Antônio Carlos Canto Porto Filho nasceu em São Paulo, capital, no dia 14 de dezembro de 1943. O terceiro dos quatro filhos do casal Antônio Carlos Canto Porto e Maria Zélia Marques Canto Porto (geralmente o filho que recebe o nome do pai é o primeiro, mas talvez isso tenha sido a razão de Totó ter tomado alguns rumos diferentes dos escolhidos por João Paulo, Regina e Rafael). Seu Antônio, o pai de nosso herói, nasceu em Mogi Mirim, uma cidade próxima a capital e que já foi maior do que São Paulo, conseguiu prover uma boa condição de vida para sua família. Formado como Técnico Eletricista no Instituto Mackenzie em uma época em que não havia faculdades de Engenharia Elétrica no país, depois de ter sido aluno interno de um colégio em Campinas. Depois que casou-se com D. Maria Zélia, foi trabalhar no ramo da indústria química, junto com seu sogro. Que era um ramo bem pioneiro no país e o negócio era familiar, sendo o sogro de seu Antônio o dono da indústria que veio a produzir tintas e outros produtos derivados. Totó Porto praticamente não saiu do perímetro que o cercou desde o nascimento na maternidade Pro Mater até o fim de sua adolescência, sempre ali nas proximidades da Avenida Paulista e o bairro do Paraíso. Estudou, quando criança, no Externato Teixeira Branco onde conheceu um amigo com o qual teve contato praticamente por toda vida: Alcides Diniz, o Cidão. Depois do Teixeira Branco, Totó Porto foi estudar no colégio São Luis, tradicional instituição de ensino da ordem dos padres jesuítas e que era uma referência na cidade. Contudo, o próprio Totó confessa não ter sido um bom aluno. Mesmo assim, isto foi o suficiente para que ele conseguisse entrar para a Faculdade de Economia. Como eram e são quase todos os jovens, os gostos por “coisas radicais” eram comuns e a velocidade era uma das paixões da juventude. Esta era a de Totó Porto, que usava a mesada que recebia do pai em revistas de carros e corridas – normalmente importadas e nada baratas. Mas entre gostar de corridas e correr de alguma coisa havia uma distância considerável. As primeiras corridas disputadas por Totó Porto foram no kart. Quando o motor não quebrava, Totó conseguia vencer algumas. Esta distância começava no fato de que, para correr de kart, que havia chegado havia pouco tempo ao Brasil pelas mãos de Claudio Daniel Rodrigues no final dos anos, o candidato tinha que ser maior de 18 anos e ter uma autorização assinada pelo pai ou responsável. Neste sentido, Totó conseguiu o seu intuito, convencendo o pai a assinar uma autorização para que ele pudesse correr de kart. O que ‘seu’ Antônio Carlos provavelmente não esperava é que, depois de assinada, a tal autorização para “correr de kart” voltaria para a máquina de escrever e ganharia um “adendo”: e automóvel! E assim Totó Porto estava autorizado a participar de corridas... faltava arranjar com o que, carro ou kart. Naqueles tempos, baseado no que se via, tanto nas revistas como nas corridas que começavam a acontecer, muitos dos corredores de kart faziam seus próprios carros e com Totó Porto não foi diferente. Seu kart foi construído na oficina da fábrica de tintas do avô, com a ajuda dos tios, que gostavam de corridas. Maneco Combacau, Totó Porto, Joaquim "Cacaio" e Emerson Fittipaldi. Junto com Maneco e Emerson, Totó foi um dos pioneiros da Mini. O começo, claro, foi complicado. Contudo, o fato de estar ali no meio dos que competiam introduziram Totó num círculo de futuros grandes nomes que também, como ele, davam suas primeiras aceleradas (Wilsinho Fittipaldi, Carol Figueiredo, Maneco Combacau, Ludovino Perez, José Carlos Pace, entre tantos). Mesmo frequentando este meio das corridas, a vida de Totó Porto não girava em torno das rodas. Assim que concluiu o, na época chamado “científico”, nome do atual “ensino médio”, Totó Porto começou a trabalhar como vendedor da fábrica de tintas do avô e, para atender os clientes, ganhou um carro... mas não um carrão. O carro que Totó recebeu das mãos de seu pai quando completou 18 anos era um Volkswagen bastante rodado e “judiado”, que tinha sido de um vendedor da fábrica de tintas que fazia viagens