O GP de Mônaco é disputado desde 1929. Naquele ano W. Grover Williams, pilotando um Bugatti, registrou uma média horária de 80,190 km/h. Para comparação: Sergio Perez, vencedor de 2022, alcançou 109,988 km/h, em pista molhada. A ocorrência de chuva em Monte Carlo costuma alterar o resultado previsto. O imprevisível se repetiu várias vezes ao longo da história. Como, por exemplo, a vitória de Jean-Pierre Beltoise em 1972, com um BRM P160B. Mais uma vez, falta de sorte de Charles Leclerc, que dominou os três treinos livres e a qualificação. Tudo indicava que a sorte do monegasco mudaria e que venceria seu primeiro Grande Prêmio em casa. Leclerc, seguido por Sainz, Perez e Verstappen. Situação perfeita. Bastaria uma boa largada, mantendo a ponta, e administrar a liderança até a bandeirada. Não há nenhuma dúvida de que Leclerc tem plena capacidade de cumprir esse roteiro. Havia uma previsão de chuva só para depois da corrida. O piloto da Ferrari parecia estar mesmo num final de semana de sorte, pois durante o Q2, quando foi escolhido para a pesagem, passou do ponto da balança e foi empurrado de volta pelos mecânicos da equipe. Peso aferido, o piloto voltou ao treino normalmente. No final da qualificação dirigentes da Red Bull afirmaram que Leclerc deveria ser punido por não ter acessado a balança imediatamente após a entrada nos boxes. O protesto não foi formalizado e o resultado da qualificação não foi alterado. No domingo, ao contrário da previsão, começou a chover pouco antes dos carros seguirem para o grid. Começou com chuva leve, mas suficiente para o uso de pneus intermediários, opção adotada por todas as equipes. Ocorreu que poucos minutos antes da largada começou a chover mais forte. Largada adiada, nova troca de pneus, início das prova com safety car e bandeira vermelha. Quando estava tudo pronto uma queda de energia elétrica impediu que a largada com os carros parados fosse realizada. A opção foi largar em fila indiana com o safety car iniciando à frente. Mesmo com essa situação difícil para todos, já que guiar com piso molhado em Monte Carlo aumenta significativamente o grau de dificuldade. As posições foram mantidas. Todos os pilotos, sem exceção, guiaram muito bem, desempenho digno de autênticos pilotos de Fórmula 1. A decisão estaria no momento certo da troca de pneus, já que a chuva tinha parado e a pista secava rapidamente. Cada conjunto piloto-estrategista adotou seu procedimento. A grande maioria optou por pneus intermediários. Carlos Sainz, diferente dos demais, pediu à equipe, insistentemente, para permanecer na pista e trocar direto para os slick, evitando assim uma possível parada a mais, como aconteceu como a maioria. Todos os procedimentos realizados, Sergio Perez assumiu a liderança, com Carlos Sainz em segundo, Max Verstappen em terceiro e Charles Leclerc em quarto. Foi assim que terminou a corrida. Leclerc foi o grande prejudicado nessa história. Depois da corrida, cuspindo marimbondos, afirmou ter sido prejudicado pelas decisões da equipe. Ele está certo. Mas também tem que assumir sua parte na culpa. Por que não matou no peito a decisão como fez Sainz? Erros e acertos são possíveis quando se tem que tomar decisões. “Corridas são corridas”, como diria Fangio. Foi uma corrida digna de GP de Mônaco, espetacular, como tem sido na Fórmula 1 atual. Luiz Carlos Lima Em tempo: Afirmei, na coluna passada, que considerava a Mercedes uma das favoritas à vitória em Mônaco. Como diria Nelson Rodrigues: “Os fatos provaram que eu estava enganado. Danem-se os fatos!” Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |