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Três possibilidades de futuro PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 02 December 2024 21:32

Ainda falta muito para 2026, que é quando entram os novos regulamentos, mas há certas coisas que começam a ser vistas, quando falta uma temporada e algumas corridas para a sua concretização. Falando com algumas pessoas mais por dentro da cena, lendo outras coisas que algumas pessoas publicam na imprensa especializada, começamos a ter umas ideias do que acontecerá a partir dessa temporada, com novos chassis, novos pilotos, mas sobretudo, quem serão os dominadores e os dominados.

 

Não fiquem espantado se 2025 seja uma tempoada equilibrada para quatro ou cinco equipas. O que direi é para aproveitar, porque depois, em 2026... o dominio de uma ou duas equipas pode voltar.

 

1 – A GRANDE APOSTA DAS PETROLIFERAS

 

Um fator que iremos ter em conta vai ser uma coisa chamada... combustível sintético.

 

Não é uma coisa nova – existe há cerca de um século – mas a grande novidade tem a ver com a chance de fazer da Formula 1 uma competição neutra em carbono até 2030. Apesar de ser possível, o custo da transformação é caro, mas adequada para uma pequena competição – em termos de pegada de carbono – como esta, que leva carros para os quatro cantos do mundo, 24 vezes por ano.

 

 

E pelos vistos, a adaptação dos combustíveis sintéticos aos motores, que continuam a ser os 6 cilindros Turbo, com um sistema de regeneração de energia, poderá ser eficaz para a performance dos motores em pista. E isso poderá explicar as razões porque, por exemplo, a Alpine deixou de fabricar os seus motores e passou a ter Mercedes em 2025 e voltou a contratar Flávio Briatore. É que os primeiros resultados desses novos motores nos bancos de ensaios mostram que há duas marcas na linha da frente: Honda (a saudita Aramco)... e Mercedes (com a malaia Petronas).

 

Mas é a Mercedes que tem os melhores resultados e poderão dominar, como fizeram a partir de 2014, quando surgiu a atual era de motores. Como eles ficam com a melhor fatia, isso poderá significar que George Russell é o candidato numero um ao título... ou não. Afinal de contas, temos Kimi Antonelli (mais sobre ele adiante). E há mais equipas com esse motor, como a Williams e... a Alpine. Parece ser um cenário muito semelhante a 2014 que está a ser desenhado, lembram-se como a Williams se portou nessa temporada, com Felipe Massa e Valtteri Bottas?

 

 

No caso da Alpine, a chegada do Briatore poderá ser para organizar a equipa de Enstone e... vender. Não tira da cabeça a ideia de, num futuro mais distante – vamos imaginar, 2028... – a marca francesa se farta e vai-se embora. O atual CEO da marca não gosta muito de automobilismo, e está a ver que, por exemplo, não vende muitos carros de estrada, e ainda não se sabe bem até que ponto aguenta ver a sua marca na Endurance, onde compete na classe Hypercar. Poderá ser mais barato, mas a paciência dessa gente em relação ao automobilismo irá até um certo limite. E também recordo isto: as marcas querem vencer, na velha frase "win on sunday, sell on monday". Pode até estar desatualizado, mas a frase ainda é verdadeira.

 

Mas ao contrário de 2014, há um rival que irá investir pesado para contrariar esse possível domínio: Honda. Eles irão em 2026 para a Aston Martin, depois de um bom tempo na Red Bull, que a partir dessa temporada terá motores da Ford. A Aston Martin, como é sabido, é de Lawrence Stroll, e está a investir pesado. Nova fábrica, em Silverstone, a contratação de Adrian Newey, e claro, a dupla de pilotos quer ganhar. Fernando Alonso deseja o tricampeonato, e mesmo que esteja a caminho dos 45 anos nessa temporada, quer mostrar que ainda consegue ombrear com gente que nem era nascida quando começou a carreira...

 

E claro, o combustível: a Aramco saudita é dona parcial da Aston Martin e investiu pesado nesta tarefa. E para eles, dinheiro não é, nunca foi, o problema. Aliás, recentemente, investiram mil milhões de dólares numa refinaria de petróleo sintético em Bilbau, no País Basco espanhol.

 

 

O problema é o segundo piloto. Lance Stroll ainda não provou que tem estofo de campeão – e se calhar, nem terá – e se os motores japoneses começarem a mostrar que tem a capacidade de lutar com a Mercedes pelos lugares da frente, torna-se um lugar apetecível. Uma alternativa é Yuki Tsunoda, que é piloto Honda, e eles sabem que a Red Bull não o quer. E com o final do acordo com a Honda, no final de 2025, ele está livre de correr para outro lado, e a Aston Martin é a favorita. Stroll tem de mostrar que é alguém na Formula 1, caso contrário, todos olharão para a equipa como a de um só piloto - e de um motorista de luxo...

 

E com Alonso idoso, se conseguir andar bem, e querer retirar em alta, será o lugar mais apetecível da Formula 1. lá para 2027. E quem poderá ir para lá? Estou a pensar em Max Verstappen, que apesar do seu contrato até 2028, poderá sair antes... por muitos motivos. O primeiro, a Red Bull poderá estar no inicio da sua curva descendente (durante esta primavera e verão, após a saída de Newey, muitos engenheiros foram recrutados por outras equipas), o segundo, o motor da Ford não promete – aliás, do que se ouve é que os outros motores estão muito longe de mostrarem resultados, e isso inclui a Ferrari... – e Max, como todo e qualquer piloto que oi campeão - quer correr em equipas vencedoras. Como conhece o motor e o projetista, seria bem-vindo à Aston Martin. Mas isso, se calhar, é lá mais para 2027.

 

 

Quanto aos outros, se calhar irão penar. Audi, Ferrari, Red Bull – com a Ford, como sabem. Ião investir muito para recuperar o tempo e o lugar perdido. E aí, as firmas gasolineiras (Shell, com a Ferrari, por exemplo) estão muito atrás.

 

Claro, 2026 está ainda longe, e há quem possa recuperar o tempo perdido até lá, mas pode-se afirmar que este tempo futuro não será a dos construtores, mas antes... a das petroliferas. E tem a capacidade de apostar forte nesta tecnologia.


2 – ANTONELLI, COMO HAMILTON

 

 

Quando alguém sabe o que tem nas mãos, faz um plano com o objetivo de alcançar o topo. E, acreditem, Toto Wolff tem um plano.

 

Tal como Ron Dennis planejou a entrada de Lewis Hamilton na Formula 1, quase 18 anos antes, agora, Wolff quer construir um campeão desde o berço. Curiosamente, um rapaz que nasceu... em 2006, altura em que Dennis “construía” Hamilton na GP2, e não cedendo à tentação de o colocar num dos seus carros quando Juan Pablo Montoya foi embora da equipa a meio do ano, depois do GP dos Estados Unidos. 

 

 

Se ainda não toparam quem é, digo agora: Andrea Kimi Antonelli.

 

Antonelli é um talento, isso é um facto. Atualmente na Formula 2, onde já ganhou duas corridas nesta temporada, ganhou a FRECA (Formula Regional Championship) em 2023 e a corrida de Formula 4 no FIA Motorsport Games de 2022, bem como o ADAC Formula 4 Championship, ou seja, a Formula 4 alemã, e a ormula 4 italiana, ambos também em 2022. 

 

Mas desde este ano que ele está a fazer um programa extensivo de testes. Na primavera, testou com o W12 primeiro no Red Bull Ring, depois 500 quilómetros em Imola, com o W13. As respostas pareciam ser encorajadoras, e Wolff parece estar crescentemente entusiasmado com ele, apesar de alguns contratempos nas sessões de tempos livres onde participou, nomeadamente em Monza e na Cidade do México. E depois disso, mais testes, em Qatar e Abu Dhabi, testes privados, que custam dinheiro: cinco milhões de dólares por dia!

 

 

Mas para além disso, Antonelli deverá estar a ter muito tempo no simulador, nem que seja para se preparar para a temporada que aí vem, a da sua estreia na Formula 1. Lidará com George Russell, não muito mais velho que ele, mas bem mais experiente - em 2025 fará a sua sétima temporada na competição - e sem Hamilton, que ruma à Ferrari, terá uma temporada de aprendizagem onde lidará com um pelotão esfomeado, que não perdoa os hesitantes. Mas Wolff confia que ele se adaptará bem, e o seu instinto afirma que a médio prazo, ele será um dos que tem estofo de campeão.

