
A 11ª temporada da Fórmula E trouxe um novo carro. Gen3 Evo possui tração nas quatro rodas e maior potência, o que exigiu uma evolução no desenvolvimento de pneus para corresponder às capacidades aprimoradas do veículo. Parceira da categoria desde a 9ª temporada, a fabricante sul coreana Hankook assumiu o compromisso de fazer um pneu compatível com as novas exigências da categoria e levou os primeiros compostos iON Race para as equipes e pilotos submetê-los a uma extensa pré-temporada com seis sessões de teste no Circuito de Jarama, próximo a Madrid. O novo pneu desenvolvido para a temporada 11 ofereceu desempenho de pico mais alto em comparação com seu antecessor. O composto mais macio permitiu uma entrada de curva mais agressiva, principalmente em curvas onde os pilotos precisavam frear e virar simultaneamente. O novo pneu iON Race foi modificado em relação ao seu antecessor e projetado para otimizar a durabilidade e ainda assim proporcionar uma melhor aderência. O novo design alcançou uma melhoria de 10% na aderência e, nas simulações e comparações permitir aos carros um ganho de velocidade, chegando a 1,5 segundos por volta em comparação ao antecessor. Isso pode ter sido a teoria porque, na prática o que vimos em São Paulo foi os carros virando 3s abaixo dos tempos obtidos na etapa de março deste ano na temporada 10. O pneu iON Race da Hankook construído para o carro GEN3 Evo foi desenvolvido em estreita colaboração com a FIA especificamente para o GEN3 Evo, oferecendo desempenho aprimorado em todas as condições climáticas. A aderência do pneu foi melhorada em comparação com os modelos anteriores e capacitando-o a trabalhar sob as exigências da tração integral – a grande novidade da temporada 11 na Fórmula E – e o aumento na capacidade reativa dos carros na aceleração, que vai levar o monoposto de 0-100 km/h em 1,86s (mais rápido que um Fórmula 1). O novo pneu fornece tração, estabilidade e resistência ao calor superiores para suportar a velocidade máxima do veículo de 322 km/h, garantindo desempenho ideal nas corridas, lembrando que o pneu da categoria é projetado para trabalhar tanto com pista seca como em pista molhada. Durante o final de semana do E-Prix de São Paulo estivemos com Young Soo Kim, Vice-Presidente de Motorsports e Marketing da Hankook e com o Engenheiro de Desenvolvimento de Pneus de Competição, Jiwoong (Mike) Choi no sábado, cerca de 90 minutos antes da largada, com os carros tendo sido submetidos aos treinos livres e a classificação. O executivo estava particularmente feliz com o que viu na pista, desde a queda de impressionantes 3s nos tempos de volta ao comportamento que os pneus tiveram em termos de desgaste, ressaltando o aprimoramento tecnológico empregue no composto para esta 11ª temporada e no compromisso com a Fórmula E para demonstrar nossas últimas inovações em corridas sustentáveis. Fizemos algumas perguntas a eles sobre particularidades dos pneus e o compromisso de sustentabilidade. Nossa pauta era a mesma – uma feliz coincidência – do renomado jornalista português José Caetano, Editor do jornal de esportes ‘A Bola’ (que trata de todos os esportes, não apenas de futebol) e é Diretor da E-Auto, publicação especializada no seguimento de veículos elétricos. NdG: A Fórmula E tem como um de seus pilares a sustentabilidade. Como a Hankook se posiciona nesta parceria? Young Soo Kim: O compromisso da Hankook na Fórmula E é um grande orgulho para nós. Estamos demonstrando nossas já fortes credenciais de sustentabilidade, como uma das duas únicas empresas na indústria de componentes automotivos a alcançar o status Gold Class do Dow Jones Sustainability World Index. No caso da Fórmula E, tudo envolve sustentabilidade, indo dos pneus, mas também aplicável para fabricantes de suprimentos para todas as peças comuns usadas em carros de corrida, como baterias, chassis e motores elétricos. A Fórmula E, como o primeiro campeonato esportivo sem uso de combustíveis fósseis do mundo desde o início, exige que seus fornecedores cumpram critérios rigorosos sobre emissões durante a produção. Nós, da Hankook, estabelecemos um padrão que ainda não vimos em nenhum outro lugar. Isso significa que onde os pneus são feitos, os materiais que construíram o laboratório e sua fábrica e a distância que os pneus percorrem no frete são todos levados em consideração. NdG: O Sr. Falou em frete e em manufatura dos pneus. Como os pneus são transportados para as corridas e, após as corridas, eles são reciclados? Young Soo Kim: A Fórmula E usa um único tipo de pneu. Não fazemos diferentes compostos como duros, macios ou para chuva como se vê em outras competições. Nosso pneu é construído para ter uma performance de excelência competitiva em todos os aspectos, com variações de temperatura do asfalto e também como ser usado com pista seca ou molhada. Com a previsão de calendário que recebemos e com o número de pneus sendo calculado para atender as 11 equipes e seus 22 carros. Quando temos o calendário, com as datas e locais das corridas, para cada uma delas os pneus são produzidos em um único lote para evitar diferenças de qualidade ou problemas de desempenho. Com uma boa antecedência, cerca de um mês, embarcamos os pneus em um container e enviamos por via marítima para o destino necessário. Se há uma corrida, cada carro recebe dois jogos de pneus. Se é uma rodada dupla, são três jogos, exceção feita à rodada dupla na Alemanha, disputada em um aeroporto, com uma corrida feita num sentido e a outra no sentido oposto. Lá são fornecidos 4 jogos para cada carro. Após cada fim de semana de corrida, a Hankook retira os pneus e recicla completamente cada conjunto, garantindo que o campeonato seja o mais sustentável possível quando se trata da borracha que chega à pista. NdG: O desenvolvimento de um produto com tanta tecnologia requer muito estudo e tempo. Como foi desenvolver este pneu para os carros da 11ª temporada? Jiwoong (Mike) Choi: Normalmente o tempo de trabalho é o equivalente a duas temporadas à frente. No mínimo, são uma temporada e meia. Para a Temporada 11, apresentaremos uma nova versão deste pneu, especialmente porque o desenvolvimento inicial foi baseado em solicitações antes da existência do carro Gen3, com isso ganhamos algum tempo no processo. Este pneu, que tão bem vem se apresentando aqui em São Paulo será a base de estudo e desenvolvimento para os pneus dos carros GEN4.
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