E aê Galera... agora é comigo! Como eu falei pra todo mundo nas redes sociais, com a janela (o termo mais apropriado é buraco negro) no “não-planejamento” do calendário nacional de automobilismo na República Sebastianista de Banânia (agradecimentos ao meu camarada e colunista do site, Alexandre Gargamel), aproveitei as férias escolares para uma viagem em família. Para quem achou que eu não faria minhas colunas nesse período, na semana passada teve o resgate da Porsche dos Pobrinhos e da verdadeira categoria de corrida de caminhões, a Fórmula Truck. Nesta semana, vamos falar de autódromos, que andam “aparecendo do nada” de uma hora pra outra como se fôssemos “o país do automobilismo”. Como escrevi no título (quase nunca a Chica da Silva, Rainha da Bahia e minha editora deixa o texto original... vamos ver o que ela vai fazer dessa vez), temos três autódromos que em breve rasgarão os 8,5 km quadrados do território nacional. O primeiro é o real. Aquele que vai sair do papel, especialmente porque é uma iniciativa privada e com fins bastante específicos. Pista pra pobrinhos: um seguimento de negócio em expansão. Apesar da pobreza de boa parte da população Tapuia, existe uma casta por aqui – os pobrinhos – que vivem em uma dimensão paralela. Para esses pobrinhos, dinheiro e bens como mansões, aviões, iates e carrões são como cuecas e calcinhas para os pobres mortais. O Mantiqueira Speedway Club, que fica no município de São José dos Campos em sua área rural e não muito distante de a Campos do Jordão, cidade paulista que – principalmente no inverno – é ponto de encontro e badalação dos pobrinhos e segue o modelo de clube exclusivo do Raceville, sobre o qual escrevi algumas semanas atrás. A diferença do Mantiqueira Speedway Club em relação ao Raceville (pelo menos eu espero que isso seja levado em consideração por aquele pessoal do bairro da Glória) é que o traçado do circuito de corrida, que terá 2.831 metros, em sentido anti-horário, terá sua maior reta com apenas 500 metros. Plenamente apropriada para os pobrinhos se divertirem com seus carrões acelerando, em track days, encontros de automóveis pra ver quem tem o carro mais caro, etc. assim como deveria ser lá em Mogi-Guaçu. Mesmo com a garantia de que a reta terá 15 metros de largura e 12 metros no restante do traçado, este está longe de ser aceitável para receber uma etapa de qualquer campeonato nacional de automobilismo. Além da pista, que terá 8 boxes permanentes (e uma saída de box tão perigosa quanto a de Mogi-Guaçu) e todo os confortos para os frequentadores, além de um kartódromo com 5 opções de traçado, é preciso que consideremos uma coisa muito importante: este tipo de autódromo privado no modelo clube é um benefício para a sociedade e para a segurança nas estradas para que os pobrinhos possam acelerar seus carrões com motores de 400, 500, 600 cv em um local seguro e não fazendo bobagem (o advérbio não era bem esse...) como costumo ver alguns “agroantas” acelerando irresponsavelmente em estradas na região centro oeste, o que acontece em muitos estados. Autódromo no Rio de Janeiro: agora vai? Depois de toda aquela enrolação com aquele boneco de posto que não tinha um tostão no bolso, mas aparecia como líder de um projeto para construir um autódromo no Rio de Janeiro em cima de um campo minado do exército com as bênçãos do ex-presidente da República Sebastianista de Banânia, atualmente caminhando em direção a um presídio, o atual prefeito da cidade, Eduardo Paes, as vésperas da eleição para ter um segundo mandato (pobres cariocas... por ele e pelas “alternativas”) anunciou o lançamento do projeto – já aprovado pela câmara de vereadores da cidade – tendo “encontrado” o local para ser construído o novo autódromo em substituição ao assassinado antecessor, onde construíram um parque de elefantes brancos utilizados por 16 dias para os jogos olímpicos de 2016. O terreno fica entre a Avenida Dom João VI e a Estrada da Matriz, em Guaratiba. Vendo onde é isso no Google Maps, hoje ainda é bem distante de qualquer especulação imobiliária (Vamos ver até quando). Fazendo uma pesquisa sobre o local (o Ogro faz a coisa direito), descobri que este terreno, plano e em grande maioria coberto por vegetação baixa, foi o local onde o Papa Francisco ia rezar uma missa campal no final do encontro dom a juventude em 2013. Mas nos dias que antecederam a celebração, choveu muito e o lugar virou um pântano (isso não é um bom sinal...). O terreno tem mais de 2 milhões de metros quadrados (o dobro de Interlagos), o que dá para fazer um grande autódromo e o prefeito Eduardo Paes foi “xpertu” como falam os cariocas: antes que aparecessem mil projetos mirabolantes, ele decidiu que a pista terá a mesma configuração do antigo autódromo, com 5.020 metros (apesar que, na imagem de divulgação, ele está no sentido invertido, passando a ficar no sentido horário). O que o a imagem não mostrou foi a recuperação do oval que fizeram para receber a Fórmula Indy. Em todo caso, se os responsáveis pela obra fizeram as coisas direito, o autódromo tem como atrair a categoria norte americana (numa eventual “vinda casada” para uma corrida na Argentina) para retornar ao Brasil, e atrair a MotoGP, que saiu da terra dos Hermanos depois que colocaram um louco na presidência do país (se sonham com a Fórmula 1, esqueçam). Com dois eventos internacionais e mais as categorias nacionais (e os eventos não ligados ao automobilismo), é possível manter o autódromo vivo e operacional. O surreal projeto na cidade com nome de Marechal. A Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense e que recebe o nome do Marechal que comandou nosso exército na guerra contra o Paraguai (não aprofundarei o tema para evitar a censura), quer ter um autódromo internacional. Essa informação chegou pra mim antes de minha viagem em família para a Disney (os comentários sobre isso estão no meu Facebook) vindas do Falcon, o brinquedo de ação, que escreve a coluna “Radar” no Nobres do Grid. O tal autódromo estaria previsto para ser construído nas margens do Arco Metropolitano em uma área – obviamente – dentro do município localizado no bairro Figueira. O terreno, que é público – ou seja, do município – está vazio e é cercado por mato. O projeto para o autódromo já estaria pronto e uma licitação já tem dia e hora para acontecer: 16 de setembro de 2024, às 10:00 horas e a empresa ou o consórcio vencedor deverá executar a obra (cujo traçado teria 4.650 metros, mas nenhum croqui ou desenho foi apresentado) em 24 meses, com o uso de dinheiro público – nomeadamente do governo estadual – na bagatela de 350 milhões de reais. A foto do terreno (via Google Earth) realmente mostra que não tem nada naquela área. Agora vamos as questões políticas: o atual prefeito da cidade, Wilson Miguel, é apoiador do atual governador do estado, Claudio Castro, que é apoiador do ex-presidente. O atual prefeito era o vice-prefeito na eleição que colocou à frente da cidade o Washington Reis, atual secretário de transportes do governo do estado e foi o responsável pela apresentação deste “projeto”. Todos são oposição a Eduardo Paes, que é apoiado pelo atual presidente. Estamos diante de mais uma disputa política estúpida que pode não dar em nada – mais uma vez – para o automobilismo do Rio de Janeiro e do Brasil. Agora vem a questão técnica: A Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), aquele estabelecimento no bairro da Glória, no Rio de Janeiro, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) ou mesmo a Federação Internacional de Motociclismo (FIM) não receberam qualquer consulta prévia sobre a instalação de um equipamento esportivo ou um projeto para análise de aspectos técnicos de segurança e graduação. É mais simples e mais rentável fazer clube pra pobrinhos brincarem de pilotos por algumas horas nos finais de semana. Sessão Rivotril. Seguindo meu mestre inspirador, está na hora de receitar as pílulas da semana. - Sem acompanhar corridas, convido a todos visitarem minha página no Facebook e acompanharem os Boletins da Disney, com passagens da minha estada nos Estados Unidos. - Recebi algumas fotos do Capitão e mandei aquele abraço pra galera que estava no autódromo de Interlagos durante o WEC. - Outras pessoas também me mandaram fotos e a melhor que recebi foi a do “Meia Boca”, que trabalhou nos comentários da transmissão. Tô mudando o apelido dele para Kinder Ovo! - Na coluna que vem tem a Turismo Nacional e eu volto com tudo! Felicidades e velocidade,
Paulo Alencar Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.
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