Existem personagens na nossa Galeria de Heróis que são bem maiores do que muitas vezes a sua trajetória de pista nos conta. Estas pessoas, que são, antes de tudo, seres humanos, tem uma vida fora das pistas e lá, por vezes, são tão ou mais heróis do que nos autódromos. Este é o caso de Marivaldo Fernandes. Filho caçula do casal José e Adelaide Fernandes, Marivaldo Fernandes nasceu em Santos, no dia 11 de dezembro de 1933 (o casal teve uma filha – Maria Helena – também já falecida). Os pais de Marivaldo tiveram que batalhar muito na vida para se estabelecer. A família de D. Adelaide veio de Portugal, enquanto José era santista. Na época, a baixada não era este conglomerado urbano e, quando os dois se casaram, chegaram a morar num sítio, fora da cidade. José Fernandes era um visionário e, no início dos anos 50, mudou-se com a mulher e os filhos para o Guarujá, que nem de longe lembra a selva de pedra dos dias de hoje. A cidade não tinha quase nada, mas tinha uma pequena empresa de ônibus – a Viação Guarujá – onde o patriarca investiu suas economias e fez o negócio prosperar. Marivaldo tinha o mesmo espírito agitado do pai e, mesmo tendo estudado por anos no Colégio Santista, os livros estavam longe de gozar da sua amizade. Tanto que só estudou até concluir o antigo ginasial (chamado hoje de ensino fundamental). Em compensação, ele mostrou-se tão ou mais visionário que o pai, e ainda adolescente já trabalhava com o pai, além de, depois de adulto, iniciar um negócio próprio, de compra e venda de veículos. Aliás, a paixão por carros era aquela que quase toda criança tinha e tem. No caso de Marivaldo, uma tampa de panela era um volante e ele corria pela casa como se estivesse dirigindo... ou seria pilotando? Durante o início da juventude, o automobilismo parecia ser uma coisa distante. Foi só em 1958 que Marivaldo Fernandes teve seu primeiro contato com as competições, participando de uma prova – os 500 Km de Interlagos – em parceria com outro Nobre do Grid, Pedro Victor DeLamare, que também era santista. O carro que eles utilizaram, que era um MG, de Pedro Victor, mas a primeira experiência de pista foi frustrante: Marivaldo andou pouco, apenas uma volta (Pedro Victor deu 16 voltas). Com a quebra do carro e o abandono da dupla, depois desta prova – devidamente infectado com o “velocitocócus” – Marivaldo tomou uma decisão: se fosse para correr, correria com seu próprio carro! Também foi neste ano de 1958 que veio a acontecer um evento que mudaria para sempre sua vida: ele conheceu uma jovem adolescente, de apenas 15 anos, chamada Vera Maria Queiroz. Inicialmente, foi através de Marivaldo que a moça namorou um de seus amigos, romance que não durou muito. Contudo, a proximidade levou Marivaldo a apaixonar-se pela jovem. Os dois começaram a namorar em 1959. Pensando em casar, Marivaldo – que já tinha uma situação financeira estável – achava que precisava de “algo a mais para ser um digno pretendente”. Em conversa com o pai, disse que pensava em casar, mas que , para isso, queria tornar-se sócio da Viação Guarujá. ‘Seu’ José, o pai, gostou da ideia e a mãe, dona Adelaide, mais ainda, pois achava que assim o filho sairia da boemia. Marivaldo recebeu 25% da empresa de ônibus, sua irmã, outros 25% e assim, ele saiu do Guarujá para Santos e pediu a mão de Vera – com então 17 anos – em casamento, para surpresa do futuro sogro. No pedido, apresentou-se como sócio da Viação Guarujá! Marivaldo e Vera casaram-se em 1960 e a primeira das três filhas que tiveram juntos não tardou a chegar. Vera engravidou na lua de mel. Neste período da vida, Marivaldo nem pensava em corridas, apenas em trabalho. Numa aposta de risco, mas que deu certo, Marivaldo foi até a capital paulista e comprou quatro ônibus novos em folha para iniciar um processo de modernização da frota da Viação Guarujá. Logo, a empresa cresceu e em poucos anos, Marivaldo e a família estavam ricos. Em 1960 Marivaldo Fernandes voltou a