 

E sabem que idade terá em 2026? 19 anos – fará 20 a 25 de agosto.

 

É claro que ele tem de ganhar a luta interna com George Russell, mas se conseguir, a hipótese de Antonelli ser o mais jovem campeão do mundo, batendo o recorde de Sebastian Vettel, é tentador. Como aconteceu com Hamilton, 20 anos antes. É uma aposta bem forte, mas claro, recompensadora.


3 – DEPOIS DE MIM, O DESERTO 

 

 

Adrian Newey é um génio na sua área. O seu palmarés é vasto e todos reconhecem que irá para a história como um dos melhores de sempre, a par de gente como Colin Chapman e Gordon Murray, entre outros.

 

 

Mas o que pouca gente entende é que depois da passagem de Newey, que começou na Formula 1 em 1980, estagiando na Fittipaldi, ao lado de Ricardo Divila, é que as equipas onde trabalham não recuperam - ou demoram muito tempo - para voltar ao topo. March, Williams, McLaren e Red Bull, todos eles sofreram. Bastante. E no ano em que se transferiu da Red Bull para a Aston Martin, é bom falar sobre o seu palmarés, comparado com o que essas equipas ganharam depois. 

Na March, depois de ser despedido no verão de 1990 e contratado a seguir para a Williams, a estrutura, baseada na Genoa Race, uma equipa feita por Cesar Gariboldi para levar Ivan Capelli para a Formula 1 – a March era o chassis de Formula 3000 que tinha sido modificada no inicio de 1987, quando foram para a categoria máxima do automobilismo – acabou por desaparecer no final de 1991, com o escândalo da Leyton House, de Akira Akagi, apesar de uma tentativa meritória para se permanecer em 1992, e tentar competir na temporada de 1993, até que as enormes dívidas os terem derrubado.

 

 

Na Williams, ele ficou até meados de 1996. Do FW14 até ao FW18, todos estes chassis foram vencedores, conseguindo os títulos de Construtores de 1992 a 1994, e de 1996 a 1997. E claro, quatro títulos de pilotos, um para Nigel Mansell (1992), Alain Prost (1993), Damon Hill (1996 e Jacques Villeneuve. Quando ele rumou para a McLaren, a meio de 1996, ainda desenhou o que foi o FW18, mas depois disso, aliado ao final da parceria com a Renault, em 1997, a Williams ainda ganhou corridas, especialmente no consulado da BMW, mas nunca mais ganhou campeonatos. Aliás, a última vitória é de 2012, e o último pódio é de 2021. 

 

Na McLaren, depois de desenhar o MP4/13, que deu os títulos de pilotos e Construtores de 1998, com Mika Hakkinen, ganhou títulos de pilotos em 1999, bem como carros vencedores até 2003, para pilotos como Kimi Raikkonen. Depois da saída de Newey, em 2005, a McLaren ganhou títulos de pilotos com Lewis Hamilton, mas depois disto, a McLaren passou por um período difícil, e só agora, em 2024, poderá ter uma chance de alcançar um título de Constutores.

 

E a Red Bull? 

 

 

As coisas estão contra as cores deles. Nem falo da polémica de Christian Horner na última pré-temporada. Podemos falar da fuga dos principais dirigentes da equipa ao longo da temporada, mas mesmo que consigam algo em 2025, em 2026 não terão nem os motores Honda – ficarão com a Ford – e não há sinais de que terão o mesmo ritmo, a mesma velocidade e a mesma capacidade ganhadora que tem agora. E o contrato com Max Verstappen é até 2028.

 

Adrian Newey é ao mesmo tempo benção e maldição. Com ele a desenhar chassis, os carros andarão maravilhosamente na pista, quase sob carris. Depois dele, essas equipas atravessam o deserto, dos quais sairão muito tempo depois... isto, quando saem. As vitórias da Red Bull estão a prazo, e a lealdade dele à equipa... também.

 

 

E agora, na sua nova etapa na Aston Martin, com a Honda a chegar em 2026, se ele não perder faculdades (ele fará 66 anos no final de dezembro), será a próxima equipa a ser abençoado com o dedo dele.

Saudações D’além Mar,            

 

Paulo Alexandre Teixeira

 

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Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.

    
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