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Written by Administrator   
Sunday, 15 November 2015 18:42

Quando foi decidido dentro do Projeto Nobres do Grid que seria feita uma série de matérias obre como estavam nossos autódromos pelo país, coube a mim peregrinar por oito estados do país, visitando uma a um os 12 autódromos existentes então em atividade além de Interlagos onde aconteciam competições nacionais (veja aqui a série de matérias).

 

Este trabalho feito entre 2009 e 2011 foi um excelente aprendizado para todos nós, que pudemos ver de perto as condições de trabalho dos autódromos brasileiros e entender como é difícil administrar um autódromo, como é difícil mantê-lo em boas condições de uso e como custear sua sobrevivência.

 

Depois desta série de matérias, alguns destes autódromos sofreram reformas, melhorias... outros desapareceram ou foram inutilizados, casos de Jacarepaguá e Brasília. Em um caso específico, foi possível acompanhar de perto: a reforma do Autódromo Internacional Zilmar Beux, em Cascavel-PR foi algo extremamente louvável. Tanto por parte dos proprietários do autódromo como pela administração municipal, que acreditando naquilo que chamo “espírito automobilístico cascavelense”, trouxe de volta o autódromo da cidade de volta ao calendário nacional.

 

 

Estive lá algumas vezes desde a sua reabertura, com uma etapa da Fórmula Truck em 2012, mas minha primeira interferência, por assim dizer, data de 2011, quando conheci o Prefeito Edgar Bueno, na torre do Autódromo Internacional de Curitiba, enquanto fazia uma matéria na qual mostrávamos o trabalho do Diretor de Prova e dos Comissários durante uma corrida (Leia aqui).

 

Apresentado a ele pelo Presidente da FPRA, Rubens Gatti, o prefeito mostrou-me o anteprojeto da pista... e havia uma alteração em relação ao que eu tinha visto em 2010, quando estive na cidade do oeste paranaense. Esta alteração colocava a saída dos boxes ainda na reta, antes da curva do bacião. Olhando nos olhos do Prefeito, pedi “pelo amor de Deus, não façam isso! Voltem para o projeto original, com a saída dos boxes depois do bacião... vai ter morte se fizer assim e esta ficará sobre seus ombros”. O Prefeito ficou com cara de susto quando eu disse isso!

 

Para eliminar a perigosa ponta da mureta da entrada dos boxes, prolongar a mureta até o ponto indicado resolveria.

 

Não vou dizer que foi por isso que o projeto voltou ao plano original, o que importa é que voltou. Contudo, alguns pontos críticos no quesito segurança foram deixados após a reforma e quando estive lá, em 2012, apontei os mesmos para o Presidente do Automóvel Clube de Cascavel, com quem dei uma volta, lentamente, na pista.

 

Ambos estão na curva que dá acesso à reta dos boxes. O primeiro é a mureta da entrada dos boxes, que projeta-se em direção a um dos pontos de maior velocidade do circuito, o final da antiga reta dos boxes. Basta um carro sair desgovernado após um “toque de corrida” naquele final de reta para atingir uma quina de concreto estando a mais de 200 Km/h.

 

No ano passado foi um piloto do Brasileiro de Turismo. Este ano, Beto Monteiro. Desde 2012 falamos que aquilo está errado.

 

O segundo é a posição do guard rail na saída da curva de entrada da reta dos boxes. Foi feita uma área de escape que atende no caso do carro “passar reto”, sem contornar a curva, contudo, no caso de uma saída pela tangente do contorno da mesma, há uma redução abrupta desta área de escapa, sendo boa parte dela com cobertura de grama e as três lâminas de guard rail, sem nenhuma proteção de qualquer espécie estando quase perpendicular à esta linha de trajetória.

 

Felizmente, no caso da mureta da entrada dos boxes ainda não aconteceu nada, em contrapartida, já tivemos a oportunidade de ver acontecer dois acidentes com os pilotos batendo de frente no guard rail acima mencionado: um no Campeonato Brasileiro de Turismo, em 2014 e alguns dias atrás, com Beto Monteiro, na Fórmula Truck.

 

É preciso mudar o guard rail da curva de entrada dos boxes. Dois pilotos já bateram forte ali.Vão esperar morrer alguém?

 

No início de 2015, foi decidido que a série de matérias retratando os autódromos seria refeita e mais uma vez coube a mim visitar os autódromos. Estive em Cascavel em fevereiro deste ano e, conversando com o administrador do Autódromo, Sr. Jaci Pian, mostrei novamente os dois pontos críticos em termos de segurança, além de mostrar o sério problema de infiltração de água no asfalto na curva antiga curva 6 (de quando ainda se usavam os boxes antigos), que precisa ter a drenagem refeita e também do grave problema de infiltração na estrutura dos boxes. Estes pontos foram bem assinalados na matéria publicada este ano (Leia aqui). Lamentavelmente nada foi feito e tivemos este acidente agora em novembro.

 

O portal da Prefeitura Municipal de Cascavel traz no mês de julho uma matéria sobre a instalação de arquibancadas permanentes no autódromo, com investimentos do caixa municipal. Contudo, sobre as obras necessárias para corrigir os problemas estruturais da pista e dos seus boxes. De nada adianta ter arquibancadas se o asfalto rachar por infiltrações ou se os boxes forem tomados por goteiras por infiltração na laje. Na sala de cronometragem os profissionais já são obrigados a “trabalhar sobre palafitas”!

 

Enquanto a prefeitura faz arquibancadas, a drenagem mal feita na antiga curva 6 está comprometendo o asfalto.

 

Na matéria publicada este ano sobre o Autódromo de Cascavel, colocamos uma série de tópicos para melhoria do mesmo, num trabalho que conta com a consultoria de um piloto com experiência internacional para não sermos apenas nós, que nunca construímos um autódromo na vida a querer ensinar aos outros como se deve fazer as coisas, apesar de, os problemas serem tão evidentes que um leigo como eu consegue enxergá-los.

 

O problema de infiltração e impermeabilização é tão sério nos novos boxes que a sala da cronometragem funciona assim.

 

Além de publicar este editorial, estarei enviando o mesmo ao Sr. Jaci Pian e à Secretaria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Cascavel para que chegue diretamente ao conhecimento do Prefeito Edgar Bueno. Precisamos preservar, investir e engrandecer o automobilismo e trabalharmos juntos para que isso aconteça e, no automobilismo, a segurança dos pilotos é o mais importante aspecto do espetáculo. Um autódromo interditado por falta de segurança não precisa de arquibancadas.

 

Flávio Pinheiro

 

Last Updated ( Sunday, 15 November 2015 20:22 )