disputar uma corrida. Os dois anos de afastamento foram causados não apenas pelo namoro, noivado e casamento, mas também por uma úlcera que precisou ser tratada. Este foi um momento muito difícil para a família. Um ano antes, e antes do casamento, Marivaldo teve uma reação à anestesia e sofreu uma parada cardíaca, ficando sem batimentos por mais de três minutos! Depois de um mês em estado de coma, Ele renasceu depois daquele susto e não tardou muito a marcar seu retorno para as pistas, com um Simca, de sua propriedade, em parceria com Zoroastro Avon. Contudo, havia algo lá no fundo da alma de Marivaldo Fernandes que ficara para trás neste processo inteiro de crescimento pessoal, emocional e financeiro: a velocidade. Era a hora de retomar o caminho das pistas e fazer as coisas “do seu jeito”. Comprando um carro e indo ele para a pista. Assim, em 1962, Marivaldo resolveu partir definitivamente para estabelecer uma carreira nas pistas. Disputou os 500 Km de Interlagos com um Simca, ao lado de Zoroastro Avon. Depois, comprou uma Berlinetta Interlagos vermelha, estampou nela um número que seria sua marca registrada – o 45 – e foi para Interlagos. Depois de estrear com o carro do amigo Pedro Victor DeLamare, Marivaldo passou a correr com carros próprios, como essa Berlinetta. As vitórias não vieram logo. É claro que havia uma defasagem de técnica de pilotagem para os melhores pilotos e mesmo para os novatos. Contudo, Marivaldo desenvolveu-se rápido e logo começou a incomodar. A primeira vitória veio ao lado ninguém menos que Francisco Sacco Landi, ‘Seo’ Chico, nos 1500 Km de Interlagos. A sintonia encontrada pela dupla após a primeira vitória continuou e veio novamente na primeira edição das 6 horas de Interlagos, em 1964, desta vez ao volante de um Porsche. A prova teve três baterias, de duas horas cada uma, com os pilotos de revezando. Marivaldo correu a primeira e a terceira baterias, com ‘seo’ Chico correndo a segunda. Apesar do 2º lugar na primeira parte de prova, vencer as duas seguintes garantiram o troféu no final. A primeira vitória sozinho ocorreu em maio de 1965, no Rio de Janeiro. Correndo ao lado de Chico Landi, Marivaldo venceu algumas corridas. 'Seo' Chico foi uma pessoa fundamental na sua formação. Nos anos seguintes, Marivaldo procurava conciliar o tempo entre os negócios e o automobilismo. Já com duas filhas e a empresa de ônibus crescendo Marivaldo Fernandes chegou a disputar algumas provas pela equipe Willys, chefiada por Luiz Antônio Greco, e com um projeto que estava iniciando pelas mãos de um jovem engenheiro chamado Paulo Goulart, que montou motores Porsche nos Karmann Ghia fabricados no Brasil. Marivaldo também correu com um Fiat Abarth algumas provas do campeonato paulista. Este projeto veio a se tornar a Equipe Dacon, mas Marivaldo nunca correu oficialmente pela equipe, apesar de ter disputado algumas provas com carros com esta configuração, mas na cor branca e com o número 45, diferente do inicial azul claro e posteriormente azul escuro da equipe. Foi um segundo lugar, ainda em 1964, com Joaquim ‘Cacaio’ Matos, nos I 500 Km da Guanabara e depois, um quarto lugar, em 1966, na segunda edição das 3 horas da Guanabara, e um 8º lugar nos 500 Km de Interlagos. Antes da equipe Dacon se tornar um time praticamente imbatível, Marivaldo Fernandes correu algumas provas com um KG Porsche. A relação com Luiz Antônio Greco era tempestuosa. Como ambos tinham temperamento forte e Greco comandava a equipe Willys com mão de ferro, decidindo quem ia pilotar o que e quando, nem sempre agradando os pilotos, uma vez que não tinha carro pra todos, deixava Marivaldo furioso. Foi numa dessas escapadas que naquele mesmo 1966, Ao lado de Piero Gancia, venceram os 1000 Km de Brasília, ao volante de uma Alfa Giulia. Nesta prova, seu antigo carro, o Fiat Abarth, terminou em 5º lugar, com Lulla Gancia, esposa de Piero, ao lado de Felice Albertini. Com um Porsche particular, Marivaldo