Expedito Marazzi foi um daqueles pilotos que se tivesse levado as corridas mais a sério teria dado muito trabalho aos pilotos que se consagraram nos anos 60/70. Durante anos usou todo o seu conhecimento na formação e aperfeiçoamento de dezenas de pilotos. Quem o conheceu diz que ele era uma pessoa muito boa, quase que dona de um ‘coração de criança’. Mas como toda criança também sabe ser birrenta, mesmo sendo uma pessoa calma, vez por outra o ‘gênio’ do homem virava ao avesso e – segundo os mais próximos – nada como o trânsito paulistano para “despertar o seu ‘Mister Hyde’”. Li esta narrativa num blog que saiu da internet muitos anos atrás e guardei não sei por qual cargas d’água. Bom, o dia de recontar a passagem chegou. Para alguns é uma estória engraçada, para outros nem tanto, mas tem a ver com a era a extrema facilidade com que ele controlava os carros nas situações mais adversas. O fato aconteceu numa noite em que ele e um amigo foram até o posto de gasolina que ele possuía na Av. Heitor Penteado. O posto já estava fechado, fechava cedo na época, apenas o gerente estava lá para conferir o caixa com Expedito. Os dois estavam no Dodge Dart preto do Expedito e pararam no sinal da Av. Cerro Corá com a Av. Heitor Penteado, já era tarde e as ruas estavam vazias. Atrás do poderoso Dojão, parou um “fusquinha de boy” (fusca era o carro que os pré-históricos “tunavam” naquela época) e, segundos depois, disparou uma buzina daquelas “de repartir cabelo na nuca”. Expedito olhou pelo retrovisor somente levantando o canto do olho e permaneceu quieto, aparentemente sem se alterar. Mais alguns segundos, e nova buzina, desta vez um pouco mais longa. Expedito nem olhou desta vez, o sinal ficou amarelo e ele engatou a primeira. Quando o sinal ficou verde, e o fusquinha buzinou pela terceira vez, o pobre acompanhante só sentiu o Dodge rodar sobre o eixo dianteiro num cavalo de pau de 180 graus e ir de encontro ao fusquinha, que nesse momento já tinha um motorista de olhos arregalados e um coração pendurado na boca. A frente do Dodge parou a uns 10 centímetros do pará-choques do fusca, com o giro muito alto e as rodas traseiras girando em falso e fazendo uma fumaça muito grande, porém, o carro não mexia um milímetro para frente, Marazzi enfiou a mão na buzina, colocou a cabeça para fora e começou a gritar “Buzina eu também tenho, buzina eu também tenho palhaço...”, o rapaz do fusca estava estático. Expedito Marazzi: mais de meio século de bons serviços prestados ao automobilismo brasileiro, respeitado por todos os colegas. De repente o Dodge saiu em marcha a ré, e, com outro cavalo de pau desta vez jogando a frente, virou e entrou na Av. Heitor Penteado em alta velocidade, entrou pelo posto e novamente deu outro magnífico cavalo de pau de 360 graus e duas voltas, parando quase que estacionado, Expedito somente engatou a ré e ajeitou melhor o carro. Ele saiu batendo a porta e foi tratar dos assuntos que tinha com o gerente do posto, que também estava paralisado com as rodadas do Dodge. Cinco minutos depois ele volta, sorrindo e comentando “Viu que sujeito mais idiota?” O amigo, ainda paralizado, apenas balançou a cabeça concordando e tentando colocar o coração no ‘batimento normal’. Na narrativa ficamos sem saber se o estofamento do carro precisou ser lavado! Caso o passageiro (a agonia) presente neste episódio ainda esteja vivo e tenha lido esta coluna, favor entrar em contato com o site. Um abraço (e não tentem fazer o mesmo), Paulo Alencar |