Olá amigos leitores, A IndyCar Series viu algumas coisas bem diferentes nesta última edição. A coluna que escrevi na semana passada falava sobre o trabalho dos pilotos e das equipes para preparar os carros a fim de fazê-los virarem da forma mais rápida e equilibrada possível para a classificação. Mas, e para a corrida, como as coisas funcionariam? Diferente das voltas de classificação, quando o carro está sozinho na pista, na corrida temos 33 carros andando em fila, com enorme influência do vácuo e com mudança de comportamento nos carros após as sequências de voltas entre as paradas para trocas de pneus e reabastecimento. Entre todos, um deles era o alvo e vítima durante a prova: o líder. Andando sem ninguém na sua frente e enfrentando a resistência do ar, ele abria caminho e criava-se um “cone” atrás do líder os demais seguiam. O líder ziguezagueia nas retas para tentar tirar o vácuo dos carros que vinham atrás e esse movimento faz das retas um movimento de serpente na fila de carros... e foi assim da primeira à última volta. Quem andava atrás do líder também tinha movimentos interessantes. Além de seguir o carro da frente, mantendo-se no vácuo, quando a transmissão da corrida mostrava a câmera on Board, permitia que víssemos o piloto que ia em segundo lugar tirando o pé do acelerador. Isso permitia a economia de combustível, o que poderia proporcionar o ganho de algum tempo nas paradas nos boxes e poder permanecer mais tempo na pista com o carro leve. Como tivemos apenas uma bandeira amarela em três quartos da corrida – entre a largada e a volta 150 – provocada por Sting Ray Robb, o fator que mais impactava na disputa foi a vibração que atingiu alguns carros, fazendo a asa traseira balançar intensamente e comprometendo a pilotagem dos pilotos. Will Power, Scott Dixon e Helio Castroneves tiveram suas corridas comprometidas com este efeito. Outro impacto decisivo na prova foi a batida na saída dos pits quando Rinus Veekay perdeu o controle e acertou o carro de Alex Palou, empurrando o piloto da Ganassi para o muro interno. Os dois vinham brigando pela liderança na primeira metade da corrida. Rinus Veekay foi punido com um “Drive Thru” e Alex Palou, com a asa dianteira quebrada, foi puxado pelos mecânicos de volta para sua posição, precisou trocar o bico do carro e com isso ambos ficaram com as suas corridas seriamente comprometidas e deixaram aberta a luta pela liderança, que passou pelas mãos de Patricio O’Ward, Felix Rosenqvist, Santino Ferrucci (no improvável carro #14 da AJ Foyt), Takuma Sato, Marcus Ericsson, além dos dois até então protagonistas. Alex Palou vinha voando e recuperando terreno quando foi beneficiado pela bandeira amarela provocada por Romain Grosjean, que escapou e bateu na curva 2. Marcus Ericsson era quem estava à frente nesta altura, seguido por um surpreendente Josef Newgarden. A Penske não conseguiu andar rápido como os carros da Ganassi e da McLaren durante a preparação para a corrida, mas no decorrer da prova, o bicampeão da IndyCar Series foi encontrando o melhor acerto para as condições que se apresentavam e subiu da 17ª posição node largou para brigar pela ponta. Entre os brasileiros, Tony Kanaan – fazendo sua corrida de despedida – era o melhor colocado em 19º, duas posições à frente de Castroneves, que não encontrou um bom acerto para o carro com a equipe Meyer Shank. A corrida voltou a ter bandeira verde a 45 voltas do final, mais do que um carro da categoria consegue andar sem ter que parar nos boxes e nesta bandeira amarela, alguns pilotos e equipes chamaram seus carros aos boxes para mexer na estratégia de corrida, certamente pensando que teríamos outras bandeiras amarelas nas voltas finais, como normalmente acontece. Dito e feito, na volta 184, quando os carros que não haviam parado foram para os boxes, a batida entre Felix Rosenqvist e Kyle Kirkwood provocou a bandeira amarela que, em outros tempos, teria definido a corrida. O carro do piloto da Andretti capotou e se arrastou entre o asfalto e o muro. Uma das rodas (a traseira esquerda) voou do seu carro e por pouco não atingiu a arquibancada, passando muito próximo e atingindo um carro no estacionamento (a proprietária do GM Cruze branco ficou famosa, foi convidada pelo pessoal da IndyCar para entrar na pista, tirar foto com o staff da organização, com direito até a dar um beijo na faixa de tijolos). Pelos danos, resgate e limpeza de pista, e faltando pouco mais de 15 voltas, a corrida iria terminar em bandeira amarela, mas a direção de prova paralisou a corrida com uma bandeira vermelha faltando 15 voltas para o final. Após 20 minutos de paralização, tivemos a relargada após algumas voltas atrás do Pace Car. Teríamos 10 voltas de corrida se uma sequência de acidentes em menos de uma volta não provocasse uma nova interrupção da corrida – inicialmente com a bandeira amarela e em seguida com a bandeira vermelha – e postergasse mais um pouco a definição da corrida. Quando deram a bandeira verde, Josef Newgarden saiu de 3º para a liderança ultrapassando Pato O’Ward, que largava na frente e Marcus Ericsson o 2°, enquanto eles brigavam entre eles. Na tomada da curva 3, Ericsson fechou O’Ward, que rodou e bateu no muro. Mais atrás, Augustin Canapino tinha batido com Simon Pagenaud na mesma curva enquanto o carro de Pato O’Ward tinha parado na tomada da curva 4. O carro do piloto argentino veio rolando lentamente até acertar o carro do mexicano. Novamente a direção de prova, inicialmente, colocou a bandeira amarela e depois a vermelha, quando faltavam 6 voltas para o final. Após mais uma paralização, limpeza de pista e saída dos carros atrás do Pace Car, a bandeira verde só foi agitada com duas voltas para o final. Marcus Ericsson era o líder e poderia repetir o feito do ano anterior, mas após cruzarem a linha de partida, era a volta final e mesmo escapando do ataque de Josef Newgarden na reta dos pits, após a curva 2 foi impossível segurar o piloto da Penske, que na defesa das curvas 3 e 4, e da primeira metade da reta, chegando a cruzar a linha pontilhada da entrada dos pits para vencer pela primeira vez em Indianapolis. Na comemoração, ele saiu do carro e, usando uma das janelas na tela de proteção onde os fotógrafos se posicionam, deixou a pista e foi abraçar os torcedores mais perto da tela, numa comemoração inédita. Santino Ferrucci, Alex Palou (numa recuperação impressionante) e Alexander Rossi fecharam o Top 5. A festa, na pista e no pódio com leite, depois disso com álcool de diversas formas, foi grande e durou o restante da tarde e da noite, mas na segunda-feira, já era hora de mudar o foco e pensar na corrida de Detroit, que saiu de Belle Isle e volta para o centro da capital da indústria automobilística norte americana. Vamos acelerar! Sam Briggs Fotos: site IndyCar Media Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |