Olá, amigos do site dos Nobres do Grid. Dia de corrida é uma agitação dentro e fora das pistas. Para muita gente que vai acompanhar nos autódromos e kartódromos espalhados pelo mundo o espetáculo acaba com a cerimônia de premiação. O estourar do champanhe sinaliza que é hora de voltar para casa e retornar à rotina diária deixando para trás uma gama de profissionais que dependem direta e indiretamente das corridas. No entorno dos autódromos é comum a existência de um número de trabalhadores ligados à atividade do esporte motor. Na economia o termo arranjo produtivo* se aplica bem ao que encontramos nas localidades sede dos circuitos de corrida. Vários são os profissionais que dependem da atividade esportiva para sustentar sua família. E com o fim do carnaval, uma centena de profissionais aguardam o início das provas em 2013. O Campeonato Cearense de Kart tem início dia 10 de março, e o Cearense de automobilismo dia sete de Abril. Com o fim do kartódromo da Avenida Leste-Oeste, em Fortaleza, o kartódromo Júlio Ventura (inaugurado em janeiro de 1997), se tornou o único palco do kartismo cearense e, localizado no Eusébio, que já abrigava o autódromo Virgílio Távora, proporcionou ao município o surgimento de um mercado de trabalho. Este ano haverá a reestreia dos motores dois tempos. Até o fechamento desta coluna havia a confirmação de 10 pilotos inscritos e outros cinco ainda a confirmar. Outros 15 pilotos já confirmaram participação na categoria quatro tempos (Fórmula 400). Com sete datas confirmadas, e uma oitava data ainda a ser definida, a competição deve atrair os olhares de pilotos do Rio Grande do Norte. A região metropolitana de Fortaleza tinha dois kartódromos... agora tem só o do Eusébio. Pior para Natal, que perdeu seu único. Golpeados pelo descaso com o esporte à motor, Natal perdeu seu kartódromo e pode exportar seus campeões para o kart alencarino. E de olho nessa possível migração o Piauí quer atrair alguns desses pilotos. No pedaço de terra trocado com o Ceará para ter um naco do litoral brasileiro, o Piauí ganhou um dos mais belos, se não o mais belo encontro entre rio e mar. Foi no Delta do Parnaíba que pilotos do Piauí, Ceará, e Maranhão se reuniram em um circuito de rua, na última semana de janeiro quando disputaram as Duas Horas de Kart do Piauí. A prova valeu mais pelo encontro de gerações quer pela competitividade, já que o regulamento livre permitiu diferenças maiores de desempenho entre os karts. A prova teve largada ao estilo Le Mans e foi vencida pela dupla Jaymer Forte e Xildes Ribeiro (PI). Terminada a festa surge agora o desafio de viabilizar o Campeonato Piauiense de Kart que já tem sete datas definidas com a primeira etapa prevista para o dia 17 de Março, também na Parnaíba. Não é de hoje que a frase “o nordeste é terra de bravos” é repetida em várias situações, e no automobilismo ela não poderia deixar de ser usada para ilustrar a narrativa de várias histórias que atestam a árdua missão dos amantes do automobilismo nessas terras abaixo da Linha do Equador. Onde está o investimento nas categorias regionais? Não queria deixar de tocar em outro ponto na coluna desse mês. Recebi, em janeiro, um release da GM (Chevrolet) e achei que se tratava de um novo lançamento, mas estava redondamente enganado, se tratava do patrocínio a 20 campeonatos estaduais de futebol. Nada contra ao futebol e a iniciativa da empresa em patrocinar o “esporte bretão”, que deve dar um grande retorno midiático, não obstante, não me lembro da GM anunciando patrocínio a campeonatos regionais de automobilismo. Ora amigos leitores! Ano passado a empresa bancou a Copa Montana, mas fora sua ligação com as grandes categorias não vejo maior apoio nas categorias onde nascem os futuros campeões. Faço a crítica mencionando o caso, mas nem ela, tampouco outra montadora tem se envolvido na formação de pilotos, e aí querem que o país que consome cada vez mais novos carros tenha futuros campeões na Fórmula Um. As competições de turismo podem ser o começo do processo de formação de pilotos se for bem apoiada pelas montadoras. O surgimento de novos talentos depende muito desse apoio. Não temos um futuro animador para nossos pilotos em categorias internacionais que dependem cada vez mais do aporte financeiro dos papais milionários. É no automobilismo regional onde vemos os Gols, Celta, Corsa, Ka, Uno, Palio, 306, Clio e outros carros do nosso cotidiano formarem grids sem o mínimo de apoio das montadoras. Aqui no Ceará, nos anos 1970 e 1980 as concessionárias tinham equipes fortes e a disputa nas pistas era estratégia de marketing para arregimentar novos clientes. Eu queria saber qual o apoio os pilotos do Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Ceará, Pernambuco, e outros estados têm das montadoras? Há redução de IPI para quem tira do bolso uma boa grana e, queira ou não, vai acabar representando essa marca nas pistas? Há alguma facilidade na venda de peças para clubes do esporte motor? Só para lembrar, está lá no release da GM “No Brasil a GM fabrica e comercializa veículos com a marca Chevrolet há 87 anos. Em 2012 a Chevrolet vendeu no país 642.649 veículos. A companhia tem três Complexos Industriais que produzem veículos em São Caetano do Sul e em São José dos Campos, ambos em São Paulo, além de Gravataí (RS)”. A Confederação Brasileira de Automobilismo não poderia abrir um diálogo com as montadoras? Vamos fazer um cálculo hipotético. Se os 12.079 pilotos em todo o Brasil (dados da Confederação Brasileira de Automobilismo- CBA) gastassem, por corrida, apenas R$5.000 teríamos a soma de R$60.395.000,00! Uma máquina de fazer dinheiro não? Tá passando da hora de tratar o automobilismo regional com o devido respeito. O automobilismo é um arranjo produtivo, movimenta muito dinheiro, e mexe com o sonho do ser humano de dominar a máquina e ultrapassar limites, que por enquanto vai sendo o limite do cheque especial! Até a próxima! Robério Lessa Escreva para o colunista:
This e-mail address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it
Siga no twitter: @roberiolessa Curta no facebook: facebook.com/carrosecorridas. |