constantes para o nordeste do Brasil (se hoje em dia as estradas são um verdadeiro caos, tentemos imaginar o que não sofria um viajante e seu veículo no início dos anos 60). Na prova de esfreia, com o seu carro particular "sem alivios", Totó começou logo vencendo em Interlagos e chamando atenção. Foi com este Volkswagen que Totó Porto fez a sua estreia como piloto de carros em uma prova para estreantes em Interlagos no ano de 1963. O problema é que o carro provavelmente não aguentaria uma corrida e nem tinha como ir para a pista no seu estado original. Aproveitando-se do fato que trabalhava em uma fábrica de tintas e a mesma era da família, pintar o carro não foi um grande problema. Fazer a mecânica de um conjunto tão desgastado originalmente sim, e aí Totó conseguiu a ajuda de um mecânico, o ‘seu’ Mantovani, refez a mecânica. Para correr, ele contou com a ajuda de um amigo, cujo o pai tinha comprado um Volkswagen fazia pouco tempo, deu um jeito de trocar os pneus usados do Totó pelos quase novos do pai dele, que – após a corrida – seriam devolvidos. Era impressionante como os jovens aventureiros das nossas pistas não pensavam nos possíveis revezes que poderiam acontecer em uma corrida e depois, como é que ele e o amigo iriam explicar para o pai do outro o destino dos pneus. Interlagos – com seus 8 Km – não era uma pista fácil, muito pelo contrário e Totó confessou que, quando aproximou-se pela primeira vez da curva 3, no final do retão, o estômago deu um nó. Mas se deu um nó no dele, deve ter dado no dos outros estreantes e Totó Porto estreou no melhor estilo de um campeão: venceu a corrida! Ao final da prova, foi cumprimentado por um jovem e promissor piloto, com quem já havia encontrado nas corridas de kart e que já vinha participando de corridas há algum tempo. Daquele dia em diante nascia uma grande amizade entre Totó Porto e José Carlos Pace. Nas corridas seguintes, como o carro já "preparado" para correr, Totó - quando podia - participava das provas para estreantes. Ao contrário de outros pilotos de sua geração, Totó Porto não corria sempre... corria sempre que podia, o que era bem diferente. Além de trabalhar, mostrou ser, desde cedo, um empreendedor e uma pessoa de visão. Diante do sucesso crescente do kart, foi um dos fundadores da Mini, a famosa fábrica de kart que existe até hoje. Juntamente com Wilsinho Fittipaldi e Maneco Combacau, empreenderam na fabrica dos carrinhos, equipados com os motores da Mecânica Riomar, fábrica de motores marítimos dos irmãos Mario e Cezar de Carvalho. O sucesso do conjunto foi tanto que Totó, Wilsinho e Maneco alugaram um galpão na rua Tabapuã (algo impensável com o preço do metro quadrado da região nos dias de hoje), reformaram o lugar e lá foi instalada a fábrica e a revenda dos karts. Além das disputas em Interlagos, Totó Porto também participou de algumas corridas pelo interior Paulista, com um Gordini. Dividido entre o trabalho na fábrica do avô, a revenda de kart e a faculdade de economia, Totó Porto corria quando sobrava tempo. Além disso, como todo jovem, tinha seus círculos de amizade e foi justamente numa reunião com os amigos, quando estava em casa que Totó Porto acabou sendo surpreendido. José Carlos Pace já o havia apresentado a Paulo Goulart, dono da Equipe Dacon, mas nada formal. Quando Pace chegou em sua casa, chamou-o num canto e disse: “tem uma corrida amanhã, uma corrida de velocidade, as 3 horas de Interlagos, e pra correr tem que ser em dupla, nem que seja por uma volta apenas, tem que ter outro piloto no carro. Eu vim aqui te chamar para saber se você topa dar uma volta na pista pra mim!” Totó topou, claro. Amigo é pra essas coisas... Na foto acima, em uma das corridas disputadas em Piracicaba, Totó levou o carro que disputaria a prova "rodando" até lá. Totó trocou o “combustível da festinha” por água e foi dormir cedo. Afinal, compromisso assumido era compromisso assumido e ele não podia comprometer a corrida do amigo. Chegando no autódromo, a prova seria corrida no sentido inverso... e Totó Porto nunca tinha andado no sentido inverso da pista. O carro era um Volkswagen, preparado pela Dacon, com um motor 1600cc, da Porsche. O famoso ‘pé de boi’, com o qual José Carlos Pace vinha impressionando a concorrência.Dada a largada, Moco ao volante do Volkswagen ‘pé de boi’ da Dacon percorre curvas e retas de Interlagos até que, depois de 10 voltas, entra nos boxes passando mal. Totó assume o volante e corre todo o restante da prova, com a dupla concluindo a prova em 2º lugar, atrás apenas da carretera de Caetano Damiani, que tinha quase quatro vezes mais cavalos de potência. Detalhe: além de pouco experiente no circuito no sentido normal, Totó nunca havia sequer dado uma volta no sentido contrário! O fato chamou a atenção de todos, em especial de Paulo Goulart. Quando Paulo Goulart levou para Interlagos os pilotos que viriam a formar a equipe Dacon, com os KG-Porsche, Totó Porto foi um dos mais rápidos e conquistou uma vaga no time, correndo no carro número 2 ao lado do amigo Pace. Juntos, os dois foram protagonistas das épicas Mil Milhas Brasileiras de 1966. Fazendo dupla com José Carlos Pace, de quem ficou grande amigo, no KG-Porsche da DACON, Totó e Moco lideraram a prova. A maioria dos relatos sobre esta prova costumam ater-se ao dramático final entre a Carretera de Camillo Christófaro e Eduardo Celidonio e o Malzoni de Emerson Fittipaldi e Jan Balder. Contudo, a prova poderia ter acabado muito antes, e com um assombroso recorde de tempo, tamanha era a vantagem de Moco e Totó na liderança. Faltando poucas voltas e contornando um problema no câmbio, um problema na caixa de direção fez ruir o sonho de vitória da dupla quando Moco chegava na curva da ferradura, levando. Mesmo assim, com 200 voltas completadas, os dois ficaram com a 5ª posição na classificação final. O ano de 1966 foi um ano de projeção para Totó Porto no cenário nacional. A equipe Dacon e seus Karmann Ghia equipados com motor Porsche eram muito difíceis de ser batidos. Apenas as quebras os tiravam do lugar mais alto do pódio. Contudo, o encerramento das atividades da equipe no ano seguinte foi uma grande perda para todos que lá estavam. As Mil Milhas de 1966 seriam a coroação da Dacon naquele ano. Liderando com folga, um problema mecânico frustrou a todos. 1967 foi um ano de grandes mudanças no automobilismo brasileiro e também na vida de Totó Porto. Foi neste ano, aos 23 anos que ele casou-se com Gina Silva Telles, com quem veio a ter três filhos (que já lhe deram seis netos) e continua casado até hoje. A faculdade de Economia acabou sendo abandonada no último ano e as pistas trouxeram um outro desafio: os Fórmula Vê. Os pequenos monopostos com mecânica Volkswagen tiveram uma “fase de euforia” de cerca de dois anos onde praticamente todos os pilotos de ponta do Brasil andaram nos Aranae e dos Fitti-Vê, os dois modelos que se destacaram e disputaram todas as corridas da época. Em 1967, com um Aranae, Totó Porto (carro 12) foi o pole position da corrida de inauguração do autódromo de Jacarepaguá. Na inauguração do autódromo de Jacarepaguá, Totó foi o pole position ao volante de um Aranae, fabricado por Alexandre Guimarães, mas na corrida, após seu carro quebrar a vitória acabou nas mãos de Emerson Fittipaldi. Quando o circuito foi reformado e veio a receber a Fórmula 1, na abertura da transmissão a TV Globo contou a história do autódromo e Totó, que assistia a corrida com seus filhos, pode ver imagens da prova de inauguração e ouvir seu nome mencionado. Nos 500 Km de Interlagos, da mesma forma como aconteceu alguns anos antes, Totó Porto foi alçado à condição de protagonista. A história veio, por seus caminhos, levá-lo às manchetes. Nos 500 Km de Interlagos de 1967, Totó assumiu o carro de Ludovino Perez, largou na pole e venceu uma corrida eletrizante. Durante os treinos para a prova – que era disputada no anel externo – Totó Porto colheu apenas problemas e acabou sem conseguir se classificar para a disputa da prova. A pole position tinha sido conquistada por seu antigo companheiro da equipe Dacon, Ludovino Perez. Acontece que, no dia da prova, Totó Porto estava em frente ao Deck Bar quando passou, com o carro na carreta, o Ludovino Perez. Numa rápida conversa, Ludovino disse que não estava se sentindo bem e que não iria disputar a corrida... e aí veio o convite para que Totó o substituísse. A parte mais importante do restante da estória todo mundo conhece: Totó largou na pole, com o carro que o Ludovino colocou lá e, depois de 500 Km, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar. Era o único Fórmula Vê fabricado pela Aranae na prova e a amizade de Totó com os Fittipaldi era grande, mas o ‘Barão’ não se conformou com a vitória do “piloto substituto” e chegou a questionar a vitória de Totó, que contou com o apoio do “vencido”, Wilsinho Fittipaldi. O que pouca gente menciona é que outro piloto estava inscrito para dividir o cockpit do Aranae número 33 (Ruby Loureiro consta em todos os jornais e revistas da época, não chegou a pilotar, tendo Totó disputado a corrida inteira. Pouco ou nada se ouviu falar sobre Ruby Loureiro após este fato). Durante a prova, o Aranae conduzido por Totó Porto foi o único a brigar pela vitória contra os Fitti-Vê, produzidos pelos Fittipaldi. No final do ano, depois das Mil Milhas Brasileiras em Interlagos, o principal circuito do país foi fechado para reformas e o centro do automobilismo mudou-se para o Rio de Janeiro, onde os Fórmula Vê corriam, com raras provas fora da capital fluminense. Totó Porto passou a correr de forma ainda mais esporádica por conta disso. Afinal, o automobilismo era parte de sua vida, mas ele encarava as outras responsabilidades de forma mais efetiva. Até o final da década de 60, Totó Porto passou a correr provas de longa duração sempre em dupla e muitas delas com carros da equipe Willys, liderada por Luiz Antônio Greco. Nas provas disputadas com Dolphines, 1093, Gordinis, e mesmo com os protótipos Bino, Totó guarda uma admiração e um respeito muito grande por Bird Clemente, a quem considera um dos maiores pilotos na arte de guiar que pode ver e conviver, além de ter sido um professor para ele em como tirar mais dos carros. Coisa rara no passado e ainda mais hoje em dia. Nos ombros do pessoal da equipe e fabricantes do Aranae e na capa da Quatro Rodas que deixou D. Gina, a esposa, furiosa! Em uma de suas participações, numa prova na Bahia, ao lado de Lian Duarte, Totó foi e voltou dirigindo no trecho São Paulo-Salvador-São Paulo! Com um 1093, ao lado Lian Duarte e Renato Lenci, andaram entre os 5 primeiros nas 24 horas de Interlagos, mas a corrida acabou no acidente – com direito a uma capotagem – quando Renato Leite estava ao volante. Ele ainda conseguiu levar o carro aos boxes, Lian Duarte ainda voltou ao volante, mas o carro quebrou. Totó sempre teve uma grande admiração pelas Alfa Romeo e teve a oportunidade de correr algumas vezes com as "macchinas". Totó também chegou a correr com carros da Alfa Romeo. Foram poucas participações, mas o suficiente para que ele viesse a conquistar o vice campeonato brasileiro na categoria GT. Ele teve sim a oportunidade e a felicidade de ver o amigo de infância, Alcides Diniz vencer as Mil Milhas Brasileiras ao lado do irmão, Abílio, presidente do Grupo Pão de Açucar, em 1970, quando Interlagos voltou a receber corridas. No reverso da moeda, esteve na fatídica prova de Petrópolis em 1968, com um Alpine. Os companheiros de geração de Totó Porto tomaram o rumo da Europa em busca da conquista do automobilismo mundial e Totó Porto deu também a sua guinada: deixou o emprego com a família e empregou-se no banco BCN em 1969, mas a amizade com os antigos companheiros de pista continuava. Com José Carlos Pace especialmente, com quem chegou até a ter um barco, batizado de “Mocotó”, fusão dos apelidos. No final dos anos 60/início dos 70, Totó correu com Luiz Antônio Gtrco pela Willys-Ford. Acima, fazendo pose com Chico Rosa. Estando no Brasil, Totó ficou um tempo afastado das corridas, até que foi convidado a correr com um Opala em uma fase pouco anterior ao início da StockCars, com os 250 S sob a liderança de Washington Bezerra, tendo vencido logo na estreia, derrotando Paulo Gomes numa ultrapassagem na última volta, no ‘S’ do circuito antigo na primeira das duas baterias. Nos anos 70 correu algumas provas na Fórmula Super-Vê, onde reviu alguns velhos companheiros dos anos 60 como Francisco Lameirão e Eduardo Celidonio e pode conhecer alguns dos jovens pilotos que despontavam como Alfredo Guaraná Menezes e particularmente Nelson Piquet, quem muito admirava por sua obstinação. Convidado por Washington Bezerra, Totó Porto disputou algumas provas com os Opala 250S antes de começar a Stock Cars. Como a vida muitas vezes dá voltas, como os carros nos circuitos, depois de praticamente duas décadas sem pensar em corridas, eis que o amigo Alcides Diniz leva Totó Porto para “brincar no seu quintal”, uma pista particular na Fazenda Capuava, no interior de São Paulo e desperta o “velocitocócus” há tanto em estado de hibernação. Quando a Fórmula Super Vê começou, Totó Porto também acelerou, disputando freadas com contemporâneos e novos valores. Com uma vida mais estruturada, estabilizada, Totó decide montar uma pequena equipe para “correr por diversão”. Mas para quem conhece um piloto de verdade, este tipo de diversão costuma ser uma coisa seríssima e com Totó não foi diferente. Ele montou uma Alfa Romeo e uma estrutura nos fundos de casa. Convidou os antigos mecânicos da Dacon como o “Gigante” e o Darci para cuidar do carro e disputou o "Classic", da FASP entre 2000 e 2002. Depois de mais de vinte anos longe das pistas, Totó montou uma equipe "na garagem de casa" e a "Alfinha" voou em Interlagos. É importante lembrarmos que uma das principais fases da formação de um piloto são os treinamentos. É treinando que o piloto conhece os “atalhos” das pistas, os detalhes do seu carro e no caso de Totó Porto, por conta da vida fora das pistas, treinamentos eram coisas inexistentes, ou quase. Nos tempos de bancário, ele costumava sair do banco e chegar, de terno no autódromo para fazer as classificações. Pouco tempo depois, viria a surgir uma nova categoria no Brasil: a Porsche GT3 Cup. Uma Fórmula de sucesso nas pistas da Europa ensaiava seus primeiros passos no Brasil e Totó Porto, depois de ter comprado o Porsche do amigo Ronaldo Ferreira e ganho uma competição de “Porsche Day” em Interlagos um pouco antes, animou-se a voltar para a pista com os amigos Eduardo Souza Ramos, Fernando Nabuco, Marcos Moraes Barros e o próprio Ronaldo Ferreira, compraram dois Porsches GT3 RS, chegando a disputar as Mil Milhas Brasileiras junto com o próprio Eduardo Souza Ramos e o, na época, piloto da Stock Cars, Beto Giorgi. Convidado por seu amigo Eduardo Souza Ramos, Totó montou com ele uma equipe para correr de Porsche, sempre provas longas. No primeiro ano da Porsche GT3 Cup, em 2005, foram seis vitórias, nove pódios e um terceiro lugar no final do campeonato. Um detalhe importante é que Totó Porto nunca participava da primeira sessão de treinos livres, vindo apenas para a segunda e, como sempre, de terno, vindo direto do trabalho – no banco BTG Pactual, para onde foi em 1997 – trazendo o macacão na mala do carro. Em 2005, com mais de 60 anos de idade, participou do Porsche GT3 Cup, vencendo seis provas e conquistando nove Pódios. No ano seguinte, as coisas não correram tão bem como no ano de estreia. Depois de três resultados não muito bons, na segunda bateria da segunda etapa, depois de sair do fundo do pelotão e já estar lutando pelo segundo posto, uma saída na curva do sol a quase 200 Km/h levou Totó e seu Porsche para o mais grave acidente de sua carreira. Na "sala dos trofeus, dá para termos uma idéia do que foi a "carreira" dele. Imaginem se ele tivesse se dedicado só às pistas... Ele bateu no guard rail e voou sobre ele, caindo na pista antiga. No acidente, Totó teve o pé esquerdo perfurado por uma lâmina de metal de um lado a outro e teve que ser operado, correndo o risco de perder o pé. Foram três meses de cadeira de rodas e muitos outros de fisioterapia. O acidente levou Totó Porto a encerrar suas participações nas pistas de corrida, algo que nunca foi propriamente uma carreira profissional, mas que certamente poderia ter sido. Talento não faltava... nunca faltou! Fontes: Revista Autoesporte; Revista Quatro Rodas; CDO; Folha de São Paulo; Agência Estado. Fotos do acervo pessoal e depoimentos do piloto. |