Nesse dia 25 de dezembro, além do tradicional Natal, os apaixonados por automobilismo devem comemorar os 80 anos de vida de Wilson Fittipaldi Júnior. Ele deve ser considerado um dos mais importantes personagens da história do automobilismo brasileiro. Wilsinho nasceu em São Paulo, no natal de 1943. Filho do radialista e publicitário Wilson Fittipaldi, foi do pai que recebeu a maior influência para se aproximar das corridas de Interlagos. Wilson era o locutor da rádio Panamericana e levava os filhos Wilsinho e Emerson, que se tornaram fanáticos pelos carros de corrida. No final dos anos 1950 surgiram as primeiras corridas de kart. Wilsinho foi o melhor piloto na fase pioneira do kartismo do Brasil. Com as recém-instaladas indústrias automobilísticas em território nacional surgiram as primeiras equipes oficiais das principais marcas. Com o destaque no kart Wilsinho foi convidado a pilotar para a Willys. Na primeira metade dos anos 1960 era reconhecido como o melhor piloto do país, ao lado de Bird Clemente e Luiz Pereira Bueno, seus companheiros na Willys. Foi vitoriosa a primeira fase da carreira de piloto. Decidido a se tornar profissional no automobilismo, precisava ganhar algum dinheiro para bancar parte das despesas nas corridas. Sempre na companhia do irmão mais novo Emerson, criou o volante esportivo “Fórmula 1” e logo em seguida fundou a fábrica Kart Mini, um tremendo sucesso, que existe até hoje. Na segunda metade dos anos 1960 brilhou pilotando os Karman Ghia-Porsche da equipe Dacon, além de construir carros vencedores como o Fitti-Vê e o Fitti-Volks. Esse último com dois motores. Desenvolveram um protótipo com motor Porsche, muito potente mas problemático ao extremo. O Fitti-Vê se mostrou um carro de corridas que venceu marcas europeias. Wilsinho era o piloto que mais se preocupava com a profissionalização do esporte, falava com outros pilotos sobre fazer carreira na Europa, buscando nesse caminho inclusive melhorar as condições do automobilismo no Brasil. Ele acreditava tanto nisso que no final de 1968 juntou suas economias com as do irmão e apostaram tudo na ida de Emerson com dinheiro suficiente para suportar as despesas por um ano (1969) nas Fórmulas Ford e 3. E a história de sucesso Emerson todos nós conhecemos. Com o irmão encaminhado na Fórmula 1, Wilsinho partiu para a carreira europeia no início de 1970. Venceu várias corridas inglesas de Fórmula 3. Em janeiro de 1971, aconteceu em Interlagos a Copa Cidade de São Paulo de Fórmula 3. Foram 4 corridas, divididas em 8 baterias. Wilsinho venceu 7 e foi campeão absoluto, superando até o australiano David Walker, piloto oficial da Lotus.. A bateria que não venceu foi porque saiu antes da pista para acompanhar o nascimento do filho Christian. Até hoje é o melhor resultado de um piloto brasileiro em torneios internacionais. No mesmo mês de janeiro, dia 24, estreou na Fórmula 1, com um Lotus 49, numa prova extracampeonato, em Buenos Aires. Na temporada de 1971 o piloto brasileiro se dedicou à Fórmula 2, com resultados expressivos, enquanto negociava patrocínios para a Fórmula 1 visando 1972. Assinou com a equipe Brabham, que acabara de ser comprada por Bernie Ecclestone, para dois anos. A equipe inglesa vivia um período de decadência e o novo projetista Gordon Murray assumiu para tentar modernizar a sua estrutura. Em 1972, ainda com o carro já ultrapassado, Wilsinho chegou 4 vezes entre os 10 primeiros: 7º) na Espanha, 9º) em Mônaco, 8º) na França e 7º) na Alemanha. Em 1973, já com o carro BT37 com ideias de Murray, pontuou duas vezes: 6º) na Espanha e 5º) na Alemanha. Pela excelente participação no GP de Mônaco Wilsinho recebeu o Prêmio Jo Siffert por ser considerado o piloto de maior destaque na pista. Só não chegou ao pódio por quebra do carro. Wilsinho surpreendeu a todos quando decidiu dar uma pausa como piloto para se dedicar ao projeto e construção de um carro de Fórmula 1 brasileiro. Passou todo o ano de 1974 desenvolvendo o carro dos seus sonhos. E conseguiu concluir a tempo de alinhar o novo carro, o Copersucar FD01 para o GP da Argentina de 1975, cumprindo com uma temporada de aprendizado. Foram anos de muita luta, até 1982, quando a equipe encerrou as atividades. A melhor temporada da equipe brasileira foi a de 1978, quando marcou 17 pontos e ficou em 7º) lugar entre 14 equipes. Valeu pela coragem que os irmãos Fittipaldi tiveram por enfrentar o maior desafio que o automobilismo mundial pode proporcionar. Depois da Fórmula 1 Wilsinho se dedicou à carreira do filho Christian. E o garoto não decepcionou. Durante mais de 35 anos Christian cumpriu uma jornada vitoriosa, se destacando em todas as categorias em que competiu, conquistando títulos importantes. Pai e filho até conquistaram uma vitória em dupla., na edição de 1994 da Mil Milhas Brasileiras, guiando um Porsche 911. Principalmente por tudo o que relatamos na presente matéria, Wilson Fittipaldi Júnior merece ser homenageado. Muita saúde e vida bem longa ao “Tigrão”, nesses 80 anos de vida. Luiz Carlos Lima Visite o site do nosso colunista Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid. |