Desde sempre existem questionamentos sobre a competência deste ou daquele piloto que esteja competindo na Fórmula 1, como se alguns fossem muito melhores que os outros. A Fórmula 1 foi criada pela FIA em 1950 com o propósito de ser a principal categoria do automobilismo mundial, batizada com o nome oficial Campeonato Mundial de Pilotos. Desde o princípio vem reunindo os mais destacados pilotos que brilharam em outras categorias, dos âmbitos nacional, continental ou mesmo mundial. Todos os anos se encontram em atividade dezenas de milhares de pilotos disputando corridas em todo o mundo, parte significativa deles sonha um dia participar do restritíssimo grupo de pilotos da Fórmula 1. Somente uma minoria atingirá esse objetivo, numa proporção que pode chegar a 1 a cada 10 mil pilotos em atividade ou mais, dependendo do critério que se adote. Conseguem chegar os melhores entre os melhores. Assim como evolui em ritmo vertiginoso a tecnologia dos carros, na mesma proporção a formação dos pilotos também vem passando por notável revolução. O kart representa tanto o início como o principal aprendizado para o futuro piloto de monoposto. É no kart que o piloto em formação passa mais temporadas competindo, a fim de absorver melhor a técnica de pilotagem. Existem esquemas muito profissionais em todas as categorias de acesso, que visam preparar o piloto para a categoria acima. São preparados nas áreas técnica, física e psicológica, tratados em seus mínimos detalhes. Existe um “roteiro” a ser seguido que exige tanto muita dedicação como muito dinheiro. Todos esses aspectos somados são fundamentais para o sucesso do futuro piloto de Fórmula 1. Evidentemente a maior parte desiste no meio do caminho. Em cada categoria o piloto vai enfrentar, invariavelmente, um ou mais adversários duros de serem vencidos que, entretanto, são fundamentais para a formação adequada. Certa vez perguntaram a Christian Fittipaldi e Rubens Barrichello sobre a intensa rivalidade dos dois no kart. Christian disse: “As disputas acirradas serviram para o crescimento de nós dois”. Faz parte do aprendizado, da boa formação, enfrentar adversários de alto nível técnico. Nas portas da Fórmula 1 chegam anualmente dezenas de pilotos bem preparados, prontos mesmo, para assumir uma vaga. São pouquíssimas disponíveis, disputadas em seus mínimos detalhes. Dinheiro é importante mas é apenas um componente. O piloto precisa se sobressair, conquistar na pista a sua superlicença, se destacar entre os demais. Sobre os pilotos que já fazem parte da Fórmula 1, se alguém quiser estabelecer uma comparação, pode tomar por base, por exemplo, o grid de largada do Grande Prêmio de Mônaco de 2021, por ser uma pista que exige muita habilidade e constância dos pilotos. O pole position Charles Leclerc (Ferrari) registrou 1m10s346, a uma média horária de 170,173 km/h. O 18º colocado Nicolas Latifi (Williams) virou em 1m12s366, a uma média horária de 166,006 km/h. A diferença entre eles foi de 2,020 segundos, ou 2,872 %. É justo afirmar que um piloto que registra um tempo 3% mais lento é muito pior? Latifi, com carro inferior, foi 4 km/h mais lento que Leclerc numa pistas como Monte Carlo! Pilotos de Fórmula 1 são diferenciados, devem ser respeitados como excelentes esportistas, reforçando, do mais alto nível técnico. Basta verificar o histórico esportivo de cada um deles, que é facilmente encontrado na Internet. Por todas as razões citadas se conclui que não existe espaço para pilotos medianos e medíocres tanto na Fórmula 1 como em outras categorias top do automobilismo, como é o caso da nossa Stock Car. Só pilotos de competência comprovadíssima sobrevivem nesse esporte. Luiz Carlos Lima Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |