Este mês tivemos mais uma edição da “corrida do milhão” da Stock Cars e com uma participação especial: o canadense Jaques Villeneuve, campeão do mundo de Fórmula 1 em 1997 pela Williams, campeão da Fórmula Indy e vencedor das 500 milhas de Indianápolis (ambos em 1995). Com um título mundial (e diversas polêmicas) no currículo, Jaques ainda tem sobre si o sobrenome Villeneuve. Seu pai, como todos sabem, Gilles Villeneuve, é um dos pilotos mais queridos e respeitados da história da Ferrari aço questão de dividir com os que acompanham o site dos Nobres do Grid. Embora tenha sofrido seu acidente fatal há quase 30 anos, durante os treinos para o GP da Belgica, o canadense Gilles Villeneuve é um piloto que continua marcado na memória dos fãs da velocidade. Conhecido pelo estilo corajoso e agressivo dentro das pistas, Villen(onde Jaques nunca guiou). Em comum, os dois tinham uma característica nas pistas: nem sempre mediam bem os riscos nos quais se envolviam! Na semana passada um leitor do site, Paulo Pacheco, de Brasília, enviou-nos um email com uma hilária passagem da vida de Gilles Villeneuve que eu feuve conquistou a admiração dos torcedores da Ferrari e, apesar de ter somado apenas seis vitórias pela equipe vermelha, é considerado um dos maiores nomes que já passaram pelo time de Maranello. Gilles Villeneuve, mesmo sem ter sido campeão do mundo, é um dos maiores ídolos de todos os tempos da Fórmula 1. Disposto a aceitar todos os riscos durante as corridas, Villeneuve também não abandonava o estilo quando dirigia carros de passeio. Conta-se que, certa vez, o canadense andava numa estrada italiana junto com Piero Lardi Ferrari, herdeiro do "Commendatore" Enzo Ferrari. Num certo momento da viagem, Lardi Ferrari percebeu que o carro estava praticamente sem combustível. Pior: não havia nenhum posto de gasolina à vista, e o último ficara para trás há vários minutos. Sem hesitar, Villeneuve resolveu o problema. Depois de reconhecer que realmente não havia prestado atenção nenhuma no ponteiro da gasolina, o canadense deu um vigoroso "cavalo-de-pau" e seguiu pela estrada na contra-mão, sem a menor cerimônia. Chegaram ao posto de gasolina que ficara para trás, encheram o tanque e seguiram viagem. Para Lardi Ferrari, uma história que nunca mais esqueceria. Para Villeneuve, apenas mais um dia na estrada. Todos se lembram do shom que Villeneuve deu em 1981, correndo "com a visão encoberta". Em 1979 ele já tinha feito isso! Médico da Fórmula 1 durante décadas, o Dr. Sid Watkins descreve Villeneuve em seu livro "Vivendo nos Limites" como o “mais temerário” de todos os pilotos ao volante de um carro de passeio. Watkins conta um episódio em que pegou uma simples carona com Villeneuve durante um fim de semana em São Paulo, onde o circuito de Interlagos receberia o GP Brasil de Fórmula 1. O relato da experiência aterrorisadora de Watkins está logo abaixo: “Tive o azar de encontrar com Gilles na entrada do hotel. A Madame Villeneuve estava com ele e, quando entramos no carro, eu fui me sentar no banco de trás. Entretanto, a Madame insistiu que eu me sentasse à frente. Gilles num carro de estrada era assustador e quando me virei para falar com a sua mulher, ela tinha sumido, deitada no chão. Ela falou que isso era normal e eu logo descobri as razões. Na Fórmula 1 "pasteurizada" dos dias de hoje, Villeneuve teria sido obrigado a parar nos boxes. Em 81, ele deu mais um show. Villeneuve acreditava na ‘teoria do hiato’ - ou seja, que existia sempre um espaço no qual ele podia se enfiar quando se deparava com uma colisão em alta velocidade. Ele ignorava todos os sinais vermelhos, gentilmente batia em carros estacionados ou postes de iluminação, falando o tempo inteiro. Quando chegamos no circuito, ele ainda me perguntou se eu gostaria de uma carona para voltar! No domingo à noite deste fim de semana, ele me pediu para eu levar seu carro alugado até o aeroporto e lá deixar o veículo. Entrei nos destroços amassados, descobri que o carro estava sem embreagem e deixei as chaves na recepção mesmo. Peguei um táxi”. Contra René Arnoux, um dos maiores espetáculos já vistos pelos telespectadores de todo o mundo... e era só o 2° lugar! Ainda segundo Watkins, o comportamento de Villeneuve ao pilotar helicópteros era semelhante. Com frequência, o canadense se levantava com o ponteiro do combustível no zero e voava sempre com espantosa frieza. Era este o estilo de Villeneuve, um homem que nunca deixou de viver no limite. E que, talvez por isso, tenha perdido a vida cedo demais. Já o filho, seguindo uma linha de raciocínio semelhante, certa vez, depois de punido por não 'aliviar' em um ponto da pista com bandeira amarela durante os treinos para um GP na Austrália, argumentou com os comissários que, acelerando, ele passava pelo local de perigo mais rapidamente! Precisa teste de DNA? Até a próxima, Paulo Alencar |