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A formação e qualificação dos pilotos Brasileiros PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 16 June 2011 08:36

 

 

Os pilotos que disputam as categorias de turismo no Brasil possuem uma formação adequada para não comprometer sua própria segurança e a dos demais pilotos? Deveria haver um “escalonamento” mais minucioso, obrigatório, levando-se em conta a experiência dos pilotos, a potência e a velocidade dos carros?

 

Roberto Manzini - Proprietário da escola de formação de pilotos que tem seu nome, sediada em São Paulo.

 

 

Todas as escolas de pilotagem como a nossa cumprem o que a Confederação Brasileira de Automobilismo determina e o que a CBA determina, hoje, é que: após a conclusão do curso de pilotagem, o aluno que for aprovado recebe a licença como Piloto Graduado B.

 

Na minha opinião, esta licença dá ao piloto recém formado, acesso à categorias que ele não poderia participar, dado que ele não tem experiência de corridas.

 

Por melhor que seja o curso, o nível dos instrutores, o local de treinamento e o nível de aprendizado do aluno, o mais correto a se fazer seria estes pilotos participarem em competições em categorias de base para que ele possa treinar em verdadeiras condições de corrida. Treinar largadas, andar forte em um pelotão, coisas que o piloto só vem a vivenciar em uma prova.

 

É preciso considerar que há uma grande diferença entre se andar, por exemplo, com um carro de tração dianteira, com 150 a 200 cavalos e pegar um carro com tração traseira com 350 a 450 cavalos.

 

 

A criação de um escalonamento para que os pilotos recém formados pudessem continuar o seu aprendizado e seu amadurecimento seria algo interessante, mas quem deveria agir neste sentido seriam as federações e confederações.

 

Hoje temos diversos campeonatos em andamento e há como se enquadrar os mesmos dentro de regras, mas também não se pode proibir um piloto de competir se o regulamento em vigor permite que ele participe.

 

Um piloto que sai daqui, recém formado pode participar da Copa Línea, Mercedes, Audi, Mini Cooper... São categorias nas quais ele pode se desenvolver antes de ir para um GT3 ou GT4, Porsche ou a Copa Montana, que são carros com 400 cavalos ou mais.

 

A questão é que os pilotos que chegam a uma categoria muitas vezes tem que amadurecer o seu emocional largando e competindo com pilotos muito mais experientes. Como diretor de uma escola de automobilismo eu não concordo com isso.

 

Andreas Mattheis - Chefe e proprietário da equipe Mattheis e da Red Bull na Stock Cars.

 

Na categoria onde eu trabalho, na Stock Cars V8 os pilotos estão preparados, agora, em outras categoria, como na GT3 e na GT4 onde também estou envolvido já é mais complicado. Todos nós sabemos que existem alguns pilotos que não tem um preparo suficiente para pilotar carros com o nível de desempenho dos carros destas categorias.

 

Um escalonamento destes, em que o piloto fosse obrigado a passar por períodos em categorias menores até chegar às categorias mais rápidas e com carros mais potentes, para ser feito, teria que ser feito pelo órgão competente que gerencia o automobilismo no país, no caso a CBA.

 

É a CBA que tem poderes para gerenciar e decidir sobre este assunto, agora, a gente que trabalha com o automobilismo temos o direito de ter a nossa opinião e na minha opinião eu penso que deveria haver um escalonamento melhor para se evitar que pilotos que não possuam experiência suficiente possam alinhar seus carros em categorias que se tem carros andando à 260 Km/h como os aqui da GT3. 

 

Bird Clemente - Expiloto das equipes Vemag e Willys nos anos 60.

 

Analisando a coisa mais pelo lado prático, eu vejo uma coisa que é a competitividade que existe nessas categorias de turismo, com grids cheios e muita disputa, mas quando o piloto progride na carreira, ele começa a encontrar pela frente outros desafios com a tecnologia que vem tomando conta do automobilismo.

 

Para mim, isso diminui a importância da capacidade do piloto de guiar o carro, de sentir a condução pelas suas habilidades. Com isso a pilotagem em si, que é a parte esportiva da competição vai ficando cada vez menos importante. A “guiada” continua importante, mas não parece ser mais fundamental.

 

Eu sei que o mundo mudou e que a tecnologia tomou conta do mundo em todas as atividades da vida e do trabalho e o automobilismo de hoje usa muito equipamento e os corredores tem que lidar com isso, ficam presos à tecnologia e a participação do piloto passa a ser quase que a de um operador de equipamento. Isso é um distanciamento do esporte.

 

Talvez um escalonamento, com categorias com um valor acadêmico, para que o piloto fosse se desenvolvendo, passando por categorias de menor potência até chegar nas mais fortes, mas tem tantas categorias hoje em dia, tanta competição entre elas... não sei se as pessoas lembram, mas nos tempos do Greco, a categoria mais importante do país foi a F. Uno, que era um dos carros mais simples do Brasil e os principais pilotos corriam nela.

 

Estas teorias de que existe perigo, de que o piloto deve subir um degrau de cada vez precisa levar em conta as habilidades e o planejamento de cada um. Se um piloto vai ter uma carreira de longo prazo, ele vai passar por estas categorias de formação naturalmente. Deve caber ao piloto administrar isso.

 

Vejamos a Fórmula Truck. Como competição é um show, com disputas equilibradas, com apelo popular, com valor esportivo... mas como é que se forma um piloto para correr de caminhão? A forma como ela é conduzida é fundamental para que seja um sucesso.

 

Rubens Carpinelli - Presidente da Federação de Automobilismo do Estado de São Paulo.

 

A grande maioria tem! Contudo, uma parte dos pilotos que estão nas nossas pistas ainda não tem e isso é uma coisa que a escola não ensina: eles só tem essa formação completa, pilotando!

 

A pilotagem é algo no que o piloto só que só se torna um ‘expert’ no assunto com a prática ao longo dos anos.

 

Aqui no Brasil uma pessoa tem sua formação através de dois caminhos: ou ele vem do kart, que é uma categoria escola, ou ele faz um curso numa escola de pilotagem. Estas pessoas que fazem cursos nas escolas de pilotagem recebem um diploma e uma carteira dizendo que ele é piloto, mas isso não é suficiente para que uma pessoa possa se considerar um piloto. Ele precisa vivenciar o que é ser piloto, passar por estágios para adquirir esta vivência.

 

Este ano estamos vivenciando uma situação aqui em São Paulo na categoria Marcas em que o número de carros inscritos ultrapassou o limite permitido para a pista. Os organizadores tiveram uma idéia muito boa: eles “criaram uma categoria de novatos”. Estes “novatos” não são realmente novatos de acordo com a regulamentação da CBA, mas são pessoas que concluíram seu curso como piloto e que nunca haviam disputado uma corrida na vida. Dos 67 inscritos no “Marcas”, mais de 30 são novatos, mas todos eles tem a carteira de piloto “Graduado B”, que é dada quando o aluno da escola de pilotagem recebe o diploma ao concluir o curso em uma escola de pilotagem.

 

Por melhor que seja o curso de pilotagem, ele não ensina o que é a disputa da corrida em si. A pessoa aprende onde tem que frear, onde tem que mudar a marcha, a fazer uma tangência de curva, mas no curso não se ensina a “andar no bolo”, no meio de 10, 20, 30 carros. Vai ser ali que ele vai aprender a usar sua intuição... pode parecer estranho falar em intuição, mas esta é a verdade. Em muitas situações, tudo acontece muito rápido e o piloto não tem tempo para raciocinar. É a vivência de pista que desenvolve esta intuição que o piloto segue este seu verdadeiro instinto.

 

Este “escalonamento” para os pilotos irem adquirindo experiência seria muito bom, disso não tenho dúvidas. Contudo, não podemos pensar isso considerando-se apenas grandes centros. É preciso pensar que o Brasil tem grandes discrepâncias. Não podemos esperar que se faça isso entre uma federação com centenas ou milhares de pilotos inscritos e outras que não chega a 100 pilotos federados. Se uma regra como essa passasse a ser egigida de todas as federações no Brasil, em muitos estados o automobilismo iria acabar!

 

Washington Bezerra - Chefe da equipe BMG na GT3, categoria do Itaipava GT Brasil.

 

A grande maioria possui. A grosso modo, uns 70% dos pilotos, sim. Os outros 30% não tem a experiência que deveriam ter para estarem onde estão. É que nem piloto de avião. O piloto de avião tem que ter não sei quantas mil horas para poder pilotar um determinado tipo de avião, depois mais tantas mil horas para pilotar um avião maior, mais potente, depois outras tantas mil horas para pilotar um grande avião de passageiros e assim por diante.

 

O problema aqui no Brasil para a formação de pilotos é essa proibição de treinos em grande parte das categorias sob a alegação de ter que se reduzir custos. Os treinos deveriam ser livres para os pilotos poderem se familiarizar com seus carros, com os limites, dele e do carro, com as pistas... se o piloto não adquire o total domínio do carro. O piloto que começa precisa treinar!

 

Um escalonamento como esse, para o piloto ir adquirindo experiência com os carros seria fundamental. Não dá para colocar um piloto “Graduado B” para pilotar um carro com uma potência elevada. É um risco. E isso vale para até pilotos com alguma experiência, mas não tanta, que está por aí, pilotando carros com mais de 500cv de potência.

 

Um escalonamento assim teria que partir de quem gere, ou deveria gerir, o automobilismo que é a CBA... mas será que eles querem? Será que eles querem trabalhar? Será que nós não temos hoje um bando de parasitas militando no nosso automobilismo? Não são todos... temos dirigentes ótimos, comissários ótimos, mas temos a questão política que se colocam estes comissários em uma ou duas provas. A gente vai fazer uma prova em um determinado estado e aí colocam como comissários pessoas do local que não tem a experiência que deveriam para fazer política, para garantir voto... enquanto isso, a questão esportiva e até mesmo a segurança dos pilotos fica em segundo plano.

 

Last Updated ( Thursday, 30 June 2011 08:04 )