O pavoroso acidente que aconteceu na etapa da Fórmula Truck em Guaporé e por pouco não tirou a vida do piloto paranaense Diumar Bueno chamou a atenção do público – pelo que viu, tanto no autódromo como nas imagens da televisão – bem como da organização da categoria, que recolheu o caminhão para uma minunciosa inspeção em busca do que pudesse ter gerado um problema mecânico e ocasionado o acidente. A investigação apontou na direção do sistema de freios do caminhão como a causa para o mesmo não ter parado, mas o que pode gerado a falha? O que se pode fazer para prevenir acidentes como este? O site dos Nobres do Grid ouviram algumas partes envolvidas, direta e indiretamente sobre o assunto. Neusa Navarro Felix – Presidente da Categoria. Nós estamos trabalhando na investigação deste acidente com muito cuidado para que as verdadeiras causas sejam encontradas e que possamos evitar que se repitam. Algumas medidas já foram decididas e uma delas diz respeito à segurança física do piloto, com uma modificação no Santo Antônio de forma a que ele proteja mais as pernas do piloto em caso de um choque com um obstáculo mais baixo como foi o caso do muro em Guaporé. Com relação à questão dos freios, ainda não há um laudo que afirme ter sido este o problema. A investigação prossegue. Gostaria de salientar que a reunião sobre segurança e possíveis alterações para os caminhões, visando a temporada de 2013 estava agendada antes mesmo do acidente com o Diumar [Bueno]. Nós temos a preocupação com a segurança sempre em primeiro lugar aqui na Fórmula Truck e a nossa filosofia é pensar na frente e estar um passo adiante. Carlos Atila – Comissário Técnico da CBA Não se pode afirmar nada sobre as causas do acidente com o caminhão do Diumar Bueno em Guaporé antes da conclusão do laudo técnico que se encontra em andamento. Caso venha a se chegar à conclusão de que foi realmente um problema de freios, o sistema pneumático – uma vez que o sistema de freios do caminhão é a ar – pode ter sido o causador, mas isso só o laudo vai dizer. No momento há apenas uma suspeita neste sentido. A minha informação é que além do freio, outros quinze itens de segurança estão sendo analisados e, qualquer afirmação antes da emissão do laudo, pode ser considerada leviana. Até onde estou acompanhando, a categoria está desenvolvendo um recurso de freio emergencial para, em caso de falha no sistema principal, o piloto tenha como acionar este sistema e consiga parar o caminhão. Altair Felix – Diretor Técnico da Categoria Depois do acidente, reunimos o que sobrou do caminhão, que ficou muito destruído, para fazer a investigação. Ainda estamos tentando encontrar o motivo que fez com que o caminhão não parasse. Nossa maior suspeita é mesmo uma falha no sistema de freios. O sistema atual funciona com um sistema dividido em dois circuitos, um para a parte dianteira e outro para a parte traseira. O que causou a falha de funcionamento ainda não pode ser definida. Pode ter sido uma perda de pressão do sistema pneumático, pode ter sido o rompimento de uma mangueira. Estamos trabalhando em um novo sistema e um caminhão já irá para a pista na etapa de Brasília com este novo sistema instalado, que contará com dois cilindros de reserva de ar ao invés de um como é no sistema atual. No novo sistema haverão três balões e uma válvula controladora para alimentar, ou não, uma parte do sistema. Este mecanismo dará uma segurança extra e não permitirá que o caminhão “trave” na pista. Marcelo Justino – Chefe da Equipe DB Motorsport, de Diumar Bueno. Estamos acompanhando a análise do que pode ter acontecido muito de perto. Somos os maiores interessados. O que já sabemos é que foi um problema pneumático. O sistema de freios do caminhão funciona a ar, mas não apenas este sistema usa o ar comprimido. O sistema de câmbio e a embreagem também funcionam com ar e por isso o Diumar nem teve como usar do “freio motor” para tentar desacelerar e mesmo parar o caminhão. O freio falhou pouco antes do radar. Naquele momento, o caminhão estava a 201 Km/h. O sistema de freio é dividido em dois circuitos, com um para as rodas dianteiras e um para as rodas traseiras, mas é nas rodas dianteiras que se concentra a maior força dos freios. Quando o Diumar pisou no freio e não conseguiu resposta, mesmo o freio traseiro atuando não iria conseguir parar o caminhão antes do muro. Segundo a telemetria, na hora do impacto o caminhão estava a 125 Km/h. O novo circuito de freio e as alterações na estrutura do Santo Antônio vão oferecer mais segurança, sem dúvidas, aos pilotos. Adalberto Jardim – Piloto da Equipe RM Competições Quando eu vi as imagens do acidente pensei imediatamente no sistema de freios. Certamente o problema foi ali e eu já pensei numa solução para evitar algo do gênero comigo. É um sistema diferente do que a categoria está projetando. O sistema que eles pensaram o sistema é integrado com o sistema existente. Eu acho que se houver uma perda do sistema, o sistema extra também será afetado. O sistema pensado pela categoria precisa do auxílio do compressor do caminhão e o que eu idealizei é totalmente independente. Será um cilindro de alta pressão com capacidade de segurar a parte dianteira. Eu pretendo testá-lo na etapa de Brasília. Não vou julgar qual sistema é melhor, se o meu ou o da categoria. Eu confio mais no meu. |