fez grandes corridas, como os 1000 Km de Brasília de 1967, em que perdeu na volta final. Como não havia aquela coisa de fidelidade e contrato de escuderia, pelo menos não para a maioria dos pilotos, diversos deles transitavam entre as equipes, correndo, hora por uma, hora por outra. Além disso, muitos dos pilotos participavam das competições de kart, que começavam a crescer em importância, com a disputa de campeonatos paulistas e brasileiros. Dentro do kart havia uma ferrenha disputa entre os fabricados pela Mini, com motores da mecânica Riomar, e os Silpo, de Silvano Pozzo. Marivaldo corria com os karts da Mini, mas não chegou a ser um dos chamados pilotos oficiais da equipe, que tinha Maneco Combacau, Emerson e Wilson Fittipaldi, Carol Figueiredo além de – posteriormente – Tite Catapani. Correndo de kart pelo interior do Brasil, Marivaldo mostrou que tinha talento para pilotar em qualquer coisa que tivesse 4 rodas. Em 1967, Marivaldo disputou mais provas pela equipe Willys, correndo em parceira com Bird Clemente, conseguiram o segundo lugar nas Mil Milhas Brasileiras daquele ano, em uma dobradinha com o carro de Luiz Pereira Bueno e Luiz Fernando Terra Smith. Nas 6 horas de Interlagos, a dupla Marivaldo Fernandes e Bird Clemente terminou em terceiro lugar. Marivaldo Fernandes também fez diversas corridas pela equipe Willys. Em 1967, foi um dos protagonistas da dobradinha das mil milhas. Aquele ano marcaria o surgimento dos Fórmula Vee no Brasil e a grande maioria dos pilotos passou a correr nos monopostos. A disputa dos 500 Km de Interlagos foi marcada pelos pequenos carros e uma acirradíssima disputa. Posteriormente a esta prova, com o fechamento de Interlagos para reforma, o automobilismo brasileiro praticamente mudou-se para o Rio de Janeiro, com Marivaldo mostrando capacidade para brigar, de igual para igual, como Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, Ricardo Ashcar entre outros. Com o surgimento da Fórmula Vê, Marivaldo Fernandes também mostrou talento com com os monopostos. Neste mesmo período, depois dos resultados de 1967 na Willys, Marivaldo Fernandes passou a dedicar-se a disputar mais provas junto com os pilotos da Equipe Jolly, hora dividindo o carro com Emilio Zambello, hora com Piero Gancia, tendo chegado a comprar também uma Alfa Romeo. Outro episódio marcante daquela temporada de 1967 foi que Luiz Antônio Greco não escalou Marivaldo Fernandes para disputar os 1000 Km de Brasília, deixando-o furioso. Marivaldo foi para a capital federal levando seu Porsche, aliviado de peso e com um “Santo Antônio” instalado, participando da prova por conta própria. Quase venceu! O cabo do acelerador quebrou na última volta, quando ele liderava. Durantes alguns anos Marivaldo Fernandes correu como parceiro da equipe Jolly. Acima, ap lado de Emílio Zambello e Luiz Valente. Depois do complicado ano de 1968, onde o estado se São Paulo teve apenas uma corrida disputada, em Campinas e que ficou marcado pela tragédia de Petrópolis, para 1969, Marivaldo Fernandes parecia ter vindo com tudo pra cima dos seus oponentes. Naquele ano a aposta foi com as ‘macchinas italianas’ da Alfa Romeo. Foi com as Alfa que Marivaldo conquistou os 1000 km de Brasília de 1969, em dupla com José Carlos Pace, com uma Alfa GTA, bisando a conquista em 1970, novamente com uma Alfa GTA, desta feita em dupla com Emilio Zambello. Em 1969 Marivaldo Fernandes também conquistou os 500 km de Salvador, em dupla com José Carlos Pace à bordo da Alfa P33, carro que conquistara o segundo lugar nas 24 horas de Le Mans. Fechando o calendário daquele ano, Marivaldo também venceu em Curitiba, correndo sem Pace, e o GP de Fortaleza de 1969, na inauguração do autódromo cearense em dupla com Luis Fernando Terra Smith, com uma Alfa GTA. O desempenho de Marivaldo Fernandes naquele ano de 1969, que culminou com a conquista do título brasileiro da temporada, veio ainda premiar o piloto santista com o prestigiado Prêmio Victor, que já estava sendo entregue por grandes celebridades do automobilismo mundial. Marivaldo recebeu o troféu das mãos do campeão mundial de Fórmula 1 daquela temporada, Jackie Stewart, piloto da equipe Matra. Campeão brasileiro de 1969, Marivaldo Fernandes recebeu o prestigiado Prêmio Victor das mãos do campeão da F1, Jackie Stewart. O final dos anos 60 e início dos anos 70 foi marcado pelo início da investida dos pilotos brasileiros na Europa, nomeadamente na Inglaterra. Marivaldo Fernandes tinha totais condições técnicas – além de financeiras – de cruzar o oceano atlântico e tentar se estabelecer no automobilismo internacional. Contudo, àquela altura, com os negócios no Brasil (não apenas a empresa de ônibus, mas também o início do investimento em fazendas no interior paulista) indo bem e com três filhas pequenas, Marivaldo abriu mão de correr no exterior e continuar a carreira aqui no Brasil. Uma peculiaridade da época: os ônibus da Viação Guarujá tinham o nome dos pilotos daquela geração pintados abaixo da janela dos motoristas. Era uma homenagem que Marivaldo fazia a seus companheiros de pista onde a rivalidade ficava nas provas e, fora delas, o que se via era uma bela confraria. Marivaldo abriu mão de correr na Europa e tentar chegar à Fórmula 1 em favor da tranquilidade e segurança de sua família. Na bela casa localizada na Rua Buenos Aires, no Guarujá, onde moravam Marivaldo e sua família, o ambiente era quase de um clube, com todos os amigos fazendo dos finais de semana quando não havia corridas uma grande celebração familiar, com todos reunidos. Havia uma parede na casa – hoje um consultório médico – em que os pilotos assinavam e deixavam mensagens. Inclusive os estrangeiros que por lá passaram como Ronnie Peterson, Jackie Stewart e Graham Hill, por exemplo. Voltando à história, aqui no Brasil, o automobilismo entrava num segundo período de efervescência após a reabertura de Interlagos. O ‘templo’ passou a ter, desafiando suas curvas e retas, aclives e declives, além dos grandes pilotos que não seguiram para a Europa, carros espetaculares como Porsches, Lolas, Fords F40, Ferraris e Alfas, além dos nossos Fúria – com diversas motorizações – e os belos protótipos de Anísio Campos e Antônio Carlos Avallone. No final dos anos 60, Marivaldo Fernandes assumiu o volante de um dos carros mais rápidos do país: a Alfa P33, vice em Le Mans. No início de 1970, com interferência direta do prestígio alcançado por Emerson Fittipaldi com a conquista do título na F3 no ano anterior e o destaque de Ricardo Ashcar e Luiz Pereira Bueno, foi realizado no Brasil um torneio internacional de Fórmula Ford, com a participação de diversos pilotos estrangeiros (e duas pilotas alemãs). Marivaldo disputou o torneio, mas não chegou a vencer nenhuma das 5 provas. As corridas arrastavam multidões para Interlagos e Marivaldo Fernandes era presença certa entre os favoritos para vencer as corridas. Contudo, nem sempre as coisas davam certo e na volta de apresentação para as 12 horas de Interlagos de 1970, ele perdeu o controle da Alfa P-33 na curva do sol. A pancada foi tão forte que o carro partiu-se em dois, ficando impossível de ser recuperado. Foi com a Alfa P33 que Marivaldo sofreu o mais grave acidente de sua carreira como piloto: o carro ficou destruído, irrecuperável. Felizmente as lesões sofridas por Marivaldo foram pequenas, especialmente em vista do estado em que o carro ficou. Marivaldo pensou em parar de correr após o acidente, mas não conseguiu ticar longe das pistas por muito tempo. Não demorou muito e para substituir a P-33, importaram uma Alfa T33/3. Um carro poderoso, com um motor V8 de 3 litros e mais 400cv de potência. Com este carro Marivaldo Fernandes tinha como enfrentar, de igual para igual o Porsche 908/2 da equipe Hollywood de Luiz Pereira Bueno. Para substituir a Alfa P33, veio a Alfa T33/3, um carro ainda melhor e mais rápido, capaz desafiar qualquer adversário. O maior exemplo disso foi a acirrada disputa dos 500 Km de Interlagos de 1972, onde diversas estrelas internacionais vieram para o Brasil. A prova, inclusive, foi vencida por uma delas, o alemão Reinhold Joest, com um Porsche 908/3. Marivaldo foi o quarto colocado, atrás apenas dos dois Porsches, de Joest e Luizinho, e da Ferrari de Hebert Müller. Marivaldo ainda veio a receber um convite para correr na Europa, na equipe Lotus, no campeonato de Fórmula 3. Contudo, o “convite” implicava em um grande aporte financeiro para a equipe e uma demanda de tempo fora do país que o empresário não teria como conciliar com os compromissos profissionais. Com a família, Marivaldo até voltou a cogitar uma ida para o velho continente, mas acabou desistindo mais uma vez, continuando a correr no Brasil e, eventualmente, na Argentina. Nos anos 70, enquanto diversos colegas foram para a Europa, tentar chegar à Fórmula 1, Marivaldo corria no Brasil e Argentina. Em 1974, numa conversa com a esposa, Marivaldo abriu seu coração e, aos 40 anos de idade disse que precisava correr na Europa. Nem que fossem poucas corridas, apenas para sentir o gosto de ter feito aquilo. Organizou-se e, em julho daquele ano, seguiu para Inglaterra onde disputou duas provas de Fórrmula Ford, obtendo um quarto lugar na estreia, em Silverstone e depois de estar em segundo, abandonou a prova de setembro, também em Silverstone. Para ele, estava bom! Em 1974, Marivaldo conversou com a família e foi para a Inglaterra e disputou duas corridas de Fórmula Ford em Silverstone. Pelo Brasil, Marivaldo continuou correndo de monopostos, além de passar a disputar provas da Divisão 3, com um Maverick V8. As provas de longa duração pareciam dar mais prazer ao piloto santista do que os carros de fórmula, contudo, ele investiu forte na formação de uma equipe de Fórmula Super Vê, onde venceu duas provas entre 1974 e 1975. Os negócios entre a empresa de ônibus e as fazendas de laranja passaram a exigir mais agilidade por parte de Marivaldo Fernandes. Mesmo ele tendo feito algumas vezes o trajeto Guarujá – Araraquara em 3 horas de carro (Nota dos NdG: Não aconselhamos ninguém a tentar repetir o feito), voar – de avião – era a melhor solução. Marivaldo, inicialmente tinha um piloto, mas logo interessou-se em aprender a voar e tirou o seu brevê. De volta ao Brasil, Marivaldo Fernandes disputou provas pela Divisão 3, pelos campeonatos de FFord e Fórmula Super Vê. Inicialmente com um Cesna e depois com um “sertanejo” (avião de 6 lugares) Marivaldo se deslocava, muitas vezes enfrentando condições adversas. Seu antigo piloto o ensinara uns “macetes” para voar por sobre as nuvens pesadas da serra do mar, entre Santos e São Paulo. Foi num destes voos em condições difíceis que Marivaldo Fernandes, no dia 18 de março de 1977, em companhia do amigo José Carlos Pace, perdeu a vida em um acidente na região de Mairiporã, deixando esposa e três filhas (Algum tempo depois, D. Vera Fernandes adotou uma menina, dando o nome de Mariela, homenagem ao marido e com o final dos nomes das filhas que teve com ele: Gisela, Maristela e Gabriela). O legado que o “Fiapo”, carinhoso apelido com o qual seus colegas de pista vez por outra o chamavam, devido ao físico franzino foi maior do que a história registra. Ele estava com uma equipe de Fórmula Super Vê montada para disputar o campeonato com dois carros, um para ele e outro para um piloto jovem. O patrocínio seria, em parte, de sua empresa de ônibus e ele, naquela época, já protestava contra o descaso para o investimento no esporte. Marivaldo Fernandes tem seu nome eternizado em uma das ruas do Guarujá. O ginásio poliesportivo da cidade, na Av. Santos Dumont, 420, também leva o seu nome e, agora, no site dele: o site dos Nobres do Grid! Fontes: Revista Autoesporte; Revista Quatro Rodas; fotos dos arquivos pessoais de Vera Fernandes e Tite Catapani; depoimentos de Vera Fernandes e Luiz Fernando Terra Smith. |