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Carta aberta à Cleyton, Mauricio e Neusa PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 11 July 2014 13:53

Chegada ao fim a “Copa das Copas”, com direito a um inesquecível, humilhante e realístico “Mineirazzo”, um viaduto caído aqui em Belo Horizonte, minguados agrupamentos de “ativistas” e seus protestos, a queima de ônibus em São Paulo, como se os jogadores da seleção os utilizasse, é hora de retomarmos a nossa vida normal, tornando a voltar os olhos para o que de esquecido ficou nestes últimos 30 dias, mas não sem antes fazer uma análise crítica do que aconteceu, ou deixou de acontecer. É hora também de voltarmos às pistas e retomarmos o calendário de automobilismo nacional.

 

É justamente sobre este calendário, que neste ano – como tudo por conta da Copa – foi um pouco vítima das semanas tomadas pelo futebol que estou escrevendo esta carta aberta ao Presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, Sr. Cleyton Pinteiro, ao Diretor da VICAR, Sr. Mauricio Slaviero e a Proprietária da Fórmula Truck, Neusa Navarro Felix.

 

Teremos nos próximos cinco meses, seis etapas da Fórmula Truck e oito etapas da Stock Car. Ver datas dos dois eventos coincidindo, o que compromete a ação de patrocinadores, o que compromete a presença de público nos autódromos (o fã de automobilismo não tem como estar diante da televisão e no autódromo para ver as duas competições como gostaria), compromete o trabalho da imprensa, que não apenas tem que noticiar, mas precisa enviar jornalistas e fotógrafos aos locais de competição, profissionais que tem clientes e que precisam subcontratar pessoas para poder atender a todos, diminuindo seus rendimentos.

 

Serão três etapas em que as duas principais categorias do automobilismo nacional estarão correndo no mesmo dia: Enquanto a Fórmula Truck corre nos dias 17/8 em Santa Cruz do Sul; 14/9 na Argentina e 2/11 em Londrina, a Stock Car correrá, respectivamente, em Cascavel, no Velopark e em Tarumã. Pior que isso, a categoria que tem suas corridas transmitidas por um canal de TV por assinatura, no dia 30/11, agendou a sua etapa de encerramento, em Curitiba, para o dia da etapa brasileira do Mundial de Endurance, que acontecerá em Interlagos e é transmitido pela mesma emissora.

 

Digam-me prezados dirigentes, seria realmente impossível manter o automobilismo ativo durante a copa do mundo? Tivemos dois domingos sem jogos durante a Copa. Será que não seria possível fazer em Interlagos uma etapa da Stock Car com três ou quatro pilotos argentinos convidados estando a cidade tomada por dezenas de milhares deles? Será que não seria possível fazer uma corrida da Fórmula Truck em Brasília também com os argentinos na cidade no último dia 5?

 

Andei pesquisando e em 1982, na Copa da Espanha, o Brasil estreou contra a União Soviética em uma segunda-feira. No domingo, na véspera do jogo, na cidade de Sevilha, aconteceu uma tourada, que é um esporte tradicional naquele país. Os brasileiros tomaram quase metade da “Plaza de Toros”, tingindo de amarelo a arquibancada.

 

A impressão que nos passam os dirigentes das nossas principais categorias é de que não há o menor interesse da parte deles pelo crescimento do esporte. Que lhes falta a visão de que, quanto mais categorias fortes tivermos no país, mais forte será o automobilismo e assim, quem sabe, tenhamos um TSR (campeonato patrocinado pela Toyota na Nova Zelândia, onde ela vende 12 mil veículos por ano enquanto vende 140 mil no Brasil) no nosso verão, que vejamos montadoras patrocinando oficialmente campeonatos de automobilismo ao invés de campeonatos estaduais de futebol onde a média de público dos estádios por vezes nem chega a 3 mil espectadores.

 

Pior ainda é a impressão passada pela entidade máxima do automobilismo nacional, que parece não ver o que está acontecendo e não intervém, chamando os dirigentes das categorias para fazer o calendário em conjunto e evitar que eles corram no mesmo dia e até mesmo tendo corridas dos dois promotores como aconteceu no último dia 8 de junho, onde o Brasileiro de Marcas, junto com a Fórmula 3 Brasil e o Mercedes Challenge correram em Goiânia enquanto há apenas 200 Km dali, em Brasília, corria a Fórmula Truck. Isso é inadmissível! É a canibalização do esporte e a CBA não pode ser omissa a este ponto.

 

A senhora, D. Neusa e os senhores, Cleyton e Mauricio, precisam se esforçar mais em suas gestões pelo bem do esporte, de que vive dele e que vai muito além dos pilotos. É preciso bom senso, despreendimento, boa vontade, racionalidade e principalmente comprometimento com o automobilismo.

 

Não precisam chegar ao extremo de fazer um projeto histórico e dedicar seu tempo sem buscar retorno financeiro como é o nosso caso no Nobres do Grid, mas que enxerguem além do próprio nariz que o mundo é grande, que o Brasil é grande e que o automobilismo brasileiro precisa ser grande também.

 

Fernando Paiva