Olá pessoal que acompanha o site dos Nobres do Grid, Venho escrevendo há um bom tempo sobre os avanços tecnológicos na indústria automotiva e fiz uma série de artigos sobre a “disputa” entre os grupos de estudo e trabalho que tem se concentrado em carros elétricos, enquanto outros acreditam e apostam no uso do hidrogênio como forte de energia em motores de combustão interna. Com os carros elétricos ainda esbarrando na questão da autonomia de suas baterias e na disponibilização de locais de “abastecimento”, os estudos com sistemas de combustão interna utilizando o hidrogênio como combustível continua sendo objeto de estudos. Como foi mostrado há alguns meses aqui nesta minha coluna, a Ford vem trabalhando em uma linha de carros elétricos, mas anunciou que está dividindo seus negócios em duas divisões separadas. O Model E será responsável pelos veículos totalmente elétricos no futuro e há vários EVs novos atualmente em desenvolvimento. Por sua vez, a divisão Blue trabalhará em modelos de combustão e parece que pode estar trabalhando em um projeto muito interessante, a julgar por uma patente recente. A montadora registrou uma patente no Escritório de Marcas e Patentes dos EUA para um motor de combustão movido a hidrogênio. Um veículo movido a hidrogênio típico usa um sistema de propulsão semelhante ao de um veículo elétrico, onde a energia armazenada como hidrogênio é convertida em eletricidade pela célula de combustível. No entanto, a nova patente da Ford é para um motor de combustão turboalimentado movido a hidrogênio. O diferencial deste projeto da Ford é que o sistema desta patente não é como as dos veículos típicos de hidrogênio, que convertem esse combustível em energia elétrica para armazená-lo em uma bateria de íons de lítio e, assim, alimentar um ou mais motores elétricos. Em vez disso, este motor é semelhante a um motor a gasolina ou diesel, mas com a grande diferença de que usa hidrogênio como combustível. Na patente para este motor, apresentada pela Ford, já está contemplado o comportamento do mesmo para controlar corretamente, e em qualquer situação, a relação ar e combustível. Pelo menos no papel, o motor da empresa deve ser capaz de operar em uma ampla faixa de valores de lambda ar/combustível. Assim como em um motor de combustão interna moderno padrão, a recirculação dos gases de escape (EGR) e o sincronismo das válvulas seriam usados para controlar o processo de combustão. De acordo com as informações disponíveis, o motor seria capaz de valores lambda superiores a 2,00, o que significaria uma mistura ar/combustível de pelo menos 68 partes de ar para 1 parte de hidrogênio. Para comparação, um motor a gasolina pode variar entre 0,54 lambda e 1,25 lambda. A patente também inclui injeção direta para fornecer hidrogênio aos cilindros e, teoricamente, fornecer hidrogênio por injeção direta poderia produzir até 15% mais potência do que um motor a gasolina equivalente. Na patente da Ford, o motor de combustão a hidrogênio também é visto como parte de um trem de força híbrido com um motor-gerador posicionado entre o motor e a transmissão. É importante notar, no entanto, que a patente do oval azul cobre apenas o método de combustão e controle de misturas de hidrogênio, não todo o motor. As marcas de automóveis costumam depositar dezenas de patentes, e a verdade é que nem todas as tecnologias que desenvolvem acabam em produtos finais. No entanto, seria interessante que, paralelamente aos sistemas elétricos, também se apostasse nos motores a hidrogênio. Ainda assim, trata-se de um motor e o consumo de óleo lubrificante, mesmo que em pequenas quantidades, gera poucos níveis de CO2. Não se sabe ainda em que carro ele irá estrear, contudo, um dos candidatos é o próximo Mustang. Com quatro cilindros e turbo, o propulsor a hidrogênio da Ford ajudará muito a marca a ter uma opção aos elétricos por algum tempo. Isso, obviamente, permitiria que os motores atuais continuassem a ser desenvolvidos, mas com o objetivo de serem movidos a hidrogênio, em vez de gasolina e diesel. Muito axé pra todo mundo, Maria da Graça |