquanto Átila Abreu é companheiro de Galid Osman na Shell Motorsport, chefiada pelo Joselmo Barcik, semd o nome original do time como Pole Motorsport. Ricardo Zonta corre de Corolla e Átila Abreu de Cruze. - Outro momento interessante foi eu ter voltado à minha infância e aos desenhos animados de Hanna-Barbera. Sim, tivemos um “remake” com Bobby Pai e Bobby Filho em Cascavel, com Rubens Barrichello e seu filho Dudu, que veio substituir o hermano assador, impedido de ir e vir pelas corridas na Argentina. Por muito pouco o diretor de provas (ele mesmo, o PIROCA) não determinou corrida com pista molhada do tanto que Bobby Pai chorava, emocionado. - Não assisti as corridas da Fórmula Furadeira. Coincidiam com as corridas da Turismo Nacional. - Transmissões do canal globéstico (a segunda vogal não era bem essa...) com o Nhonho e a turma do Chaves? Nem vi! Felicidades e velocidade, Paulo Alencar Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |