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André Lotterer PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 20 September 2012 00:40

 

No final da tarde da sexta-feira, conforme combinamos com a assessora de imprensa da equipe Audi, seguimos para a sala de imprensa ao lado de Eva-Marie para fazer a entrevista com Tom Kristensen. Conosco, seguiram os seis pilotos da equipe e alguns membros da equipe técnica, chefiada por Martin Pass.

 

É claro que o octacampeão de Le Mans, além do brasileiro Lucas Di Grassi, foram os mais assediados, mas todos os pilotos, de alguma forma, participaram do que a Audi chama de “Meet with the Team”. Contudo, a uma certa altura, vimos André Lotterer sentado no sofá, sem ninguém o assediando e tratava-se simplesmente daquele que pode ser considerado o mais promissor dos jovens pilotos da equipe.

 

 

 

Sendo ele um dos pilotos do carro híbrido da equipe, melhor do que ouvir uma explicação técnica sobre o sistema, seria ouvir o ponto de vista daquele que está dentro do cockpit. Sentamos ao seu lado e fizemos uma breve apresentação do site. Ele fez um ar de surpresa quando falamos da “geração pré-Fittipaldi” ele arregalou os olhos:

 

- Pré-Fittipaldi? Uma geração inteira? De quantos pilotos você está falando?

 

NdG: De pelo menos 50! Agora que atiçamos sua curiosidade de piloto, gostaríamos de saber o que você sabe sobre o automobilismo brasileiro.

 

André Lotterer: 50?!?! Incrível! Eu corro há quase 10 anos no Japão, atualmente na Fórmula Nippon, onde sou o atual campeão, além de vencer duas vezes o Super GT. Lá eu conheci o João Paulo de Oliveira. Um grande piloto, uma grande cara e nós nos dávamos muito bem. Eu também namorei uma brasileira, descendente de japoneses e aprendi um pouco de português. Se você falar devagar, eu até entendo. Com eles conheci um pouco sobre o automobilismo daqui, mas mais sobre o Ayrton Senna, que é muito querido no Japão. Não sabia que havia uma geração inteira de pilotos aqui no Brasil. Vou visitar o site e conhecer mais.

 

NdG: Aos 30 anos de idade, você desfrutou das portas abertas para os pilotos alemães por Michael Schumacher. O que faltou para você chegar na Fórmula 1? Ou você preferiu investir nos carros de turismo?

 

 

 

André Lotterer: As vezes as coisas não acontecem ou acontecem de uma outra forma. É claro que a F1 é a grande vitrine, especialmente na Alemanha de Michael Schumacher e depois de Sebastian Vettel, mas não tem lugar pra todo mundo. A F1 só tem 24 carros e no talvez uns 10 ou 12 que você realmente pode correr e não apenas fazer parte do grid. O campeonato de endurance é algo extremamente desafiador e eu já conquistei duas vitórias nas 24 Horas de Le Mans. Piloto para uma equipe fantástica que é a Audi, da qual sou o “embaixador” no Japão. Eu me considero um piloto realizado profissionalmente e ainda tenho muito para me desenvolver, para disputar.

 

NdG: Os campeonatos de Esporte Protótipos do passado e hoje o Mundial de Endurance sempre tiveram pilotos experientes como suas grandes estrelas. Jacky Ickx, Derek Bell, Henry Pescarolo e seu companheiro de time, Tom Kristensen. Para o Endurance, experiência pesa mais que juventude?

 

André Lotterer: Quando o Tom [Kristensen] ganhou Le Mans pela primeira vez ele não tinha 40 anos, ou mais. Ele tinha 30 e poucos. Hoje o Mundial de Endurance é um campeonato muito interessante para qualquer piloto, independente da idade. É um campeonato onde se pode treinar entre as provas, o que não pode na F1, onde se tem uma grande pesquisa e desenvolvimento tecnológico e onde se corre nos melhores circuitos do mundo.

 

NdG: Aproveitando esse ponto da questão tecnológica. Você é piloto do carro mais avançado da equipe, o com motor híbrido. Você pilotou o turbodiesel antes e venceu Le Mans com ele também. Dá pra explicar como funciona essa tecnologia e como você, que pilotou os dois, precisou, se precisou, se adaptar para tirar o máximo do carro?

 

André Lotterer: Tem diferenças sim. O carro com motor híbrido tem um centro de gravidade mais alto. O motor elétrico é pesado e ocupa espaço. O Diesel com turbo é menor e mais leve. Como o carro tem que ter o mesmo peso pelo regulamento, o carro Diesel pode baixar o centro de gravidade isso ajuda, especialmente no contorno das curvas de alta. Outro aspecto é a reação do carro. No caso do carro com motor híbrido, que tem seu motor alimentado pela carga acumulada pela geração do próprio carro na pista, mas que é diferente do KERS da F1, quando se retoma a aceleração na saída de uma curva, sente-se o carro acelerando com o motor elétrico que atua nas rodas dianteiras com a energia acumulada na frenagem e, depois, há uma espécie de tranco quando o motor Diesel entra. É algo suave, mas dá pra sentir uma vez que temos tração nas quatro rodas. A tração traseira é feita apenas pelo motor V6, Diesel.

 

NdG: E como foi que o carro se comportou aqui em Interlagos?

 

 

 

André Lotterer: Foi bem. O fato de estarmos numa cidade com uma certa altitude em relação ao nível do mar, o comportamento do motor de combustão mudou um pouco e o circuito mostrou ser bem exigente. Esperamos amanhã ter como ir pra cima do Toyota, que marcou a pole e conquistar mais uma vitória após as 6 horas de prova.

 

NdG: Você sabia que seu chefe de equipe correu e venceu aqui, 40 anos atrás?

 

André Lotterer: Ele comentou que disputou uma grande corrida aqui em Interlagos, que foi fantástico, que o autódromo estava lotado e que os brasileiros realmente amam o automobilismo. Espero que amanhã esteja assim, com este ambiente que ele descreveu e que todos gostem da corrida.

 

"Danke und viel Glück" (Obrigado e boa sorte), André!

 

 

 

 

 

Last Updated ( Thursday, 20 September 2012 12:45 )